Eppur si muove!
A história é
muito conhecida, sendo lenda ou fato real. Diz a história que, levado diante da
inquisição que o ameaçava com a fogueira caso mantivesse sua teoria sobre o
sistema heliocêntrico, Galileu Galilei teria renegado todos os seus estudos
para manter-se vivo. No entanto, ao terminar o julgamento, ele teria dito “Eppu
si muove” (no entanto ela
se move)!
Lembramos desse fato durante a semana ao ver os
absurdos fatos que envolvem o governo golpista e todos os seus cúmplices, mesmo
aqueles entre os quais esperávamos um pouco mais de equilíbrio ou mesmo
respeito pelo conhecimento.
Um certo senhor Mendonça Filho, administrador de
empresas filiado ao DEM e nomeado ministro da Educação pelo manequim de
funerária resolveu mostrar toda a sua “otoridade” e ameaçou censurar e até
mesmo levar à “justissa” o professor Luís Felipe Miguel, do Instituto de
Ciência Política, da Universidade de Brasília (UnB) que anunciou para o
primeiro semestre de 2018 a inclusão de uma nova disciplina sobre “O golpe de
2016 e o futuro da democracia no Brasil”. As declarações do estapafúrdio
ministro provocaram uma reação surpreendente: nada menos do que 15 outras
unidades federais e estaduais já decidiram incluir um curso igual ou similar em
sua programação!
Entrevistado pelo Jornal do Brasil, Gaudêncio Frigotto,
professor de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), disse
que esse movimento pode ser ainda maior. “Se ele vai censurar um curso dessa
natureza, deveria então suspender a bibliografia dele (do curso). Por isso que
há uma reação em cadeia e não poderia ser diferente e vai ser ainda maior”,
garante ele ao anunciar que a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
também vai aderir à disciplina.
Será que nenhum assessor do “senhor ministro” teve
capacidade de alertá-lo para um documento simples e conhecido por todos desde
1988 chamado Constituição da República Federativa do Brasil? Será que o
sinistro, desculpem, o ministro, mesmo tendo dois mandatos como deputado
estadual, um com deputado federal e um de vice-governador nunca ouviu falar na
Carta Magna?
Só para lembrar, a autonomia universitária está
prevista no Artigo 207, da Constituição: “As universidades gozam de autonomia
didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e
obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão”. O que significa dizer que as unidades têm autonomia para propor e
aprovar conteúdos em seus órgãos colegiados. São consideradas espaços livres
para o debate de ideias. “Creio que o ministro, se fosse mais prudente, deveria
se preocupar mais com a política da educação do que se imiscuir na autonomia
universitária”, disse Frigotto.
Para fazer suas ameaças, Mendonça usa um argumento que
nos lembra a velha censura na época do regime militar brasileiro. Diz que a
Universidade não pode usar recursos públicos para fazer “militância política e
ideológica”. E ele chegou a essa brilhante conclusão porque há dois tópicos da
grade de programação da disciplina que o incomodaram muito. “O lulismo (I):
reformismo fraco” e “O lulismo (II): promoção da paz social”. Ele descobriu,
sabe-se lá por que meios, que isso faz parte de uma possível apologia a Lula e
ao PT.
Para quem não conhece, a disciplina do professor da
UnB, que está sendo copiada pelas demais universidades, além de ser optativa, é
bem abrangente e abordará desde o golpe de 1964 e a Ditadura Militar, passando
pela Nova República, a chegada do PT ao poder, as jornadas de junho de 2013, as
eleições de 2014, até “o golpe de 2016, a gestão Temer e a adoção do estado
mínimo”.
A realidade é que o desventurado ministro, que bem
poderia ser mais um personagem de Stanislaw Ponte Preta em “Festival de
besteiras que assola o país”, meteu-se onde não devia e provocou uma reação que
acompanhamos agora com muita atenção.
O meio acadêmico, que com o restante do país parecia
ainda anestesiado com o golpe ilegítimo, parece ter saído a inércia. Ou, como
diria Galileu, “Eppur si muove”!
• O perigo das notícias falsas. Em um
número recente do nosso Informativo escrevemos um pequeno artigo alertando
sobre o risco das chamadas “fake news” em nosso cotidiano e, principalmente,
com a proximidade das eleições.
Agora estamos tomando conhecimento de uma pesquisa
ainda mais recente que alerta para o risco das notícias falsas. Segundo um
estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla
em inglês), as notícias consideradas falsas (“fake news”) se espalham mais
facilmente na internet do que textos verdadeiros. A instituição de ensino é
reconhecida mundialmente pela qualidade de cursos de ciências exatas e de áreas
vinculadas à tecnologia.
Os pesquisadores Soroush Vosoughi, Deb Roy e Sinan Aral
analisaram 126 mil mensagens (não apenas notícias jornalísticas) divulgadas na
rede social Twitter entre 2006 e 2017. No total, 3 milhões de pessoas publicaram
ou compartilharam essas histórias 4,5 milhões de vezes. O caráter verdadeiro ou
falso dos conteúdos foi definido a partir de análises realizadas por seis
instituições profissionais de checagem de fatos.
Os autores estimaram que uma mensagem falsa tem 70%
mais chances de ser retransmitida (retuitada, no jargão da rede social) do que
uma verdadeira. As principais mensagens falsas analisadas chegaram a ser
disseminadas com profundidade oito vezes maior do que as verdadeiras. O
conceito de profundidade foi usado pelos autores para medir a difusão por meio
dos retuítes (quando um usuário compartilha aquela publicação em sua rede).
O alcance também é maior. Enquanto os conteúdos
verdadeiros em geral chegam a 1.000 pessoas, as principais mensagens falsas são
lidas por até 100.000 pessoas.
Os pesquisadores investigaram o perfil dos usuários
para saber se estaria aí o motivo do problema. Mas, para sua própria surpresa,
descobriram que os promotores desses conteúdos não são aqueles com maior número
de seguidores ou mais ativos. Ao contrário, em geral são pessoas com menos
seguidores, que seguem menos pessoas, com pouca frequência no uso e com menos
tempo na rede social.
A pesquisa também examinou a disseminação por assunto.
As mensagens sobre política circulam mais e mais rapidamente que as de outras
temáticas. “Conteúdos falsos circularam significantemente mais rapidamente,
mais longe e mais profundamente do que os verdadeiros em todas as categorias de
informação. E esses efeitos foram mais presentes nas notícias falsas sobre
política do que naquelas sobre terrorismo, desastres naturais, lendas urbanas e
finanças”, constaram os autores.
Nosso Informativo já havia falado sobre isso, agora
temos uma grave comprovação.
• Por falar em mentiras... A matéria está em Monitor Mercantil e mostra como o governo ilegítimo
“fabrica” notícias enganosas sobre a Previdência Social.
As receitas da Seguridade Social somaram R$ 657,9
bilhões em 2017, expansão de 7,2% em relação a 2016. No entanto, o Ministério
do Planejamento afirma que os gastos avançaram em ritmo maior, 9%, e atingiram
R$ 950,3 bilhões em 2017. Dessa forma, o governo fala que o déficit da
Seguridade Social alcançou R$ 292,4 bilhões no ano passado, passando de 4,1% do
Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 para 4,4% em 2017. Tal déficit já foi
desmentido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no ano passado. O
consultor do Senado Luiz Alberto dos Santos estimava que, em 2017, o sistema de
Seguridade Social registraria superávit de R$ 110 bilhões.
Para transformar uma conta positiva em negativa, e com
isso defender a Reforma da Previdência, o governo golpista recorre a alguns
estratagemas. Um deles é não colocar na conta as desonerações, incentivos
fiscais e renegociação das dívidas das empresas, que retiraram do sistema cerca
de R$ 150 bilhões. Essa fatura deveria vir do Orçamento da União.
Outra forma de inflar um suposto déficit é não levar em
conta a Desvinculação de Receitas da União (DRU), que permite o remanejamento
de até 30% das receitas do governo para outras áreas. O Ministério do
Planejamento admite que, caso todas as receitas tivessem permanecido no
sistema, o déficit cairia para R$ 192,1 bilhões em 2017, ou R$ 100 bilhões a
menos do que o divulgado.
• Continua a violência no campo. Ao menos seis trabalhadores sem terra foram feridos
por homens armados acusados que atacaram um grupo de cerca de 120 pessoas que,
desde 18 de fevereiro, ocupa fazenda Norte América em Capitão Enéas, no norte
de Minas Gerais. O ataque aconteceu na tarde de quinta-feira (8).
Segundo a Polícia Militar, vários homens chegaram à
fazenda a bordo de um caminhão-baú e começaram a atirar contra os camponeses.
Dois integrantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade foram baleados,
entre eles o coordenador do movimento, Thiago Coimbra Silva, de 32 anos.
Atingido na cabeça e na perna, ele foi levado em estado grave para o Hospital e
Santa Casa Nossa Senhora da Guia, em Capitão Enéas. Em seguida foi transferido
para outro estabelecimento de Montes Claros e submetido a uma cirurgia.
Outros quatro sem terra sofreram ferimentos leves,
entre eles dois adolescentes que afirmam ter sido agredidos com coronhadas na
cabeça, um idoso José Felizardo Cunha, de 76 anos, e uma senhora Maria Joana
Soares Ferreira, de 59 anos. Os quatro feridos receberam atendimento médico em
Capitão Enéas e liberados em seguida.
Sete funcionários da Fazenda Norte América foram
detidos, entre eles o motorista do caminhão, que foi encontrado a alguns quilômetros
do local do ataque, com o para-brisas trincado. Os detidos são, segundo a
Polícia Militar, suspeitos de participar do ataque. O advogado dos
administradores da fazenda, Robson Alves Lima, compareceu voluntariamente à
delegacia de Montes Claros, onde prestou informações aos investigadores.
• MST ocupa Fazenda Esmeralda, ligada a Michel Temer. Na manhã de quarta-feira (7), o MST ocupou a Fazenda
Esmeralda, entre Lucianópolis e Duartina-SP. Cerca de 350 Sem Terras participam
da ação, que reivindica que a área seja destinada para a Reforma Agrária.
Recentemente a imprensa divulgou que a fazenda foi
citada nas delações de Ricardo Saud e Joesley Batista, em âmbito do inquérito
que investiga MP dos Portos. Saud e Joesley relataram conversas com o Deputado
Paulinho da Força (SD), onde este afirma que a Fazenda Esmeralda é de
propriedade de Michel Temer.
Oficialmente a Fazenda Esmeralda pertence a empresa
Argeplan, de um “amigo pessoal” do manequim de funerária, João Batista Lima
Filho, o Coronel Lima. Há pouco tempo, Temer e Lima tiveram o afastamento de
seus sigilos bancários e fiscais solicitados pelo ministro Luis Roberto
Barroso, relator do inquérito no STF.
O ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures, e outros
dois ex-executivos da empresa Rodrimar, concessionária do porto de Santos,
também tiveram seus sigilos quebrados.
“Esta é a terceira vez que o MST ocupa a fazenda
Esmeralda, denunciando a ilegitimidade do governo golpista de Temer e nos
posicionando contra a sua agenda de retrocessos para a classe trabalhadora”,
informa a dirigente do MST, Joana Costa.
• “Chumbo Grosso”? A
denúncia está sendo feita pela revista Carta Capital que fala sobre a
existência de um novo movimento chamado “Brasil 200”, um grupo de empresários
aliados ao Movimento Brasil Livre (MBL), que está montando um plano para criar
uma campanha favorável à intervenção federal decretada pelo ilegítimo no Rio de
Janeiro. O projeto inclui a implantação de medidas radicais na área de
segurança pública, ao menos uma delas inconstitucional, acoplada a uma campanha
de comunicação “de guerrilha” pró-intervenção. As informações estão em
documento divulgado na quarta-feira (7) pelo jornal Folha de S. Paulo.
O documento é uma apresentação de PowerPoint de 24
páginas, intitulado Plano Nacional Emergencial de Segurança e Combate ao Crime.
Há cinco objetivos, sendo o mais destacado deles “reduzir o impacto do crime no
desenvolvimento econômico”. Há no início da apresentação um esboço do sistema
de segurança público brasileiro e recomendações genéricas a respeito de
mudanças que devem ser realizadas.
A maior parte do documento se dedica a defender
mudanças na legislação penal e nas práticas de segurança pública. Entre as
propostas estão ocupações militares por forças especiais do Exército e da
Marinha no Rio de Janeiro, o fim do sigilo advogado-cliente e do Estatuto do
Desarmamento, a redução da maioridade penal e o fim das medidas socioeducativas
a menores infratores.
O grupo quer ainda acabar com a progressão de regime,
com os indultos aos presos, com o auxílio-reclusão pago a dependentes de presos
nos regimes fechado e semiaberto e com o limite de 30 anos de cadeia previsto
no Código Penal, entre várias outras propostas.
A parte final do documento é dedicada a uma estratégia
de comunicação que tem como objetivo “criar uma campanha de engajamento” da
população do Rio de Janeiro “evocando o espírito patriótico e aumentando assim
a percepção positiva da operação”.
O documento detalha uma série de iniciativas através da
mídia e de redes sociais para tentar “desconstruir” as denúncias sobre as ações
do Exército contra os moradores de comunidades e chega ao ponto de propor uma
visita do manequim de funerária a “áreas pacificadas” para “prestigiar as
tropas e inspirar patriotismo”.
O Movimento Brasil Livre é um grupo próximo a Michel
Temer. O PMDB, hoje MDB, partido do presidente, foi um dos vários que financiou
o MBL na campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff, como mostrou reportagem
do portal UOL publicada em 27 de maio de 2016. Já no poder, em setembro de
2016, Temer pediu a consultoria do MBL para tornar as reformas trabalhista e da
Previdência mais palatáveis para a população.
O Brasil 200 é formado por uma maioria de empresários,
gente que “resolveu tomar o lado do Brasil e não se omitir da construção de uma
agenda política que ponha a nação em primeiro lugar”.
• Uma correção: no
último número do Informativo cometemos um engano ao falar que o “juíz” Sergio
Moro e sua esposa recebem o auxílio moradia. Na verdade, quem recebe duplamente
o auxílio são os Bretas (Marcelo Bretas, juíz responsável pelos julgamentos da
Operação Lava Jato, e sua esposa, também juíza). Grato ao companheiro e amigo
Glauco.
• Venezuela (1). Já
comentamos em nosso Informativo, há algum tempo, que um dos maiores interesses
estadunidenses na Venezuela é o problema do petróleo. Desde 2011 falamos sobre
os descobrimentos de jazidas riquíssimas no país latino-americano.
O boletim estatístico anual da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep) dizia que, em 2010, as reservas comprovadas de
petróleo da Venezuela ultrapassaram as da Arábia Saudita e se tornaram as
maiores do mundo. Segundo a Opep, as reservas comprovadas de petróleo da
Venezuela alcançaram 296,5 bilhões de barris naquele ano, com crescimento de
40,4% no ano, enquanto as reservas sauditas ficaram em 264,5 bilhões de barris.
Especialistas no assunto dizem ainda que o petróleo
venezuelano é ainda melhor e mais fino do que os que chegam aos EUA vindo do
Oriente Médio, o que torna mais barato o refino.
Vale ainda lembrar que, desde 2007, o Governo
Bolivariano da Venezuela nacionalizou todas as empresas petrolíferas que atuam
na bacia do Orinoco e que essa receita é usada para beneficiar a população, não
para enriquecer multinacionais.
• Venezuela (2). No
extremo norte da América do Sul, a Venezuela tem posição estratégica
privilegiada na entrada do Mar do Caribe e Golfo do México, prioridade militar
naval dos EUA desde o século XIX. Só para lembrar, todos os navios comerciais
que se dirigem ao Canal do Panamá (ou de lá estão vindo) passam pelas costas da
Venezuela. E o movimento será ainda mais intenso quando for inaugurado o canal
que está em construção na Nicarágua.
Na geopolítica estadunidense, a Venezuela tem
fronteiras com dois países indispensáveis: a Colômbia – com entrada para os
dois oceanos (Pacífico e Atlântico), além de ser fonte importante para manter o
narcotráfico internacional que alimenta quase 80% do consumo estadunidense; o
Brasil – um eterno alvo de Washington não só pelas riquezas naturais e os
grandes reservatórios de água, mas por seu imenso litoral que serve aos
interesses estratégicos/militares.
• Venezuela (3). Nas
últimas semanas o governo de Washington redobrou sua atenção e suas ações para
provocar uma crise e poder controlar uma possível “mudança de regime” na
Venezuela.
Não faz muito tempo o próprio Trump parecida descartar
uma possibilidade de intervenção militar, mas os analistas começam a achar que
a alternativa não está totalmente descartada.
Um dos principais aliados estadunidenses na política
venezuelana, Henri Falcán, é candidato nas eleições presidenciais, mas parece
não contar mais com o apoio total de Trump que está mais inclinado a defender
os “democratas” que decidiram boicotar as eleições, o que daria a desculpa que
Washington precisa para provocar uma intervenção com a ajuda dos “países
amestrados” (Brasil, Colômbia, Peru e outros).
Só para lembrar, Falcón é oficial do exército
venezuelano, aposentado e ex-governador do estado de Lara. Algumas pesquisas o
mostram liderando a preferência e isso coloca uma dúvida na cabeça dos
analistas: por que os EUA estariam “rifando” esse candidato e preferindo a
“oposição” que vai se esconder das eleições?
• Venezuela (4). Só
para lembrar, desde agosto de 2017 Trump impôs uma violenta campanha contra a
Venezuela, decretando sanções financeiras e forçando os “países amigos” a
boicotar qualquer relação comercial com o país de Maduro.
Por mais inacreditável que pareça, com toda a crise
internacional no preço do petróleo, Trump está pensando em uma nova “arma”
contra a Venezuela: vai provocar um bloqueio às vendas de petróleo venezuelano
através dos seus países capachos. A medida só não foi ainda posta em prática,
segundo alguns analistas, porque prejudicaria algumas empresas estadunidenses
especializadas em refino que importam o petróleo venezuelano.
Mas, para derrubar o regime bolivariano e dar uma nova
lição de obediência à América Latina vale tudo, não é?
• Pobre México! Viver
ao lado do país mais violento do planeta e o maior incentivador do uso de armas
no planeta, realmente, não é uma situação das mais fáceis. Não só o Brasil e
outros países pelo mundo vivem os problemas causados pela imensa exportação de
armas daquele país.
Sim, dizemos Brasil, também, porque ninguém deve se
iludir sobre a origem das muitas e muitas armas que estão nas mãos dos
traficantes em nosso país. De nada adianta intervenções militares artificiais
decretadas pelo manequim de funerária no Rio de Janeiro se imensas quantidades
de armas vindas dos EUA continuam chegando aos bandidos, muitas vezes trazidas
pelos próprios militares, como comprovam recentes notícias em nossos jornais.
Mas devemos deixar a questão do Rio de Janeiro de lado
e voltar os olhos para o que acontece no México, pobre México.
Segundo as notícias que estamos recebendo, em 2017 o
país viveu um dos anos mais violentos de sua história, com o maior número de
homicídios das últimas décadas. A maior parte dessas mortes foi provocada por
armas fabricadas nos EUA ou que foram vendidas através da “grande nação”.
Os dados foram recolhidos pelo Secretariado Executivo
do Sistema Nacional de Segurança Pública e mostram que o aumento do uso de
armas de fogo provenientes dos EUA já é preocupante. Em 1997, o número de
homicídios por armas de fogo foi de apenas 15% do total no país. Em 2007 o
percentual já havia saltado para 39% e, em 2016, chegou a 61%. Em 2017 os casos
registrados foram superiores a 66%!
Mas não só os homicídios viram o aumento do uso de
armas de fogo. Também as estatísticas de roubos deram um salto de 58%, em 2005,
para 68% no ano passado.
Um levantamento superficial realizado pela polícia
mexicana diz que o total de armas de fogo em poder da população já chega a um
milhão! Armas, devemos dizer mais uma vez, provenientes dos EUA.
• Colômbia: FARC desiste de disputar eleições presidenciais. A Força Alternativa Revolucionária da Colômbia (FARC),
partido político surgido a partir do acordo realizado entre as FARC-EP e o
governo colombiano, anunciou que não vai mais disputar as eleições
presidenciais no país no dia 27 de maio.
O principal motivo da retirada da candidatura é o
estado de saúde do candidato Rodrigo Londoño, conhecido como comandante
Timochenko, que está com problemas cardíacos e impossibilitado de participar
dos muitos compromissos de campanha.
Mesmo retirando a candidatura à presidência, a FARC
está mantendo seus candidatos para as eleições ao Congresso colombiano e
conclama a população a votar em massa, ainda que continue denunciando que o acordo
assinado não está sendo cumprido pelo governo.
Há uma completa falta de garantias eleitorais na
Colômbia e a violência política contra o partido é uma realidade, com
constantes assassinatos de ex-membros do grupo insurgente e de lideranças
sociais.
• Na Europa, mais um ataque às mulheres trabalhadoras. Muitos pensam que apenas nos países mais pobres a
mulher e explorada e vai perdendo seus direitos, mas a verdade é que o ataque
do sistema ao conjunto da classe trabalhadora não tem fronteiras e nem limites.
Agora estamos recebendo a notícia que se abriu uma nova
janela ou uma verdadeira porteira para os patrões europeus dispostos a demitir
“de forma legal” as mulheres trabalhadoras que engravidarem. Ou, como diria o
canalha bostonaro, mulher tem que ganhar menos porque engravida.
O “magnífico” Tribunal de Justiça da União Europeia
(TJUE) aprovou, no dia 22 de fevereiro de 2018, uma decisão de extrema
violência contra as trabalhadoras. Acredite quem quiser, mas, em resposta a uma
consulta de um tribunal espanhol, o TJUE considerou “legal” a demissão, em
2013, de uma mulher grávida numa empresa espanhola, como parte das demissões em
massa executados pelos empregadores. Ao mesmo tempo, com o ultrajante
raciocínio de que a demissão de uma trabalhadora grávida é permissível desde
que a razão declarada para a mesma não seja a sua própria gravidez, o TJUE abre
o caminho para o lançamento generalizado de demissões de mulheres grávidas, o
que já está sendo feito por grandes empresas.
A realidade é que, para fazer frente à crise econômica
que envolve toda a Europa, as grandes empresas encontraram uma única forma:
reduzir salários e demitir trabalhares/trabalhadoras.
• Lá como cá. O
escritório europeu de estatísticas da Eurostat confirmou que por cada euro
recebido por homens trabalhadores, na União Europeia, uma mulher ganha, em
média, 0,84 centavos. Os números foram recolhidos em 2016, mas a situação pode
ser ainda pior.
As pesquisas mais atuais mostram que a diferença entre
os salários de homens e mulheres no conjunto dos países da União Europeia é, em
média, de 16%. Os números são muito diferentes: Romênia – 5,2%; Itália – 5,3%;
Bélgica – 6,1%; Polônia – 7,2%; Malta – 11%; Suécia – 13,3%; Espanha – 14,2%;
Dinamarca – 15%; França – 15,2%; Estônia – 25,3%; República Tcheca – 21,8%;
Alemanha – 21,5% e Reino Unido – 21%.
• Nosso Informativo antecipou. Será que pode haver uma reaproximação entre as duas
coreias? Teria sido a realização dos Jogos Olímpicos de Inverno uma porta para
dar “dor de cabeça” à indústria armamentista estadunidense? Os planos de
Washington para manter uma guerra permanente na região estaria naufragando?
A verdade é que o presidente estadunidense, Donald
Trump, aceitou na quinta-feira (15) se reunir com o líder da Coreia do Norte,
Kim Jong-un, provavelmente em maio. O local ainda não foi definido. O convite
para um diálogo não é inédito, mas pela primeira vez um presidente
estadunidense aceita a proposta de negociação.
Certamente que a reunião marcará dura derrota para os
“falcões” que dominam a política externa dos Estados Unidos. Especialistas
acreditam que, como reação, novas denúncias contra Trump surgirão na imprensa
local. A decisão do presidente foi saudada pela China e pela Coreia do Sul.
Kim Jong-un admite interromper o programa nuclear de
seu país se os Estados Unidos derem garantias de que a segurança da Coreia do
Norte estará garantida. Este é o ponto central das negociações, que terão que
envolver a presença dos EUA na Coreia do Sul.
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