terça-feira, 3 de abril de 2018

Ato no Rio avança na criação de uma frente ampla pela democracia

UNIDADE POPULAR

Ato no Rio avança na criação de uma frente ampla pela democracia

Lula, Freixo, Boulos e Manuela D'Ávila estavam ao lado de Chico Buarque para impedir os retrocessos contra a democracia

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ)
,
Ouça a matéria:
Público no Circo Voador anunciava em coro “vai avançar a unidade popular”; Mãe e irmã da vereadora Marielle também estiveram presentes. / Ricardo Stuckert
Na noite desta segunda-feira (2) partidos de esquerda, como PT, PCdoB, PSOL, PSB, PDT e PCO, realizaram um ato pela democracia e contra o fascismo no Circo Voador, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Impactados pela execução da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e dos tiros disparados contra a caravana do ex-presidente Lula, os representantes partidários deixaram de lado o debate sobre alianças eleitorais e defenderam o fortalecimento de uma frente contra o governo de Michel Temer (MDB) e suas medidas que retiram direitos sociais, contra a ascensão das ações fascistas no Brasil e pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de seu direito de concorrer às eleições.
Enquanto o público anunciava em coro “vai avançar a unidade popular”, Lula, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e a deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) compuseram, ao lado de Chico Buarque, o centro do palco que, mais tarde, seria ocupado também pela mãe, Marinete da Silva, e irmã, Anielle Silva, da vereadora Marielle Franco.
A pré-candidata do PCdoB à presidência, Manuela D’Ávila, defendeu a formação de uma frente para impedir o processo de redução das liberdades que vem se acentuando no Brasil desde o impeachment de Dilma Rousseff, dando cada vez mais espaço para o fascismo.
“Marielle morreu porque se organizava e lutava contra esse fascismo. A nossa liberdade de organização é ameaçada. A liberdade de Lula circular e fazer sua caravana é ameaçada com tiros. O fascismo se expressa no Brasil buscando acabar com a nossa liberdade de sermos uma grande nação. A liberdade de sermos um país independente porque entregam as nossas riquezas, como é o caso do pré-sal”, disse.
Marcelo Freixo salientou que a morte de Marielle, assim como os tiros dados contra a caravana de Lula, ultrapassaram a fronteira que separa a democracia da barbárie. Para Freixo, a união neste momento é sinônimo de maturidade e uma atitude fundamental para impedir que a barbárie dispute uma eleição como se fosse uma alternativa normal.
“Estamos aqui porque não vamos precisar ter mais corpos para contar para estar junto no mesmo lugar. A gente as vezes demora pra aprender. O tema da democracia está acima de qualquer diferença que a gente tenha. E eu não estou aqui pra dizer que a gente não tenha diferença, claro que a gente tem diferença, mas sabendo que a nossa diferença, Tarcísio, seja qual for a diferença, ela é menor do que a luta de classes”, afirmou.
Já Lula afirmou que não foi ao ato para defender sua candidatura, mas sim a sua inocência. O ex-presidente disse ainda ser uma bobagem seus adversários acharem que tirá-lo do jogo eleitoral resolverá qualquer problema, pois seus pensamentos e sonhos continuarão presentes através de outros companheiros. Da mesma forma, o petista dirigiu-se à mãe de Marielle e disse que seu legado seguirá vivo.
“Eu quero agradecer de coração e dizer para a mãe da Marielle, naquele dia que eu conversei com você. Eu, depois, estava num ato público e eu falei: sabe qual é a bobagem dos caras que praticam violência? É que eles pensam que matando a carne eles acabam com a pessoa, mas eles não acabam com os sonhos, eles não acabam com as ideias”, colocou.
Lula classificou como um “luxo” o país poder ter jovens e diferentes candidatos à presidência como Manuela D`Ávila e Guilherme Boulos. Ele afirmou que a democracia “não é uma seita que todo mundo tem que falar a mesma língua, rezar o mesmo terço ou ler o mesmo livro”. Mas, alertou os candidatos para se preparem para uma longa luta.
“Se preparem porque a luta é longa, mas ela vale a pena. Por isso, companheiros, muito obrigado pelo gesto de todos vocês de virem a esse ato aqui. E eu espero que ele seja o primeiro de uma dezena, dezenas de atos, para que a gente possa consolidar a democracia. Não pensem que a luta é fácil. Lembrem da campanha das Diretas. A gente colocou muita gente nas ruas, mas fomos para o Congresso Nacional e fomos derrotados. Não tem problema que a gente perca uma luta, o importante é que a gente não perca a disposição de continuar lutando", concluiu.
Edição: Luiz Felipe Albuquerque

Nenhum comentário:

Postar um comentário