sábado, 20 de janeiro de 2018

O caricato presidente de si mesmo

O caricato presidente de si mesmo

Não vale a pena analisar objetivamente a entrevista de Michel Temer à Folha de S. Paulo, pela simples razão que ela aborda quase que exclusivamente um assunto menor: ele próprio. A caricatura fotográfica que lhe faz o jornal é perfeita: Temer é uma deformidade na história.
No universo de jogadas, espertezas, arranjos políticos e vantagens em que  ele habita, é natural que se considere o centro. Só neste sentido, o do egoísmo medíocre, cabe chamá-lo de um Berlusconi tropical, como o faz, hoje, André Singer. Além, claro, do fato de só ter ascendido ao poder por obra e desgraça da Lava Jato, como aquele o foi pela Mani Puliti.
Não vou sair da Presidência com essa pecha de um sujeito que incorreu em falcatruas. Não vou deixar isso.
Vai, Temer. Sairá pelas mesmas falcatruas que os levaram até ela e por novas. Com a diferença que as primeiras reuniam a pior escória política ansiosa pelo poder total e as mais recentes, nem isso, porque estar a seu lado contamina inapelavelmente quem quer que seja.
Seus capitais são minguantes, embora ainda ambicionados.
Um, vale cada vez menos e, apenas, em moeda local, paroquial: os cargos. O outro, este sim,  é  moeda que tem valor crescente: o tempo de televisão na campanha eleitoral, do qual todos pretendem, porém, eliminar sua efígie adunca e desprezada.
O valor de Temer, aquele que o levou ao cargos, em parte já foi resgatado, com o arrocho nas contas públicas, a dissipação do petróleo do pré-sal e a amputação de direitos trabalhistas. Poucos ainda creem que possa entregar a reforma da Previdência e a Eletrobras e ninguém, em são consciência, acha qie pode falar em reforma tributária, com um conteúdo que “depene” o Governo Federal o suficiente para que um presidente coerente com o país possa fazer dele uma alavanca do desenvolvimento.
Temer é o retrato acabado do lixo produzido pelo que disseram ser a limpeza da política.
Sim. Assim, sim, o batismo que lhe deu Singer é perfeito. Mas, ao contrário do seu padrinho italiano, Temer não tem votos para viver.

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