segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Para recordar: o assassinato de Allende e a censura no Brasil

Para recordar: o assassinato de Allende e a censura no Brasil

fotoalllende
O dia de hoje marca o aniversário de um clímax trágico na triste história da América Latina.
Há 43 anos, foi assassinado, no Palácio de La Moneda, em Santiago, o médico Salvador Allende Gossens, presidente do Chile.
Militares mataram-no com muitos tiros, coisa que se repete nas execuções de líderes políticos que se rebelam contra a dominação de nossos países.
Assumiu a ditadura de Augusto Pinochet.
Os jornais brasileiros foram proibidos de dar a notícia em manchete. No entanto, na época, alguns ainda resistiam ao discurso único da capitulação.O Jornal do Brasil, dirigido então por Alberto Dines, tomou a ordem da censura ao pé da letra e publicou a matéria no alto da primeira página, distribuída nas oito colunas, mas sem título. (veja ao lado)
Na revista Manchete, onde eu já não trabalhava (deixara a função de redator-chefe para reformar o texto do Globo), o diretor,Justino Martins, me chamou e pediu que escrevesse um texto hábil para acompanhar belas fotos das montanhas e vinhedos do Chile. Deveria referir-me sutilmente ao tema proibido.
Redigi o artigo (acho que ainda tenho guardado, em laudas medidas de jornal) sobre o país latino-americano que, isolado pela cordilheira tão similar aos Alpes, se julgava europeu e, de repente, descobria-se latino-americano.
A matéria estava diagramada, em seis layouts (doze páginas) quando entrou na redação um funcionário da Embaixada America, acompanhado do superintendente de Bloch Editores, e mandou cortar.
Fui pago pelo serviço.
(Perdoem-me a violência gráfica, mas anexo, por ser documento histórico, a foto do corpo do presidente, crivado de balas, A imagem foi liberada em 30 de março de 2015; até então, a versão oficial era de suicídio)

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