terça-feira, 25 de junho de 2019

“As ruas irão conquistar a liberdade de Lula”, diz comitê após decisão do STF

25 DE JUNHO DE 2019, 22H49

“As ruas irão conquistar a liberdade de Lula”, diz comitê após decisão do STF

Comitê Nacional Lula Livre afirma que vai impulsionar mobilizações após decisão do STF de adiar julgamento do habeas corpus que coloca Moro sob suspeição
Foto: Ricardo Stuckert
Em nota publicada nesta terça-feira (25), o Comitê Nacional Lula Livre criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que manteve o ex-presidente Lula preso e postergou o julgamento do habeas corpus que declara o ex-juiz federal Sérgio Moro como suspeito. No texto, a entidade que vem organizando atos e atividades em favor de Lula clamou pela mobilização popular em defesa do petista.
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Segundo o Comitê, a decisão tomada pelo STF posterga o reconhecimento de que “o julgamento imposto a Lula foi injusto e deve ser anulado”. “O ex-juiz Sérgio Moro não agiu dentro da normalidade jurídica, não respeitou a devida imparcialidade ao apreciar o processo contra Lula e, inclusive, atuou em conjunto com os acusadores, contaminando todo o processo e todas as decisões que tomou no caso”, diz trecho da nota.
O comitê destacou ainda,  no texto, que agora o caminho é a mobilização: “vamos impulsionar a mobilização popular dentro e fora do Brasil. Apenas a voz e o movimento das ruas pode resgatar o ex-presidente de seu cativeiro”.
Em declaração dada após o fim do julgamento, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffman, e o líder do partido na Câmara, Paulo Pimenta, afirmaram que a mobilização vai se intensificar e que “a luta só acaba com Lula livre e a condenação anulada”.
A defesa do ex-presidente, por sua vez, declarou em entrevista que seguirá buscando a anulação do processo que levou o petista há prisão.
Lula está encarcerado em Curitiba desde abril de 2018.

2018 matou Marielle

https://www.youtube.com/watch?v=jmtqWo_QfOc&feature=em-uploademail

Tentaram descredenciar quem alertava que a Lava Jato cometia excessos. Agora, eles estão vindo à tona


 
      

Moro jamais foi imparcial. Lula preso é mais livre do que ele

MORO CONDENOU LULA E DEVE CONDENAR EM OUTROS PROCESSOS

Tentaram descredenciar quem alertava que a Lava Jato cometia excessos. Agora, eles estão vindo à tona

Durante os últimos cinco anos, a Operação Lava Jato, sob a coordenação do ex-juiz e hoje ministro da Justiça Sérgio Moro, escorou-se em vazamentos e relacionamentos com jornalistas para pressionar a opinião pública. Durante esse período, Moro construiu uma imagem de “paladino da ética e da moralidade”, praticamente um “super-herói” no combate à corrupção. Funcionou. E a operação passou incólume, alvo de poucas críticas, enquanto abastecia a mídia com manchetes diárias, com o bônus de garantir passe livre para cometer ilegalidades em nome do combate a ilegalidades. Não faltaram alertas sobre o que de fato acontecia sob o manto da Lava Jato. 
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Os argumentos para descredenciar esses alertas eram os mais diversos: “Quem é contra a Lava Jato é contra o País e a favor da corrupção”. “Quem não está com Moro é porque tem algo a temer…” Hoje, diante dos vazamentos de conversas entre o ex-juiz e outros integrantes da Lava Jato, publicados pelo site The Intercept, fica claro o que denunciávamos: Moro comandou uma ardilosa conspiração para eleger o atual presidente, Jair Bolsonaro, encarcerando Lula – que venceria a eleição de 2018, se não fosse impedido de concorrer. Ele tinha, e tem, uma motivação política e pessoal contra Lula. Bolsonaro aproveitou-se disso, sabendo exatamente o preço que teria de pagar. Aceitou e foi eleito presidente.
A máscara de Moro caiu. E caiu em função de sua empáfia e de sua certeza de que não era mais apenas um “humano qualquer”. O mínimo de prudência teria recomendado que o juiz se concentrasse em Curitiba, coberto de glória e endeusado por um bom número de brasileiros. Mas sua agenda política não se esgotava na Lava Jato e ele não hesitou em dar o passo fatal, aceitar ser ministro da Justiça. 
Para quem o acompanhava, sem se deixar abalar pela espetacularização que dava aos próprios atos, Moro tinha mostrado a sua verdadeira face quando, igualmente por motivação política, resolveu “vazar” uma escuta telefônica ilegal entre a então presidenta Dilma Rousseff e Lula. Quando um juiz de primeira instância não só ordena ilegalmente uma escuta à própria presidenta da República para depois sorrateiramente divulgá-la na mídia, fica claro que estamos perante um homem sem limites e com valores incompatíveis com uma função tão nobre quanto a magistratura 
Moro mostrou que se achava acima da lei. Pior ainda, que podia usar os poderes como bem entendesse. Pior do que um mau juiz é um juiz-justiceiro, que acredita em sua superioridade moral sobre os demais e julga que o direito está a seu serviço. Em nome de seus interesses, o “superjuiz” condenou um homem com mais de 70 anos, um ex-presidente da República, um militante histórico das causas sociais. E sem ter contra ele uma só prova direta da acusação: uma escuta, uma escritura, um contrato, um testemunho independente que confirmassem que Lula era, de fato, o dono ou, ao menos, usuário do célebre triplex. Não havia provas e, hoje está explícito, Moro e o procurador Deltan Dallagnol nem sequer tinham convicção.
Depois de dezenas de episódios de desgastes (como esquecer do Queiroz? E de Bebianno? E as ligações da família de Bolsonaro com milicianos, entre os quais estão os possíveis assassinos da vereadora Marielle Franco?) esta é, sem dúvida, a principal crise vivida pelo governo. No centro do furacão está o superministro, a quem Bolsonaro havia prometido (e anunciado aos quatro ventos) uma indicação ao STF e não escondia de ninguém as pretensões de disputar a Presidência da República em 2022.
Sem ter completado seis meses, a administração Bolsonaro envelhece um ano por dia. Qualquer um com o mínimo de bom senso, tendo ou não votado neste (des)governo, enxergou que, em vez da tão apregoada “nova política”, o que de fato se instalou no Palácio do Planalto foi o oposto: velhas, espúrias e empoeiradas práticas, vestidas em novos figurinos, mas igualmente obscuras e perniciosas. 
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Muitas cartas ainda serão colocadas à mesa pelo governo na tentativa desesperada de salvar Moro e, com ele, o discurso de “moralidade” de Bolsonaro. Um dos primeiros “atos” ocorreu na quarta-feira 19, quando o “superministro” compareceu à Comissão de Constituição e Justiça do Senado numa estratégia para tentar evitar a instalação de uma CPI para investigar o conteúdo revelado pelos vazamentos feitos pelo The Intercept
Aconteça o que acontecer, há uma certeza: Moro jamais foi um juiz independente e imparcial. E agora está soterrado em um mar de lama que nenhuma Lava Jato é capaz de limpar. Lula, mesmo na prisão, é muito mais livre do que ele.