quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Mau exemplo de jornalismo


Mau exemplo de jornalismo

22/8/2014 15:00
Por Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro

William Bonner e Patrícia Poeta tentaram massacrar a presidenta Dilma numa entrevista no Jornal Nacional.
William Bonner e Patrícia Poeta tentaram massacrar a presidenta Dilma numa entrevista no Jornal Nacional.
 Em tempo de campanha eleitoral, Wiliam Bonner e Patrícia Poeta deram mau exemplo de jornalismo na entrevista feita a Dilma Rousseff no Jornal Nacional, edição de segunda-feira (18). Fizeram perguntas quilométricas e com o visível objetivo de comprometer a Presidenta candidata.
Em um só instante foi colocado o tema que ocupa o noticiário nacional. Ou seja, nenhuma pergunta relacionada com a tragédia em Santos que vitimou Eduardo Campos e seus assessores. Preferiram dizer que o Brasil vai de mal a pior e por culpa do atual governo. Mais parecia que estavam dando uma mãozinha para os candidatos de oposição como Aécio Neves e agora Marina Silva do que outra coisa.
Por estas e outras, a cada dia que passa Bonner e Poeta perdem a credibilidade enquanto jornalistas, mas ganhando ponto em outras paragens.
A TV Globo deveria de uma vez por todas tirar a máscara da imparcialidade e dizer em alto e bom som se agora apoia Marina Silva ou Aécio Neves. A cada edição que passa, seja do Jornal Nacional o do jornal O Globo, fica muito claro que o objetivo das Organizações da família Marinho é evitar a reeleição de Dilma Rousseff.
É um direito que assiste o esquema Globo ter esta posição. Mas o que é inaceitável é que esse posicionamento se reflita numa hora de entrevistas com candidatos ou na cobertura propriamente dita.
Neste início de campanha eleitoral, a mídia hegemônica conservadora não tem escondido suas preferências ideológicas. Jornalões e telejornalões não deveriam continuar com a postura falsa da imparcialidade. Deveriam de uma vez por todas fazer como fazem jornais no exterior como o The New York Times e Washington Posto, entre outros, divulgando a preferência por este ou aquele candidato.
Agora, ficar fingindo imparcialidade e em horas marcantes, como no caso das entrevistas presidenciais feitas no Jornal Nacional, os âncoras se posicionarem visivelmente para prejudicar a candidata Dilma Rousseff, depõe contra a própria emissora.
Quanto à tragédia que resultou na morte de Eduardo Campos, não deveria também servir de objeto de manipulação informativa. É lamentável que isso ocorra. É um abuso a qualquer código de ética jornalística se aproveitar da emoção para induzir leitores, telespectadores e ouvintes a se voltar contra ou a favor de determinados candidatos ou candidatas.
Valeria um debate amplo sobre o tema, mas resta saber em que espaço midiático isso seria possível.
Em tempo: na cobertura inicial da tragédia em Santos, o jornalismo da Globo News ganhou o troféu cascata ao entrevistar um popular que se apresentava como voluntário e um dos primeiros a chegar ao local do acidente com o Cesna que vitimou Eduardo Campos.
Depois de afirmar que retirou do local garotos queimados, o entrevistado disse ter reconhecido o corpo de Eduardo Campos confirmando que ao abrir os olhos da vítima viu a coloração verde.
Ou seja, enquanto todos já sabiam que seria difícil encontrar os restos das vítimas em função do forte impacto do choque do aparelho na queda, o entrevistado cascateiro localizou o corpo quase intacto.
É isso que dá a corrida desenfreada atrás de um eventual furo, no caso totalmente inconsequente e sem eira nem beira. Melhor teria feito o editor da Globo News naquele momento se tirasse do ar o entrevistado antes dele jogar a cascata para evitar o constrangimento geral.
Já que estamos em ritmo de campanha eleitoral não custa nada lembrar fatos, já que muitas vezes a memória é curta. A candidatíssima Marina Silva em recente pronunciamento antes de acertar acordo político com Eduardo Campos saiu-se com o seguinte papo: “minha briga, neste momento, não é para ser Presidente da República, é contra o PT e o chavismo que se instalou no Brasil”.
Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil); preside a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI – seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla (no prelo).
Direto da Redação é editado pelo jornalista Rui Martins com o apoio do Correio do Brasil.

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