sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Novo crime contra o patrimônio do povo


*SINPAF articula ofensiva contra projeto da Embrapa S.A. no Senado*

*A batalha imediata contra o projeto agora se dá na CAE, composta por 27
titulares e 27 suplentes, alguns dos quais também compõem a Comissão de
Agricultura e Reforma Agrária (CRA), que em setembro de 2009 votou pela sua
rejeição. “Esse projeto não pode continuar tramitando sem que os
trabalhadores sejam ouvidos”, afirma Vicente.*



O presidente do SINPAF, Vicente Almeida, enviou carta ao senador Delcídio
Amaral (PT-MS), autor do PLS 222/08, que propõe a abertura de capital da
Embrapa, solicitando audiência para tratar do assunto. Amaral também
preside a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, onde a matéria
tramita atualmente sob a relatoria do senador Gim Argello (PTB-DF), que
apresentou parecer favorável à proposta no último dia 1º.

Conhecido como “projeto da Embrapa S.A.”, o PLS 222/08 autoriza a abertura
do capital da empresa, que passaria a ser uma sociedade de economia mista
com ações negociadas na bolsa de valores. Apesar de resguardar o controle
da empresa à União, o projeto possibilita maior avanço dos interesses
privados dentro da Embrapa, “que já influenciam no direcionamento da
pesquisa por meio de convênios e parcerias sem prestação de contas para a
sociedade”, observa Vicente.

A Diretoria Nacional do SINPAF buscará o apoio dos demais parlamentares
envolvidos na tramitação do projeto. A batalha imediata contra o projeto
agora se dá na CAE, composta por 27 titulares e 27 suplentes, alguns dos
quais também compõem a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), que
em setembro de 2009 votou pela sua rejeição.

O parecer de Argello ainda precisa da aprovação dos demais membros da CAE,
no entanto, a tradição parlamentar é de que a comissão siga o voto do
relator. Independente do parecer oficial, que não tem data para ser votado
apesar do Regimento Interno do Senado prever um prazo de 15 dias corridos a
partir da apresentação do relatório, a matéria ainda será votada na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em caráter terminativo (sem
apreciação no plenário). Caso seja aprovada, seguirá para a Câmara dos
Deputados.

Na carta enviada ao autor da proposta, o presidente do SINPAF ressalta que
os trabalhadores da Embrapa têm debatido substancialmente os possíveis
rumos da empresa e apontado para seu aprimoramento como órgão de gestão
estratégica do governo brasileiro de forma a garantir a flexibilização
necessária à desburocratização de alguns processos, “sem, no entanto, abrir
caminho para riscos associados à soberania, segurança e autonomia
tecnológica e alimentar do país”. “Queremos contribuir com o debate sobre
uma verdadeira reforma política e administrativa na Embrapa no sentido de
que ela seja um grande instrumento de formulação de políticas públicas
voltadas à segurança e soberania do povo brasileiro”, ressalta Vicente na
correspondência enviada ao senador.

*Inconstitucional*
Juristas ouvidos pela reportagem avaliam que a matéria pode ser extinta já
na CCJ, pois seria inconstitucional. “O projeto modifica a administração
pública, e isso só pode ser feito por meio de projeto de iniciativa do
poder Executivo. Então, só por esse aspecto, ainda que seja aprovado,
deverá ser considerado inconstitucional pelos tribunais, esse ponto é
extremamente relevante e deve ser considerado pelos parlamentares”, explica
o advogado Dalmo de Abreu Dallari, consultor do SINPAF na época em que o
projeto foi apresentado no Senado.

*Trabalhadores defendem Embrapa 100% pública e democrática*
Em outubro de 2008 o SINPAF realizou o Seminário Nacional Estrutura
Institucional das Empresas de Pesquisa Agropecuária, em Brasília, com a
participação de cerca de cem trabalhadores da Embrapa. O fórum encaminhou
pela retirada do PLS 222/08 e reafirmou a necessidade de democratização de
sua gestão. “Esse projeto não pode continuar tramitando sem que os
trabalhadores sejam ouvidos”, afirma Vicente.

Leia o projeto: http://legis.senado.gov.br/mate-pdf/13375.pdf
Parecer da CRA: http://legis.senado.gov.br/mate-pdf/65033.pdf
Relatório Gim Argello: http://legis.senado.gov.br/mate-pdf/102373.pdf



Em 16 de fevereiro de 2012 13:04, Vicente Almeida
<vicentalmeida@gmail.com>escreveu:

> ****
>
>
>>  Abertura de capital da Embrapa ganha impulso
>> Por *Tarso Veloso | De Brasília*
>>  <http://www.valor.com.br/sites/default/files/gn/12/02/foto16agr-101-embrapa-b30.jpg>
>> [image: Ruy Baron/Valor / Ruy Baron/Valor]<http://www.valor.com.br/sites/default/files/gn/12/02/foto16agr-101-embrapa-b30.jpg>O
>> senador Gim Argello, que votou favoravelmente à transformação da Embrapa
>>
>> O projeto de lei que pretende abrir o capital da estatal Empresa
>> Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e transformá-la em uma
>> sociedade de economia mista recebeu voto favorável do senador Gim Argello
>> (PTB-DF), relator do projeto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do
>> Senado, no dia 1º de fevereiro. Depois de apreciado pelo plenário da CAE, o
>> texto seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde será
>> votado em caráter terminativo. Se for aprovado na CCJ, seguirá diretamente
>> para a Câmara.
>>
>> Mesmo que a transformação da Embrapa receba sinal verde definitivo no
>> Congresso, o Projeto de Lei 222/2008, de autoria do Senador Delcídio Amaral
>> (PT-MS), prevê a manutenção de seu controle nas mãos da União, que
>> preservaria mais de 50% das ações com direito a voto. Para Amaral, a
>> capacidade de investimento da estatal foi sendo reduzida nos últimos anos e
>> uma injeção de recursos privados pode viabilizar o aumento de suas
>> pesquisas. Atualmente, a Embrapa usa mais de 70% de seu orçamento para
>> cobrir custos de pessoal e encargos.
>>
>> A discussão se arrasta há anos. Em agosto de 2009, a Comissão de
>> Agricultura e Reforma Agrária (CRA) votou pela rejeição do projeto. Após a
>> decisão da CRA, o PL foi submetido à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE),
>> em setembro de 2009. Ficou parado e, em 17 de março de 2011, o presidente
>> da comissão, Delcídio Amaral designou o colega Gim Argello para a relatoria.
>>
>> O parecer da CRA, com relatoria do ex-senador Expedito Júnior (PSDB-RO),
>> afirmou que a abertura de capital da Embrapa à iniciativa privada
>> diminuiria da atuação da estatal em projetos de caráter social, e que tal
>> medida poderia colocar em risco o grau de desenvolvimento da pesquisa
>> agropecuária nacional. A CRA não constava no despacho inicial de
>> distribuição do PL e só tramitou por ela após requerimento.
>>
>> Em seu voto, o relator Gim Argello discorda do argumento e diz que "a
>> alocação de recursos para pesquisa agropecuária tem sido muito prejudicada
>> e tende a continuar assim. Portanto, novas soluções para o financiamento da
>> pesquisa devem ser encontradas". Segundo o relator, com a mudança serão
>> feitos mais investimentos "Não se muda time que está ganhando. Vamos manter
>> as coisas boas e melhorar as que precisam ser melhoradas", disse.
>>
>> O próprio Amaral reconhece que o projeto é polêmico. "É polêmico e
>> prudente. Vamos abrir para dinheiro privado, mas com o controle do
>> governo", afirmou. O senador cita a Petrobras como exemplo e disse que
>> ainda vai se reunir com a Embrapa para discutir mudanças no texto. "Vamos
>> permitir uma valorização dos servidores da Embrapa e vamos nos reunir com
>> membros da estatal para fazer ajustes no texto".
>>
>> O relator afastou a hipótese de que multinacionais que eventualmente
>> comprem muitas ações possam colocar pressão para que sejam realizadas
>> pesquisas somente em áreas de interesse comercial. "As empresas não têm
>> interesse em investir na Embrapa. Elas já possuem grandes laboratórios e
>> equipes de cientistas", disse Argello.
>>
>> O relator também deixou claro que os recursos genéticos depositados nos
>> bancos de pesquisas da Embrapa distribuídos pelo país terão seu valor
>> calculado pelos técnicos da instituição. "Eu acredito que isso vale tanto
>> quanto diamante e não tem como mensurar", afirmou ele.
>>
>> --

Um comentário:

  1. Não é possível que as entidades da área de Engenharia e todas as demais que lutam verdadeiramente pelo desenvolvimento e soberania do Brasil consintam em mais esse crime contra o patrimônio do povo. Quanta hipocrisia na argumentação falsa da escassez de dinheiro para investimentos, de abrir o capital mas com o contrôle do Governo ( e cita um péssimo exemplo: a abertura da Petrobrás) e até (ha,ha,ha ) a valorização do servidor. Pensam eles que o servidor é idiota. Temos que combater todas as formas de entreguismo. Chega! Deixem falar os servidores da Embrapa.
    Como Engenheiro, jamais descumprirei o juramento de trabalhar, devotadamente, na construção do progresso do Brasil.
    Quero acompanhar a atuação de cada entidade em relação ao tema em pauta.
    Glauco dos Santos Gouvêa
    Engenheiro Civil

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