sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A barbárie agora é “lei”

A barbárie agora é “lei”

O Brasil que vive sob o governo policial-judicial e onde o próprio chefe da Polícia Federal diz que espera  “auxiliar o cidadão nas próximas eleições” com a exibição da versão policial de quem é honesto e quem não é, passou a ter os crimes julgados não pelo que são, mas por quem é a vítima e que se supõe ser o autor.
Tenho as maiores restrições políticas a Anthony Garotinho, mas não é por isso que se pode aceitar o absurdo de editarem as imagens tomadas no presídio onde foi encarcerado, semanas atrás, no momento em que ele diz ter sido vítima de agressões, como revelou a Folha, agora há pouco.
Quem é que deu ao agente que fraudou as imagens a certeza de que pode fazê-lo impunemente?
A rigor, é algo muito mais grave do que as regalias oferecidas s Sérgio Cabral – de quem tenho horror político e pessoal – no mesmo presídio, que dominam as manchetes e exploram a morbidez pública. Udem com o espetáculo orquestrado para exibi-lo com algemas nos pés e nas mãos.
É que lá, na República da Lava Jato, não deve valer a Súmula Vinculante 11, do Supremo Tribunal Federal, que proíbe o uso de algemas apenas como objeto de exposição pública do acusado ou condenado, sobre a qual a sua presidenta, Cármem Lúcia, escreveu:
O uso legítimo de algemas não é arbitrário, sendo de natureza excepcional, a ser adotado nos casos e com as finalidades de impedir, prevenir ou dificultar a fuga ou reação indevida do preso, desde que haja fundada suspeita ou justificado receio de que tanto venha a ocorrer, e para evitar agressão do preso contra os próprios policiais, contra terceiros ou contra si mesmo.”
Será que o minúsculo (em todos os sentidos) Cabralzinho ia partir para cima daqueles cinco “homões” armados de pistolas e fuzis? Será que ia sair correndo pelas ruas de Curitiba, escapando dos policiais como aqueles caras que jogam futebol americano fazem por alguns metros, antes que os brutamontes o derrubem?
Ou por ser Cabral o ser desprezível que é a sua execração pública rende bons dividendos publicitários? Sim, porque há cada vez menos gente que acha os linchamentos legais adequados.
A busca de efeito midiático é evidente e vergonhosa e é bom lembrar que o juiz sob cuja responsabilidade isso acontece é o popstar Sérgio Moro.
Infelizmente, a reação a isso será, nos novos e selvagens tempos do Brasil, nenhuma.
Agora, a barbárie é a lei.

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