terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

EMBARAÇO À LAVA-JATO FOI O GOLPE

EMBARAÇO À LAVA-JATO FOI O GOLPE

 Tatiana Ramil


Com muitos meses de atraso, o procurador-geral da República Rodrigo Janot decidiu denunciar o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e sua turma por obstrução de Justiça e "embaraço à Lava-Jato".

Ao oferecer a denúncia, Janot praticamente valida o que disse Jucá, quando o senador afirmou que era necessário derrubar Dilma para "parar essa porra e estancar a sangria".

Ou seja, está mais do que claro que o golpe foi, como disse o escritor Miguel Sousa Tavares, uma assembleia de bandidos presidida por um bandido, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para derrubar Dilma Rousseff, a presidente honesta.

A saída honrosa, para Janot e o STF, deveria ser encampar a bandeira da anulação do golpe.

Abaixo, reportagem da Reuters:

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito contra o ex-presidente José Sarney, os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado por suposto crime de embaraço às investigações na operação Lava-Jato.

"As manobras dos políticos para interferir nas investigações foram detalhadas por Sérgio Machado em acordo de colaboração premiada", informou a Procuradoria-Geral da República em comunicado.

De acordo com a PGR, o conteúdo de cerca de seis horas de conversas gravadas demonstra motivação de estancar os avanços da Lava-Jato "por meio de acordo com o Supremo Tribunal Federal e da aprovação de mudanças legislativas".

Outra forma de obstrução, segundo o pedido de inquérito, consistia na redução de poderes do Judiciário e do Ministério Público mediante a realização de nova constituinte.

Em junho do ano passado, Janot chegou a pedir a prisão de Sarney, Jucá, Renan e também do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, por atrapalhar as investigações, o que foi negado pelo ministro Teori Zavascki, então relator da Lava-Jato no STF, que morreu em acidente de avião no mês passado.

O pedido de abertura de inquérito feito desta vez por Janot foi encaminhado ao ministro Edson Fachin, novo relator da Lava-Jato no STF. Nele, Janot argumenta que há "elementos concretos de atuação concertada entre parlamentares, com uso institucional desviado, em descompasso com o interesse público e social, nitidamente para favorecimento dos mais diversos integrantes da organização criminosa".

Segundo Janot, "é chocante... ouvir o senador Romero Jucá admitir, a certa altura, que é crucial 'cortar as asas' da Justiça e do Ministério Público".

Jucá perdeu o cargo de ministro do Planejamento em maio, após o vazamento de trecho da conversa com Machado, em que teria sugerido que uma troca no governo federal, com a saída de Dilma Rousseff, resultaria em pacto para frear os avanços da Lava-Jato.

A defesa de Jucá informou em nota que "não há preocupação em relação à abertura do inquérito, pois não vê qualquer tipo de intervenção do mesmo na operação Lava-Jato. Ressalta que a única ilegalidade é a gravação".

Também em nota, Renan afirmou que não fez nenhum ato para embaraçar ou dificultar qualquer investigação e que sempre foi colaborativo, enquanto a assessoria de Sarney disse que ele está em trânsito e não poderá comentar a decisão do PGR.


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