quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

"Nunca tive ilusão com a decisão do tribunal", diz Lula após condenação

Política

TRF-4

"Nunca tive ilusão com a decisão do tribunal", diz Lula após condenação

por Redação — publicado 24/01/2018 21h24, última modificação 25/01/2018 16h21
Em ato organizado em protesto, ex-presidente critica o Judiciário e reafirma sua candidatura: "só saio da luta quando morrer"
Ricardo Stuckert/Fotos Públicas
O ex-presidente Lula
'O Lula é insignificante. O que é grande é a consciência politica do povo brasileiro', afirmou o ex-presidente. Na foto, Lula discursa em Porto Alegre às vésperas do julgamento
Usando camiseta preta, o ex-presidente Lula discursou para apoiadores reunidos na Praça da República, no Centro de São Paulo, após a confirmação de sua condenação pelo TRF4, na noite da quarta-feira 24.
"Nunca tive ilusão com a decisão do tribunal. Nunca tive nenhuma ilusão com o comportamento dos juízes na questão da Lava Jato. Por quê? Porque houve um pacto entre o Judiciário e a imprensa, eles resolveram que era hora de acabar com o PT e com a nossa governança no Pais", criticou o petista, elencando em seguida programas do seu governo, como o ProUni e o Minha Casa Minha Vida, e afirmando que "eles não aceitaram mais a ascensão social dos mais pobres e dos trabalhadores".
"Eu até respeito a decisão. O que não respeito é a mentira pela qual eles tomaram a decisão", disse, em alusão à condenação do juiz Sergio Moro. "Quero que mostrem qual foi o crime que Lula cometeu."
O ex-presidente também disse aos apoiadores para "não se preocuparem" com ele. "Não quero que ninguém fique preocupado apenas pelo Lula. Quero que a gente tenha preocupação com o que está acontecendo com 210 milhões de brasileiros, sobretudo os que vivem de salário. Tenham clareza de que tudo tende a piorar se eles consagrarem areforma da Previdência. Quero que saibam que vão sair dos nossos direitos coisas que conquistamos há 60 anos. Quem está no banco dos réus é o Lula, mas o povo brasileiro já foi condenado no golpe."
Lula também citou outras figuras políticas já condenadas ou presas. "O ser humano pode ser preso. Mandela ficou preso 27 anos e nem por isso a luta que ele fazia diminuiu", disse, falando também sobre a história de Tiradentes, que foi morto e esquartejado e depois virou herói nacional. "O Lula é insignificante. O que é grande é a consciência politica do povo brasileiro, que começa a mostrar que não aceita mais subserviência", disse.
O ex-presidente, que no início de sua fala disse "não estar preocupado" com o fato de ser ou não candidato, reforçou sua vontade de disputar o pleito. "Não sou radical, sou até moderado demais. Para mim, esse julgamento é a oportunidade de eu viajar pelo Brasil e discutir com o povo o que a gente já teve, o que estamos perdendo e o que podemos voltar a ter."
"Eu já tinha desistido da política, já tinha sido presidente. Mas agora percebo que tudo que foi feito foi para evitar que eu seja candidato. Mas essa provocação é de tal envergadura que me deu coceirinha, e agora eu quero ser candidato a presidente. Podem caçar meu direito de ser candidato, não tem problema. Quero disputar com eles na consciência do povo brasileiro em dizer o que quer para o País", afirmou, explicando em seguida que se apresentarem um crime cometido por ele, desistiria da candidatura. 
"Eles não podem prender um sonho de liberdade, as ideias ou a esperança. O Lula é só um homem de carne e osso. Podem prender o Lula, mas as ideias já estão na cabeça da sociedade", afirmou.
"Não baixem a cabeça. Não é hora de desistir. É hora de continuar a nossa trajetória para o futuro do País. Eles se preparem, porque os partidos de esquerda hão de se unir durante a campanha e vamos voltar a cuidar do povo com o respeito que ele merece", disse.
O ex-presidente avisou à multidão que não pretendia seguir em marcha ao lado do MTST e da CUT para a Avenida Paulista porque não conseguiria fazer o percurso a pé devido à sua idade. 
"Só tem um jeito de me tirar da luta: o dia em que eu morrer. Todo mundo morre um dia, mas enquanto este coração velho bater, pode ficar certo de que a luta pelas conquistas do povo brasileiro vai continuar. Não desistam nunca!", finalizou, despedindo-se. "Até a nossa vitória, se Deus quiser!"
Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos discursou antes do ex-presidente, ao lado de dirigentes de centrais sindicais, políticos e líderes partidários. Para Boulos, não há mais "espaço para recuo": "É preciso permanecer nas ruas e dar a resposta ao que eles fizeram hoje. Chega de obediência! Agora é tempo de ir pra cima. Se eles ameaçarem colocar um só dedo no senhor, o bicho vai pegar".

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