Ponha-se no lugar
Janio de Freitas, hoje, na Folha, escreve no mesmo entendimento que se expôs aqui – mais fácil de perceber aos cariocas, que olham a realidade ao vivo e não na mídia, apenas – que “a delinquência que faz o pânico e o clamor da população não é a mesma vista como “o problema da criminalidade” pelas áreas específicas dos governos, entre os militares e no alto Judiciário”
Tantas vezes fatais, o assalto aos celulares, relógios, bolsas e joias; o ataque armado para tomar o carro ou a moto, os arrastões, os roubos a lojas e seus clientes, tudo em números alarmantes, criam o medo de sair à rua e a insegurança em casa. Esses crimes de varejo, que não têm lugar nem hora para acometer, hoje são um sistema próprio. Como um costume, tamanha é sua difusão. Não se confundem com o narcotráfico das concepções oficiais.
O crime “organizado” – e nem tanto, porque repartido em chefes, prepostos, chefetes e gerentes – atormenta os pobres da mesma maneira que as “operações” e “batidas” policiais e/ou militares atormenta: cerceia o direito de ir e vir, controla, humilha, exibe armas pesadas, intimida.
Nem uma, nem duas vezes apenas vi cenas de soldados gritando – como é comum a polícia e o tráfico fazerem -, com a diferença que agregam a palavra “cidadão” que, aos berros, acaba tomando o sentido contrário ao que tem ou deveria ter.
O (ex?) governador Pezão é um mulambo, mas não se pode fechar os ouvidos ao que disse sobre “segurança é ter uma carteira assinada”. O Rio de Janeiro, em três anos, viu desaparecerem mais de um milhão de empregos, num salto de 157% no número de desocupados, grande parte da construção civil e outras áreas que se animavam pela atividade petroleira.
Pior, e só um pouquinho, só Santa Catarina, onde a coisa anda feia também, com carros e ônibus sendo incendiados.
Junte um exército de jovens sem trabalho, uma polícia corrupta e um núcleo de tráfico em cada comunidade e não é preciso ser adivinho para saber no que dá este caldo.
Trabalho e educação não merecem intervenção federal. Repressão, sim.
Postas a enxugar gelo, por mais senso e equilíbrio que tenham, sobrará às Forças Armadas exercitar uma repressão censitária, voltada para comunidades que trocam o sobressalto de fuzis de bermudas e sandálias pelos de farda e botinas.
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