Em uma carta dirigida ao governo, quatro ex-militares americanos que operavam "drones" denunciaram que as eliminações de jihadistas com esses aparelhos operados por Washington contribuem para propagar "o ódio" e alimentar o terrorismo.
A eliminação com aviões não tripulados é "um dos motores mais poderosos do terrorismo e a desestabilização no mundo", escreveram os quatro ex-militares em uma carta dirigida ao presidente Barack Obama e a outros funcionários de alto escalão do governo.
A carta foi publicada pelo jornal britânico "The Guardian".
"Não podemos ficar de braços cruzados diante das tragédias, como a dos atentados de Paris", acrescentaram.
"Os civis inocentes que matamos apenas se uniram aos sentimentos de ódio", origem do terrorismo e de grupos como o Estado Islâmico (EI), alegaram, pedindo ao governo que "reconsidere sua abordagem" de combate aos terroristas.
Nesta quinta-feira, o "Guardian" publicou depoimentos com detalhes. Segundo o jornal, os quatro operadores, na faixa dos 30 anos, deixaram a Força Aérea americana depois de pelo menos seis anos de serviço.
Três deles estavam encarregados de operar os sensores e sistemas de fixação de alvos dos "drones" na missão, e o quarto era um técnico encarregado da infraestrutura de comunicação com os aparelhos.
Um deles, Brandon Bryant, relatou ao jornal um ataque contra um grupo de cinco pessoas no Afeganistão, enquanto elas dormiam.
Inicialmente, suspeitava-se de que estivessem transportando explosivos, mas, segundo ele, parece não ter sido o caso. O ataque, completou Bryant, não provocou deflagrações secundárias. "Um assassinato covarde", lamentou.
Ao final de suas respectivas tarefas, receberam um pequeno cartão dentro de envelopes lacrados com o número de eliminações, para as quais eles haviam contribuído.
Bryant "cometeu o erro de abrir o seu", relatou "The Guardian", acrescentando que "o número era de 1.626".
De acordo com a carta, o remorso fez "todos sucumbirem à síndrome de estresse pós-traumático".
Nenhum comentário:
Postar um comentário