quarta-feira, 13 de julho de 2016

Criminalização Golpista e Resistência

Criminalização Golpista e Resistência

No golpe em andamento, a criminalização dos movimentos sociais é um dos recursos a serem utilizados por um MP visivelmente inclinado à direita.


César Guimarães
Beto Barata
Amigas e amigos,
 
Uma CPI da Câmara, de maioria de deputados ruralistas e assemelhados, arrogou-se a quebra do sigilo bancário da ABA e do CIMI, não sem a repulsa do mundo acadêmico, inclusive do iesp/uerj.
 
Sugiro que, no golpe em andamento, e que pode culminar na deposição da Presidente Dilma e na posse do Interino usurpador, a criminalização será – já é – um dos recursos a serem utilizados por um MP visivelmente inclinado à  direita (não me refiro apenas a trêfegos turbinados e midiáticos), o mesmo ocorrendo com a Justiça , não excetuando os tribunais superiores, inclusive o STF.  Os poderes da república, agindo sempre de forma legal, ainda que torpe, já praticam e vão praticar, contra a esquerda e os legalistas, não apenas vaga intimidação, mas efetiva criminalização de  entidades e indivíduos – com custos civis, penais, de defesa e de reputação, porque teremos a grande mídia para transformar entrevistas de promotores em indícios, indícios em provas, provas em denúncias e estas em  sentenças  prolatadas por juízes  em nada afeiçoados ao Estado de Direito.  
 
É a judicialização golpista, que se completa com a caça às bruxas  no serviço público.





 
A resistência, parece-me, consiste na denúncia continuada, inclusive nas ruas e nos locais de trabalho,e a mobilização  dos advogados legalistas, que certamente já hão de estar se organizando.  De resto, imagino, os partidos, sindicatos, movimentos e entidades já estarão mobilizados para este aspecto da resistência.
 
Tomo a  liberdade de fazer um segundo ponto, mais sensível talvez.
 
O golpismo, ou seja, a Direita não só está na ofensiva, como tem amplas chances de vitória  e de implementação seu programa. A melhor formulação do programa econômico-social  está no discurso de posse da preposta chefe do BNDES, Maria Sílvia. É um programa de capitalismo integral, digamos assim, neo-liberalismo é termo leve para a privatização e a mercantilização de tudo e qualquer coisa.
 
A implementação de tais "medidas impopulares", para empregar a linguagem acaciana do Usurpador, requer procedimentos ditatoriais contra as "classes subalternas"  e nossas forças políticas.Requer autoritarismo.
 
Como é sabido, a movimentação golpista unificou a burguesia como um todo (tarefa nada simples), a mídia e os maior parte dos detentores dos poderes da república. Nesta guerra de movimento, eles estão avançando com sucesso, enquanto nós estamos dispersos, fragilizados, sem liderança efetiva, a risco da violência golpista. Ela não virá dos militares – para a violência física bastam as polícias estaduais -, mas desta Coalizão, com suas CPIs, juízes, tribunais, mídia e, claro, o poder executivo.
 
Em seu blog Segunda Opinião, Wanderley Guilherme vem dando conta destes  desenvolvimentos. Os que,no IESP, tiveram a oportunidade de assistir a uma bela exposição do Zé Swako, aprenderam que, na esfera do simbólico, o assassinato de caráter "daquela mulher" (o gênero do golpe) é parte importante da formação de um consenso golpista.
 
O momento, para nós, parece-me, é de resistência  na defesa do Estado Direito e da  democracia representativa, inclusive quanto ao calendário  eleitoral: municipais este ano, gerais em 2018 – sem conversa de emendas constitucionais equivocadamente propostas por boa gente de nosso lado.
 
Capitalismo integral, autoritarismo funcional: este o nome do objetivo golpista.
 
A criminalização golpista vai esperar por agosto, quando muitos  verdugos voltam das férias. A caça às bruxas é violência continuada do Executivo. Não me espantaria se, nas medidas de segurança das Olimpíadas, perseguições tivessem um bom pretexto. Afinal, temos na ABIN especialistas em subversão democrática e no Ministério da Justiça, um expert em repressão nas ruas de São Paulo – tem agora a oportunidade de nacionalizar seus notórios saberes.
 
Vale dizer que antecipo para julho uma ofensiva mais ampla do golpismo – as férias universitárias ajudam, para ficar em um aspecto da questão. Contudo, nossas instituições, organizações e pessoas visadas estão a requerer atenção permanente, vigília continua e disposição para resistir.
 
Julho é um mês barato para os golpistas, há que fazê-lo o mais caro possível. Com a paixão  bem informada de quem não cederá e sabe valer-se das trincheiras adequadas.
 
Com este pequeno texto, estou  a sugerir reflexão sobre os males do presente. 
 
São iminentes ameaças ao convívio democrático.
 
Abraços fraternais
Cesar


Créditos da foto: Beto Barata

Nenhum comentário:

Postar um comentário