sexta-feira, 15 de julho de 2016

Dilma é vítima de 'manobra parlamentar baixa', dizem parlamentares franceses em artigo no Le Monde


Dilma é vítima de 'manobra parlamentar baixa', dizem parlamentares franceses em artigo no Le Monde


Grupo de 28 políticos da França assina artigo afirmando que iniciativas de governo Temer são 'golpe de Estado institucional' para destruir reformas sociais
Em um artigo publicado na edição vespertina do jornal francês Le Monde desta quarta-feira (13/07), um grupo de 28 parlamentares franceses expressou apoio à presidente brasileira, Dilma Rousseff, a quem consideram vítima de uma “manobra parlamentar baixa”, como classificam o processo de impeachment de que Dilma é alvo.
Intitulado “Dilma Rousseff, vítima de uma manobra parlamentar baixa”, o artigo começa afirmando que, no Brasil, “as máscaras caem”, com a revelação de escutas telefônicas antigas que indicariam as “manobras” feitas para a condução do impeachment da mandatária. Segundo os parlamentares franceses, o objetivo de alguns de seus pares no Brasil era “escapar” de processos de corrupção, que teria sido a causa para que levassem adiante o processo contra Dilma, reeleita em 2014 com 54 milhões de votos.
O artigo é assinado por figuras políticas ligadas aos partidos comunista e ecologista, como o deputado Noël Mamère (grupo ecologista), a eurodeputada verde Karima Delli, e os senadores do Partido Comunista Francês Patrick Abat, Jean-Pierre Bosino e Laurence Cohen - esta última, presidente do grupo interparlamentar de Amizade França-Brasil.
Roberto Stuckert Filho

De acordo com parlamentares franceses, Dilma Rousseff é vítima de "manobra parlamentar baixa"
O texto afirma também que aqueles que chegaram ao poder interino, “sem legitimidade popular” e com um programa de governo “amplamente rejeitado nas urnas”, formaram um governo exclusivamente composto por homens brancos, “sem qualquer representação da diversidade que compõe a sociedade brasileira”.
Os parlamentares franceses seguem com as críticas ao governo interino de Michel Temer e suas primeiras ações, como os anúncios do fim do Ministério da Cultura e da CGU (Controladoria-Geral da União, que tornou-se Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle). Eles também comentam uma suposta tentativa do governo interino de acabar com os programas Minha Casa Minha Vida e Mais Médicos.
As iniciativas, de acordo com eles, “representam um golpe de Estado institucional visando destruir todas as reformas sociais que permitiram, durante os 13 anos de governo de esquerda, que mais de 40 milhões de brasileiros saíssem da miséria”.
 

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O texto explica as denúncias de irregularidades fiscais que motivam o processo de impeachment, que “tem sido explorado por uma maioria parlamentar de circunstância”.
Em seguida, o artigo diz que Dilma não está implicada em nenhum dos “inúmeros casos de corrupção que afetam a classe política brasileira”, incluindo as denúncias relativas à Petrobras, o que não ocorre com sete ministros de Temer, como Romero Jucá e Fabiano Silveira, ambos afastados após a divulgação de áudios nos quais aparecem criticando a Operação Lava Jato.
Os parlamentares mostram também preocupação com “a implicação no golpe dos grandes meios de comunicação brasileiros, pertencentes a grandes grupos financeiros, para uma campanha extremamente violenta a favor da destituição e criminalização da esquerda brasileira”. De acordo com eles, “os mesmos meios que sustentaram o golpe militar de 1964”.
Os políticos franceses signatários dizem também apoiar os brasileiros mobilizados contra o golpe e pedem que o Supremo Tribunal Federal condene o uso “indevido” do processo de impeachment.
A condenação do golpe, segundo eles, deve partir da também da comunidade internacional. “Seria grave para todo o subcontinente que o maior país da América Latina afunde em um impasse político, econômico e social”, finalizam.

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