No
país do “devo não nego”.
Pois é, o ditado original é “devo não nego, pago quando
puder”. Mais tarde, por humorismo ou por força da verdade, foi transformado em
“devo não pago, nego enquanto puder”! E o Brasil dos golpistas vive a triste realidade
do ditado antigo.
A crise econômica provocada pela política golpista, com
crescimento econômico invisível e aumento do desemprego, está fazendo milhares
famílias endividadas depois do golpe de 2016. E o número de brasileiros inadimplentes
no país chegou a 61,8 milhões em junho deste ano, de acordo com levantamento
feito pela Serasa Experian. Isso significa mais de 25% da nossa população total
(incluindo crianças e idosos)!
O quadro completo mostra que 40,3% da população adulta
está inadimplente. É a quinta alta mensal seguida e o maior nível de
endividamento registrado desde o início da pesquisa, iniciada em 2016.
No início da semana, o levantamento feito pelo Serviço
de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL) já apontava para o crescimento da inadimplência no País: 63,6
milhões de pessoas, o equivalente a 42% da população adulta brasileira.
Os dados de ambos os levantamentos levam em conta
brasileiros com o CPF restrito pelo atraso no pagamento de contas. As dívidas
bancárias, como cartão de crédito, cheque especial e empréstimos, foram as que
apresentaram a maior alta, com crescimento de 7,62%. Em segundo lugar ficaram
as contas básicas, como água e luz (6,69%), segundo dados da SPC Brasil e CNDL.
A faixa etária mais inadimplente continua sendo a dos
adultos entre 36 e 40 anos, com 47,3%. A inadimplência dos idosos, entretanto,
foi a que mais cresceu nos últimos dois anos. Em junho deste ano, 35% dos
brasileiros com mais de 61 anos de idade estavam com contas atrasadas. Se
comparado com o mesmo período de 2016, a inadimplência desse público registrou
crescimento de 2,6 pontos percentuais.
• Era só tirar a Dilma (1). Tiraram a Dilma em um golpe vergonhoso, mas o Brasil andou? A situação
dos trabalhadores melhorou?
A atividade econômica brasileira recuou em maio. O
Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), dessazonalizado
(ajustado para o período), apresentou queda de 3,34%, na comparação com abril,
de acordo com dados divulgados na segunda-feira (16).
A previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para
o PIB do Brasil também piorou. De acordo com relatório divulgado, o PIB deverá
avançar 1,8% este ano (previsão superior à da equipe econômica do governo).
Mesmo assim, a nova projeção está 0,5 ponto percentual abaixo da última
estimativa feita em abril, quando o FMI estimou que o crescimento seria de
2,3%.
Mas os analistas “amigos”, em uma inglória tentativa de
livrar a cara do governo golpista, continuam afirmando que a culpa de tudo é a
greve dos caminhoneiros. Por exemplo, agora dizem que a crise de desabastecimento
foi causada pela greve dos caminhoneiros, no final de maio, e é apontada como a
principal razão dos resultados negativos.
Um pouco mais com o pé no chão, em uma pesquisa da
Reuters, o analista da consultoria Tendências, Lucas Souza, diz que “a greve
veio e é principal fator, sim. Mas já havia muitos indicativos de que a
economia não apresentaria resultados tão expressivos”, afirmou, citando
trajetória declinante dos índices de confiança.
• Era só tirar a Dilma (2). Como não poderia deixar de ser, a desculpa é a mesma. Mas os técnicos
do governo ilegítimo são um pouco mais realistas do que os analistas
internacionais. Segundo o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas,
divulgado na sexta-feira (20) pelo Ministério do Planejamento, a estimativa
caiu de 2,5% para 1,6%.
A estimativa de inflação pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou de 3,4% para 4,2%. De acordo com a equipe
econômica, a alta do dólar e o impacto da paralisação dos caminhoneiros
contribuíram para aumentar a projeção de inflação oficial.
Divulgado a cada dois meses, o Relatório de Receitas e
Despesas orienta a execução do Orçamento para o restante do ano. Apesar de o
documento ser de autoria do Ministério do Planejamento, os parâmetros para a
economia são elaborados pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da
Fazenda.
Para 2019, a estimativa para o crescimento econômico de
2019 caiu de 3,3% para 2,5%, disse o secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk. Segundo ele, a queda de 0,9 ponto percentual
na projeção para o PIB de 2018 deve-se a três motivos: 0,2 ponto deve-se à
greve dos caminhoneiros, 0,35 ponto deve-se à diminuição da liquidez
internacional decorrente da perspectiva de aumento de juros nos Estados Unidos
e 0,35 ponto restante tem origem no agravamento das incertezas internas.
• Era só tirar a Dilma (3). O índice de mortalidade infantil voltou a aumentar no Brasil, pela
primeira vez, desde 1990. Levantamento do Observatório da Criança e do
Adolescente da Fundação Abrinq, com base nos dados do Ministério da Saúde,
mostra que o número de mortes por causas evitáveis de crianças entre um mês e
quatro anos de idade saltou de 5.595 para 6.212.
A Fundação Abrinq chama a atenção para o corte de
verbas e contingenciamento de orçamentos de programas como o Bolsa Família e a
Rede Cegonha, de apoio às mães na gestação e puerpério.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de
mortalidade de 2016 ficou em 14 óbitos infantis a cada mil nascimentos, um
aumento próximo de 5% sobre o ano anterior.
O Ministério (é claro) aponta a epidemia do vírus da
zika e a crise econômica como responsáveis pelo crescimento. Já a Fundação
Abrinq chama a atenção para o corte de verbas e contingenciamento de orçamentos
de programas como o Bolsa Família e a Rede Cegonha, de apoio às mães na
gestação e puerpério.
“Políticas de proteção social não podem sofrer cortes
nem ajuste orçamentário para o equilíbrio das contas públicas. Isso impacta
muito na sobrevivência das famílias pobres e extremamente pobres”, disse Denise
Cesario, gerente executiva da Fundação Abrinq, na Folha.
O ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, responsável
pela assinatura, em 2012, do compromisso firmado com a Organização das Nações
Unidas (ONU) para reduzir a mortalidade no País, explica que o congelamento de
20 anos dos recursos para a área da saúde, com a aprovação da PEC do Teto,
interferiu diretamente em programas sociais e resultou “nessa vergonha para o
país, que vinha com uma redução sucessiva da taxa de mortalidade infantil.”
“São as crianças nessa faixa etária [um mês a cinco
anos], em especial de famílias mais pobres, as primeiras a sentirem o impacto
das crises econômicas e sociais, com cortes em programas que atingem
diretamente a saúde delas, justamente nesse período delicado da vida, quando
elas estão em processo de formação”, disse Denise, da Fundação Abrinq.
• Era só tirar a Dilma (4). Como
temos comentado nos últimos números do Informativo, a alternativa dos golpistas
para o crescimento do desemprego no país seria uma “coisa” que recebeu o nome
de “empreendedorismo”. Nome bastante pomposo para um golpe contra a classe
trabalhadora que está perdendo empregos e é convidada a arcar com todas as
despesas de sua própria situação de pobreza. Mas, “eles”, os “pensadores” do
sistema neoliberal que se implanta no país, sempre encontram uma saída
“inteligente” que, com a ajuda da mídia e passando um verniz para fazer a
proposta brilhar, consegue atingir milhares de brasileiros que começam a pensar
em virar patrão. No tempo de Collor diziam “patrão de você mesmo”, agora chamam
de “empreendedor”, não é? Mas vejam o absurdo a que chegamos.
Em matéria com destaque, o jornal O Dia (RJ) escreve
que “empreender tem sido uma alternativa cada vez mais comum para alcançar o
sucesso pessoal e profissional em tempos de desemprego. Mas tirar uma ideia do
papel e estabelecer a própria empresa não é tarefa simples. Os especialistas
garantem: não existe uma fórmula mágica, mas sim atitudes e conceitos que
ajudam a chegar lá. Os caminhos serão apontados numa série de cursos gratuitos
oferecidos pela Univeritas, no Flamengo, a partir de sábado. O evento foi
desenvolvido em parceria com mais de 50 empresas e com o jornal O DIA, que publica
os cupons para inscrições nas aulas”.
Entenderam? O jornal O Dia, conhecido por ser um jornal
voltado para a população de baixa renda, começa a dar divulgação grátis para
cursos universitários que vão convencer os jovens de que o bom, mesmo, não é ter
um emprego, mas ser um empreendedor!
• Era só tirar a Dilma (5). A situação do trabalhador melhorou nesses dois anos de governo
golpista? O povo brasileiro vive melhor agora do que em 2015? A resposta pode,
mas não deve ser dada por análises políticas. Na verdade, precisa ser feita em
cima de dados reais.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15
(IPCA-15) teve em julho a maior variação para o mês desde 2004 e ficou em
0,64%, ante 1,11% em junho. Com o resultado, divulgado na sexta-feira (20) pelo
IBGE, a taxa no ano está acumulada em 3%. Em 12 meses, subiu para 4,53%,
passando de 5% na região metropolitana de São Paulo. Itens básicos, como alguns
alimentos, gás de cozinha e energia elétrica, tiveram alta neste mês.
Três grupos - Alimentação e Bebidas (0,61%),
Transportes (0,79%) e Habitação (1,99%) - foram responsáveis por 95% do índice
geral. No primeiro, o de maior peso na composição da taxa, a alta foi menor que
a de junho (de 1,57% para 0,61%), com queda em produtos como batata-inglesa
(-24,80%), tomate (-23,57%), cebola (-21,37%), hortaliças (-7,63%) e frutas
(-5,24%). Mas itens importantes no dia a dia continuaram registrando alta.
Casos do leite longa vida (18,30%), frango inteiro (6,69%), frango em pedaços
(4,11%), arroz (3,15%), pão francês (2,58%) e carne (1,10%).
• Em São Paulo a morte vai ser privatizada! Não, não é piada do nosso Informativo. O município de
São Paulo, governado pelo PSDB, está privatizando a morte.
Segundo matéria que recebemos, chegou ao fim o
Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) promovido pela Prefeitura de
São Paulo, que convocava os interessados da iniciativa privada para
apresentação de estudos e soluções visando “melhorias” dos 22 cemitérios e do
crematório públicos da cidade.
A proposta é tão estranha que até mesmo o empresariado
paulista está desconfiado. Adriano Napoli, representante do consórcio Zion,
participante no PMI, aprova o convite feito para o diálogo entre municipalidade
e iniciativa privada. No entanto, entende que o tema ainda carece de segurança
jurídica. “A cidade de São Paulo necessita, antes de mais nada, de um marco
legal sobre o setor. Um projeto de lei que reúna, de forma altamente
organizada, as inúmeras leis esparsas que hoje ditam, de forma arcaica e
desatualizada, as regras sobre o serviço funerário e sobre a administração de
cemitérios municipais e particulares”, afirma Napoli.
Outros defendem a proposta e querem ampliar, para
ganhar mais com a morte. Por exemplo, Bruno Gallo, CEO da Insurtech Amar
Assist, comenta que “a ineficiência do modelo operado até hoje pelo poder
público é enorme, seja pela administração sempre muito política das autarquias
ou das empresas públicas, que não objetivam proporcionar dignidade a um serviço
básico às famílias que acabaram de perder um ente querido”.
E ele quer ainda mais. “A concessão desse serviço deve
ser tratada de forma única. Acredito que uma concessão mais eficiente seja
aquela que englobe não só a administração dos cemitérios públicos pela
iniciativa particular, mas também a do serviço funerário”!
• Na contramão do mundo.
Enquanto o golpista brasileiro se desdobra para privatizar as empresas do setor
elétrico, o planeta já despertou para a importância da questão e o dever do
Estado em sua defesa.
A proposta de privatização da Eletrobras, sustentada
por setores que dominam o Governo Temer, vai na contramão do que ocorre no
mundo. Relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) mostra que 95% dos
investimentos feitos no setor de energia elétrica são estatais. A Agência
mostra ainda que os gastos em exploração e produção de petróleo feitos por
companhias estatais bateram novo recorde. A fatia de investimentos de
companhias estatais em energia (elétrica e óleo e gás) cresceu pelo quinto ano,
atingindo 40% do total em 2017. Alguém pode explicar isso ao manequim de
funerária, por favor?
• O golpe contra a Nicarágua. Em julho de 1979 o povo nicaraguense se levantou contra a ditadura de
Anastásio Somoza que dirigia o país há 40 anos. A participação de jovens
naquela jornada memorável foi tão importante que levou o jornalista brasileiro
Caco Barcelos a escrever um livro intitulado “Nicarágua – A revolução das
crianças”.
Mas um governo com viés socialista ou progressista na
América Central era a última coisa que existia nos planos de Washington e não
seria aturado de forma alguma. Já bastava Cuba, logo ali, no Mar do Caribe.
Mais um país não podia fugir aos desejos imperiais.
E logo foi armada uma das mais sórdidas e
impressionantes operações militares de que temos conhecimento: a operação “Irã
– Contras”. Ou seja, os EUA vendiam armas para grupos rebeldes no Irã, através
de Israel, e parte do lucro dessas vendas era usada para financiar os chamados
“contra”, grupos armados que lutavam contra o governo dos sandinistas e de
Daniel Ortega.
Em 1984 a Nicarágua realiza eleições gerais e, contra
toda a resistência dos EUA, Daniel Ortega é eleito presidente com mais de 67%
dos votos! Em 1990, depois de muitas tramoias e rios de dólares, a direita
volta ao poder no país com a eleição de Violeta Chamorro. Mas o sossego
estadunidense durou pouco e, em 2006, o povo reconduz Daniel Ortega à
presidência, reelegendo-o em 2011 e 2016.
Em uma das medidas mais marcantes da nova
administração, Ortega aproxima seu país da China e faz importantes acordos
comerciais e tecnológicos. Para irritar ainda mais os projetos do Pentágono e
dos grandes financistas estadunidenses, assina um acordo para a construção de
um novo canal ligando o Atlântico ao Pacífico e fazendo frente à dominação
estadunidense sobre o Canal do Panamá. Isso foi a “gota d’água” e não podia ser
perdoado.
Depois de usar todas as artimanhas conhecidas de seu
arsenal, incluindo aí envolver os setores mais à direita da Igreja católica na
região, não restou alternativa à CIA senão promover a desordem social, o caos e
o medo entre a população. Usando a mesma tática já usada em outros países,
começou a financiar e organizar quadrilhas de delinquentes e mercenários para
promoverem badernas, queima de prédios públicos, invasões a lojas e instalações
governamentais, fechamento de estradas e bloqueio de comunicações.
Uma pequena análise da prática desses grupos, da
técnica usada, da vestimenta e do material que usam já mostra que não se trata
de “reação espontânea do povo”, mas de grupos montados e financiados que receberam
(muitos deles) treinamento especial para provocar o maior prejuízo possível e
chamar a atenção do mundo para a Nicarágua.
O próximo passo seria usar as chamadas “organizações
democráticas internacionais” para apoiar uma medida de força, uma intervenção
ou um golpe aberto. E estamos exatamente nesse ponto da trama, contando com o
fato de que muitos outros golpes foram dados na América Latina (Honduras,
Paraguai, Brasil, Argentina, etc.) e Washington conta com governos amestrados e
muito fiéis para atender aos seus interesses.
Vale lembrar que, fazendo parte da cartilha da CIA,
toda a cobertura internacional feita pela mídia amestrada tem pintado com cores
alarmantes a repressão aos participantes do movimento oposicionista, não deixando
de relatar (verdadeiras ou não) prisões e até mesmo mortes.
• É um golpe em andamento, diz embaixadora. Em entrevista concedida ao jornal Brasil de Fato, Lorena
Martínez, representante do governo de Daniel Ortega em Brasília, diz que “estão
aplicando manual da desestabilização na Nicarágua”.
A embaixadora da Nicarágua defende que os protestos,
iniciados por conta de uma proposta de reforma da previdência, já não tem mais
razão de ser e são instrumentalizados pela direita e pelo empresariado. Para
ela, aplicam em seu país o mesmo “manual da desestabilização” utilizado em
outros países, incluindo a Venezuela e o próprio Brasil. Esclarece que as
atuais manifestações na Nicarágua contam com a presença de indivíduos pagos que
se valem do emprego de armas de fogo e violência. A diplomata afirma, em
resumo, que há contra o governo sandinista uma tentativa de “golpe de Estado”.
Ela esclarece os fatos, sem esconder ou escamotear
problemas anteriores. Diz que, “desde 18 de abril há protestos na Nicarágua.
Antes dessa data, estávamos trilhando um bom caminho: crescendo economicamente,
com bons níveis de redução da desigualdade e de inclusão social”.
“Os protestos surgiram por conta do tema da reforma da
previdência, que, realmente, era um pedido do FMI. Nós temos um programa com o
FMI. O governo não aceitou a proposta do FMI, pois era muito ruim. Propôs
outra, que afetava mais o setor empresarial. Afetava a população também, mas
era muito melhor que o projeto do FMI. A partir daí surgem os protestos, em
alguma medida, com legitimidade. De outro lado, os empresários se aproveitaram.
Eles têm a atitude de nunca deixar alguém mexer em algo que afete seus rendimentos.
Os empresários, que não queriam contribuir mais, se envolveram”. “O governo,
depois de muitos dias de protestos retirou a proposta inicial, mas os protestos
continuaram”.
Foi isso, sem tirar nem por. Os protestos começaram com
argumentos populares e válidos, mas logo o movimento foi apropriado pela
direita e pela CIA que viu ali o espaço que precisava para promover o golpe.
• Tudo de acordo com a cartilha. A Organização dos Estados Americanos (OEA), braço
político de Washington para intervir na América Latina dando ares de
democracia, reuniu-se na quarta-feira (18) pela terceira vez em duas semanas,
para discutir o que chamam de “escalada da violência na Nicarágua”.
Mas isso ainda é pouco e precisam de algo mais
contundente para agir contra o governo de Ortega. A Alta Representante para
Assuntos Exteriores e Políticos de Segurança da União Europeia (UE) e
vice-presidente da Comissão Europeia, a italiana Federica Mogherini, pediu na
terça-feira (17) ao governo da Nicarágua que ponha “um fim imediato à
violência”.
E é claro que o Departamento de Estado dos Estados
Unidos apelou “energicamente” ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que
impeça os ataques contra a cidade de Masaya, no oeste do país, um dos redutos
de resistência da oposição ao governo.
A União Europeia “está disposta a acompanhar e apoiar o
diálogo, em particular a Comissão sobre Democratização e Assuntos Eleitorais,
visando as reformas necessárias e um processo eleitoral plenamente democrático
e oportuno”, acrescentou o bloco.
A UE também anunciou que destinou 300 mil euros (US$
349.854) para apoiar o atendimento médico aos feridos, e o reforço ao apoio às
organizações de direitos humanos, incluindo o Grupo Interdisciplinar de Especialistas
Independentes (GIEI) e o Mecanismo de Acompanhamento para a Nicarágua.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e
o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos
(ACNUDH) responsabilizaram o governo da Nicarágua por "assassinatos, execuções
extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias
cometidas contra a população majoritariamente jovem do país", mas o governo
nicaraguense nega.
Tudo tão bonitinho e organizado que chegamos a ficar
emocionados, não é?
• A origem da escravidão moderna. O tema é apaixonante de deve merecer um número
especial em nosso Informativo, em breve. Os dados que temos, até agora, são impressionantes
e mostram que há 40,3 milhões de pessoas em situação semelhante à escravidão no
mundo! É o que revela o Índice Global da Escravidão, divulgado na quinta-feira
(19) pela ONG Walk Free Foundation. África e Ásia concentram a maior parte dos
trabalhadores explorados, mas o desrespeito ocorre em toda parte: nos EUA, 400
mil pessoas estão em condições de trabalho forçado, o que significa um em cada
800 estadunidense.
Dos 40,3 milhões, 71% são mulheres. Um dos motivos é
que mais de um terço (15 milhões) das vítimas da escravidão moderna são pessoas
com casamentos obrigados, o que afeta mais as meninas, que correm risco de
exploração no trabalho e sexual.
A pesquisa mostra também a presença do trabalho similar
à escravidão nas cadeias de produção. Analisando os cinco produtos com maior
possibilidade de uso de trabalho escravo, importados por cada país, o estudo
revela a responsabilidade do G20, que importa por ano US$ 354 bilhões em bens
que podem ter sido feitos por meio de trabalho forçado.
“Os cidadãos dos países do G20 desfrutam de níveis
relativamente baixos de vulnerabilidade a esse crime dentro de suas fronteiras,
e muitos aspectos de suas respostas governamentais à prevenção desse crime são
comparativamente fortes. Não obstante, as empresas e os governos dos países do
G20 estão importando produtos que correm risco de serem feitos mediante
escravidão moderna, com quase nenhum esforço aplicado pelos governos para
regular as condições de trabalho envolvidas em sua produção”, denuncia o
estudo.
O maior importador são os Estados Unidos, com US$ 144
bilhões em itens suspeitos. O valor é quase três vezes maior que o comprado
pelo segundo na lista, o Japão (US$ 47 bilhões). Os produtos que constam na
lista são algodão, vestuário e acessórios, gado, cana-de-açúcar, ouro, tapetes,
carvão, peixe, arroz, madeira, cacau, diamantes e eletrônicos.
No Brasil, o relatório aponta 369 mil pessoas em
trabalho similar à escravidão (1,79/mil habitantes), o que coloca o país no
142º lugar entre os 167 pesquisados. O primeiro da relação é a Coreia do Norte.
Os EUA aparecem na 158ª posição, com 1,26 escravos por mil habitantes.
• EUA: a pobreza aumenta, mas ninguém pode saber. No número anterior do nosso Informativo noticiamos que
o governo de Donald Trump havia retirado os EUA do Conselho de Direitos
Humanos, da ONU, e mostramos que uma das razões dessa iniciativa foi a não
aceitação do pacto de políticas migratórias. Mas isso ainda não é tudo. No
decorrer desta semana tomamos conhecimento de fatos ainda mais completos sobre
a decisão.
Através de um artigo escrito pelo jornalista Lázaro
Fariñas, um cubano que vive nos EUA, a questão principal remete à visita feita,
no ano passado, pelo relator especial da ONU, Philip Alston. Depois de uma
estadia de 15 dias no país, onde entrevistou milhares de pessoas, além de
políticos e técnicos do governo, ele apresentou seu relatório diante do
Conselho de Direitos Humanos. Segundo sua própria informação inicial, “o
propósito da visita era avaliar em que medida as políticas e os programas do
Governo dos EUA dirigidos a combater a extrema pobreza são compatíveis com suas
obrigações em matéria de direitos humanos”.
E é aqui que “a porca torce o rabo”. Segundo seu
relatório aquele é um país de muitos contrastes. Por um lado, está entre as sociedades
mais prósperas do mundo, econômica e tecnologicamente, e com um sistema de
ensino superior de altíssima qualidade. Mas, por outro lado, isso contrasta com
as condições de uma imensa parcela da população, cerca de 40 milhões de
cidadãos, que vive na pobreza. Desses, 18,5 milhões estão na pobreza extrema e
cerca de 6 milhões em pobreza absoluta! O relatório diz ainda que o país tem a
mais alta taxa de pobreza juvenil e a maior taxa de mortalidade de lactantes
entre os chamados países desenvolvidos. Os estadunidenses vivem menos e sofrem
de mais enfermidades, além de terem a mais alta taxa de pessoas em cárceres!
Philip Alston não dá tréguas e afirma que “os índices
de pobreza e desigualdade nos EUA são os mais altos da OCDE e o Centro de
Stanford sobre Desigualdade e Pobreza situa o país no 18º lugar entre as 21
nações mais ricas do planeta”. E completa assinalando que “devemos considerar
que aqui moram mais de um quarto dos, aproximadamente, 2.200 multimilionários
do planeta.
Acontece que o tal informe de Alston não foi bem aceito
pelos homens de Trump. Oficialmente, disseram a ele que o Departamento de
Estado não ficara contente com o teor do documento e isso poderia ser um fator
para a decisão Washington decidir se continuaria ou não fazendo parte do
Conselho de Direitos Humanos, da ONU. Ou seja, uma ameaça explícita.
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