Ataque dos EUA à Síria é repelido pela Rússia no Mediterrâneo
13/9/2013 13:12
Por Redação, com agências internacionais - de Beirute e Jerusalém
Por Redação, com agências internacionais - de Beirute e Jerusalém
O ataque dos EUA à Síria já começou e já acabou, segundo fonte diplomática ouvida por jornalistas em Beirute e Jerusalém. O diário israelense Haaretz, adiantou: “Tudo aconteceu no instante em que foram disparados aqueles dois mísseis balísticos, que ninguém sabia o que eram, porque Israel negava e a Rússia confirmava. A Rússia neutralizou os dois mísseis: um foi destruído em voo e o segundo foi desviado para o mar”.
Fonte diplomática bem informada decifrou a notícia ao afirmar ao diário de Beirute As-Safir, nesta sexta-feira, que “a guerra dos EUA contra a Síria começou e acabou no instante em que foram disparados aqueles dois mísseis balísticos, que ninguém sabia o que eram, porque Israel negava e a Rússia confirmava, até que surgiu uma declaração oficial dos israelenses, que dizia que teriam sido disparados no contexto de um exercício militar conjunto EUA-Israel, e que os mísseis caíram no mar e que nada tinham a ver com a crise síria.”
A fonte também informou ao diário libanês que “os EUA dispararam os dois mísseis de uma base da OTAN na Espanha. Os mísseis foram instantaneamente detectados pelos radares russos e foram repelidos pelos sistemas russos de defesa: um deles foi destruído em voo e o outro foi desviado em direção ao mar”. Nesse contexto, disse a fonte, “é que surgiu a declaração distribuída pelo Ministério de Defesa russo. A declaração falava sobre a detecção de dois mísseis balísticos disparados na direção do Oriente Médio, mas nada dizia nem sobre de onde os mísseis foram disparados os mísseis, nem que haviam sido abatidos. Por quê?”, pergunta a fonte, e ela mesmo responde:
– Porque no momento em que a operação militar estava sendo lançada, o chefe do Serviço de Inteligência da Rússia telefonou à inteligência dos EUA e disse que “atacar Damasco significa atacar Moscou. Nós omitimos na nossa declaração oficial a expressão “os dois mísseis foram derrubados”, para preservar as relações bilaterais e para impedir qualquer tipo de escalada. Assim sendo, é imperioso que os EUA reconsiderem suas políticas, abordagens, movimentos e intenções sobre a crise síria, porque os EUA já podem ter certeza de que não conseguirão eliminar nossa (dos russos) presença no Mediterrâneo.”
A mesma fonte continuou:
“Essa confrontação direta entre Moscou e Washington, que não foi divulgada, aumentou ainda mais a confusão reinante no governo Obama e a certeza de que o lado russo insistirá no alinhamento ao lado dos sírios. E, também, a evidência de que os EUA já não tinham outra saída, se não pela iniciativa dos russos, que ‘salvaria’ a imagem dos EUA.”
Desse ponto de vista, a mesma fonte diplomática explicou que “para evitar confusão ainda maior nos EUA, e depois que Israel negara saber do disparo dos dois mísseis (o que é verdade), Washington pediu que Telavive assumisse que teria disparado os mísseis, para não ferir a imagem dos EUA ante a comunidade internacional, sobretudo porque aqueles dois mísseis eram o primeiro movimento do ataque dos EUA à Síria e o anúncio do início das operações militares. O plano original previa que, depois do ataque, o presidente Obama viajaria para o encontro do G-20 na Rússia, para negociar o destino do presidente sírio Bashr Al-Assad. De fato, como depois se verificou, Obama teve de ir à Rússia para negociar o fim do impasse em que se viu preso.”
A fonte acrescentou também que “depois desse confronto EUA-Rússia, Moscou já trabalha para aumentar o número de especialistas militares, e já ampliou a presença se unidades de guerra e destróieres no Mediterrâneo. Os russos também decidiram marcar para depois do G-20 o anúncio de sua iniciativa para conter a agressão à Síria, depois de se criar um contexto de contatos às margens daquela reunião, e depois de duas visitas sucessivas dos ministros de Relações Exteriores do Irã e da Síria, nos quais se acertaram detalhes de um acordo com os russos, que incluía o anúncio, pela Síria, de que aceitava pôr suas armas químicas sob supervisão internacional e preparar a Síria para assinar o tratado de não proliferação de armas químicas.”
Aquela fonte diplomática acrescentou que “um dos primeiros resultados do confronto militar EUA-Rússia foi a rejeição, na Câmara dos Comuns britânica, de qualquer envolvimento na guerra contra a Síria. Em seguida vieram as posições europeias, todas na mesma direção, a mais significativa das quais foi a da chanceler alemã Angela Merkel”.
Caminho da paz
Frustrada a opção militar, a Rússia e os EUA concordaram nesta sexta-feira em retomar os esforços pela realização de uma conferência de paz sobre a Síria, ampliando o escopo da atual discussão voltada para a eliminação das armas químicas no país do Oriente Médio. Após uma nova reunião em Genebra para discutir o plano russo de desarmamento, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, prometeram atuar conjuntamente para tentar acabar com um conflito que já dura dois anos e meio e causou mais de 100 mil mortes, além de provocar profundas divisões no Oriente Médio e entre as principais potências globais.
Uma nova reunião foi marcada para daqui a duas semanas, durante a sessão anual da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Eles esperam obter avanços em Genebra na questão do desarmamento químico, para então marcar a data para uma conferência de paz.
– Estamos comprometidos em tentar trabalhar juntos, começando com esta iniciativa sobre as armas químicas, na esperança de que esses esforços possam ser recompensados e trazer a paz e a estabilidade para uma parte do mundo dilacerada pela guerra – disse Kerry numa entrevista coletiva conjunta.
O futuro dessa colaboração, acrescentou ele, “dependerá da capacidade de termos sucesso aqui nas próximas horas e dias a respeito do assunto das armas químicas”. Já Lavrov disse que a discussão sobre as armas químicas ocorrerá paralelamente ao trabalho preparatório para a conferência de paz de Genebra. A Síria aceitou nesta semana a proposta russa que coloca seu arsenal químico sob controle internacional. Em troca, o governo de Bashar al-Assad espera ser poupado de um ataque dos EUA, que desejam puni-lo pelo suposto uso de gás sarin contra civis em 21 de agosto. Assad nega ter cometido esse ataque, que matou cerca de 1.400 pessoas.
Depois de receberem a proposta russa, os EUA suspenderam os preparativos para uma ação militar, mas não dizem que essa hipótese não está afastada definitivamente.
Rússia e EUA já concordaram, meses atrás, em promover uma conferência de paz para a Síria, mas as duas potências divergem sobre quem deverá participar do evento. Moscou resiste aos apelos dos rebeldes sírios e de líderes ocidentais para que Assad dê lugar a um governo transitório.
Fonte: Correio do Brasil
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