Código Florestal e pedido de Referendo Popular.
Artigo de Leonardo Boff
Lamento profundamente que a discussão do Código Florestal foi colocada preferentemente num contexto econômico, de produção de commodities e de mero crescimento econômico.
Isso mostra a cegueira que tomou conta da maioria dos parlamentares e também de setores importantes do Governo. Não tomam em devida conta as mudanças ocorridas no sistema-Terra e no sistema-Vida que levaram ao aquecimento global.
Este é apenas um nome que encobre práticas de devastação de florestas no mundo inteiro e no Brasil, envenenamento dos solos, poluição crescente da atmosfera, diminuição drástica da biodiversidade, aumento acelerado da desertificação e, o que é mais dramático, a escassez progressiva de água potável que atualmente já tem produzido 60 milhões de exilados.
Aquecimento global significa ainda a ocorrência cada vez mais frequente de eventos extremos, que estamos assistindo no mundo inteiro e mesmo em nosso país, com enchentes devastadoras de um lado, estiagens prolongadas de outro e vendavais nunca havidos no Sul do Brasil que produzem grandes prejuízos em casas e plantações destruídas.
A Terra pode viver sem nós e até melhor. Nós não podemos viver sem a Terra. Ela é nossa única Casa Comum e não temos outra.
A luta é pela vida, pelo futuro da humanidade e pela preservação da Mãe Terra. Vamos sim produzir, mas respeitando o alcance e o limite de cada ecossistema, os ciclos da natureza e cuidando dos bens e serviços que Mãe Terra gratuita e permanentemente nos dá.
E vamos sim salvar a vida, proteger a Terra e garantir um futuro comum, bom para todos os humanos e para a toda a comunidade de vida, para as plantas, para os animais, para osdemais seres da criação.
A vida é chamada para a vida e não para a doença e para morte. Não permitiremos que um Código Florestal mal intencionado ponha em risco nosso futuro e o futuro de nossos filhos, filhas e netos. Queremos que eles nos abençoem por aquilo que tivermos feito de bom para a vida e para a Mãe Terra e não tenham motivos para nos amaldiçoar por aquilo que deixamos de fazer e podíamos ter feito e não fizemos.
O momento é de resistência, de denúncia e de exigências de transformações nesse Código que modificado honrará a vida e alegrará a grande, boa e generosa Mãe Terra. Agora é o momento ds cidadania popular se manifestar. O poder demana do povo. A Presidenta e os parlamentares são nossos delegados e nada mais. Se não representarem o bem do povo e da nação, de nossas riquezas naturais, de nossas florestas, de nossa fauna e flora, de nossos rios, de nossos solos e de nossa imensa biodiversidade perderam a legitimidade e o uso do poder público é usurpação. Temos o direito de buscar o caminho constitucional do referendo popular. E ai veremos o que o povo brasileiro quer para si, para a humanidade, para a natureza e para o futuro da Mãe Terra.
uarta, 02 de maio de 2012
Governo pode reverter por MP perda em lei florestal
Na tentativa de reverter a principal derrota imposta pelos ruralistas na reforma do Código Florestal, o governo discute a edição de uma medida provisória (MP) reformulando os percentuais de recuperação de florestas desmatadas em margem de rio.
A reportagem é de Valdo Cruz e Márcio Falcão e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 01-05-2012.
A ideia é beneficiar os pequenos agricultores, por um sistema escalonado de faixas de recomposição, e exigir dos grandes produtores um reflorestamento maior do que foi desmatado ilegalmente.
O governo quer baixar a medida provisória quando definir seus vetos ao texto aprovado pelo Congresso A área ambiental do governo defende um veto global.
A orientação do Planalto é derrubar artigos que possam provocar desgastes na conferência Rio+20, mas também evitar embates com ruralistas.
E ATE SETORES DOS RURALISTAS
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A bancada ambientalista ganhou um inesperado aliado na pressão para fazer a presidenta Dilma Rousseff vetar o Código Florestal, aprovado na última quarta-feira (25) pelo Congresso. O texto foi aprovado com amplo apoio dos integrantes da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) e provocou protestos de petistas, parlamentares ambientalistas e organizações não governamentais ligadas à preservação do meio ambiente. O aliado inesperado é o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP). Um dos maiores exportadores de suco de laranja do país, integrante da bancada ruralista na Câmara, o petebista disse ao Congresso em Foco que se estivesse no lugar da presidenta Dilma Rousseff “vetava o texto inteiro”.
Leia a íntegra da entrevista: “É um Código feito por maluco”
Veja declaração em vídeo do deputado defendendo o veto ao Código Florestal:
“Se ela entender bem, vai vetar o Código inteiro. E vai chegar carregada na Rio + 20”, disparou Marquezelli. Para ele, Dilma deveria chamar especialistas em agricultura e em meio ambiente e, posteriormente, editar uma medida provisória ou uma portaria regulamentando a questão. Mas os motivos para o petebista pedir o veto são diferentes dos ambientalistas.
Dilma deverá vetar anistia a desmatadores, diz Ideli
Veja como os deputados votaram o Código Florestal
Leia outros destaques de hoje no Congresso em Foco
Punição e vantagem
Marquezelli questiona, por exemplo, a possibilidade de os produtores serem penalizados por terem desmatado antes da reforma do Código Florestal. Ele também critica duramente o papel dado ao Ministério Público. Para ele, os “promotores não conhecem o Brasil”. “O promotor vai propor a desapropriação da terra e prisão do produtor por não cumprir a lei. Ele não quer saber se produtor está produzindo ou não mil litros de leite por dia ou dez litros”, afirmou.
“O preço está baixo. Se eu tirar 1,8 milhão de pés de laranja [pela necessidade de reflorestamento prevista no Código], vai faltar laranja e subir o preço. Então eu não posso falar que estou sendo prejudicado. Eu estou sendo favorecido. Quem está sendo prejudicado é o país porque vai ter uma quantidade menor de suco para exportar, tanto industrial, quanto produtor vai ganhar mais”, afirmou.
Leia a íntegra da entrevista: “É um Código feito por maluco”
A reportagem é de Valdo Cruz e Márcio Falcão e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 01-05-2012.
A ideia é beneficiar os pequenos agricultores, por um sistema escalonado de faixas de recomposição, e exigir dos grandes produtores um reflorestamento maior do que foi desmatado ilegalmente.
O governo quer baixar a medida provisória quando definir seus vetos ao texto aprovado pelo Congresso A área ambiental do governo defende um veto global.
A orientação do Planalto é derrubar artigos que possam provocar desgastes na conferência Rio+20, mas também evitar embates com ruralistas.
E ATE SETORES DOS RURALISTAS
Ruralista quer veto integral ao Código Florestal
Um dos maiores exportadores de suco de laranja do país, o deputado Nelson Marquezelli faz coro com os ambientalistas ao defender que Dilma derrube na integralidade o projeto aprovado pelo Congressopor Mario Coelho | 01/05/2012 07:00 CATEGORIA(s): Código florestal, Manchetes, Notícias |
Luiz Alves/Ag. Câmara
“Se ela entender bem, vai vetar o Código inteiro. E vai chegar carregada na Rio + 20”, diz MarquezelliLeia a íntegra da entrevista: “É um Código feito por maluco”
Veja declaração em vídeo do deputado defendendo o veto ao Código Florestal:
Dilma deverá vetar anistia a desmatadores, diz Ideli
Veja como os deputados votaram o Código Florestal
Leia outros destaques de hoje no Congresso em Foco
Punição e vantagem
Marquezelli questiona, por exemplo, a possibilidade de os produtores serem penalizados por terem desmatado antes da reforma do Código Florestal. Ele também critica duramente o papel dado ao Ministério Público. Para ele, os “promotores não conhecem o Brasil”. “O promotor vai propor a desapropriação da terra e prisão do produtor por não cumprir a lei. Ele não quer saber se produtor está produzindo ou não mil litros de leite por dia ou dez litros”, afirmou.
A posição de Marquezelli é minoritária dentro da FPA. A bancada ruralista, de acordo com o deputado Moreira Mendes (PSD-RO), está satisfeita com o texto. Para os integrantes da frente, ele dá segurança jurídica aos produtores. O petebista discorda. Disse preferir as portarias do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O motivo é simples: não há punição criminal para quem desmatar e descumprir a legislação ambiental.
Franco, Marquezelli faz uma outra avaliação sobre o Código aprovado. Como exportador de suco de laranja, entende que as novas regras são boas para os médios e grandes produtores, exatamente como argumentam os ambientalistas. Com menor área de plantio, o preço das commodities vai subir. No caso do petebista, a laranja.“O preço está baixo. Se eu tirar 1,8 milhão de pés de laranja [pela necessidade de reflorestamento prevista no Código], vai faltar laranja e subir o preço. Então eu não posso falar que estou sendo prejudicado. Eu estou sendo favorecido. Quem está sendo prejudicado é o país porque vai ter uma quantidade menor de suco para exportar, tanto industrial, quanto produtor vai ganhar mais”, afirmou.
Leia a íntegra da entrevista: “É um Código feito por maluco”
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