terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O absurdo das guerras

A GUERRA É UM GRANDE NEGÓCIO

Dalia González Delgado



"A guerra é um negócio sujo. Sempre foi. Possivelmente o mais antigo. Sem dúvida, o mais rentável, porém o mais cruel. É o único com o raio de extensão internacional. É o único em que os benefícios são calculados em dólares e as perdas em vidas". Assim pensa o general Smedley D. Butler do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, o militar mais condecorado na história desse país.

Após o massacre, as empresas substituem os aviões de combate.

Quem ganha com a guerra? Porque é um grande negócio bombardear um país até deixá-lo em ruínas? Após o massacre, as empresas substituem os aviões de combate. Os mesmos países que bombardearam a Líbia, agora recebem contratos bilionários para a sua reconstrução.

"A Líbia é um país rico em reservas de petróleo. Espero que haja oportunidades para as empresas britânicas e de outros países na missão da sua reconstrução", confessou o Ministro da Defesa Britânica, Philip Hammond.

De acordo com o jornal Russia Today, a conta que o Reino Unido deve pagar por sua participação na intervenção da OTAN na Líbia foi estimada em quase US$ 500 milhões. Enquanto isso, de acordo com o Departamento de Comércio e Investimento, o valor dos contratos para a reconstrução da Líbia poderia chegar a mais de 300 bilhões nos próximos 10 anos.

 John Hilary, diretor executivo da War on Want, uma organização que combate a pobreza nos países em desenvolvimento, diz que a situação é semelhante à do Iraque após a guerra, quando as empresas dos países envolvidos na invasão foram contemplados com os melhores contratos . "Nós bombardeamos, destruímos e em seguida, obtemos contratos para a reconstrução", disse à Russia Today.

Como o Reino Unido, a França não iria ficar de fora. Foi a primeira potência ocidental a reconhecer o auto-proclamado Conselho Nacional de Transição (CNT) como o governo legítimo da Líbia e o primeiro a reabrir sua embaixada em Trípoli. Paris espera que a gratidão política se transforme em negócios. Esses passam por contratos lucrativos para a reconstrução do país, concessões nas atividades de petróleo e em novas oportunidades que surgem com a sua provável abertura econômica.

O jornalista australiano John Pilger disse que há evidências de negociações empreendidas antes da invasão da OTAN ao país árabe. "A Líbia é uma fonte com mais reservas de petróleo do que qualquer outro país da África, incluindo a Nigéria", disse ele. "O Conselho Nacional de Transição prometeu conceder 35% das reservas de petróleo da Líbia à companhia petrolífera francesa TOTAL (primeira empresa de gala do setor), caso a França enviasse os seus aviões de combate ao país invadido."

O analista mexicano Alfredo Jalife explicou à TELESUR como a OTAN ganha com a destruição e, em seguida, com a reconstrução da Líbia.

Considerou irrisória a soma de um bilhão e meio de dólares em ativos da Líbia liberados pelos Estados Unidos para os rebeldes do Conselho Nacional de Transição, porque na realidade a Líbia teria em reservas nos bancos internacionais mais de 100 bilhões de dólares.

É impressionante, disse o analista, a maneira como a OTAN e os Estados Unidos estão manipulando os ativos, "que estão sendo hipotecados, com grandes reservas em caixa de mais de 100 bilhões de dólares". Concluiu afirmando que são "migalhas os valores liberados para o Conselho Nacional de Transição.”

Seria ingênuo pensar que na Líbia "se destruiu por destruir", porque não podemos esquecer que também operam nessas intervenções forças transnacionais "para ganhar e obter dividendos suculentos."

O analista fez uma analogia entre o Iraque, Afeganistão e a Líbia, e observou que nenhuma das três nações "tem qualquer tipo de infraestrutura, tudo foi completamente destruído, mas isso faz parte do negócio, porque, então, eles já receberão vantajosos contratos de reconstrução e ignoram o dinheiro da grande riqueza do país devastado."

As guerras são uma bênção para os vencedores. Mas a que preço! Não é o homem um animal racional? Que razão pode haver em um conflito armado, onde também ceifará fortunas que não estão envolvidas na batalha? Basta por um homem para lutar contra outro, como no circo romano.

O general Butler escreveu o seguinte em seu livro War is a racket: "Pelo menos 21.000 novos milionários e bilionários foram criados nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial são os que admitiram os seus ganhos de sangue derramado nas suas declarações de imposto de renda. Ninguém sabe quantos milionários de riquezas amealhadas na guerra falsificaram a sua declaração de imposto de renda. Quantos desses milionários da guerra carregaram um rifle? Quantos deles cavaram uma trincheira? Quantos deles sabiam o que significa passar fome em um buraco infestado de ratos? Quantos deles passaram noites sem dormir, tremendo de medo, evitando granadas, estilhaços e balas de metralhadora? Quantos deles se esquivaram aos lances de baioneta de um inimigo? Quantos foram feridos ou mortos em batalha?"



Fonte: www.granma.cubaweb.cu 10.12.2011

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