domingo, 4 de junho de 2017

As alegações finais do MPF pedindo a prisão do Lula, parecem piada Não existe condenações sem provas

https://www.youtube.com/watch?v=dghhSEWiw4I

PSDB ESCOLHEU O SUICÍDIO

PSDB ESCOLHEU O SUICÍDIO


247 - O PSDB, que liderou o golpe contra a presidente legítima Dilma Rousseff, e ajudou a instalar no poder o governo mais corrupto e impopular da história do Brasil, com Michel Temer à sua frente, partiu para o suicídio.

A avaliação é do filósofo Marcos Nobre, professor da Universidade de Campinas.

"O PSDB está adotando uma estratégia suicida, porque vai cair no colo dele a fatura pelas crises e impopularidade do governo Temer. Há um impasse e o PSDB está paralisado no momento em que sua própria existência está em causa, acreditando que está mantida sua posição natural de líder", disse ele em entrevista à jornalista Mariana Sanches.

"O candidato presidencial do partido em 2014, Aécio Neves, teve o mandato de senador suspenso e está ameaçado de ser preso a qualquer momento. Isso é uma ameaça evidente para o partido. A única saída para o PSDB perante seu eleitorado — essa elite mais esclarecida — seria retirar seu apoio ao governo e forçar o Temer a se retirar, oferecendo evidentemente uma alternativa de sustentabilidade. Mas para isso o PSDB teria que colocar a mão na massa."

Segundo ele, os tucanos estão sem rumo e perdidos. "De um lado, Aécio foi o grande fiador da entrada do PSDB no governo Temer e continua a ser seu maior defensor. De outro lado, o diretório de São Paulo está em pânico, porque sabe que vai ser castigado na próxima eleição pelo que estão fazendo", afirma.

Neste domingo, o ex-presidente FHC assumiu posição clara contra eleições diretas – o anseio de 85% dos brasileiros.


Chile: memória e direitos humanos

Chile: memória e direitos humanos

O maior museu sobre uma ditadura militar sul-americana é do Chile. O “Museo de La Memoria y Los Derechos Humanos” faz do país um pioneiro no enfrentamento de uma das memórias mais tristes da história recente do país
Por Bruno Leal
Em 11 de setembro de 1973, um grupo de militares chilenos com expressivo apoio logístico, econômico e militar dos Estados Unidos, além de contar com o apoio de setores da própria sociedade chilena, comandou um golpe que culminou com a morte do então presidente do Chile, Salvador Allende, de tendência socialista, e instaurou uma violenta ditadura que duraria até 1990, quando Augusto Pinochet, principal ícone deste período, entregou seus poderes ao primeiro presidente eleito em muitos anos. Segundo informe da Comisión Nacional sobre Prisión y Tortura (CNPPT), publicado em 2004, 28.459 pessoas foram vítimas de prisões políticas e de tortura no país, sendo que mais de um terço nunca se envolveu com nenhum tipo de militância política.
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Entrada principal do Museu. Foto: Bruno Leal / Café História.
Vinte anos após o fim da sangrenta ditadura chilena – calcula-se mais de 3000 pessoas foram assassinadas pelo Estado – organizações que lutam pelos direitos humanos no país, em parceria com o Palácio de La Moneda, demonstram que o Chile está pronto para enfrentar de frente o passado. Foi inaugurado, em Santiago, capital do país, em 2010, o Museo de La Memoria y Los Derechos Humanos, museu cuja missão é dar visibilidade às violações dos direitos humanos cometidas pelo Estado do Chile entre os anos de 1973 e 1990.
A história do “museu da memória”, como é mais conhecido, começou ainda em 2007, quando o Ministério de Obras Públicas do Chile abriu um concurso público destinado a selecionar o melhor projeto de arquitetura para a construção do museu. Dos 57 projetos inscritos e avaliados, o vencedor foi o do escritório brasileiro “Estúdio Américo”, integrado pelos arquitetos Mario Figueroa, Lucas Fehr y Carlos Dias. Com o aval da então presidenta chilena, Michele Bachelet, as obras começaram rapidamente, ainda em 2008. Dois anos depois, em 11 de janeiro de 2010, o museu abriu suas portas ao público, recebendo mais de 2000 visitantes no primeiro dia.
A reportagem do Café História esteve em janeiro de 2011 em Santiago e pôde constatar a importância e a qualidade do museu. Trata-se em todos os sentidos de uma construção imponente, que faz lembrar outros museus de memória, como o Yad Vashem, em Jerusalém, dedicado ao Holocausto. Primeiro do ponto de vista arquitetônico. A superfície construída do museu é de 5.500 metros quadrados. A estes se somam ainda 1.700 metros quadrados de espaços cobertos no exterior e outros 300 metros quadrados de auditório. Visto de fora, o prédio chama a atenção de quem passa pela rua. Sua fachada foi construída completamente por um revestimento de cobre, metal símbolo da prosperidade e da identidade chilena. Mas por trás de todo o cobre, estão muros de cristal, representando a fragilidade das vítimas. Abaixo do prédio principal, encontram-se centenas de degraus, que levam até a entrada do museu, e também um longo espelho d’água.
Dentro do prédio, o visitante encontra seis pavimentos: três de exposição permanente, o pavimento térreo de entrada e dois subsolos, onde acontecem outras exposições. Uma dessas exposições, que também é permanente, chama-se La Geometria de la Conciencia, criada pelo artista contemporâneo Alfredo Jaar: o visitante entra em uma sala totalmente escura, hermética e espelhada. Depois de alguns minutos de desorientação, as paredes da sala são iluminadas por uma luz branca fortíssima, dando visibilidade a milhares de silhuetas anônimas, reproduzida ao infinito nos espelhos. A experiência é extremamente intensa e faz com que as pessoas reflitam sobre a infinidade dos crimes cometidos, sobre a angústia e o despreparo diante do incerto.
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Arquitetura é destaque no Museu da Memória e dos Direitos Humanos, no Chile. Foto: Bruno Leal / Café História.
No prédio principal, encontramos a principal exposição do museu: do golpe à redemocratização. A museografia dá amplo destaque a testemunhos, relatos e impressões daqueles que viveram de perto o terror do autoritarismo. O material está dividido em várias alas. Na principal, a história do golpe que depôs e matou Salvador Allende, o bombardeio ao Palácio de La Moneda e os assassinatos cometidos contra militares e aliados do governo derrubado, durante o triste episódio das execuções sumárias, no Estádio Nacional. Das aulas secundárias, duas causam grande impacto emocional: a primeira diz respeito aos relatos de militares que resistiram ao golpe e que foram, por isso, colocados na reserva, presos ou executados. A segunda, ainda mais dura, é dedicada às crianças: são relatos e desenhos feitos em escolas ou no exílio e que ajudam a contar o clima que se instalou no Chile entre 1973 e 1990 do ponto de vista da inocência rompida.
Embora recente, o museu já é uma referência para os chilenos, principalmente pesquisadores, uma vez que ele é composto de um Centro de Documentação e uma Biblioteca. Além disso, o museu vem se tornando um ponto obrigatório para turistas. É possível escutar muitas línguas dentro do museu, inclusive o português (nos últimos anos, segundo dados oficiais, os brasileiros são os que mais visitam os Chile). Tudo indica, portanto, que o museu está atingindo o seu objetivo. Na época da inauguração, Bachelet, ela própria detida e torturada durante a ditadura, considerou que o museu é “um símbolo poderoso do vigor do Chile unido (…) na promessa de não voltar a conhecer uma tragédia como esta”. E adiantou: “Não podemos mudar o passado, mas sim aprender com o que foi vivido”.

Bruno Leal Pastor de Carvalho – doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É professor do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense. Pesquisa os seguintes temas: criminosos nazistas, mídias sociais e divulgação de história. É fundador e editor do Café História. Atualmente, é pós-doutorando em História Social pela UFRJ.