O samba responde ao selvagem
Com o assunto Luciano Huck em pauta, acabei por não comentar a estarrecedora nota de Lauro Jardim, ontem, reproduzindo a “estratégia” anunciada por Jair Bolsonaro para enfrentar o tráfico na Rocinha, exposta, sob aplausos, a executivo do mercado financeiro.
Sem saber do detalhes mais grotescos, a situação já havia sido comentada aqui no post Os subcapitalistas e o selvagem.
Lauro acrescenta a narrativa espantosa de que “a uma plateia de mil executivos do mercado financeiro, Bolsonaro disse que mandaria um helicóptero derramar milhares de folhetos sobre a favela, avisando que daria um prazo de seis horas para os bandidos se entregarem. Findo este tempo, se a bandidagem continuasse escondida, metralharia a Rocinha.”
Depois, a coluna registra que,numa nota extensa e muito mal explicada, a assessoria do deputado diz que ao falar da fuga de traficantes da Rocinha,”os marginais estavam claramente afastados da comunidade e, portanto, passíveis de sofrer efetiva ação policial para prisão, sem o risco de ferir os cidadãos de bem que moravam (sic) no local, o deputado tomou tal exemplo para se manifestar, no sentido de ser favorável (sic) a ações efetivas por parte do Estado, inclusive atirando em casos de confronto ou não rendição.”
Os homens “finos”, do dinheiro, bem vestidos e “bem-educados”, o aplaudiram.
Ainda bem que esta madrugada, um multidão cantou, de peito cheio, o lindo samba da Paraíso do Tuiuti, enquanto os carros alegóricos desfilavam patos, coxinhas e vampiros:
Irmão de olho claro ou da Guiné
Qual será o valor? Pobre artigo de mercado
Senhor eu não tenho a sua fé, e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar escravidão e um prato de feijão com arroz.
Qual será o valor? Pobre artigo de mercado
Senhor eu não tenho a sua fé, e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar escravidão e um prato de feijão com arroz.
(…)
Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti o quilombo da favela
É sentinela da libertação
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti o quilombo da favela
É sentinela da libertação
Assista, porque é um bálsamo contra a estupidez.
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