sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares



 



Alguns fatos internacionais que comentamos em 2014.
1 – Por uma questão de prática em nosso Informativo, vamos começar pelos fatos que atingem diretamente a América Latina. Nesse sentido, um dos fatos mais importantes de 2014 foi o início de um diálogo entre EUA e Cuba com o reconhecimento formal de Washington de que o bloqueio que durou meio século não conseguiu dobrar a Ilha. Certamente que os próximos passos serão muito importantes, mas a libertação dos Cinco Heróis cubanos já mostra que houve uma vitória importante nesse momento;
2 – Importante percebermos que, em 2014, houve uma continuidade no rompimento da América Latina com a doutrina neoliberal. O crescimento de governos de “centro-esquerda” vai rachando a grande estrutura montada pelos neoliberais e por Washington na região. Brasil, Venezuela, Chile, Uruguai, Equador e Bolívia mostram que a América Latina caminha para se afastar do pensamento antes hegemônico. Ainda que essas vitórias não coloquem em risco a continuidade do sistema capitalista e não estejam conduzindo a uma tomada de bens para os trabalhadores (terras, minas, etc.), a verdade é que está desmascarando a política neoliberal. Cabe agora aos movimentos sociais (sindicatos, associações, partidos, etc.) conduzir o processo de conscientização e evolução dos trabalhadores;
3 – Um dos mais importantes fatos de 2014, já ao apagar das luzes do ano, foi a aproximação definitiva da China e da Rússia com os países da região. Vale lembrar que o papel do Brasil, ao compor o BRICS e trazer as duas grandes nações para uma aproximação com os países da América Latina e do Caribe foi de um significado sem precedentes em nossa história;
4 – O ano começou com uma denúncia que abalou vários países e deixou o governo dos EUA em uma situação delicada no planeta. Estamos falando das revelações sobre a prática da Agência de Segurança Nacional (ASN) que mantinha estreita vigilância e espionagem em escala mundial, além de vigiar a vida de cento e cinquenta milhões de estadunidenses. Ninguém escapou da sanha da ASN: aliados, adversários, cidadãos comuns, líderes políticos, etc. A denúncia provocou uma grande reação de diversos líderes mundiais. Alguns não passaram de um pequeno teatro, como o caso da Alemanha onde Angela Merkel fez dois ou três pronunciamentos e depois “colocou uma pedra sobre o assunto”. Mas, por outro lado, proporcionou o discurso feito pela presidenta Dilma Rousseff na ONU, acusando formalmente o governo Obama de espionagem e ingerência nos assuntos de outros países;
5 – Outro grande escândalo, também envolvendo o governo estadunidense, foi a publicação de um “informe” especial do Senado trazendo ao conhecimento do público o envolvimento da CIA (Agência Central de Informações) em torturas realizadas repetidamente e em vários países. O “informe” desmascarou o uso de bases “secretas” da CIA espalhadas em vários países onde suspeitos eram interrogados sem conhecimento da justiça ou das autoridades locais. Houve uma grande reação popular e algumas entidades internacionais passaram a exigir que alguns líderes estadunidenses fossem levados à Corte Internacional para responderem por crimes contra a humanidade. Esse processo ainda está em andamento;
6 – Um aspecto positivo de 2014 foi a aproximação econômica, política e militar entre a China e a Rússia. Ainda que não se trate de questionar o sistema capitalista, este embate, ao menos, colocou um freio do avanço desenfreado dos EUA e seus aliados neoliberais pelo planeta. Os recentes acordos entre China e Rússia garantem um novo equilíbrio e podem possibilitar um rompimento com a unilateralidade que avançava sem limites;
7 – Fato também de grande importância foi a reação russa aos avanços da União Europeia (leia-se um plano de Washington) contra a Ucrânia. O objetivo principal do Pentágono não era fazer a Ucrânia aderir à União Europeia, mas afastá-la da Rússia e permitir assim novas bases da OTAN na fronteira com o grande inimigo. Mas a reação da Crimeia e de outras regiões ucranianas não estavam nos planos de Washington e, mais importante ainda, a reação de Putin assumindo o risco de apoiar a onda separatista assustou Obama. E há outro fator pouco comentado em nossos jornais: os políticos neoliberais russos, que contavam com fácil cooptação da Ucrânia para iniciar um processo interno contra Putin saíram muito enfraquecidos nesse embate e a popularidade do presidente russo vem subindo a cada mês;
8 – Por mais estranho que possa parecer, porque nossos jornais não estão divulgando, outro fato importante em 2014 e que noticiamos aqui no Informativo é a série de depoimentos e estudos feitos por cientistas e engenheiros em várias partes do mundo, mas principalmente nos EUA, demonstrando que a queda do World Trade Center não poderia ter sido causada pelo impacto dos aviões, mas por um processo de demolição controlada, internamente. Na opinião pública estadunidense vem crescendo a exigência de que novas investigações sejam feitas;
9 – Pelo lado negativo, também temos uma série de fatos para lembrar em 2014. E o primeiro ponto que nos vem à lembrança é o retorno dos EUA ao Iraque, com ampliação da guerra civil naquele país e os constantes ataques contra a Síria. Quando Obama decidiu manter e até ampliar o número de soldados estadunidenses no Afeganistão mostrou que o militarismo ainda é a principal tática dos EUA no Oriente Médio. O assassinato de civis, agora com ajuda de alta tecnologia como no caso da utilização de aviões não tripulados (drones) para bombardear alvos escolhidos à distância vem aumentando assustadoramente. Por outro lado, esses ataques constantes aos países árabes e as ações de Israel contra a Palestina vão estimulando as reações islâmicas e levando ao extremismo;
10 – Diretamente relacionado ao ponto anterior, temos o apoio dos EUA aos constantes ataques e invasões de Israel a território palestino, tanto na Cisjordânia quanto na Faixa de Gaza. Em uma contagem superficial, realizada por organismos internacionais, apenas em 2014 Israel assassinou 2.000 palestinos e devastou prédios e empresas na Faixa de Gaza causando um prejuízo que ultrapassa 5 bilhões de dólares. Obama e seus “embaixadores” não tiveram descanso para bloquear todas as tentativas de palestinos e outras nações solidárias na ONU e em outros fóruns internacionais;
11 – Triste, realmente muito triste, foi o papel de Obama diante do Congresso dos EUA ao tentar defender e justificar as ações de espionagem da ANS e as torturas cometidas pela CIA através do mundo;
12 – Muito preocupante é o avanço do setor mais reacionário dos EUA com a vitória dos republicanos nas recentes eleições legislativas. Isto poderá significar um endurecimento nas relações com o Irã e um avanço das propostas dos “falcões” do Pentágono em direção a novas guerras de rapina;
13 – Outra iniciativa de Washington que comentamos no Informativo e que deve trazer desdobramentos em 2015 é a promoção de novos acordos econômicos com países da Ásia e do Pacífico (claro que deixando a China de lado). O grande desafio é que os acordos não se limitam a questões econômicas e tratam também de uma expansão militar na região. O objetivo de Obama é criar um “cinturão” em torno da China;
Algumas perspectivas para 2015.
01 – Em primeiro lugar, devemos entender que os avanços alcançados em 2014 não são definitivos e não representam, ainda, uma vitória contra o neoliberalismo e o poder do “império”. Alguns dos avanços conseguidos podem ser revertidos em um futuro próximo. O que está acontecendo na França e em vários países europeus que reviveram a teoria da “guerra de civilizações” e passaram a fazer da islamofobia uma arma para reconquistar o poder absoluto e calar as reações populares é uma demonstração clara disso;
02 – Certamente que uma das nossas preocupações para 2015 deve ser a nova maioria alcançada pela direita nos EUA, agora com maioria no Congresso. Não que Obama fosse um exemplo de democrata, mas a direita mais raivosa assume agora maioria e vai pressionar para impedir o fim do bloqueio a Cuba e, com certeza, um fortalecimento das relações com Israel onde uma corrente altamente fascista vai tomando novos contornos e pressionando para novos avanços sobre território palestino;
03 – Alguns analistas pensam que Obama se fortaleceu com as sanções contra a Rússia e que pode tentar novos avanços no leste europeu. Particularmente, não tenho certeza de que as sanções sejam uma “vitória” e acredito que muitos países europeus estão tendo mais problemas com o boicote do que a própria Rússia. Obama apostou todas as suas fichas em um enfraquecimento do regime russo para a derrubada de Putin, mas as recentes pesquisas mostram que o apoio popular ao seu governo tem crescido;
04 – Ainda que contrariando os economistas e jornalistas “amigos” de Washington, acreditamos que a economia estadunidense vai continuar cambaleante, com altos e baixos, e muito desequilibrada. É muito possível que, mais uma vez, as metas fiscais não sejam cumpridas e Obama fique refém do Congresso, como aconteceu em 2014. A diferença é que, agora, os republicanos são maioria;
05 – Um fato fica claro: apesar de toda a propaganda na imprensa “amestrada”, os EUA não vão obter qualquer vitória militar de vulto no Oriente Médio. A luta contra o ISIS e outras inventadas para alimentar a indústria armamentista vai se prolongar, sem uma vitória militar;
06 – Neste momento, todas as nossas atenções devem estar voltadas para a Grécia e para a Espanha. As eleições que se aproximam e o crescimento de partidos de centro-esquerda, como o Syriza (Grécia) e o Podemos (Espanha), podem apontar para mudanças no cenário europeu. EUA e seus aliados (França, Alemanha e Reino Unido) já se preparam para enfrentar o desafio de vencer essas correntes e tentar manter a política de austeridade na região.
Novos acordos entre Venezuela e China. Maduro adiantou que, como parte dos novos convênios, o gigante asiático ampliará sua participação nos projetos da faixa petrolífera do Orinoco Hugo Chávez, onde existe a maior reserva de petróleo do planeta. De acordo com fontes oficiais, os mecanismos de financiamento entre os dois países superam os US$ 50 bilhões, por meio de 256 programas.
China é o principal investidor na Venezuela e seu segundo cliente petroleiro depois dos EUA, com um volume de 640 mil barris diários, segundo estatísticas.
Segundo o vice-presidente, Jorge Arreaza, as novas somas e recursos provenientes da China beneficiarão à Grande Missão Moradia Venezuela e a Missão Bairro Novo Bairro Tricolor, entre outras.
Venezuela empreenderá transformações estruturais em 2015 com o objetivo de sustentar um modelo econômico socialista, baseado na produtividade, destacou. E completa: “Na atual conjuntura, o país tem o papel de deixar atrás a dependência petroleira”.
O governo se reuniu com empresários do setor automotivo, como Toyota, General Motors e Chrysler, que resultaram em acordos focados em impulsionar a fabricação local de partes e peças de reposição. Atualmente, cerca do 70% das partes de um veículo podem ser produzidas na Venezuela.
José Mujica doou 550 mil dólares de seu salário. O presidente do Uruguai, José Mujica, declarou que doou 550 mil dólares [cerca de 1,5 milhão de reais] de seu salário nos últimos cinco anos, período de seu governo.
Em seu programa de rádio semanal, no sábado (10), Mujica explicou que 400 mil dólares foram destinados ao Plan Juntos, projeto de casas populares criado no país em 2010, enquanto os outros 150 mil foram destinados a seu partido Frente Ampla (FA).
“No que humildemente se pode fazer como pessoa, ao fechar o ano e o governo estamos terminando os aportes que fizemos ao Plan Juntos como parte de nosso salário. Entre doações em dinheiro e materiais vamos chegar a 400 mil dólares. Com relação à força política a que pertencemos – que significa obrigação moral e ética de colaborar com nossa renda líquida – vamos fechar o quinquênio com um aporte de 150 mil dólares”, disse o presidente uruguaio.
Mujica afirmou que as doações não mudam o mundo, mas são uma maneira de “multiplicar o compromisso com a sociedade”. O presidente do Uruguai criticou a distribuição de riqueza e a “minguada” solidariedade social no país. “Onde o Estado não intervém de alguma forma, a divisão da riqueza que se gera espontaneamente no mercado tende a se concentrar e esta concentração cria duas sociedades: uma que progride fantasticamente e multiplica seus bens e outra que vai ficando pelo caminho”, afirmou.
Mortos não falam, não é? A morte dos dois suspeitos de terem praticado o atentado na redação do semanário Charlie deixou mais duvidas no já intricado caso.
Como uma polícia que se diz altamente preparada, faz um cerco onde os suspeitos estão entrincheirados com reféns, depois de algumas conversações eles liberam os reféns e a polícia entra em ação fuzilando os dois?
Será que eles não seriam muito mais úteis vivos?
Ou essa utilidade poderia comprometer alguém ou algum país aliado da França?
Sabe-se que Françoise Hollande está com a popularidade em baixa junto aos franceses e, com certeza, nesse caso o desfecho lhe foi favorável, com aquela conclamação de união lançada à todos os franceses, como se o país estivesse revivendo a época da invasão nazista.
A França é parceira do Estado Islâmico, assim como os EUA, o Reino Unido e a Alemanha. Portanto é de se duvidar da autoria do Estado islâmico nesse ato.
A Europa vive uma Islamofobia e com esse atentado todos os partidos de direita saíram fortalecidos, além do Estado de Israel que estava furioso com o parlamento Francês por esse ter apoiado a criação de um Estado palestino.
Os constantes ataques de grupos fundamentalistas na Síria, onde milhares de civis perderam a vida e milhões estão refugiados pelo mundo, os terroristas foram saudados como heróis por políticos “ocidentais” quando atacaram civis em Trípoli e em Aleppo. Quando matam lá, são chamados de heróis, quando acontece nos países que os financiam e apóiam são vistos como terroristas fanáticos.
Liberdade de expressão ou não... Interessante, muito interessante o que se passa na cabeça desses chamados “líderes do planeta”. Uma hora defendem a “liberdade de expressão” quando se trata de ridicularizar os árabes e suas crenças. Mas mudam de opinião quando se trata de defender seus interesses.
Uma recente reunião de ministros dos países europeus com o representante dos EUA, em Paris, foi debatida a idéia de propor à Comissão Europeia uma nova lei que permita bloquear, por 24 horas, em todos os países da UE, sem precisar de decisão judicial, páginas na internet para “proteger os cidadãos”.
Bem... isto significa uma carta branca para que os governos tirem do ar qualquer sítio que divulgue notícias contra os governantes do grupo! Ou seja, querem impor uma total censura na internet, por lá. Mas se falamos em regulamentar a internet daqui eles pulam e dizem que é censura!

Nenhum comentário:

Postar um comentário