
O
projeto liberal, o Brasil e a América Latina (V).
(Ernesto
Germano Parés)
Na Parte III desse nosso trabalho, falamos sobre o
“decálogo” do novo neoliberalismo para nossa região. As recentes eleições
municipais nos levam a refletir novamente sobre alguns desses pontos e pensar
nas alternativas para os movimentos sociais a partir desse resultado.
Escrevemos que, entre os 10 pontos traçados para o novo
domínio liberal em nosso continente estão: 1) Gestão eficiente – o novo projeto
neoliberal diz que “já não há tempo para ideologias e nem para políticas”. O
que importa, agora, é que “as coisas funcionem como em uma empresa bem
administrada”. Só os resultados interessam; 2) Lideranças não carismáticas –
para reforçar o princípio anterior, o que desejam é de lideranças sem carisma
pessoal, mas com uma imagem de “bons gestores públicos”. É preferível um bom
“administrador” do que um líder de massas e; 3) A banalização do político –
assim como há cerca de duas décadas o neoliberalismo promoveu a banalização da
injustiça social, agora a proposta é banalizar o político. Diante das
discussões que envolvem os interesses do Estado e da sociedade, é importante
reduzir a política, cada vez mais, a um espetáculo circense para promover o
descrédito entre a população. Programas de variedades e de entretenimento
passam a ser o cenário preferido dos políticos, deixando de lado os debates
institucionais.
Cremos que as eleições do domingo passado mostram que
essas medidas estão sendo cumpridas fielmente pela direita e marcou a derrota
da esquerda!
A verdade é que essas eleições mostraram que houve um
desencanto com o sistema político e isso fica mais do que demonstrado com o
impressionante número de votos brancos, nulos e abstenções! E podemos dar
vários exemplos desse “desencanto” (em um próximo momento vamos debater as
razões disso). Um dos mais significativos é o ocorrido em Belo Horizonte (MG)
onde a soma de todos os candidatos à prefeitura chegou a 710.797 votos, mas a
soma de brancos, nulos e abstenções chega a 741.915! No Rio de Janeiro,
antigamente chamada de Capital Cultural do pais, 42% dos eleitores votaram
branco, nulo ou se abstiveram.
São Paulo é outro exemplo claro. O candidato do PSDB
venceu em primeiro turno com 34% dos votos, mas o total de brancos, nulos e abstenções
chegou a 38,48% dos votos!
Neste ponto, fazendo uma pausa na análise do
liberalismo na América Latina, vamos postar alguns trechos do documento
“Derrotas da esquerda: o que 2016 tem a nos ensinar?”, do “Levante Popular da
Juventude”.
O ano de 2016 será
marcado profundamente pelas derrotas das forças progressistas no Brasil. A
primeira derrota por fora das urnas, com a consumação do Golpe em 31/08, a
segunda derrota por dentro das urnas, nas eleições de 2/10. Tais derrotas são
importantes em si mesmas, mas mais do que isso elas apontam para a
reconfiguração política que está em curso em nosso país. Portanto, é
fundamental que todas e todos os militantes de esquerda tiremos as lições
delas.
1. Não podemos
explicar a derrota eleitoral sem o Golpe
Muitas das
avaliações sobre o pleito municipal de 2 de Outubro, tanto de intelectuais
progressistas, mas principalmente dos analistas da grande mídia, tem atribuído
a derrota eleitoral do PT, aos equívocos cometidos pelo próprio partido.
Contudo, essa é uma análise um tanto superficial, pois ignora a conjuntura
latino-americana de ofensiva neoliberal e o contexto de linchamento político e
de criminalização que o PT disputou essas eleições. A triangulação entre a
grande mídia, o sistema jurídico-policial e direita partidária construiu um
“consenso anti-petista” que inviabilizou a maior parte de suas candidaturas e
de seus aliados. Isso significa que qualquer força política que estivesse no
lugar do PT nessa correlação de forças estaria igualmente estrangulada por essa
ofensiva neoliberal.
2. Não podemos
reduzir essa derrota eleitoral ao Golpe
Ao mesmo
tempo, não podemos justificar essas derrotas somente pelos méritos do inimigo.
Não podemos isentar o PT, pelos erros que levaram ao Golpe e, consequentemente,
às derrotas eleitorais nessas eleições municipais. O PT deixou de ser um
instrumento de organização política dos setores populares para a disputa de
hegemonia na sociedade e tornou-se mais uma máquina eleitoral para a disputa de
espaços institucionais. Deixou um programa de reformas estruturais do Estado
pela gestão de políticas públicas que melhorassem a vida das pessoas, desde que
não gerassem conflitos. Nesse esforço foi mais amoldado pela lógica da
administração pública, do que conseguiu moldá-la. Fez alianças pragmáticas, mas
não construiu ao longo de sucessivos governos correlação para que pudesse
prescindi-las, ao contrário, foi tornando-se cada vez mais refém dessas
alianças. De modo que ao término de 13 anos de governos petistas qual o saldo
de organização popular e consciência política que essa experiência legou?
Portanto, a derrota de ontem não foi construída somente a partir do Golpe, ela
foi consequência de uma estratégia equivocada. As responsabilidades sobre as
derrotas de 2016 devem ser divididas entre os méritos do inimigo e os limites
da estratégia hegemônica da esquerda.
3. A derrota
do PT não favoreceu outras forças políticas de esquerda
A crise do PT
tem estimulado as forças políticas de esquerda a se assanharem para assumir o
lugar de força hegemônica no campo progressista. Contudo, o resultado das
eleições de ontem não demonstra que o espólio eleitoral do PT esteja sendo
capitaneado por alguma sigla. É certo que PC do B e PSOL tiveram candidaturas
de destaque em centros políticos importantes. Mas as suas conquistas foram
mínimas frente ao tamanho da derrota do PT. Analisando o número de vereadores
eleitos, enquanto PC do B cresceu 4,8% (46 vereadores a mais), e o PSOL cresceu
8,2% (4 vereadores a mais), o PT perdeu 44% de sua representação nas câmaras
municipais, o que significa 2.272 vereadores a menos. Ou seja, não está em
curso a transição de um polo político de esquerda a outro, está em curso a
perda de terreno institucional das forças progressistas. Portanto, essa derrota
não deve ser vista somente como a derrota do PT, mas é uma derrota do campo
progressista, que em muitos locais não conseguiu se apresentar como alternativa
viável, deixando a disputa política entre frações burguesas. É uma derrota que
se apresenta no plano institucional, mas suas raízes são mais profundas. De
modo geral essa derrota é a expressão da incapacidade de todas as forças
políticas progressistas constituírem força social, centrando suas energias no
trabalho subterrâneo de formação política e organização do povo.
4. A Direita
sai fortalecida em todos os seus matizes
O terreno
perdido pelo PT tem sido conquistado por partidos conservadores. Em primeiro
lugar destaca-se, na fumaça da fragmentação partidária que virou o sistema
político brasileiro, o crescimento das siglas menores (PSD, SD, PSC, PRB, etc.).
Essa pulverização só favorece a Direita, na medida em que os partidos conservadores
maiores tem muito mais capacidade e afinidade política para agenciá-los na
conformação de alianças eleitorais estaduais e nacionais.
Nesse
emaranhado de siglas duas forças políticas conservadoras se fortalecem. A
primeira é a direita fundamentalista, associada às Igrejas pentecostais, que já
vinha numa curva ascendente no cenário político, mas, com as restrições de
financiamento e com campanhas mais curtas, tendem a se consolidar cada vez mais
como uma força decisiva, convertendo seus fiéis em milhares de cabos
eleitorais. O destaque fica com o PRB, sigla vinculada a Igreja Universal, que
apresentou candidaturas altamente competitivas em SP, e está no segundo turno
no RJ.
A segunda
força que despontou, foi a extrema-direita ideológica que embora não tenha
assumido centralidade nas disputas, ganhou um terreno que não havia no
histórico recente da política nacional. Esteve presente não só na votação
expressiva do filho de Bolsonaro, na disputa à prefeitura do RJ, mas também em
dezenas de candidaturas bem-sucedidas à vereadores encarnadas por lideranças
coxinhas do MBL, do Vem pra Rua e do Partido Novo.
Por fim, entre
os partidos grandes, o PSDB saiu muito fortalecido, em especial, pela vitória
surpreendente em São Paulo, e pela presença no segundo turno em várias
capitais. O antipetismo, de modo geral, fortaleceu a Direita em todos os seus
matizes. (O artigo completo está na
página do MST)
Para concluir, devemos lembrar que a semana foi também
marcada por duas outras grandes derrotas do movimento popular: a aprovação da
PEC 241, que limita os investimentos do Estado em saúde, educação e outros
setores sociais, e a aprovação da entrega da Petrobras às empresas
estrangeiras. Por falta de espaço neste Informativo, trataremos do assunto no
próximo.
• Temer & Macri: o golpe na América Latina. O presidente interino do Brasil, golpista Temer,
visitou a Argentina e o Paraguai na segunda-feira (03). Foram visitas
“relâmpago” e temos poucas informações dos assuntos tratados, mas não é muito
difícil adivinhar. A Argentina passou por um processo eleitoral manipulado e
todo comandado pela grande imprensa local e o Paraguai sofreu um golpe de
Estado parecido com o que aconteceu no Brasil, depondo o presidente eleito,
Fernando Lugo.
Oficialmente, a visita teria servido para “estreitar
relações comerciais” com o governo de Mauricio Macri e acertar uma agenda comum
de ações na região, em particular no tocante às questões do Mercosul. Sem qualquer
vergonha, Temer declarou que “o pensamento de Macri é muito coincidente com o
nosso e creio que pensamos a mesma coisa. Isso vai facilitar muito as coisas”.
Antes da viagem, logo depois de ter conhecimento do
resultado das eleições municipais, Temer declarou que suas preocupações são
"em primeiro lugar a aprovação da Emenda Constitucional sobre o teto dos
gastos públicos. Isso vai restabelecer a confiança internacional e trará novos
investimentos ao país. Já recebi vários empresários estrangeiros que estão
interessados em fazer investimentos e se preocupam com a estabilidade”.
Depois de um almoço com Macri, na Quinta Presidencial
de Olivos, Temer embarcou para o Paraguai, chegando a Assunção para um encontro
com o golpista Horacio Cartes onde debateu temas referentes ao desenvolvimento
na fronteira entre os países e questões de comércio e segurança na área.
Vale lembrar que Paraguai e Argentina dividem com o
Brasil o conhecido Aquífero Guarani, o segundo maior do mundo e um dos principais
objetivos dos EUA na nossa região!
• A tríplice Aliança!
Claro que não poderíamos deixar de falar nessa vergonhosa aliança entre Brasil
– Argentina – Paraguai para afastar a Venezuela do Mercosul.
Oficialmente, pelo Estatuto de fundação do Mercosul, a
Venezuela exerce atualmente a presidência “pro
tempore” do grupo, mas não é reconhecida pelos três golpistas que tudo
fazem para destruir a aliança e unir seus países ao acordo de livre comércio
com os EUA.
Para quem esqueceu ou não conhece a história, o projeto
neoliberal e, em particular, o chamado Consenso de Washington havia traçado um
“futuro para a América Latina” onde os países da região estariam destinados
apenas a exportar bens e produtos primários para as grandes nações
desenvolvidas.
Neste projeto foi criado o Mercosul quando, em 06 de
julho de 1990, os presidentes Menem e Collor assinaram acordos de integração
comercial e fixaram para 31 de dezembro de 1994 a data de formação de um
Mercado Comum.
Os novos acordos referiam-se a um intercâmbio de
autopeças e automóveis, isenção de taxas de importação de alimentos e bens de
capital. A ofensiva neoliberal tratava de implantar com rapidez seu projeto de
privatizações, desregulamentação dos direitos sindicais, etc. Em dezembro de
1991, uma Comissão Parlamentar Conjunta (deputados e senadores dos 4 países –
Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) reuniu-se para elaborar um “Regimento
Interno para o Parlamento do Mercosul”. Na pauta estavam a adequação da
legislação dos países com respeito a reforma tributária, trabalhista,
meio-ambiente e defesa de consumidor. O PIB dos quatro países aproximava-se dos
US$ 1.200 bilhões.
Quais as características? Argentina: exportava carnes,
cereais, lã e frutas frias enquanto importava máquinas, equipamentos elétricos
e produtos químicos; Paraguai: exportava algodão, soja (mas não plantava), carne,
couro, madeira e óleos vegetais, enquanto importava máquinas, combustível mineral
e manufaturados; Uruguai: exportava produtos têxteis, animais e peles, enquanto
importava máquinas, equipamentos de transporte, minerais e produtos químicos.
Um detalhe, o Uruguai era conhecido como a “Suíça da América do Sul”, pelas
facilidades que oferecia para negócios financeiros e bancários; Brasil:
exportava farelo de soja, material de transporte e automobilístico, caldeiras,
produtos siderúrgicos e minério de ferro enquanto importava combustíveis,
fertilizantes, produtos químicos, instrumentos óticos e cercais.
E, nesse projeto, havia ainda outro bloco conhecido
como “Pacto Andino”, composto por Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia.
Países ricos em minerais (petróleo, ferro, estanho, zinco, etc.).
Em outras
palavras, o modelo criado por Washington para nossa região era de ter nações submissas,
exportadoras de produtos básicos e importadoras de tecnologias e capitais.
A eleição de Lula (Brasil) e Menem (Argentina) mudou
completamente o projeto. O Mercosul passou a ter uma nova ideologia que foi
conhecida como “relação sul-sul”, ou seja, os países do sul do continente
deveriam ter prioridade nas relações comerciais e econômicas.
Com isso o Mercosul avançou pela América Latina, trouxe
a Venezuela e a Bolívia, o Equador começou a se aproximar e estava em vias de
fazer parte do grupo. Ou seja, estava sendo criada uma grande potência econômica
(basta ver a lista de produção desses países), além da capacidade petrolífera
depois das descobertas na Venezuela (bacia do Orinoco) e no Brasil (Pré Sal).
E isso era demais para Washington. Não dava para
permitir tal avanço. Os golpes foram feitos (Paraguai, Argentina e Brasil) e o
próximo passo é destruir o fantasma do Mercosul e o risco que ele representa
para os projetos neoliberais na região. Daí a formação da Tríplice Aliança, em
uma alusão à covardia de Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, no
século XIX.
• Colômbia: até onde vai o ódio da direita! No domingo (02) tivemos uma demonstração clara sobre o
ódio que a direita alimenta contra a democracia e os avanços populares. A
consulta popular, realizada em todo o país, tinha uma única pergunta a ser
respondida: “você apoia o acordo para o término do conflito e construção de uma
paz estável e duradoura”?
O resultado foi uma surpresa: 50,23% de votos pelo NÃO
e 49,76% de votos para o SIM! A comunidade internacional que aplaudia o
resultado das negociações ocorridas em Havana (Cuba) ficou completamente sem
ação e na dúvida do que pode ocorrer a partir de agora.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema, o
primeiro efeito do referendo é que, com a decisão, o presidente Juan Manuel
Santos não poderá implementar os acordos negociados com a guerrilha em Havana,
Cuba, tal como definiu a Corte Constitucional em agosto. Todos os processos
jurídicos anteriores à assinatura do acordo, firmado na última segunda-feira
(26/09), ficam sem efeito.
Mas um dos principais pontos afetados pela decisão
deste domingo é a questão do desarmamento dos guerrilheiros que integram as
fileiras das FARC.
Apesar de as partes terem ressaltado o compromisso com
o cessar-fogo, questões práticas colocam em xeque essa possibilidade. O aparato
armamentista das FARC deveria começar a ser desmontado com a supervisão da ONU
imediatamente após a ratificação do acordo. Assim, os guerrilheiros seriam
agrupados em zonas de normalização e em acampamentos, o que não deve mais
ocorrer.
Uma análise dos mapas da consulta mostra que as regiões
mais afetadas pelo conflito aprovaram com ampla maioria a proposta de paz e
deram respaldo ao acordo firmado entre o Governo da Colômbia e as Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) enquanto as
regiões mais distantes e os grandes centros urbanos votaram majoritariamente
pelo Não!
Mas é preciso entender também que a vitória do “Não” é
apenas o resultado de décadas de manipulação midiática no país, da dominação
estadunidense e do poder das grandes oligarquias locais. Afinal de contas, a
guerra é sempre mais rentável do que a paz e a indústria armamentista não pode
deixar de faturar, não é?
Não tem como deixar de citar o tristemente famoso
“Plano Colômbia”, montado por Washington supostamente para combater o
narcotráfico, mas que, na verdade serviu para financiar paramilitares de
direita no país.
A Colômbia está irremediavelmente marcada por milhares
de cemitérios clandestinos onde paramilitares de direita enterravam todos os
“suspeitos de colaborar com a guerrilha”. Povos inteiros foram obrigados a
abandonar suas casas e a região onde viviam, sem comida, sem trabalho e sem um
lar. Civis eram torturados, massacrados ou, simplesmente, desapareciam nas mãos
das milícias paramilitares.
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Os moradores das grandes cidades
e os da capital do país, sempre distantes dos conflitos e mais submetidos à
lavagem cerebral da mídia dominada por empresas estadunidenses, votaram pelo
“Não”, votaram contra o Acordo de Paz, porque sempre estiveram distantes dos
efeitos de uma guerra.
Curiosamente, um dos
argumentos mais utilizados pela direita em sua campanha contra o Acordo de Paz
foi dizer que a assinatura seria uma vitória do “Castro-Chavismo”. Ou seja,
diziam que o fato de o Acordo ter sido negociado em Cuba e ter tido Nicolás
Maduro como um dos intermediadores do processo seria uma vitória muito grande
da esquerda! Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia, vinculado ao narcotráfico
e um dos maiores aliados dos EUA, agora senador, declarou que a vitória do
Acordo de Paz seria “o retorno do populismo de esquerda e que faria o
terrorismo chegar ao poder”.
É preciso destacar, aqui, o
papel que os evangélicos tiveram na campanha pelo “Não”. Um cartaz foi
espalhado em todo o país fazendo campanha contra o Acordo de Paz e dizendo que
isso seria a chegada dos comunistas ao poder. Vejam o cartaz.
Após a vitória do “Não” no plebiscito, a Marcha
Patriótica, principal movimento social e político da Colômbia, ressaltou a
importância de seguir no caminho da paz. Através das redes sociais, a
organização afirmou que “hoje não perdemos nem um ápice da convicção na paz.
Cada dia somos mais, impulsionados por profundos sentimentos de amor”. E que “Seguiremos
trabalhando pela paz e pela vida porque nossa consígna seguirá sendo 'o diálogo
é o caminho”.
O ELN (Exército de Libertação Nacional), segunda maior
guerrilha na Colômbia depois das FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias
Colombianas – Exército do Povo), comentou na terça-feira (04) o resultado do
plebiscito de domingo (02), em que a população colombiana votou contra o acordo
de paz com as FARC, e manifestou interesse em dar início aos diálogos de paz
com o governo, passando para a fase pública de negociações.
“Neste difícil momento para a Colômbia, o ELN reafirma
a decisão irrevocável de passar à fase pública e cumprir com a agenda
estipulada em março”, publicou a guerrilha no Twitter de sua rádio oficial,
Ranpal (Rádio Oficial Pátria Livre). A guerrilha afirmou que “mantém a decisão”
de se comprometer com superar “qualquer dificuldade que se apresente e chama o
presidente Santos com o mesmo propósito”.
• Bolívia descobre nova jazida de gás natural. O presidente boliviano, Evo Morales, anunciou na
terça-feira (04) a descoberta de uma nova fonte de gás natural em um campo que
atualmente é explorado pela espanhola Repsol, na região de Chuquisaca (sudeste
do país)
A nova fonte permitirá somar um volume de três milhões
de metros cúbicos diários à produção nacional e, para isso, está previsto um
investimento de 112 milhões de dólares.
O anúncio foi feito em uma coletiva com a imprensa onde
estava também presente o presidente da empresa estatal Yacimientos Petrolíferos
Bolivianos (YPFB), Guillermo Achá.
• Argentina: identificado o neto número 121. As Avós da Praça de Maio anunciaram na quarta-feira
(05) terem encontrado o neto número 121, sequestrado de seus pais na última
ditadura militar da Argentina (1976 – 1983). Ele havia sido identificado na
sexta-feira (30/09).
O neto, hoje um adulto de 40 anos, é filho de Ana María
Lanzilotto e Domingo “El Gringo” Menna, que militavam no Exército
Revolucionário do Povo (ERP) e no Partido Revolucionário dos Trabalhadores
(PRT) na ditadura. Ambos foram sequestrados em 19 de julho. Lanzilotto, que
estava grávida de oito meses, foi levada ao Campo de Maio, teve seu bebê tomado
pelos militares e nunca mais foi encontrada.
Dos parentes do neto encontrado, ainda restam seu irmão
biológico, Ramiro, que tinha dois anos quando os pais foram sequestrados e que
estava hoje no anúncio feito em Buenos Aires; sua tia, Alba Lanzilotto,
ex-secretária das Avós da Praça de Maio, e seu primo Délfor Brizuela,
secretário de Direitos Humanos da cidade de La Rioja.
A líder das Avós, Estela de Carlotto, comemorou o
encontro do neto 121. “Eles [netos] são os desaparecidos com vida, os que nos
estão esperando, mesmo que, às vezes, não saibam que caminho tomar”, afirmou
nesta quarta.
• Macri aumenta as tarifas de gás em mais 300%. Não, não é matéria antiga ou repetição de notícias já
divulgadas. O presidente argentino, Mauricio Macri, o mesmo que acaba de se
encontrar com o golpista Temer, autorizou, na sexta-feira (07), um novo
“reajuste” das tarifas de gás. O novo aumento foi de 300% para os usuários de
menor consumo, tarifas sociais e bonificações de poupadores.
A decisão foi publicada no Boletim Oficial e assinada
pelo ministro de Energia, Juan José Aranguren, e estabelece, também, que as
tarifas residenciais serão atualizadas sempre nos meses de abril e outubro de
cada ano “considerando o câmbio vigente até a eliminação total de todos os
subsídios, em 2019”.
• Coisas de “ditaduras sanguinárias”! Pois é! Não estranhem esse título, mas estamos
cansados de ver campanhas e matérias da direita mostrando Cuba e Venezuela como
“ditaduras sanguinárias” ou coisas ainda piores. Mas é preciso mostra a
verdade.
No dia seguinte à passagem do furacão Matthew pelo
Haiti, que deixou mais de 800 mortos e um estado de calamidade naquela
população já tão sofrida, o Governo de Cuba autorizou o envio de uma nova
Brigada Médica ao país vizinho, agora integrada por 38 profissionais
experientes em questões de epidemias e higiene após desastres naturais. Eles
vão se juntar aos mais de 600 médicos cubanos que já estão no país desde a
epidemia de cólera.
Por seu lado, a Venezuela foi o primeiro país a enviar
ajuda humanitária. Chegou ao Haiti, na noite de quarta-feira (5), um
carregamento de 20 toneladas de ajuda humanitária.
O embaixador haitiano em Caracas, Leslie David, lembrou
que a Venezuela já tem a tradição de estender a mão durante esses momentos. “Em
2010, quando sofremos o terremoto com mais de 2 mil pessoas falecidas, o
primeiro país a chegar foi a Venezuela. Também tivemos outros ciclones e
Venezuela novamente se manifestou. Hoje não foi diferente e se reafirmou essa
amizade história de irmandade”, disse ele.
Mas, para a direita, são “ditaduras sanguinárias”.
Então tá, então!
• Israel intercepta
barco de mulheres que ia para Gaza. O “valoroso” exército de Israel interceptou
um barco conduzido por mulheres que se dirigia à Faixa de Gaza para levar ajuda
humanitária aos palestinos que vivem há anos cercados em seu próprio
território.
O barco Zaytouna – Oliva, que faz parte da frota “Mulheres Rumo
à Gaza” foi interceptado quando navegava em águas internacionais, a 50 milhas
náuticas da costa de Gaza. As organizações que acompanham a viagem perderam
contato com o barco e uma das integrantes, jornalista que registrava tudo em
vídeos, ficou também em silêncio e suspeita-se que Israel tenha interferido nos
sinais.
• EUA estão apostando
em uma Terceira Guerra? O eurodeputado espanhol Javier Couso acusou formalmente
os EUA de criar obstáculos para o fim do conflito na Síria, exatamente quando a
paz começava a se tornar possível.
Ele chamou de “irresponsável”
a decisão de Washington de suspender as conversações com a Rússia sobre o
cessar fogo na Síria. Disse ele que “Os EUA tentam transferir a culpa do que
está acontecendo naquele país para a Rússia”.
Curiosamente, no mesmo dia do anúncio oficial de
Washington sobre o fim das negociações, a embaixada russa no país árabe sofreu
uma série de ataques com morteiros realizadas por grupos terroristas que são
apoiados e financiados pelos “falcões” estadunidenses.
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