EMBARAÇO À LAVA-JATO FOI O GOLPE
Tatiana
Ramil
Com muitos meses de atraso, o
procurador-geral da República Rodrigo Janot decidiu denunciar o senador Romero
Jucá (PMDB-RR) e sua turma por obstrução de Justiça e "embaraço à
Lava-Jato".
Ao oferecer a denúncia, Janot
praticamente valida o que disse Jucá, quando o senador afirmou que era
necessário derrubar Dilma para "parar
essa porra e estancar a sangria".
Ou seja, está mais do que claro que o
golpe foi, como disse o escritor Miguel Sousa Tavares, uma assembleia de
bandidos presidida por um bandido, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para
derrubar Dilma Rousseff, a presidente honesta.
A saída honrosa, para Janot e o STF,
deveria ser encampar a bandeira da anulação do golpe.
Abaixo,
reportagem da Reuters:
O procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito contra o
ex-presidente José Sarney, os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros
(PMDB-AL) e o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado por suposto crime de
embaraço às investigações na operação Lava-Jato.
"As manobras dos políticos para
interferir nas investigações foram detalhadas por Sérgio Machado em acordo de
colaboração premiada", informou a Procuradoria-Geral da República em
comunicado.
De acordo com a PGR, o conteúdo de cerca
de seis horas de conversas gravadas demonstra motivação de estancar os avanços
da Lava-Jato "por meio de acordo com o Supremo Tribunal Federal e da
aprovação de mudanças legislativas".
Outra forma de obstrução, segundo o
pedido de inquérito, consistia na redução de poderes do Judiciário e do
Ministério Público mediante a realização de nova constituinte.
Em junho do ano passado, Janot chegou a
pedir a prisão de Sarney, Jucá, Renan e também do ex-presidente da Câmara dos
Deputados Eduardo Cunha, por atrapalhar as investigações, o que foi negado pelo
ministro Teori Zavascki, então relator da Lava-Jato no STF, que morreu em
acidente de avião no mês passado.
O pedido de abertura de inquérito feito
desta vez por Janot foi encaminhado ao ministro Edson Fachin, novo relator da
Lava-Jato no STF. Nele, Janot argumenta que há "elementos concretos de
atuação concertada entre parlamentares, com uso institucional desviado, em
descompasso com o interesse público e social, nitidamente para favorecimento
dos mais diversos integrantes da organização criminosa".
Segundo Janot, "é chocante... ouvir
o senador Romero Jucá admitir, a certa altura, que é crucial 'cortar as asas'
da Justiça e do Ministério Público".
Jucá perdeu o cargo de ministro do
Planejamento em maio, após o vazamento de trecho da conversa com Machado, em
que teria sugerido que uma troca no governo federal, com a saída de Dilma
Rousseff, resultaria em pacto para frear os avanços da Lava-Jato.
A defesa de Jucá informou em nota que
"não há preocupação em relação à abertura do inquérito, pois não vê
qualquer tipo de intervenção do mesmo na operação Lava-Jato. Ressalta que a
única ilegalidade é a gravação".
Também em nota, Renan afirmou que não
fez nenhum ato para embaraçar ou dificultar qualquer investigação e que sempre
foi colaborativo, enquanto a assessoria de Sarney disse que ele está em
trânsito e não poderá comentar a decisão do PGR.
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