O “fim da história” não veio, mas talvez estejamos na história do fim
Nos tempos do neoliberalismo – aqui matizado de Collor a Fernando Henrique Cardoso – fazia sucesso entre os microcéfalos um livro – e uma teoria – chamado “O Fim da História”, do norte-americano Francis Fukuyama, defendendo a tese (na verdade uma meia-sola na ideia hegeliana) de que com o fim do socialismo e já tendo sido destruído o fascismo, a historia humana passaria a ser linear, com o triunfo, per omnia seculo seculorum, da democracia liberal ocidental, para qual todo o mundo caminharia, inexoravelmente.
Faltava apenas “resolver uns probleminhas” com o islamismo, que ainda representava valores relativamente “duros de matar”. Mesmo a “primavera árabe” deu chabu.
Os últimos resultados da democracia liberal ocidental, vide as notícias que vêm da Alemanha, mostram que tipo de fenômeno o aniquilamento das ideias de esquerda naquela década de 1990 está nos trazendo. Pela primeira vez em quase 60 anos do pós-guerra, um partido de inspiração fascista ganha representação no parlamento alemão, onde só entram os que obtiverem ao menos 5% dos votos nacionais.
E a AfD, Alternativa para a Alemanha, simplesmente chegou – indicas as projeções – a mais de 13,5% dos votos, o que a coloca como terceiro maior partido da Alemanha, nos calcanhares do outrora poderoso Partido Social Democrata, que teve 21,6%. E não é um mero agrupamento de fanáticos, de “Holidays” germânicos, não. Foi criado por economistas liberais de prestígio acadêmico e líderes empresariais.
A Alemanha é só um pedacinho desta ascensão da loucura. Em toda a parte ela está implantada, sinal de que, provavelmente, não é apenas uma loucura.
A financeirização do poder se descolou até as corporações industriais, da produção e assumiu uma natureza que, de conexão com a realidade, conserva apenas as commodities como valor material. O resto é controle da tecnologia e do conhecimento, que é vendido logo que desenvolvido.
Na Europa e nos EUA, a imigração foi um fenômeno estimulado e provocado, quando se dependia de força de trabalho vil. O desenvolvimento da tecnologia e da automação a tornou dispensável em larga escala, embora ainda seja interessante em relação à “máquina de chupar cérebros”.
A “reciclagem” do capitalismo, ao longo da história, foi marcada por guerras. A Primeira Guerra Mundial rearrumou o imperialismo colonial; a segunda, a ascensão de padrões de valor universais, antessala da globalização que seria atingida em 30 ou 40 anos com a eliminação das fronteiras comerciais e financeiras.
Há, de novo, cheiro de guerra no ar e só o imponderável do poder nuclear de China e Rússia é responsável por, ainda, deter a guerra de saneamento capitalista.
Agora para eliminar os excedentes inúteis no modo de produção mundial.
E o excedente, do capitalismo moderno, são pessoas, é gente.
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