UBES condena
Reforma do Ensino Médio e convoca mobilização total
A presidenta da União Brasileira dos
Estudantes Secundaristas (UBES), Camila Lanes, gravou um vídeo na quinta-feira
(9/2) esclarecendo os estudantes sobre o impacto nocivo da Medida Provisória
(MP) da Reforma do Ensino Médio, aprovada na quarta-feira (8) no Senado
Federal. A jovem também aponta quais serão as próximas ações da entidade para
fazer resistência ao sucateamento educacional imposto no pós-golpe de Estado.
Laís Gouveia
Camila diz que a UBES
defende a Reforma do Ensino Médio, tendo em vista a situação complexa da
educação pública, mas não essa encaminhada pelo Governo ilegítimo de Temer.
"Esse modelo não representa os estudantes, pois foi aprovada através de
uma Medida Provisória, de forma antidemocrática, sem o debate com a sociedade e
ignorando o movimento educacional", esclarece Camilla.
A presidenta da UBES enumera alguns
pontos negativos da reforma. "O notório saber contratará professores sem o
diploma, sendo necessário apenas o conhecimento na área. No Ensino Técnico essa
nova contratação será obrigatória", critica Camila.
Quando questionada sobre as alterações
no período noturno, Camila afirma que muitos trabalhadores que sonham com seu
diploma poderão ficar fora da sala de aula. "A Educação para Jovens e
Adultos (EJA) simplesmente não é citada na Reforma, dessa forma o ensino
especial deve ser extinto", alerta.
A jovem denuncia que o Plano Nacional de
Educação (PNE), pilar essencial para a construção das políticas educacionais no
país, é citado apenas uma vez na Medida Provisória. "As metas que integram
o PNE, atingidas ao longo de dez anos, foram abandonadas. Isso é um sintoma
claro que o Governo Federal tem como interesse apenas melhorar os indicadores
internacionais, atropelando as ações que prezam pela qualidade da
educação", avalia Camila.
Greve
geral
Para dizer não ao desmonte da educação,
entidades do movimento educacional irão se unir em uma greve geral no próximo
dia 15 de março, contra o pacote de medidas adotadas pelo governo ilegítimo de Temer
que não somente destroem a educação, mas também retiram direitos constitucionais
e aumentam a miséria no país, como a austeridade, a Reforma Trabalhista e a Reforma
da Previdência.
A UBES lançou uma nota na quinta-feira
(9/2) denunciando a Reforma do Ensino Médio.
Leia
abaixo a íntegra:
A União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas (UBES), entidade que está na linha e frente da resistência contra
as medidas do governo ilegítimo de Temer que atacam o povo brasileiro, não se
espantou com a aprovação pelo Senado Federal da Medida Provisória que institui
a reforma do Ensino Médio.
Primeiro, porque sabemos que este é o mais conservador
Congresso Nacional dos últimos tempos, e boa parte dos parlamentares apoiadores
do golpe se mantém fiéis aos interesses de um governo ilegítimo que retira
direito dos trabalhadores e da juventude.
Segundo, porque sabemos que a falta de diálogo com a
sociedade é um imperativo deste governo para levar adiante as suas reformas e
levar o país ao maior retrocesso dos últimos anos. Impor uma reforma do ensino
médio por meio de uma Medida Provisória é a maior prova de que, infelizmente, a
educação também está refém deste autoritarismo.
Mesmo com quase nenhum prazo para
discussão, mais de 500 emendas foram apresentadas à Medida Provisória no
Congresso. Muitas delas com a finalidade de amenizar os impactos da reforma. Porém,
como desde o início o objetivo não foi estabelecer o diálogo, nem mesmo com os
parlamentares que estavam do lado da educação, nenhuma foi aprovada.
Algumas mudanças no projeto original só
foram possíveis por causa da luta dos estudantes e da sociedade, como a
obrigatoriedade de filosofia, sociologia, artes e educação física. Ainda assim,
o conjunto dessa reforma enganosa não representa nossos sonhos. Como dizer que
todos os estudantes poderão fazer escolhas, se cada escola só fica obrigada a
oferecer duas opções? Além disso, a definição dos conteúdos obrigatórios ainda
depende de outra lei, a da Base Nacional Comum Curricular, que deveria ter sido
aprovada antes.
A reforma do jeito que foi colocada
apenas “deforma” o ensino médio, deixa muitas dúvidas, não traz nenhum tipo de
avanço concreto. Muito se propõe no papel e pouco se diz como será feito na
prática.
A analogia que os estudantes fazem é
como querer construir uma casa sem ter nenhum material, tijolo, cimento, nada,
apenas a ideia da casa e ainda lidando com um orçamento congelado (lembremos a
PEC 55). Essa comparação se dá em relação ao item que propõe ampliar a carga
horária, sem expor, no entanto, como as escolas alcançarão esta meta,
principalmente os estabelecimentos públicos, que sofrem com dificuldades
financeiras e estruturais.
Além disso, esta reforma ataca o
profissional docente ao permitir a contratação de profissionais com “notório
saber”. Nossos mestres já vivem situações precárias de trabalho e o governo ilegítimo
de Temer joga mais uma vez a culpa para os professores, tornando ainda mais
precário o desenvolvimento do trabalho da licenciatura.
Os estudantes se unem aos professores em
uma grande mobilização nacional, no dia 15 de março, contra esta reforma e
também contra o projeto “Escola Sem Partido”, uma esdrúxula proposta que
tramita em algumas Assembleias, tendo apoio do governo federal, com objetivo de
proibir o livre debate das ideias dentro das escolas, intimidando e punindo o
professor.
A UBES convoca cada estudante de cada
canto deste país para se levantar contra mais esta medida que só traz
retrocesso e prejudica o desenvolvimento da educação no Brasil. A luta é o que
nos move. Foi assim quando combatemos a ditadura, as privatizações de FHC, os
aumentos das passagens. Será assim agora. Não recuaremos um centímetro.
Fora,
Temer!
União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas
9 de fevereiro de 2017
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