quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O PSICOPATA


O PSICOPATA ( atendendo a pedidos)(postagem original:27/01/2013)


O PSICOPATA

Glauco dos Santos Gouvêa *

A médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva lançou em 2008 um livro muito importante, oportuno e de grande utilidade, cujo título é MENTES PERIGOSAS, com subtítulo O PSICOPATA MORA AO LADO.

Logo na orelha da citada obra encontramos um perfil do psicopata, tão preciso, que reproduzo a seguir:

“Os psicopatas são frios, calculistas, insensíveis, inescrupulosos, transgressores de regras sociais e absolutamente livres de constrangimentos ou julgamentos morais internos. Nas diversas esferas do relacionamento humano, eles são capazes de passar por cima de qualquer pessoa apenas para satisfazer seus próprios interesses. Mas, ao contrário do que pensamos, não são considerados loucos, nem mesmo apresentam qualquer tipo de desorientação. Eles sabem exatamente o que estão fazendo e não sofrem nem um pouco com isso.

Podemos dizer que são verdadeiros “predadores sociais”, e às vezes seus atos são tão chocantes que nos recusamos instintivamente a reconhecer sua existência. Mentes Perigosasnos mostra em linguagem fluida e acessível quem são essas pessoas que estão por aí, ao nosso lado, e que desafiam a própria natureza humana. Conhecer essas mentes perversas é a melhor forma de nos proteger do efeito devastador de sua presença em nossas vidas.”

À medida que eu lia o livro me convencia da necessidade de divulgá-lo. Mais que necessidade: um imperativo de consciência para ajudar minimamente as pessoas a identificar um psicopata e se proteger do mesmo. O perigo maior reside em que o psicopata jamais revela sua verdadeira personalidade, seu verdadeiro pensamento. Ele “constrói” uma armadura e se protege; mente sempre e com tanta habilidade que acreditamos em suas mentiras; procura mostrar que é um entendido em qualquer assunto (embora não o seja) e que sua opinião é superior a qualquer outra; visa convencer as pessoas de que é um altruísta ( mas, na verdade, é incapaz de qualquer forma de amor ); impulsivo, irresponsável, insensível. Todo o cuidado é pouco ao lidarmos com um psicopata, pois ele é capaz de qualquer coisa sem nenhum sentimento de remorso. Cuidado...

Livros como o da psiquiatra Ana Beatriz precisam ser divulgados, pela sua importância para a vida das pessoas. Quanta perversidade, quanta injustiça, teriam sido evitadas se soubéssemos identificar um psicopata !

  • Engenheiro Civil e Auditor Fiscal Tributário Estadual (aposentado)


P.S.

Tendo em vista a relevância do tema tratado e de outros correlatos, listamos, a seguir, outras obras publicadas pela Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva:

Mentes Inquietas: TDAH - desatenção, hiperatividade e impulsividade [Publicação revista e ampliada]
Mentes e Manias: TOC - transtorno obsessivo-compulsivo [Publicação revista e ampliada]
Sorria, você está sendo filmado (em parceria com o publicitário Eduardo Mello)
Mentes Insaciáveis: anorexia, bulimia e compulsão alimentar
Mentes Ansiosas: medo e ansiedade além dos limites [Publicação revista e ampliada de Mentes  com Medo]
BULLYING: Mentes Perigosas nas Escolas
Mentes Peligrosas: un psicópata vive al lado [Publicado na Argentina e México]

Os psicopatas são capazes de ter a perspectiva dos outros?



Os psicopatas são capazes de ter a perspectiva dos outros?

Estudo que incluiu 106 homens detidos nos EUA concluiu que os psicopatas falham na tarefa de perceber automaticamente a perspectiva dos outros, uma característica típica da cognição humana.



O cérebro de um psicopata funciona de forma diferente
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O cérebro de um psicopata funciona de forma diferente

Quando se discursa perante uma plateia será impossível ignorar as pistas dos ouvintes, seja um bocejo ou um olhar atento. Este é um processo de reconhecimento automático da perspectiva dos outros e uma característica típica da cognição humana. O exemplo é dado por Arielle Baskin-Sommers, investigadora da Universidade de Yale (EUA) e uma das autoras de um artigo científico publicado recentemente na revista norte-americana Proceedings  of  the National Academy of Sciences (PNAS) onde se concluiu, após testes realizados em 106 homens detidos numa prisão de alta segurança no Connecticut (EUA), que os psicopatas têm uma “diminuição da propensão automática para assumir a perspectiva dos outros”.
“Há muito tempo que os investigadores se intrigam com o facto de os psicopatas – que se caracterizam por um comportamento anti-social e fracas emoções interpessoais – conseguirem um desempenho normal em testes clássicos para avaliar a capacidade de ter a perspectiva dos outros”, começa por explicar ao PÚBLICO Arielle Baskin-Sommers.



Esse terá sido o gatilho para o estudo que incluiu a avaliação de 106 homens detidos entre os 21 e os 67 anos. Desta vez, os testes psicológicos – com tarefas especialmente orientadas para a análise desta característica cognitiva – revelaram que “psicopatas e não psicopatas são capazes de ter a perspectiva dos outros quando isso lhes é explicitamente solicitado, mas os psicopatas são menos capazes de se envolver automaticamente neste processo”. Os resultados, diz a investigadora, sugerem que “estes indivíduos não possuem um aspecto típico da cognição humana, o que poderá contribuir para o seu comportamento anti-social implacável”.
O título do artigo publicado na PNAS (“Psicopatas falham em perceber automaticamente a perspectiva de outros”) faz claramente a distinção entre esta percepção automática do outro e um outro processo controlado e deliberado. Apesar de notar que estes indivíduos exibem um desrespeito “crónico e notório” pelo bem-estar de outros com um comportamento insensível e manipulador, os autores lembram que este perfil dos psicopatas tem sido associado a défices nos processos sociais e afectivos. “No entanto, com este estudo mostramos que alguns dos comportamentos psicopáticos podem ser originados num défice cognitivo, especificamente uma incapacidade de automaticamente reconhecer a perspectiva do outro”.

Os estudos anteriores, adiantam os cientistas, basearam-se apenas em testes numa vertente controlada da teoria da mente (ToM, na sigla em inglês) e que também é conhecida como perspectiva cognitiva, consistindo precisamente na capacidade para atribuir estados mentais a outras pessoas e, dessa forma, prever o seu comportamento.
Neste caso, os investigadores quiseram testar o processo de ToM automático e perceber se os psicopatas mantinham o bom desempenho normal observado em estudos anteriores com o processo controlado e deliberado. “Com os processos de ToM automáticos, um indivíduo representa os pensamentos ou sentimentos de outra pessoa sem pretender fazê-lo, mesmo nos casos em que tal processamento seja irrelevante para a tarefa em questão”, descreve o artigo na PNAS. E, conclui-se, os psicopatas falham nesta acção imediata.
“É como falar numa aula: a atenção não deve estar na audiência, mas é impossível ignorar as pistas sociais, como um bocejo. Posso adaptar o que estou a dizer ou a forma como estou a falar para reagir a essas dicas. Isso reflecte o nosso processo automático de considerar os pensamentos dos que nos rodeiam. Não preciso deliberadamente ter a perspectiva dos meus alunos, isso simplesmente acontece automaticamente”, exemplifica Arielle Baskin-Sommers.


Os limites da cognição

Esta perspectiva automática e aparentemente involuntária, que os psicopatas parecem não conseguir alcançar, e a perspectiva controlada e deliberada são uma parte fundamental da cognição humana. Os investigadores também demonstram neste artigo que a magnitude desta interferência no processo automático de ter a perspectiva dos outros “está correlacionada com os comportamentos insensíveis no mundo real”, como, por exemplo, o número de ataques de que são acusados. No caso das tarefas que exigiam uma ToM controlada, os psicopatas responderam com um desempenho normal.
Os autores lembram ainda que os psicopatas têm sido descritos como “almas esvaziadas” e sem escrúpulos e que alguns clínicos consideram a psicopatia como uma síndrome de insanidade moral. Isso quer dizer que estas “almas esvaziadas” podem ter a perspectiva de outros (não mostrando défice nas capacidades de ToM em processos controlados), mas que, simplesmente, não se importam? “Não penso que seja justo dizer que não se importam. Eles mostram uma diminuição da propensão automática para assumir a perspectiva dos outros, que é um processo cognitivo. Não é necessariamente consciente. Quando são convidados a entender explicitamente a perspectiva dos outros, conseguem fazê-lo”, responde Arielle Baskin-Sommers, adiantando que o seu laboratório está a realizar “vários estudos sobre a identificação e especificação dos limites da cognição em indivíduos psicopatas”.