ELEIÇÕES 2018
Lula: 'Tiveram que desrespeitar a Constituição pra me prender'
"É um processo político, uma prisão política. O processo contra mim não aponta um crime, nem há provas", diz ex-presidente em entrevista ao jornal cubano Granma
por Redação RBA publicado 16/06/2018 07h55, última modificação 16/06/2018 07h58
RICARDO STUCKERT
Manifestação na Vigília Lula Livre nessa sexta (15). Segundo ex-presidente, querem fazer "democracia sem o povo"
São Paulo – Em sua primeira entrevista após ser preso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirma ao jornal cubano Granma que sua prisão é política, fazendo parte de um processo que se iniciou com a derrubada de Dilma Rousseff e que passa pela tentativa de impedir sua candidatura nas eleições presidenciais de outubro.
"É um processo político, uma prisão política. O processo contra mim não aponta um crime, nem há provas. Tiveram que desrespeitar a Constituição para me prender. O que está se tornando cada vez mais transparente para a sociedade brasileira e para o mundo é que eles querem me tirar das eleições de 2018. O golpe em 2016, com a retirada de uma presidenta eleita, indica que eles não admitem que as pessoas votem em quem quiserem votar", diz.
As respostas por escrito foram transmitidas por Frei Betto ao jornal. Lula conta que está lendo muito e refletindo sobre o que tem acontecido no Brasil. "Estou em paz com a minha consciência e duvido que todos os que mentiram contra mim durmam com a tranquilidade que durmo. Claro que eu gostaria de ter liberdade e estar fazendo o que fiz durante toda a minha vida: falar com o povo. Mas estou ciente de que a injustiça que está sendo cometida contra mim também é uma injustiça contra o povo brasileiro."
Para o ex-presidente, ataques à democracia são feitos não apenas no Brasil, mas em todo o continente. "A América Latina viveu nas últimas décadas seu momento mais forte de democracia e conquistas sociais. Mas recentemente as elites da região estão tentando impor um modelo onde o jogo democrático só é válido quando eles ganham, o que, claro, não é democracia. Então é uma tentativa de fazer uma democracia sem o povo", aponta. "Quando não sai do jeito que eles querem, eles mudam as regras do jogo para beneficiar a visão de uma pequena minoria. Isso é muito sério. E estamos vendo isso, não só na América Latina, mas em todo o mundo, um aumento da intolerância e perseguição política. Isso aconteceu no Brasil, na Argentina, no Equador e em outros países."
Confira a íntegra da entrevista aqui e a tradução feita pelo Nocaute.
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