domingo, 15 de abril de 2012

A corda não aguenta mais



A CORDA NÃO AGUENTA MAIS


Glauco dos Santos Gouvêa *

Ele já esticou tanto que a corda está dando sinais de rompimento. Se isso acontecer, não pense que o Rei está do lado mais forte. “Forte é o povo” já dizia o Senador Rui Carneiro.
Esticou a corda com os professores, estrangulando-os com o não cumprimento do piso, não criando nenhum incentivo à categoria que não deveria  receber salários inferiores aos de nenhuma outra, fechando escolas ( aonde já se viu isso?), demitindo milhares de servidores com mais de vinte anos de serviço ( condenando-os a uma existência sem dignidade). Que vergonha para a Paraíba!
Esticou a corda com os trabalhadores da saúde, sem nenhuma consideração aos imprescindíveis serviços  que os mesmos prestam à sociedade, especialmente à maioria que depende da saúde pública. Numa atitude extremamente infeliz, afrontosa, arrogante e ilegal terceirizou os serviços do Hospital Senador Humberto Lucena ( o conhecido Hospital do Trauma ) gastando o dobro do que se gastava antes... e continua sua sanha privatista, agora nos municípios de Taperoá e Patos. Quem melhor que os médicos para diagnosticar esse comportamento?
Esticou a corda com as categorias da segurança pública a tal ponto que hoje temos nosso Estado e nossa Capital no topo da lista dos lugares mais violentos do Brasil. E quem era João Pessoa? E a Paraíba? - Um paraíso de tranquilidade – Que é feito do compromisso “Vou pagar melhor à Polícia”? Aonde foram parar as promessas tantas vezes repetidas de resolver todos os problemas da segurança pública em seis meses? Palavras, só palavras, nada mais que palavras. Nenhuma cumprida. Cancelar um seguro de vida que já vinha de mais de cem anos, afrontar uma categoria que arrisca sua vida a cada dia com um reajuste de 3%, quebrar a paridade entre ativos e reformados, francamente...
Esticou a corda com o Fisco. Que tamanha insensatez! Logo o Fisco que proporciona recursos financeiros para aplicação no desenvolvimento do Estado e promoção do bem-estar social! Ele assumiu, na campanha eleitoral, um compromisso com a categoria fiscal quando disse (e está gravado em DVD):  “Preservar a autonomia do Fisco. Preservar o Fisco, dentro dos ditames republicanos, para mim é uma conquista e uma necessidade, não apenas enquanto candidato, mas enquanto cidadão”. Comprometeu-se a eliminar o parágrafo único do Art. 34 do PCCR, garantindo, assim, que os cargos privativos de auditores, em quaisquer hipóteses, seriam ocupados exclusivamente por auditores. Como Governador, traiu a palavra empenhada e fez tudo ao contrário dos compromissos assumidos. Provocou a greve do Fisco ao descumprir a Lei do Subsídio (descumprimento que persiste até hoje, decorridos 435 dias) e, em retaliação incompatível com o cargo a que o povo o conduziu, editou incabíveis Medidas Provisórias com o fim de destruir a Secretaria da Receita e desmantelar sua estrutura que vinham batendo recordes de arrecadação. Um tiro no pé. Tudo para satisfazer seu ego doentio. O Rei Sol arrasa a Paraíba, mas não admite a mínima oposição aos seus caprichos.
Esticou a corda com o Poder Judiciário ao tentar forçar que o Egrégio Tribunal julgasse com rapidez seu pedido de ilegalidade da greve do Fisco. Ainda bem que o Presidente do TJ não se curvou à sua insolente ameaça e passou-lhe pela televisão uma merecida repreensão ( o popular pito).
Esticou a corda com os Secretários de Estado que não dispõem da mínima autoridade para decidir sobre qualquer coisa. Situação humilhante. A resposta de qualquer Secretário sobre qualquer questão é sempre a mesma: “ Vou consultar o Governador”. Dessa forma, a máquina administrativa não anda. O povo paga caro e não é para isso.
Esticou a corda com o Poder Legislativo ao querer subordinar a atividade parlamentar à vontade do Rei. Eu posso, eu quero, eu mando. Mão de ferro.  Humilhação nunca vista. Não posso deixar de relatar cena patética que presenciei na semana passada no plenário da Assembléia Legislativa: o líder do Governo apresentara um projeto para proporcionar transparência às negociações envolvendo áreas públicas (para evitar o que ocorreu recentemente e a população não engoliu); em tais casos, a Assembléia Legislativa deveria realizar audiências públicas. O Rei vetou. Foi o bastante para o autor do projeto “justificar” o veto e ( pasmem! ) votar contra seu próprio projeto! Ridículo! É assim que o Poder Legislativo vem sendo tratado. Menosprezado, humilhado e subjugado. Calma. Já há sinais de mudança. De acordo com a máxima “Ao meu rei tudo, menos a honra”, os Parlamentares, ouvindo a voz das ruas, já não aceitam mais as imposições e impõem respeito. Para isso eles foram eleitos pelo povo que cobra posições de seus representantes. Quem ficar contra o povo...
Não dá mais para esticar a corda!

  • Engenheiro Civil e Auditor Fiscal da Receita Estadual (Aposentado)         10/3/2012
Glauco dos Santos Gouvêa *

Um comentário:

  1. Companheiro Glauco, companheiro e não
    'cunpanhêru', o rei daí, o rei daqui, o rei
    de alhures: 'é tudo igual, a mesma coisa'!!!

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