domingo, 18 de março de 2018

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






O recado do assassinato de Marielle.
(Ernesto Germano)
“O fascismo é o movimento da pequena-burguesia voltado para o grande capital, que utiliza esse movimento para suas finalidades contra as da classe operária. (...) Pois, a ditadura apoiada nos pequeno-burgueses não é a ditadura da pequena-burguesia. Ela é a ditadura do grande capital, como hoje parece evidente (...)” (August Thalheimer – “O fascismo, a pequena-burguesia e a classe operária”).
O recado do fascismo foi dado com o assassinato de Marielle Franco. E, na tarde de sexta-feira (16) pudemos comprovar que não foi banditismo. Pelas notícias que vemos nos grandes jornais, por mais que sejam manobrados e comandados pelos reacionários em nosso país, a Polícia Civil do Rio encontrou na cena do assassinato de Marielle munições do mesmo lote ao qual pertenciam as balas usadas no caso que terminou com 17 mortos e sete feridos na Grande São Paulo em 2015. A nota foi divulgada quando foi constatado que munições 9 milímetros do lote UZZ-18 da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), originalmente encaminhado para a Polícia Federal em Brasília em 2006, foram usadas na morte da parlamentar.
Deu para entender? Um lote de munição que foi enviado para a Polícia Federal foi usado em dois casos de extermínio. Estavam nas mãos de bandidos, com distintivos ou não!
Como analisamos, desde a noite de quarta-feira, o assassinato de Marielle não é um caso isolado ou uma vingança pessoal, seja por quais motivos fossem. Isso está definitivamente ligado ao que vem acontecendo em nosso país desde o golpe de 2016: o impressionante aumento de assassinatos de lideranças populares, vozes que se levantam contra os que se apoderaram do Brasil e tudo fazem para levar a classe trabalhadora à miséria mais profunda e ao definitivo esgotamento.
Isso é o que vem acontecendo em nosso país: 1) Paulo Sérgio Almeida Nascimento, líder comunitário no Pará, morto no dia 12 de março de 2018 - era um dos líderes da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama) e foi alvejado por disparos do lado de fora de casa, na cidade de Barcarena. Ele vinha fazendo denúncias contra a refinaria Hydro Alunorte, responsável pelo vazamento de dejetos tóxicos nas águas da região no começo do mês; 2) George de Andrade Lima Rodrigues, líder comunitário em Recife, assassinado no dia 23/02/18 - foi encontrado com marcas de tiros e um arame enrolado no pescoço, após três dias de buscas. O corpo dele foi achado em um matagal às margens de uma estrada de terra. Ele havia sido sequestrado por quatro homens que se diziam policiais; 3) Carlos Antônio dos Santos, o “Carlão”, líder comunitário no Mato Grosso, assassinado em 07/02/18 - era um dos líderes do Assentamento PDS Rio Jatobá, em Paranatinga, no Mato Grosso, e foi morto a tiros, por homens em uma motocicleta, em frente à prefeitura da cidade. Ele estava dentro de um automóvel com a filha e a esposa, que chegou a ser atingida de raspão. Carlão já havia feito várias denúncias à polícia de que estava sendo ameaçado; 4) Leandro Altenir Ribeiro Ribas, líder comunitário em Porto Alegre, assassinado em 28/01/18 - era líder comunitário na Vila São Luís, ocupação da zona norte da capital gaúcha. Ele havia deixado de dormir em casa desde alguns dias antes por conta da guerra entre traficantes da região. No dia em que foi assassinado, voltou à vila para pegar roupas, mas acabou sendo morto. A polícia suspeita de que Ribas tenha sido executado pelos criminosos ao se apresentar como líder da comunidade e questionar as ações do grupo; 5) Márcio Oliveira Matos, liderança do MST na Bahia, assassinado no dia 24/01/18 - era um dos integrantes mais novos da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e morava no Assentamento Boa Sorte. Aos 33 anos, foi morto em casa, com três tiros, na frente de seu filho; 6) Valdemir Resplandes, líder do MST no Pará, assassinado no dia 09/01/18 - conhecido como 'Muleta', foi executado na cidade de Anapu, no Pará. Ele conduzia uma moto e foi parado por dois homens. Um deles atirou pelas costas; já no chão, o ativista foi alvejado na cabeça. A missionária norte-americana Dorothy Stang foi assassinada na mesma cidade, em 2005; 7) Jefferson Marcelo do Nascimento, líder comunitário no Rio, assassinado no dia 04/011/18 - era líder comunitário em Madureira e foi encontrado com sinais de enforcamento um dia após desaparecer; 8) Clodoaldo do Santos, líder sindical em Sergipe, assassinado em 14/12/17 - era líder do Movimento SOS-Emprego de Sergipe e foi baleado na cabeça por dois homens que foram à sua casa com a desculpa de entregar um currículo. Após orientar os criminosos a entregarem o documento diretamente à empresa que construía uma termoelétrica na região, o dirigente foi alvejado; 9) Jair Cleber dos Santos, líder de acampamento no Pará, morto em 22/09/17 - foi alvo de um ataque a tiros na companhia de outros quatro trabalhadores rurais. O acusado do assassinato é o gerente de uma fazenda ocupada por trabalhadores ligados à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará). A polícia esteve no local momentos antes e os trabalhadores que estavam lá acusam-na de ter facilitado a fuga do gerente e de outros pistoleiros; 10) Fabio Gabriel Pacifico dos Santos, o “Binho dos Palmares”, líder quilombola na Bahia, assassinado em 18/09/17 - era líder do quilombo Pitanga dos Palmares, na cidade de Simões Filho, Bahia. Ele havia acabado de deixar o filho na escola e seguia para o enterro de uma amiga quando foi abordado por homens em um carro. Um deles desceu do veículo e atirou várias vezes na direção do líder; 11) José Raimundo da Mota de Souza Júnior, líder do Movimento dos Pequenos Agricultures (MPA) na Bahia, morto em 13/07/17 - o quilombola Souza Júnior era defensor da agroecologia e educador popular. Momentos antes do crime, o líder camponês havia sido procurado por dois homens em casa. Ele foi baleado enquanto trabalhava na roça com o irmão e um sobrinho; 12) Rosenildo Pereira de Almeida, o “Negão”, líder comunitário da ocupação na Fazenda Santa Lúcia, no Pará, assassinado em 08/07/17 - líder camponês, ligado ao MST, foi morto na cidade de Rio Marias, próxima à fazenda. Ele havia ido ao local para se esconder após reiteradas ameaças de morte. ele foi executado por dois motoqueiros com três tiros na cabeça; 13) Eraldo Lima Costa e Silva, líder do MST no Recife, assassinado em 20/06/17 - tinha 57 anos, estava em casa, em uma ocupação na zona norte do Recife, quando homens armados o arrastaram para fora e o executaram às margens da BR-101, com quatro tiros; 14) Valdenir Juventino Izidoro, o “Lobó”, líder camponês de Rondônia, morto em 04/06/17 - foi morto com um tiro a queima roupa em um acampamento em Rondominas, Rondônia. Ele liderava um grupo de sem-terra em ocupações na região; 15) Luís César Santiago da Silva, o “Cabeça do Povo”, líder sindical do Ceará, morto em 15/04/17 - tinha 39 anos quando foi executado em uma estrada no município de Brejo Santo (CE). Ele era membro do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem (Sintepav-CE) e com militância ativa nas obras do porto de Pecém; 16) Waldomiro Costa Pereira, líder do MST no Pará, assassinado em 20/03/17 - era servidor público e atuante no MST, foi morto dentro do Hospital Geral de Parauapebas, no Pará. Cinco homens armados renderam seguranças e foram até a UTI, onde atiraram no ativista. Ele estava internado após ser atacado em seu sítio, em Eldorado dos Carajás; 17) João Natalício Xukuru-Kariri, líder indígena em Alagoas, 11/10/16 - liderança história dos povos indígenas do nordeste, Xukuru-Kariri foi morto a facadas na porta de casa, em uma aldeia indígena em Alagoas. O assassinato ocorreu de madrugada, quando o camponês se preparava para ir trabalhar na roça.
A lista é ainda mais longa, mas já demos o quadro para ser analisado. Governo golpista assume o Brasil, a direita cresce e líderes sociais e sindicais vão sendo “desaparecidos”. Mais alguma dúvida?
Vamos conversar sobre “favelas”? (1)
(Ernesto Germano)
“Numa vasta extensão / Onde não há plantação / Nem ninguém morando lá / Cada um pobre que passa por ali / Só pensa em construir seu lar / E quando o primeiro começa / Os outros depressa procuram marcar / Seu pedacinho de terra pra morar / E assim que a região / Sofre modificação / Fica sendo chama de “a nova aquarela” / É aí que o lugar / Então passa a se chamar / Favela”
(Música de Padeirinho e Jorginho – gravação de Nara Leão / 1966)
Os recentes acontecimentos no Rio de Janeiro, com a intervenção militar e o assassinato de uma lutadora que surgiu em uma favela levaram-me a escrever essa série de artigos que inicio agora.
Na segunda metade da década de 1970 fui proprietário e editor de um jornal chamado Hora Extra, que teve vida muito curta porque era difícil manter apenas com o meu salário. Mas o jornal tinha uma característica básica: foi criado para dar voz às associações de bairros e de favelas do Rio de Janeiro.
Nos poucos números que consegui publicar, fizemos matérias sobre a Associação de Moradores do Jacarezinho, de Vila Cruzeiro, do Morro do Dendê, do Morro Nossa Senhora das Graças, a Praia da Rosa, da Praia de Ramos, do Parque União e mais algumas. Foi um grande aprendizado para mim, pois eu queria que os próprios moradores escrevessem a história e eu apenas editava, corrigia a redação, etc. Mas fiz excelentes e inesquecíveis entrevistas com antigos moradores que contaram com detalhes a história da criação das associações e as lutas dos moradores para garantir suas moradias.
Uma das histórias que jamais esquecerei foi contada por um senhor, negro, morador da Praia de Ramos e um dos fundadores da Associação. Ele contou que, quando a favela começou a crescer na beira da praia, em palafitas, houve uma ameaça do governo que queria desalojar os moradores e tomar o local.
Ali moravam trabalhadores de muitas fábricas da região (Penha, Bonsucesso, Ramos, etc.) e era muito mais próximo dos empregos e tinham um barraco para morar. Mas o medo de perderem suas moradias, por mais precárias que fossem, era constante.
Depois de muitas resistências, resolveram construir uma pequena ponte sobre o manguezal. Juntaram o pouco dinheiro que cada um podia dar e compraram trilhos antigos de bondes para fazer a estrutura da ponte. Criaram uma entidade chamada “Associação Pró-Melhoramentos da Praia de Ramos” e asseguraram legalmente um melhoramento no local – a ponte – que dava posse aos que ali haviam trabalhado. Foi o suficiente para afastar as ameaças de despejo e destruição dos barracos.
Das muitas histórias que ouvi naquela época, quase todas se pareciam: moradores de uma ocupação se uniam para criar melhoramentos no bairro e assegurar o direito de permanecerem em seus lares, por mais pobres e precários que fossem.
Toda essa história me levou a pesquisar mais sobre o tema. Na época não tínhamos a facilidade de pesquisas virtuais que hoje temos. Fui para muitas bibliotecas, livrarias antigas, etc. Li o que pude encontrar e “viajei” para a cidade de Recife, o que me pareceu ser a origem do que hoje conhecemos como favelas.
Segundo a história que encontrei, os trabalhadores camponeses que eram atraídos pelos grandes engenhos não tinham onde morar. Uma viagem de ida e volta entre a casa e o trabalho era muito longa e impossível. A alternativa foi começar a construir, nos alagados de Recife, palafitas muito próximas dos engenhos. E aquela forma de moradia foi crescendo e se espalhando.
Em uma obra que é um marco na literatura e no teatro brasileiros, João Cabral de Melo Neto descreve essa situação: “Não o vejo dentro dos mangues, vejo-o dentro de uma fábrica: se está negro não é lama, é graxa de sua máquina, coisa mais limpa que a lama do pescador de maré que vemos aqui, vestido de lama da cara ao pé. E mais: para que não pensem que em sua vida tudo é triste, vejo coisa que o trabalho talvez até lhe conquiste: que é mudar-se destes mangues daqui do Capibaribe para um mocambo melhor nos mangues do Beberibe”. (Morte e Vida Severina)
Desde a segunda metade da década de 40 do século passado e principalmente durante a década de 50 as grandes cidades vão inchando com a chegada dos trabalhadores que são expulsos do campo e buscam um emprego na indústria que crescia. No Rio de Janeiro, entre 1950 e 1960, a população cresceu a uma média de 100.000 habitantes por ano e São Paulo dobrou a população no mesmo período. Esta gente pobre, explorada, vai sobrevivendo como pode em bairros periféricos e sem infraestrutura adequada.
O nome muda em cada região, mas a miséria é a mesma: em Recife, mocambos e alagados; em São Luís, palafitas; em Salvador, alagados; no Rio, favelas; em São Paulo, cortiços; em Porto Alegre, malocas.
O início da década de 60 marca também um processo de organização dos moradores desses bairros. Com vários nomes (Associações, Uniões, Ligas, etc.) esta população vai se organizando e começa a cobrar providências e atenção dos governos. Em vários casos, participam e prestam solidariedade aos movimentos grevistas.
(Este artigo continua)
Coitadinhos!
(Ernesto Germano)
Hoje, lendo um artigo em Carta Capital, descobri que os “pobres” senhores juízes neste país são dignos de pena e estão corretos em fazer uma greve em defesa de seus “direitos”.
Ora, uma consulta pela Internet vai nos mostrar que o salário mensal médio dos juízes brasileiros em 2016 foi de 47,7 mil reais, incluindo benefícios. Repararam no detalhe: em 2016! E o teto constitucional era de 33,7 mil reais mensais...
Mas o que devemos saber é que eles recebem alguns “míseros” benefícios que os ajudam a sobreviver nessa selva econômica. Vejamos o que recebem esses “sofredores” servidores públicos:
1) Auxílio-moradia – com valor fixado em 4,3 mil reais, o auxílio é atualmente pago a todo juiz que requerer o pagamento; 2) Auxílio-alimentação - cada juiz recebe 884 reais por mês; 3) Auxílio-saúde – o valor varia de 250 reais a mil reais , conforme a faixa etária do beneficiário; 4) Auxílio pré-escolar - cerca de 700 reais por filho de até os cinco anos de idade; 5) Ajuda de custo - paga em caso de mudança de domicílio devido ao cargo, para custear despesas de transporte e mudança. Valores podem chegar a quase 30 mil reais; 6) Auxílio-funeral – a família recebe valor equivalente a um mês de remuneração do juiz; 7) Abono de permanência - pago quando o servidor já poderia se aposentar e continua trabalhando. O valor é de cerca de 3 mil reais mensais; 8) Férias não tiradas – os pobres magistrados brasileiros têm direito a 60 dias de férias por ano. Quando não tiram o período inteiro, podem requerer pagamento relativo aos 30 dias não tirados. Valor que para muitos juízes gira em torno de 30 mil reais; 9) Gratificação por exercício cumulativo – é paga para juízes que exercem mais de um cargo. Varia de cerca de mil reais mensais a valores próximos de 10 mil reais mensais; 10) Gratificação por encargo de curso ou concurso – é paga, por exemplo, aos servidores que participam de cursos de capacitação como instrutores ou na preparação de material didático. Os valores vão de 500 reais a 25 mil reais, dependendo da atividade realizada; 11) Gratificação natalina - cerca de 900 reais pagos no mês de dezembro; 12) Auxílio-natalidade - valor de cerca de 650 reais no mês de nascimento do filho.
Pouca coisa, não é? Pobres senhores juízes e magistrados.
Algo diferente no STF? O que está acontecendo dentro do STF e é tão escondido pela imprensa amestrada? Cármen Lúcia, com sua imagem vampiresca, está perdendo o controle da situação?
O fato é que, na quarta-feira (14), por mais canalha que seja, Gilmar Mendes resolveu enfrentar a “toda poderosa” aliada de Temer e dos golpistas ao conceder liminar contra a execução de pena da pena de quatro réus que haviam sido condenados em segunda instância, o que suspendeu a ordem de prisão contra os condenados na Operação Catuaba.
Ao conceder o habeas corpus aos quatro condenados, Gilmar Mendes está reabrindo uma importante discussão que se arrasta e demonstra a ilegalidade do atual STF que se coloca acima da Constituição Federal. Vamos explicar melhor.
Na Constituição de 1988, chamada por Ulisses Guimarães de “Constituição Cidadã”, consta em seu Artigo 5º que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”. No inciso LVII do mesmo Artigo vamos ler que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Difícil de entender? Não! Esse é o grande problema nos debates mais atuais. O ex-presidente Lula pode ser preso com a condenação em segunda instância? Segundo a Constituição, não pode! Mas o nosso Supremo, sob a batuta da “vampira brasileira” está passando solenemente por cima da Carta Maior.
Acontece que a decisão de Gilmar Mendes, nesta semana, abriu um precedente. Na surdina, isso deu novo gás para um grupo de ministros do STF que estão inclinados a votar a favor de que os réus tenham direito de aguardar em liberdade o chamado “transitado em julgado”, ou seja, até que todos os recursos estejam esgotados.
É de nosso conhecimento que alguns ministros já tomaram posições semelhantes à de Gilmar Mendes: Marco Aurélio, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski, Dias Tofolli e Rosa Weber.
Outro importante dado nessa disputa é a ação do ministro da Secretaria de Governo do ilegítimo Temer, Carlos Marun. Por mais canalha que seja, na ânsia de salvar seu “chefe” abriu uma nova brecha e botou mais lenha na fogueira.
Segundo matéria no Jornal do Brasil, Marun está correndo para defender o “manequim de funerária” e diz que há condições de pedir o impeachment do ministro do STF, Luís Roberto Barroso. A raiva do governo ilegítimo contra Barroso é porque ele autorizou a quebra de sigilo bancário de Temer!
Na matéria citada, Marun teria dito que “um juiz não pode ter atividade político-partidária”. Segundo ele, “o pessoal até pode vestir a camisa vermelha por baixo do terno ou azul, mas isso não pode interferir nas decisões exaradas pelo seu juízo”. Será que isso vale para todos os juízes? Ou só vale para o que prejudicou o ilegítimo?
Esta semana será muito movimentada e aguardamos muita polêmica e algumas surpresas.
Mais uma vez, cubanos dão aula de democracia. Por mais que a direita mais reacionária continue divulgando falsas notícias sobre uma “ditadura cubana”, o povo da Ilha continua dando demonstrações de educação democrática e participação na vida política do país.
No domingo (11), milhões de cubanos foram às urnas para eleger os deputados do novo Parlamento e os deputados das Assembleias Provinciais (uma espécie de Câmara de Vereadores de lá). Em ambiente de festa, com crianças sendo responsáveis e guardiães de todas as zonas eleitorais, o povo voltou a confirmar o apoio à Revolução, ao socialismo e à liberdade democrática.
Foram eleitos 605 deputados e 1.256 delegados às Assembleias Provinciais. Mais de 80% dos eleitores em condições de voto compareceram às urnas e demonstraram como funciona uma verdadeira democracia, onde os candidatos são escolhidos pelo próprio povo e não há participação de qualquer partido político.
Que grande contraste! Enquanto o povo cubano participava em massa do processo eleitoral no país, ali, bem próximo, na Colômbia, o povo se recusava a participar da farsa eleitoral. Um verdadeiro fiasco.
Acontece que dos mais de 36 milhões de colombianos habilitados para votar, mais de 54% desses preferiram ficar em casa nas eleições de domingo (11).
Por mais que os partidos “oficiais” tenham mobilizado carros e pessoas para levar os eleitores às urnas, a verdade é que foi um grande fracasso, mostrando que o governo capacho dos EUA não tem qualquer legitimidade.
Vale lembrar que o FARC, partido surgido do grupo guerrilheiro FARC-EP, havia denunciado as ameaças aos seus candidatos e aos que simpatizam com suas propostas.
A “democracia” burguesa é muito diferente, não é?
Trump está preparando mais um golpe? Qual a nova armação de Donald Trump? O que está tramando com as novas movimentações em seu governo?
Na terça-feira (13), Trump demitiu o seu secretário de Estado, Rex Tillerson (ainda acho que Rex é nome de cachorro), e anunciou a nomeação de Mike Pompeo, até então diretor da CIA, para o cargo. Curiosamente, o anúncio da mudança foi feito pelo Twitter, mostrando o desprezo do presidente às fontes formais de informação.
Tudo indica que está havendo um endurecimento na política da “grande nação do Norte”. O anúncio diz que “Mike Pompeo, diretor da CIA, vai se tornar nosso novo Secretário de Estado. Ele fará um trabalho fantástico! Obrigado, Rex Tillerson, pelo seu serviço! Gina Haspel vai se tornar a nova diretora da CIA, e a primeira mulher escolhida para o cargo. Parabéns a todos!”, escreveu Trump.
Acontece que a nova diretora da CIA é bem conhecida. Haspel era responsável por uma prisão secreta da CIA na Tailândia conhecida pelo nome de Cat’s Eye (Olho de Gato). A agente dirigia a prisão no ano de 2002, onde se encontravam vários suspeitos de terrorismo detidos pelos EUA após os ataques do 11 de setembro de 2001.
São muitas as denúncias de tortura de prisioneiros durante o comando de Haspel, envolvendo afogamentos e agressões.
A saída de Rex representa uma das mudanças mais significativas do governo de Trump, e vem em um momento em que os EUA ensaiam uma reaproximação com a Coreia do Norte. A relação entre os dois – Trump e Rex – já apresentava desgastes. Sendo representante das grandes financeiras estadunidenses, Rex estava “batendo de frente” com o presidente. No caso da relação com o caso do envenenamento do ex-espião russo em Londres, o então secretário de Estado teria chamado o presidente de “idiota” durante uma reunião com o alto escalão do departamento.
My Lai – meio século depois e eles continuam matando impunemente!
(Ernesto Germano)
A barbaridade de tropas estadunidenses contra crianças, mulheres e idosos em uma aldeia muito pobre do Vietnam só foi conhecida porque um jornalista, Seymour Hersh, teve a coragem de denunciar ao mundo o que havia acontecido. Em seu trabalho jornalístico ele entrevistou vários militares que participaram da operação e teve uma resposta que, ainda hoje, nos deixa perplexos: “As ordens eram para matar tudo o que se mexesse”, disse um militar.
As imagens que nos chocam até hoje foram registradas por Ron Haeberle, um fotógrafo militar que acompanhava o pelotão.
O assassinato de mais de 500 pessoas pelas “valorosas” tropas do Tio Sam durante a Guerra do Vietnam comoveu o mundo, apesar de todas as tentativas de Washington de abafar o caso e criar uma censura à imprensa.
No dia 15 de março de 1968, tropas da 11ª Brigada de Infantaria dos EUA, enviados à região para combater guerrilheiros vietcongs da Frente Nacional para a Libertação do Vietnã) receberam ordens para ocupar a pequena aldeia de My Lai e outras aldeias vizinhas sob a suspeita de que abrigavam os guerrilheiros. O sempre eficiente “serviço de informações” dos EUA disse que os moradores saíam sempre por volta das sete da manhã, para irem ao mercado comprar comida, e que os que ficassem na aldeia seriam “inimigos”.
No dia 16 de março de 1968, há exatos cinquenta anos, o pelotão comandado pelo tenente Wiliam Calley não fez por menos. A ordem era “procurar e destruir” e os soldados não pouparam ninguém. Durante quatro horas de operações mataram animais de criação, queimaram choupanas, violaram e mutilaram mulheres, assassinaram homens idosos e trucidaram as crianças “para não crescerem novos guerrilheiros”.
Quatro aldeias foram reduzidas a cinzas e a contagem de cadáveres assinala 504 pessoas mortas. Todas mulheres, crianças e idosos.
Curiosamente, o Exército dos EUA tratou de transformar o massacre em uma “grande vitória” e espalhou notícias na imprensa amestrada. Apenas dois anos mais tarde o público estadunidense tomou conhecimento dos fatos através das matérias de Seymour. De certa forma, o conhecimento daquele massacre fez crescer o movimento contra a guerra do Vietnam em todo os EUA.
Mas eles continuam matando e massacrando pelo mundo: Iraque, Afeganistão, Síria, etc. Até quando?

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