Qual país se desenvolveu
exportando petróleo por multinacionais estrangeiras? Qual país, continental e
populoso como o Brasil, se desenvolveu exportando petróleo em troca de dólares?
O petróleo brasileiro do
pré-sal é um mico, do qual precisamos nos livrar o mais rápido possível? Ou o
pré-sal é um passaporte inédito para o futuro?
O petróleo é uma riqueza
natural do Brasil.
Desde a chegada dos europeus,
nossas riquezas foram exploradas, o mais rapidamente possível, em benefício de
interesses estrangeiros. Foram extraídos da forma mais eficiente para um
projeto colonial, aos menores custos para as elites de Portugal, Inglaterra e
Estados Unidos.
Todos os ciclos beneficiaram
uma pequena casta entre os brasileiros, aqueles responsáveis pela gestão do
projeto colonial. Dos senhores de engenho e feitores aos executivos das
multinacionais, donos dos meios de comunicação e banqueiros. Esses caboclos
transitam através de portas giratórias e ocupam cargos públicos na gestão
colonial e neocolonial, dos “homens bons” da Colônia aos executivos das
agências reguladoras da Nova República.
A cobiça estrangeira em
relação ao petróleo brasileiro é acentuada porque não há substituto para o petróleo
barato de se produzir, mas ele acabou e a humanidade vive as consequências
econômicas e sociais deste fato.
As informações da indústria
mundial, o investimento em Exploração e Produção (E&P) e a produção
agregada desde 1985 evidenciam o aumento do custo médio de se encontrar e
produzir cada barril adicional de petróleo, com severas consequências para a
indústria e a sociedade.
Quem pensa que a Petrobras
está quebrada, que a produção do pré-sal é lenta, que o pré-sal é um mico e não
tem valor ou que a exportação de petróleo por multinacionais pode desenvolver o
Brasil, está sendo enganado. É vítima da ignorância promovida pelos empresários
da comunicação, políticos e executivos à serviço das multinacionais do petróleo
e dos bancos.
O petróleo do pré-sal pode
ser como o pau-brasil, a madeira, o ouro e a prata, explorado, esgotado, com
prejuízos sociais, ambientais e lucros privados de mais um projeto colonial de
sucesso.
Ou não, pode ser uma
oportunidade para o aumento da produtividade do trabalho no Brasil, em
benefício da maioria. Podemos planejar o uso do petróleo, em atividades
industriais produtivas, agregar valor ao petróleo cru, nos apropriar e
distribuir a renda petroleira.
O petróleo brasileiro do
pré-sal não é mico, tampouco passaporte inédito ou um bilhete premiado. É mais
uma oportunidade de desenvolvimento que pode ser aproveitada ou desperdiçada.
Pode beneficiar a maioria ou, como sempre até aqui, favorecer a uma minoria à
serviço do bem-sucedido projeto colonial.
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