“Pegadinha” no Estadão: só é imbecil completo quem se acha um gênio
Um imbecil só o é por completo quando se crê genial.
A imprensa brasileira caminha a passos céleres para essa completa idiotia, a de crer que as todas as pessoas acreditam nas bobagens que diz e que, pensa ela, devem ser vistas como verdades absolutas.
Gustavo Conde, linguista, professor e colaborador deste blog, fez um “teste” rápido esta semana com o Estadão.
Deixou incorporar-se do espírito da Eliane Cantanhêde – poupando as redundâncias enxundiosas da “musa” tucana – e fez uma carta ao jornal repetindo todos os argumentos tolos e toscos que sobram nas notícias e comentários “de verdade” que ele publica.
O crescimento de 0,1% do PIB aliado à popularidade crescente do presidente Temer – não captada pelas pesquisas – e à retomada de todos os setores da economia alegram o brasileiro. Os salários estão em alta, o emprego está a todo vapor e os investimentos seguem a tendência de confiança. Em meio a tudo isso, temos ainda a excelente notícia de que a Lava Jato está cumprindo seu papel de acabar com a corrupção de maneira transparente e republicana. O eleitor também entendeu esse momento alvissareiro, como as pesquisas mostram: Alckmin, Huck, Bolsonaro e Temer lideram a preferência dos eleitores mais qualificados – pois eles representam o novo na política – ao mesmo tempo em que as candidaturas que representam o atraso vão caindo cada vez mais. Parabenizo o Estadão pela excelente cobertura, imparcial e técnica, estendendo a saudação a todos os seus colaboradores que nos brindam diariamente com textos instigantes e bem escritos.
Entre as centenas de cartas que recebe, o jornal, claro, selecionou a de Gustavo, com o rapaz que escolhe o que vai ser publicado de olhos rútilos, com o achado. Até que enfim alguém aparece para concordar conosco e saudar este período brilhante que o Brasil atravessa!
Não conseguem ver nos seus próprios textos – como veriam no de Gustavo? – que crescimento de 0,1% é piada, que a Lava Jato descamba para o arbítrio, que a corrupção segue solta neste Governo de “maleiros”, que o emprego não existe e as taxas de desocupação só têm ligeira retração, como indica o IBGE, porque aumentou o número de “bicos, biscates e virações”. Ignoram o fato de que Lula anda folgado nas intenções de voto e que seus adversários empacam, incapazes de sensibilizar o povão.
Verdades óbvias, invisíveis a quem mergulhou tanto nos ódios e no partidarismo que não percebe mais nada senão os bordões “mercadistas”.
Nem perceberam o corolário de ironia atroz dos parabéns pela cobertura “imparcial e técnica” e aos “textos instigantes e bem escritos”de um jornal que se tornou reprodutor dos press-releases que lhe vêm nos procuradores da Lava Jato, dos delegados da Polícia Federal ou da cantilena mil vezes repetida do mercado. Pouco há ali, senão raras exceções como Marcelo Rubens Paiva, José Roberto de Toledo e Jamil Chade (há outros, mas não muito), que não seja a repetição do “partido único” da imprensa brasileira.
Mas, reconheça-se, creem na genialidade de sua própria estupidez e confiam na máxima de Joseph Pulitzer, de que “com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.
Um público que seria capaz de escrever, a sério, o que Gustavo fez como gozação.
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