Autobiografia de Pablo Neruda é relançada no Chile com textos inéditos
Nova edição de 'Confieso que he vivido' ('Confesso que vivi') celebra 113 anos do autor e traz, entre outros achados, anotações sobre relação de Neruda com um de seus melhores amigos, o escritor espanhol Federico García Lorca
A Fundação Pablo Neruda lançou no Chile uma nova edição da autobiografia "Confieso que he vivido" ("Confesso que vivi") nesta quarta-feira (12/07) com 18 textos e notas inéditas do mais famoso escritor do país.
O lançamento ocorreu na data da celebração dos 113 anos do dia do seu nascimento.
Neruda começou a escrever a autobiografia em agosto de 1972 e que queria publicá-la em 1974 para celebrar os seus 70 anos. No entanto, a morte prematura do escritor, 12 dias após o golpe de Estado de setembro de 1973, impediu que a obra fosse finalizada.
Sua esposa, Matilde Urrutia, levou os textos para a Venezuela e, com a ajuda do escritor Miguel Otero Silva, terminou a obra em 1974 - que foi levada "clandestinamente" para o Chile.
Os materiais inéditos do Nobel de Literatura de 1971 foram encontrados nos arquivos da Fundação Pablo Neruda e foram compilados pelo diretor da instituição, Darío Osses.
Wikimedia Commons
Materiais inéditos do Nobel de Literatura de 1971 foram encontrados nos arquivos da Fundação Pablo Neruda
Materiais inéditos do Nobel de Literatura de 1971 foram encontrados nos arquivos da Fundação Pablo Neruda
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Entre os achados, estão um caderno fechado em junho de 1973 com anotações manuscritas sobre os temas que deveria incluir no livro e o relato de seu regresso à Temuco, cidade onde passou a infância. Também foram encontradas anotações sobre a relação que tinha com um de seus melhores amigos, o escritor espanhol Federico García Lorca.
De acordo com Osses, uma das anotações que lhe chamou a atenção, foi um papel em que estava escrito "este artigo foi escrito para ser incluído nas Memórias".
"No entanto, Pablo teve dúvidas por ter que falar, inevitavelmente, sobre o tema da homossexualidade do autor do 'Romancero Gitano'. Ele se perguntava 'está o público suficientemente desprovido de preconceitos para admitir a homossexualidade de Federico sem manchar seu prestígio'", disse Osses sobre a anotação.
Para a Editorial Planeta, que reeditou a obra no Chile, o livro de mais de 500 páginas contribui para aprofundar e apresentar em grande quantidade as "confissões" da vida de Neruda, desde a narração sequencial de alguns feitos como a crônica de viagens e as reflexões do escritor.
"Neruda foi um autor privilegiado de toda a história do século 20 e um poeta de muitas vidas, que se passam pela amplitude do mundo, que transitam no meio da multidão e na intimidade", disse a editora.
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