quinta-feira, 1 de junho de 2017

Salão do Livro Político, em SP, traz descontos de 20% a 50% e debates com intelectuais

Salão do Livro Político, em SP, traz descontos de 20% a 50% e debates com intelectuais


Evento, que acontece no TUCA, teatro da PUC-SP, é organizado desde 2015 por um grupo de editoras independentes; entrada é gratuita
Na próxima segunda-feira (05/06) o TUCA, teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) recebe a 3ª edição do Salão do Livro Político. O evento, que é organizado desde sua primeira edição em 2015 por editoras independentes, trará livros com descontos de 20% a 50% e contará com uma programação de debates e palestras com convidados como a psicanalista Maria Rita Kehl, a ativista política e escritora Amelinha Teles e a economista Leda Paulani, entre outros.
O Salão conta com o apoio de Opera Mundi e tem como objetivo trazer mais visibilidade às obras políticas e para editoras independentes que concentram esse tipo de publicação. Além das editoras, participam do evento periódicos como as revistas Carta Capital, Critica Marxista, Margem Esquerda, Princípios e Marxismo Vivo, e fundações e institutos de partidos políticos.
Divulgação

Feira do 1º Salão do Livro Político, em 2015; evento deste ano começa no dia 5 de junho

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'Bomba de proporções inimagináveis estourou nas mãos de Temer', diz jornal Página/12; veja repercussão

Eleição direta no Brasil é saída para crise, diz editorial do jornal britânico The Guardian

 
Como nos anos anteriores, o evento tem como objetivo tratar de temas do cenário político atual, tanto brasileiro, como internacional. Os ciclos de poder na América Latina, a resistência indígena, a questão dos refugiados, os 100 anos da Revolução Russa, as propostas de privatização de bibliotecas, são alguns dos temas citados pelos organizadores do evento em sua página do Facebook.
Participam como organizadores desta edição as editoras Alameda Editorial, Editora Anita Garibaldi, Editora 34, Editora Sundermann, Boitempo Editorial, Autonomia Literária e Educ. A 3ª edição do Salão do Livro Político tem entrada gratuita e acontece até o dia 08/06 na Rua Monte Alegre, 1024, em Perdizes.
III Salão do Livro Político
05 a 08 de junho
TUCA - Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes
Entrada gratuita

Perdeu o dia de caos em Brasília? Entenda o novo episódio da crise

Crise política

Perdeu o dia de caos em Brasília? Entenda o novo episódio da crise

por Redação — publicado 24/05/2017 20h05, última modificação 24/05/2017 20h21
Temer iniciou o dia querendo demonstrar o "clima de normalidade" do País e terminou convocando as Forças Armadas
Andressa Anholete / AFP
Confronto Brasília
Com pedras na mão, manifestante se prepara para enfrentamento. Nada de normalidade
A tentativa do presidente Michel Temer de se manter no cargo mesmo após a delação de Joesley Batista, dono da JBS, levou o caos a Brasília nesta quarta-feira 24. Enquanto as tropas governistas na Câmara e no Senado tentavam dar uma demonstração de que o País continua funcionando, as tropas da Polícia Militar realizavam uma dura repressão contra manifestantes na Esplanada dos Ministérios. No meio da tarde, o esforço de Temer para afirmar a normalidade ganhou ares de exceção, com a convocação do Exército para fazer a segurança do Distrito Federal por uma semana.
A delicada situação de Temer, e do País, ficou exposta desde cedo em Brasília. Diante da manifestação "Fora, Temer" convocada por movimentos sociais e centrais sindicais, a capital federal acordou nesta quarta-feira 24 preparada para uma operação de guerra, coordenada por meio de um obscuro acordo repressivo firmado em 27 de abril por representantes do governo federal, do Congresso e do Distrito Federal.
Como mostrou CartaCapital, o acordo, chamado Protocolo Tático Integrado de Manifestações, era preparado fazia um ano, desde a abertura do impeachment de Dilma Rousseff pela Câmara, mas, coincidentemente, só foi concluído na véspera da greve geral de 28 de abril deste ano, símbolo de um acirramento maior no País.
O protocolo é uma espécie de manual a definir o papel do aparato estatal repressivo em protestos. Traça 110 cenários e especifica como a polícia deve agir em caso de distúrbios. Prevê revista nos participantes e os proíbe de portar objetos como hastes de bandeiras e fogos de artifício.
Mesmo neste clima, ao menos 35 mil pessoas se juntaram para protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência, contra Temer (ainda que algumas centrais sindicais estejam poupando o peemedebista) e por eleições diretas. Por quatro horas, das 13h30 às 17h30, a Esplanada dos Ministérios foi palco de violência. 
Manifestante
Com estilingue, manifestante atira contra policiais (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
Manifestantes provocaram fogo na entrada do Ministério da Agricultura, que foi pichado com a inscrição "Morte à burguesia" e o símbolo comunista da foice e do martelo. Os manifestantes atacaram diversos outros prédios, como os dos ministérios do Turismo, da Fazenda, do Planejamento e de Minas e Energia. No Ministério da Cultura, documentos e computadores foram roubados e jogados na rua.
Brasília
Policiais atiram contra manifestantes em Brasília (Foto: Andressa Anholete / AFP)
repressão foi violenta. Com tiros de bala de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta, policiais militares avançaram contra os manifestantes, deixando dezenas de feridos. Houve uma série de "batalhas" em diferentes pontos da Esplanada, com grupos de policiais tentando prender e dispersar os manifestantes, o que só ocorreu de fato por volta das 18 horas. Reportagem do jornal O Globo mostrou dois policiais militares atirando com armas de fogo contra manifestantes.
Brasília
Manifestante ferido é socorrido em Brasília (Foto: Andressa Anholete / AFP)
A tensão no Palácio do Planalto diante das manifestações era tanta que, no início da tarde, a Casa Civil emitiu uma ordem para evacuar todas os prédios da Esplanada, alegando a necessidade de garantir a integridade física dos servidores públicos.
Em nota, a Frente Brasil Popular, uma das organizadoras do protesto, criticou a repressão policial na manifestação.
“O uso das Forças Armadas, de bombas de gás lacrimogêneo e bala de borracha demonstra a atual fraqueza do governo de Michel Temer e seus aliados, ainda mais instável após as inúmeras denúncias de corrupção que envolvem o próprio presidente", afirmou a organização.
Congresso em conflito e Exército convocado 
Ao longo do dia, ficou claro que a estratégia do governo para mostrar a "normalidade" no período pós-delação da JBS era fazer avançar no Congresso suas propostas legislativas. Para isso, entraram em cena os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e principalmente o da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ambos tentaram levar votações à frente.
Na Câmara, o clima esquentou no início da tarde, quando deputados oposicionistas tomaram a Mesa Diretora e ergueram uma faixa com a inscrição "Fora Temer" em frente ao plenário. Revoltado, o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) arrancou a faixa das mãos dos parlamentares da oposição, provocando gritaria e troca de insultos entre os parlamentares. Nas palavras de ordem dentro da Câmara, ficou exposta a crise política. O "Temer na cadeia" era respondido com "Lula na cadeia".
Mesmo sem a faixa, a oposição manteve a ocupação física da Mesa Diretora e impediu a continuidade dos trabalhos até que fosse decretada a suspensão da sessão.
O avanço das pautas legislativas acabou sendo prejudicado pelo próprio governo. Por volta das 16h20, o ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), fez um pronunciamento no qual anunciou a assinatura de um decreto, por parte de Temer, lançando uma missão de Garantia da Lei e da Ordem, por meio da qual o Exército fará a segurança de todo o Distrito Federal até 31 de maio.
A convocação do Exército ensejou novos debates ainda mais acirrados no Congresso, e revelou como o grupo aliado a Michel Temer está batendo cabeça em meio à crise. Firme parceiro de Temer, Rodrigo Maia foi apontado por Jungmann como autor do pedido para a convocação do Exército, mas não aceitou ficar com o ônus político. Ainda assim, o governo tentou enfiar este ônus goela abaixo de Maia.
Logo após a fala de Jungmann, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) tomou a palavra e colocou em debate o papel de Maia no decreto. "O Palácio [do Planalto] tá dizendo que as tropas foram convocadas por pedido do senhor", afirmou o petista.
Imediatamente, Maia negou, dizendo que pediu a chamada da Força Nacional de Segurança. "Eu quero deixar claro que o meu pedido ao governo foi das forças nacionais, do apoio da Força Nacional", afirmou Maia. "A decisão tomada pelo governo certamente tem relação com aquilo que o governo entendeu relevante para garantir a segurança", concluiu o presidente da Câmara.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello manifestou preocupação com a decisão de Michel Temer de convocar a presença das Forças Armadas em Brasília após as manifestações contra o seu governo. "Espero que a notícia não seja verdadeira", declarou durante sessão do Supremo.
A notícia do decreto chegou rápido ao Supremo Tribunal Federal. "Voto um pouco preocupado com o contexto, e espero que a notícia não seja verdadeira. O chefe do Poder Executivo teria editado um decreto autorizando uso das Forças Armadas no Distrito Federal no período de 24 a 31 de maio", afirmou o ministro Marco Aurélio Melo. O comentário, porém, não provocou maiores reações dos demais ministros do Supremo, que decidirão o destino de Temer.
Brasília
Deputados discutem e se empurram após governo determinar reforço de tropas federais (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)
Preocupado com a péssima repercussão da convocação do Exército, Maia divulgou o ofício enviado à Presidência da República, no qual pedia, de fato, a utilização da Força Nacional de Segurança Pública. E aproveitou para afirmar que Raul Jungmann mentiu. "Afirmo e reafirmo que não é verdade. Pedi para o ministro da Defesa repor a verdade", disse Maia em entrevista coletiva.
Em protesto contra o decreto de Temer, os deputados da oposição deixaram o plenário. O líder do PT, Carlos Zarattini (SP), afirmou que se inaugura uma nova fase na história do Brasil, que, para reprimir uma manifestação popular com mais de 100 mil pessoas, coloca-se o Exército na rua. “Isso é um retrocesso com o qual nós não podemos compactuar”.
Maia recebeu a solicitação de que a sessão fosse encerrada, o que aconteceu por volta das 17h30. Pouco menos de uma hora depois, no entanto, a sessão foi retomada, sem a presença da oposição. Do lado de fora do plenário, no salão verde, os deputados se manifestaram com gritos de “Fora Temer” e "Diretas Já”.
Com o abandono do plenário pelos partidos de oposição, porém, aliados do governo conseguiram aprovar o texto-base da Medida Provisória 759, que estabelece regras para regularização fundiária urbana e rural. Outras sete medidas também aguardam análise dos deputados. 
Senado
No Senado, também houve embates a respeito do decreto. Um dos senadores mais indignados era Renan Calheiros (AL), peemedebista que vem fazendo firme oposição a Temer. Renan colocou em palavras o sentimento de muitos em Brasília, o de que a convocação do Exército é mais uma estratégia de Temer para continuar no Planalto. "Se esse governo não se sustenta, não são as Forças Armadas que vão sustentá-lo", disse Renan.
Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo, rebateu Renan e também foi para cima de Rodrigo Maia, afirmando que ele tinha, sim, pedido as tropas. Coube a Jungmann tentar explicar o decreto. "Nós não temos tropas da Força Nacional suficientes aqui, então usamos as Forças Armadas. Esse é o procedimento, já ocorreu em outras ocasiões", disse.
Para a oposição, o bate-cabeça revelou que a decisão foi um erro. "Ninguém tem coragem de assumir essa decisão, de tão absurda que é", afirmou o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), autor do primeiro pedido de impeachment contra Temer após a delação da JBS.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou um projeto de decreto legislativo para sustar o decreto de Temer. Para Randolfe, a medida é autoritária e se trata, na verdade, da decretação de estado de defesa, com a desculpa da manutenção da lei e da ordem.
O PSOL também havia protocolado um projeto com o mesmo objetivo na Câmara, por meio do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).  
O senador Randolfe lembra que, neste caso, seria preciso ouvir os Conselhos de Defesa Nacional e da República e submeter o decreto à apreciação do Congresso. Além disso, não há calamidade de grandes proporções ou instabilidade institucional que justifique o estado de defesa.
Por volta das 19 horas da quarta 24, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência afirmou que o decreto que solicita a presença das Forças Armadas em Brasília será revogado quando houver o restabelecimento da "ordem".
Citando atos de "violência e vandalismo" durante o protesto, a nota diz que Temer decidiu empregar os efetivos devido a "insuficiência dos meios policiais" para conter os manifestantes.
O objetivo, segundo a nota, é garantir a integridade física dos servidores e proteger o patrimônio público. "Restabelecendo-se a ordem, o documento será revogado", diz o comunicado, ressaltando, porém, que o presidente "não hesitará em exercer a autoridade que o cargo lhe confere sempre que for necessário". 
Fonte: Carta Capital

Trump anuncia retirada dos EUA do Acordo de Paris

Mudanças Climáticas

Trump anuncia retirada dos EUA do Acordo de Paris

por Redação — publicado 01/06/2017 16h35, última modificação 01/06/2017 17h10
A decisão do presidente norte-americano deve prejudicar duramente o maior e mais importante acordo contra o aquecimento global já firmado
Brendan Smialowski / AFP
Donald Trump
Trump: durante a campanha, ele afirmou diversas vezes que "não acreditava" no aquecimento global
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira 1º a retirada de seu país, o segundo maior poluidor do mundo, do Acordo de Paris, firmado em 2015 por 196 países com o intuito de reduzir o aquecimento global. A decisão deve provocar um terremoto político em todo o mundo e prejudicar de forma intensa o combate às mudanças climáticas.
"A partir de hoje, os Estados Unidos cessarão toda a implementação do Acordo de Paris não vinculativo e os encargos financeiros e econômicos draconianos que o acordo impõe ao nosso país", disse Trump. O presidente dos EUA reclamou que o acordo, assinado durante o governo do seu antecessor, Barack Obama, oferece aos outros países uma vantagem injusta sobre a indústria americana e destrói os empregos americanos. "Eu fui eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh, não os de Paris", afirmou.
Como um dos maiores poluidores da atualidade, e o maior se levada em conta a história, os Estados Unidos tinham um papel determinante no Acordo de Paris, seja como exemplo ou como potências capaz de convencer as demais nações a cumprirem o que foi acordado. A saída de Washington, assim, pode reduzir drasticamente a eficácia do acordo.
Em sua recente viagem à Europa, Trump ouviu apelos firmes da França, da Alemanha, da União Europeia e do Vaticano para que mantivesse o país no acordo. Jean-Claude Juncker, o presidente da Comissão Europeia, afirmou que Trump não conseguiu entender nem mesmo as mecânicas de saída de um país do acordo, processo que poderia levar até quatro anos para ser concluído. "Essa noção de que 'eu sou Trump, eu sou americano, América em primeiro lugar, então vou sair do acordo', isso não vai acontecer", afirmou Juncker.
Acordo de Paris foi firmado em 12 de dezembro de 2015 e assinado por 196 países que participaram da COP 21, realizada na capital da França. A meta central do acordo é limitar o aquecimento da temperatura média da Terra a menos de 2ºC acima dos níveis de temperatura anteriores à Revolução Industrial. Isso seria feito pelo incentivo ao uso de energias renováveis e pela redução da emissão de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.
Esse aumento na temperatura terá um impacto grande na vida na Terra, mas seria menos devastador do que um aquecimento global desregulado. Uma segunda meta do Acordo de Paris é perseguir alterações no modelo atual de desenvolvimento que limitem o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais até 2100. Esse objetivo pode mitigar a devastação de países insulares, como as Ilhas Marshall, que podem ser destruídos pelas mudanças climáticas.
Confusão na Casa Branca
A decisão segue uma promessa de campanha de Trump. Durante as primárias do Partido Republicano e durante a disputa com Hillary Clinton, Trump afirmou inúmeras que não "acreditava" na hipótese de o aquecimento das temperaturas na Terra ser provocado por atividades humanas – apesar de a tese ter sido comprovada pela ciência e ser referendada pela imensa maioria dos cientistas em todo o mundo. Em 26 de maio de 2016, em um ato de campanha, Trump chegou a afirmar que iria "cancelar" o Acordo de Paris.
Desde que chegou ao poder, o presidente dos EUA enviou sinais contraditórios sobre o tema, mas na maior parte do tempo indicou sua disposição de promover o uso de energias fósseis (carvão, petróleo, gás) em nome da defesa dos empregos americanos.
Os paradoxos na forma de lidar com o tema são reflexos das divergências dentro da Casa Branca. Até os últimos momentos, o caso expôs mais uma vez o caótico processo de tomada de decisões da administração Trump, marcado por disputas internas entre seus assessores. Horas antes do anúncio, três fontes ligadas diretamente aos debates internos na Casa Branca chegaram a confirmar à imprensa norte-americana que Trump retiraria os EUA do Acordo de Paris, mas momentos depois outras três fontes disseram o contrário.
China e UE defendem acordo
Horas do anúncio de Trump, a China, maior emissora mundial de gases do efeito estufa, e a União Europeia defenderam com vigor o Acordo de Paris.  
"A China seguirá implementando as promessas que fez durante o Acordo de Paris", disse o primeiro-ministro chinês Li Keqiang em Berlim, após um encontro com a chanceler alemã Angela Merkel. "Mas, certamente, esperamos contar com a cooperação dos demais", completou, em uma referência às ameaças de Trump sobre uma possível retirada do acordo.
Li Keqiang e Angela Merkel
Li Keqiang, premiê da China, e Merkel, chanceler alemã: apoio firme ao acordo (Foto: Tobias Schwarz / AFP)
Pequim foi, ao lado da administração americana presidida na época por Barack Obama, um dos principais artífices do acordo histórico em que 196 países se comprometeram a reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa. 
Merkel, que não falou sobre Trump, celebrou o fato de a China "respeitar seus compromissos sobre o acordo climático".
Apesar de não terem mencionado o nome, os dois governantes fizeram claras referências à postura de Trump, poucos dias depois de a chanceler alemã ter criticado Washington. 
"Ambos somos partidários do livre comércio e de uma ordem mundial baseada em regras", disse Merkel, ao demonstrar sua oposição ao protecionismo e unilateralismo que Trump defende desde sua eleição. 
Várias autoridades da UE adotaram um tom menos diplomático com o presidente americano antes da decisão. O comissário europeu da Ação pelo Clima, Miguel Arias Cañete, afirmou que "independente do que acontecer, o Acordo de Paris continuará".
*Com informações da AFP

A BOMBA

A bomba
Fernando Limongi*


Elite política colhe resultados da sua irresponsabilidade

O cenário político continua conturbado. O preparo da massa para a pizza teve que ser adiado. A coalizão que comandou o processo de impeachment se esfacelou, perdeu o rumo e trabalha para catar os cacos. Difícil que se recomponha ou ache seu rumo. A pinguela ruiu, levando consigo muitos dos que dela se serviram para atravessar o rubicão.

Tanto quanto Dilma no início de 2016, Temer é um paciente terminal.

Sobrevive, contudo, por falta de alternativa. Falta o que ele próprio foi para a presidente Dilma: a alternativa que deu a todos a esperança da salvação.

Encontrar um substituto não é simples.

O ungido tem que sobreviver, não pode estar contaminado pelo material tóxico que se abateu sobre Temer.

Eis aí o problema: restam poucas alternativas. Para onde quer que se olhe, qualquer que seja o nome aventado como a saída, em pouco tempo, problemas aparecem e a candidatura se torna radioativa.

Nenhum político cabe no figurino e apelar para juízes, aposentados ou não, representa um salto no escuro.

A situação é trágica, um verdadeiro fim de linha.

A elite política brasileira colhe os resultados da sua irresponsabilidade, da inconsistência das estratégias que vem adotando, cujo exemplo mais acabado é o processo movido por Aécio Neves contra a chapa Dilma-Temer, iniciado, segundo suas confidências a Joesley, apenas para "encher o saco", uma resposta às "sacanagens" de que teria sido vítima ao longo da campanha.

Aécio e seus estrategistas tiveram inúmeras oportunidades para rever o curso da ação. O ambiente político mudou e Temer se tornou presidente com o apoio de Aécio, mas a ação não foi retirada, mesmo diante dos apelos do novo presidente. A irresponsabilidade e a inconsistência da estratégia beira a insanidade. Pior que cometer um erro, é insistir no mesmo, algo que os que se prestam a defender Temer deveriam considerar.

Ao longo da semana, na ausência de uma alternativa, as vozes em defesa de Temer ganharam força. Com o tempo, o número dos que aderiram à defesa do presidente cresceu. As gravações, disseram, não provariam que o presidente estaria apoiando a mesada para comprar o silêncio de Eduardo Cunha e de Lúcio Funaro.

Os defensores do presidente aferram-se aos detalhes, perdendo de vista o contexto e o significado do encontro escuso arrumado com celeridade incomum.

Na operação resgate, é preciso desconsiderar a intimidade e a proximidade entre o presidente e o empresário, os assuntos discutidos, a forma como Joesley foi recebido e tudo o mais, para concentrar-se em umas algumas poucas frases.

Não faltam evidências que comprometem qualquer tentativa de fazer do presidente vítima de um ardiloso plano para derrubá-lo. Ainda assim, pedem-se provas irrefutáveis. A técnica pode funcionar em juris, mas não restaura a dignidade e a honra do personagem.

O contorcionismo necessário é evidente.

Se o presidente é uma vítima, é preciso fabricar algozes e valores mais elevados envolvidos no caso. O truque é conhecido. A melhor defesa é o ataque. Nesta torsão, o tribunal de exceção em que a Lava-Jato teria se transformado passou a ser o inimigo a combater. Estaríamos diante de repetidas e flagrantes violações da presunção da inocência e do direito da defesa.

Enfim, estaríamos diante de um ataque orquestrado ao estado de direito e à liberdade, bens supremos que pediriam defesa intransigente e resoluta.

Sem a menor cerimônia, sem o menor compromisso com a coerência, inventam-se distinções descabidas. Como quer o editorial de sábado de "O Estado de S. Paulo", de um lado estariam "políticos que receberam doações eleitorais qualificadas pelos delatores como propina", enquanto, em polo radicalmente distinto, estariam os "meliantes que elaboraram um plano de assalto bilionário aos cofres da Petrobras". Feita a ginástica, arremata o editorialista: "Dallagnol, em sua reiterada imprudência, infelizmente comum a alguns de seus pares, dá tratamento isonômico a todos os políticos citados nas delações premiadas."

Como diz o ditado, para os amigos tudo, para os inimigos, a lei.

E o que os amigos pedem não é pouco.

A ex-presidente do BNDES que o diga. Como já adiantara a imprensa especializada, a gestão austera de Maria Silvia não atendia as necessidades do governo. Nota no site da CNI explicou o que se espera da nova administração: "O novo presidente do BNDES não pode perder a oportunidade de executar com celeridade os projetos de financiamento para a indústria e para a infraestrutura".

Para defender Temer, convenientemente, privilegia-se o acessório e deixa-se de lado o essencial do episódio. Esquece-se a presteza com que Temer se dispôs a encontrar o empresário e o tema da conversa que o incriminaria. Temer pode não ter discutido o pagamento das mesadas, mas o fato é que para ele, como para muitos outros, é essencial que Eduardo Cunha e Lúcio Funaro se mantenham em silêncio.

Por isto precisava confirmar que os acordos estavam e seriam mantidos.

Aliás, não é outra a razão para que as prisões alongadas de Curitiba tenham se tornado um problema. Cunha e Funaro têm emitido sinais de que podem falar, razão suficiente para espalhar pânico Brasília afora.

Os movimentos para interromper a continuidade das investigações são flagrantes.

O juiz Sergio Moro, que sabe o quanto pode esticar a corda, percebeu o risco e, fato raro, deu ouvido ao seu "coração generoso", absolvendo a esposa de Eduardo Cunha.

Moro conhece seus limites, sabe que nem sempre é recomendável fustigar a fera com vara curta. A prisão da esposa de Cunha poderia elevar a pressão sobre seu tribunal.

Pelo andar da carruagem e pelo que as investigações vêm revelando, o presidente até pode se safar deste episódio particular, mas dificilmente resistirá ao que ainda está por vir. Temer não depende apenas da boa índole Rodrigo Rocha Loures.

A bomba continua detida em Curitiba, dando indicações de que está pronta a explodir.

* Professor do Departamento de Ciência Política da USP e pesquisador do CEBRAP