Anistia Internacional
sugere depoimento de Dilma.
(Matéria
de Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil) Ao fazer o balanço de um ano de atividades da Comissão
Nacional da Verdade (CNV), completado ontem (16), a Anistia Internacional
sugeriu um depoimento público da presidenta Dilma Roussef. A entidade considera
que a comissão peca por não fazer mais audiências públicas, como a que ouviu o
coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, o vereador de São Paulo
Gilberto Natalini (PV-SP) e o ex-sargento do Destacamento de Operações de
Informações - Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo
(DOI-Codi-SP) Marival Chaves . Para a Anistia, as audiências fechadas só
deveriam ocorrer em situações extremas.
“Qual seria o impacto de audiência pública em que a
presidenta Dilma Rousseff contasse sua história como sobrevivente de tortura e
se comprometesse a banir esse crime do país?”, questiona trecho da análise sobre
o trabalho da CNV e publicado pela Anistia Internacional, reconhecida
internacionalmente por sua atuação na defesa dos direitos humanos. Para a
instituição, o Brasil poderia repetir a experiência da África do Sul, onde os
testemunhos eram transmitidos em programas de rádio e TV.
O documento considera que o Brasil demorou a criar a
sua comissão da verdade em comparação aos vizinhos latino-americanos. “Nos
últimos 30 anos foram criadas mais de 40 comissões da Verdade, a maioria em
países da América Latina e da África, para investigar crimes contra a
humanidade cometidos em regimes autoritários ou guerras civis”, diz a análise
que cita a Guatemala como um grande exemplo por ter condenado seu ex-ditador,
general Efrain Rios Montt, por genocídio e outros crimes contra a humanidade.
Apesar da demora, a Anistia considera que o Brasil pode se beneficiar da
experiência dos países que tiveram suas comissões da Verdade.
• Depoimento desmente Brilhante Ustra! O agora deputado estadual Adriano Diogo era estudante
de Geologia da Universidade de São Paulo quando foi preso pela Operação Bandeirante
em 23 de março de 1973. O Brasil vivia um dos piores momentos da sua história
durante o governo do general Garrastazu Médici. Na rua Tutóia, em São Paulo,
sede da OBAN/Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de
Defesa Interna (DOI-CODI), reinava o major do Exército Carlos Alberto Brilhante
Ustra.
Em seu depoimento diante da Comissão Nacional da
Verdade, Brilhante Ustra negou que houvesse tortura no país e disse que tudo é
invenção (ver nosso Informativo 496). Mas um depoimento gravado em vídeo por
Adriano Diogo desmente o major e dá detalhes de como era a ação nas celas do
DOI-CODI. Ele reafirma que Ustra matou o também estudante Alexandre Vannuchi
Leme e fala de quando esteve preso e das torturas que sofreu: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=kQcHgGOoTj8
• As verdades vão surgindo! Detalhes da execução do casal João Antônio dos Santos Abi Eçab e Catarina
Abi Eçab foram revelados na quinta-feira (16) pelo soldado do Exército Valdemar
Martins de Oliveira em depoimento prestado à Comissão da Verdade do Estado de
São Paulo.
Os dois estudantes de filosofia foram mortos em 1968 e,
segundo Oliveira, o autor do crime foi o coronel Freddie Perdigão, apontado
como um dos criadores do Departamento de Operações de Informações – Centro de
Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). “Ele se abaixou, quase de joelhos, e
deu um tiro na cabeça de cada um”, disse, detalhando que Perdigão usou uma pistola
Colt 45.
Oliveira garante ter participado de toda a operação que
resultou na execução do casal, desde a captura em uma casa no bairro de Vila
Isabel, na zona norte do Rio de Janeiro, até os dois serem levados para um
sítio à margem da Via Dutra, onde foram mortos. Segundo ele, antes da execução,
o casal foi torturado em uma chácara em São João do Meriti, na Baixada
Fluminense. “Um lugar tenebroso”, descreveu.
Também participou da operação de sequestro e execução
do casal, de acordo com Oliveira, o sargento Guilherme do Rosário, que morreu
no atentado do Riocentro, quando a bomba que carregava explodiu no seu colo,
dentro do carro. O soldado reforçou a ligação de Rosário com o coronel Perdigão,
apontado como mentor do atentado à bomba ao Riocentro, onde ocorria o show comemorativo do Dia
do Trabalho, em 1981. O coronel Perdigão morreu em 1997.
Em seu depoimento, Oliveira destacou ainda a
participação de agentes dos EUA na doutrinação de soldados brasileiros.
(Matéria de Daniel Mello - Repórter
da Agência Brasil)
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