A
quem interessa criar confusão?
Usando todos os instrumentos que a democracia e a
Constituição brasileira permitem para garantir a candidatura do Lula, apesar de
o que chamam de “justiça” estar enterrada há muito tempo em solo brasileiro, o
Partido dos Trabalhadores fez a substituição do nome do candidato à
Presidência. Fernando Haddad substitui Lula na chapa e terá como candidata à
vice-presidência Manuela D’Ávila, do PCdoB. E isto bastou para que um circo de
loucuras tomasse conta da nossa imprensa e das “autoridades”, além, é claro,
dos senhores que perpetraram o golpe para se livrarem do PT e começam a ver que
o “inimigo está ainda mais vivo”!
Foram necessários apenas 2 dias do anúncio oficial da
troca de nomes e as pesquisas já mostram o crescimento de Haddad em todos os
cenários. Uma situação tão difícil de compreender que levou Fernando Bizzarro,
cientista político doutorando na Harvard University e pesquisador associado do
Centro David Rockfeller de Estudos Latino-americanos a dizer à revista Carta
Capital que “Bolsonaro já não é um nome certo para o segundo turno” e falar em
uma polarização entre centro-esquerda e centro-direita. Uma análise atrevida,
mas que vale ser citada.
É verdade que Ciro Gomes faturou alguns votos que
seriam da Marina Silva e do Geraldo Alckmin e as recentes pesquisas mostram
claramente a queda da candidata da Rede. Nada podemos falar sobre o candidato
do PSDB porque sua candidatura nunca saiu do 1%, mas pode ter passado alguns
votinhos para o PDT diante do “mal maior” que seria o retorno do PT.
A realidade dos últimos dias dessa semana é de uma
confusão de informações e de análises que só interessa a quem não deseja que as
eleições transcorram em ritmo democrático, só interessa àqueles que deram o
golpe em 2016 e de tudo fizeram para não permitir que Lula disputasse o pleito,
desconsiderando inclusive as determinações da ONU e resolvendo arcar com as
possíveis consequências.
Senão, vejamos: a) bastou o anúncio da primeira
pesquisa depois de confirmado o nome de Haddad e o dólar começou a subir
(curiosamente tinha caído depois do suposto “atentado” contra Bolsonaro); b)
sem perder tempo, um general saudosista dos desmandos autoritários, candidato à
vice-presidência na chapa do mais maluco ainda, vai para os jornais dizer que “uma
Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo” e afirmar que a
última Constituição brasileira, de 1988, feita por parlamentares eleitos, “foi
um erro” e defender que a nova Carta deveria ser criada por “grandes juristas e
constitucionalistas”, mas não disse quem escolheria esses iluminados; c) o
“deus” mercado já entendeu que, em um segundo turno, o capitão belicista perde
para qualquer dos dois candidatos (Haddad ou Ciro) e começou a lançar sinais
confusos no horizonte sobre “desaceleração da economia”, “queda do PIB para
2019”, etc.
Essas e outras confusões vão sendo lançadas na cabeça
do eleitor para tentar salvar o que restou do golpe de 2016. E já tem golpista
procurando um lugar bem longe onde se esconder diante da derrota que se aproxima
rapidamente.
Através do jornal Folha de São Paulo, tradicionalmente
apoiador de golpes no Brasil, vimos matéria assinada pelo jornalista Reinaldo
Azevedo (leia-se direita liberal) dizendo que a democracia brasileira está
sendo cercada por personagens das forças armadas e do poder judiciário; ele
diz: “tanques e togas tentam cercar a democracia brasileira. Há um esforço
deliberado para tratar o eleitor como um débil mental. Generais, juízes e
procuradores se arvoram em consciência crítica da brasileirada incapaz” e
acrescenta: “nas democracias, chefes militares não fazem considerações sobre
política e o processo eleitoral. Também não dizem quem pode e quem não pode ser
eleito”, em uma clara alusão a alguns generais que já correram para os jornais
para dizer que “uma volta do PT ao governo seria inaceitável pelas Forças
Armadas”, em uma clara alusão ao general Eduardo Villas Boas, Chefe do Exército
Brasileiro.
Curiosamente, na sexta-feira (14) o jornal O Globo não
teve escrúpulos em botar mais um pouco de confusão e trabalhar com matéria
deturpada e mentirosa. O conhecido jornal dos Marinhos pegou um caso no Uruguai
para defender Villas Boas. Acontece que no país vizinho um general, Comandante
do Exército do Uruguai, Guido Manini Ríos, foi para os jornais criticar um
Projeto de Lei do Governo que pretende realizar uma reforma nas aposentadorias
dos militares, além de criticar abertamente o ministro do Trabalho do país.
Mas, ao chegar à redação de O Globo, a história mudou “um pouquinho” e a
manchete do jornal dizia que prenderam o "general que atacou fim de
privilégios”, ou seja, uma matéria dúbia na interpretação.
O quadro é complicado e podemos esperar que mais
distrações e confusões sejam lançadas nessas próximas três semanas. Vale tudo
para não deixar o PT voltar ao Governo, mas a pergunta que devemos fazer, com
urgência é: se o PT ganhar, com Haddad, o resultado será assimilado pelas
forças que tanto fizeram para derrubar Dilma Rousseff e para tirar Lula da
disputa? A resposta está nas mãos do povo, do trabalhador, das pessoas que
ainda querem um Brasil livre da dominação neoliberal.
• A fome volta ao Brasil! Abaixo, neste Informativo, trazemos informes sobre o retorno do
problema da fome no mundo. Mas é preciso, antes, falar do que vem ocorrendo no
Brasil desde e o golpe de 2016 e os reflexos para uma imensa parcela da nossa
população.
A verdade é que o combate à fome estancou nos últimos
anos no Brasil e o número de pessoas que vão dormir sem ingerir o mínimo
necessário, estão desnutridas e se sentem fracas para as atividades do dia a
dia, aumentou de 4,9 milhões para 5,2 milhões, em 2017.
O Brasil havia saído do Mapa da Fome da ONU há três
anos e foi um dos 25 países premiados pela Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e a Alimentação (FAO) por ter reduzido pela metade o número de
subalimentados durante os governos do ex-presidente Lula. Agora retrocedemos.
Em 1999, durante o governo do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB-SP), a fome atingia 20,9 milhões de brasileiros. Em
2004, um ano após o ex-presidente Lula assumir o governo dizendo que uma de
suas prioridades era garantir que os brasileiros tivessem direito a três
refeições por dia, esse volume havia caído para 12,6 milhões. Em 2007, no
segundo mandato de Lula, o número caiu para 7,4 milhões. Segundo a FAO, em
termos porcentuais, a taxa continua estável e inferior a 2,5% desde 2008.
• Desemprego e crises familiares, resultados do golpe. Muito boa a matéria publicada na página da Central
Única dos Trabalhadores (CUT), de autoria de André Accarini e Rosely Rocha.
Aqui vamos entender que o aumento do desemprego de chefes de família, em
especial os provedores, homens que sustentam as casas, pode provocar depressão,
muito sofrimento e, em alguns casos, crises familiares que terminam até em
separação.
Em julho passado, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de desempregados chefes de
famílias, homens e mulheres, atingiu 22,7% dos trabalhadores e trabalhadoras
com idades entre 40 e 59. No total, 27,6 milhões de brasileiros sofriam com a
falta de postos de trabalho no país (12,9 milhões estavam desempregados); 6,6
milhões subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas
gostariam de trabalhar mais; e, 8,1 milhões que poderiam trabalhar, mas não
trabalham (força de trabalho potencial). Este grupo inclui os 4,8 milhões de
desalentados (que desistiram de procurar emprego).
A situação de desesperança desse exército de
desempregados, subocupados ou desalentados é preocupante, disse o psicanalista
e professor da USP, Christian Dunker. “Me espanta que se fale tão pouco sobre
como a perda do emprego acaba em dissolução de casais, pois pega muita gente
desprevenida”.
Segundo o professor, “é importante o período de luto,
ficar triste, ficar com raiva e dividir com outros sua tristeza. É o mesmo que
ir a um velório, a gente enterra, se despede da pessoa. Com o desemprego é o
mesmo e as pessoas acabam pulando esse momento”.
A perspectiva pode parecer um pouco machista, mas é a
realidade na grande maioria das famílias brasileiras que ainda não venceu essa
barreira.
Segundo o psicanalista Christian Dunker, no início da
crise econômica, logo após o golpe de 2016, as relações familiares,
especialmente da classe média, não foram muito afetadas. Mas, depois de algum
tempo com as pessoas indo de um emprego a outro, de forma precarizada e, agora,
desempregadas, os relacionamentos familiares têm se deteriorado.
“Muitos dos meus pacientes mudaram de casa, e agora não
têm como pagar o cartão de crédito, o colégio das crianças. A crise chegou para
a classe média e a classe média alta”, conta ele.
• Uma universidade estadunidense tem 300 mil hectares de terras
no Brasil? Qual seria o motivo de uma
universidade estadunidense ter uma extensão de terras no Brasil equivalente a
300 mil campos de futebol? Por que a Universidade de Harvard teria comprado
tanta terra aqui? E a pergunta mais interessante: por que tem necessidade de
burlar a legislação brasileira através de aplicações de um fundo patrimonial?
Na verdade, o que ocorre é uma associação, uma cadeia
de negócios com empresas brasileiras e subsidiárias. É o que aponta a denúncia
publicada em relatório da Grain e da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.
De 2008 até 2016 a universidade se tornou um dos
maiores proprietários estrangeiros de terras aráveis do país, contudo a compra
do domínio não é feita de forma direta, envolve estruturas comercias nada
transparentes, o que dificulta o caminho dessa verificação.
A diretora da organização da Rede Social de Justiça e
Direitos Humanos, Maria Luísa Mendonça, explica que, são criadas empresas que
têm como única função servirem instrumentos para negociar a compra de terras e
explica como é construída essa cadeia: “São empresas brasileiras que são
criadas para fazer a negociação com terras só que o fundo, o recurso para essa
compra, vem de empresas estrangeiras. No caso o fundo de terras de Harvard ou
outros fundos de pensão e muitas vezes essas empresas brasileiras e
estrangeiras negociam ações ou outros produtos financeiros no mercado para
burlar a lei e dificultar o monitoramento de onde na verdade vem o recurso”.
No Brasil se observa que a compra de terras por fundos
estrangeiros tem se concentrado na região de Matopiba, que engloba as divisas
dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, área de expansão do agronegócio
para a monocultura de commodities como mostra em outras reportagens feitas pelo
Brasil de Fato.
Os 300 mil hectares de terras do fundo de Harvard – uma
área maior que Luxemburgo como aponta a pesquisa – se concentram no sul do
Piauí e oeste da Bahia, regiões onde apresentam intenso conflito fundiário.
Ainda segundo o relatório as aquisições de terras “violariam restrições
jurídicas à propriedade estrangeira no Brasil, que limitam a quantidade de terra
que uma empresa estrangeira pode adquirir em um município”.
A pesquisa ainda revela que a universidade adquiriu
terras em várias partes do mundo como África do Sul, Rússia, Ucrânia, Nova
Zelândia, Austrália e também nos Estados Unidos. O fundo patrimonial gastou em
torno de US$ 1 bilhão para compra de terras em estimados 850.000 hectares de
terras agrícolas espalhadas em escala global. Em menos de uma década Harvard
conseguiu acumular um patrimônio que a tornou uma das maiores detentoras de
terras agrícolas do mundo utilizando de mecanismo complexos do mercado
financeiro. (A matéria completa está na
página do MST)
• Com a crise param de comprar remédios! A venda de medicamentos despencou na Argentina e a
queda foi superior a 14% entre junho de 2017 e junho de 2018. As pessoas estão
com mais saúde, as doenças foram superadas? Não, falta dinheiro para comprar
remédios!
O informe foi divulgado pelo Colégio Farmacêutico da
província de Buenos Aires e destaca que “poucas vezes temos visto algo assim.
Principalmente os aposentados estão com dificuldades para comprar remédios”! A
presidenta da COFA, María Isabel Reinoso, disse que a crise criada pelas
políticas econômicas do presidente Macri afetou de maneira grave o setor
farmacêutico e que o PAMI (Programa de Assistência Médica Integral) já acumula
uma dívida de mais de 1 bilhão de pesos com as farmácias do país.
O Instituto Nacional de Serviços Sociais para
Aposentados e Pensionistas, mais conhecido como PAMI, foi criado pelo Estado
argentino em 1971 para dar atenção médica, social e assistencial aos idosos.
Tem atualmente 4,8 milhões de inscritos, incluindo os veteranos da Guerra das
Malvinas.
Agora, por falta de pagamento, várias farmácias da
província de Buenos Aires estão ameaçando deixar de atender aos assistidos pelo
PAMI.
• Argentina: ainda pode piorar? Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001,
considerou que as políticas do PRO (Proposta Republicana – Partido de Mauricio
Macri) levaram o país a uma “situação extrema” e que o ajuste que está agora sendo
proposto pelo presidente “porá um freio na economia” e afetará fortemente a
população. “Devido à magnitude dos erros cometidos, teria que haver uma
renegociação da dívida”, alertou.
Stiglitz sustentou que a Argentina deveria, com
urgência, “incluir uma reestruturação da dívida” entre as medidas necessárias
para sair da crise criada pelo atual governo. Diz ele que, se isso não for
feito, “os custos que provavelmente serão impostos através de mais austeridade
seriam demasiadamente grandes”.
Em entrevista à cadeia britânica BBC Mundo, ele
esclarece que as medidas de austeridade que, aparentemente, estão sendo
impostas pelo governo de Macri obviamente vão frear a economia e impor
novamente um alto custo para as pessoas comuns. “O que me preocupa é que, uma vez
que uma crise seja criada, como parece que está sendo feito, essas políticas de
péssima gestão terão uma margem de manobra muito limitada” e considera que a
situação externa do país é muito pior do que a que é comentada e pode piorar.
• E o FMI “tira o pão da boca” de Macri? No sábado (15) tomamos conhecimento de que o FMI fez
uma advertência ao presidente argentino dizendo que não enviará a segunda
parcela do acordo.
O Fundo suspendeu o envio de três bilhões de dólares ao
Governo argentino, dinheiro que era esperado para a próxima segunda-feira (17).
A medida foi tomada porque, apesar da intervenção do Banco Central da
Argentina, o dólar voltou a subir e bateu na barreira de 40 pesos.
• Sequestro e tortura de uma professora! O Sindicato Unificado de Trabalhadores da Educação de
Buenos Aires (Suteba) denunciou na quarta-feira (12) o sequestro e tortura de
Corina De Bonis, professora na cidade de Moreno, mesma localidade onde, há dois
meses, ocorreu uma explosão de gás que causou a morte de duas pessoas.
Segundo a nota do secretário da Suteba, Roberto
Baradel, os sequestradores escreveram com um objeto cortante no estômago da
professora a frase “Não mais panelas”, fazendo ameaças de morte antes de
soltá-la. O Sindicato está exigindo que a governadora de Buenos Aires, María
Eugenia Vidal, abra uma investigação e faça uma declaração pública repudiando a
ação contra a professora.
Vale registrar que os professores de Buenos Aires estão
em greve há dois meses, protestando contra os cortes nos orçamentos e para exigir
melhorias salariais.
• Mundo: a fome está voltando a crescer. Durante uns poucos anos tivemos a impressão de uma vitória
sobre o neoliberalismo mundial. Algumas nações, em particular na América
Latina, iam rompendo com o projeto e criando novas situações sociais e
econômicas mais favoráveis ao povo. Mas a resposta do grande capital foi rápida
e imediata, fomentando golpes através do planeta e derrubando governos que
ousavam romper com a receita do FMI e das grandes instituições financeiras. O
resultado está agora estampado em quase todos os jornais sérios do mundo!
O número de pessoas subalimentadas ou com falta crônica
de alimentos aumentou espantosamente nos três últimos anos: já são 821 milhões
de famintos (eram 804 milhões em 2016). Voltamos aos níveis da década passada e
isso representa um retrocesso da nossa civilização.
Para quem ainda não entendeu a gravidade do problema
vamos dizer que uma em cada 9 pessoas no planeta passa fome! Deu para entender
agora? Mas podemos dizer também que 150 milhões de crianças já apresentam
sintomas de atraso no crescimento e doenças causadas pela falta de alimentação.
E a situação piora especialmente na Ásia, na América do
Sul e na África. Do total de famintos, 256 milhões de pessoas estão na África;
515 milhões na Ásia e 28 milhões na América Latina.
O relatório “Estado da Insegurança Alimentar e Nutrição
no Mundo em 2018” foi divulgado na terça-feira (11) e mostra que a fome no
mundo regressou aos níveis registados há 10 anos. Mas, curiosamente, o
relatório resiste em mostrar a fome como resultado de um sistema perverso e
prefere jogar a culpa na “variação do clima e nos eventos climáticos extremos,
como secas e cheias”. Só depois disso fala em “conflitos e da desaceleração
econômica”. Então tá, então...
• Pouco importa se estão tirando a própria vida? No final da década de 1980, quando o neoliberalismo
começava a se implantar no planeta, a tristemente famosa “dama de ferro”,
Margareth Thatcher, disse a um jornal da Grã-Bretanha: “Não existe sociedade,
porque eu não vejo sociedade. Eu vejo indivíduos”. E essa ideologia predomina
no planeta por mais de 30 anos.
No início da semana, dia 10 de setembro, foi o Dia
Mundial da Prevenção do Suicídio, mas poucos souberam disso porque é uma data
pouco divulgada. Uma data que não interessa ao comércio, porque não vende
produtos e não lota as lojas, então não se fala nisso! Mas a data foi criada em
2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela
Organização Mundial de Saúde, organismo da ONU. O objetivo seria prevenir o ato
do suicídio, através da adoção estratégias pelos governos dos países.
Os dados mundiais indicam que ocorre uma tentativa de
suicídio a cada três segundos e um suicídio a cada 40 segundos. No total,
chega-se a 1 milhão de suicídios no mundo. Pior ainda, ocorrem 10 a 20 milhões
de tentativas de suicídio por ano!
No Brasil, há um suicídio a cada 45 minutos, mas houve
pouca atenção ao problema. Em 2017 tomamos conhecimento do primeiro boletim
completo sobre o assunto. O trabalho começou a ser elaborado em 2011, durante o
governo de Dilma Rousseff, mas ficou parado e só foi divulgado no ano passado.
Os dados demonstram que, entre 2011 e 2016, 62.804 pessoas tiraram a própria
vida no país. E os homens são ampla maioria dos casos – 79%. As mulheres
representaram 21% dos casos.
Mas há um fato muito curioso no relatório. O problema é
que esse número pode ser ainda maior, porque há uma grande perda dos
diagnósticos dos casos de suicídio. Por incrível que possa parecer, nas classes
sociais mais altas há um tabu sobre o tema. Não se comenta sobre isso por
várias questões, principalmente por conta de seguros de vida (a família não
quer perder o seguro se for constatado o suicídio) ou diagnósticos feitos por
médicos da família. Entre as pessoas mais humildes o levantamento é mais
completo, porque os corpos vão para o IML (Instituto Médico Legal) e o registro
é feito.
Os idosos, de 70 anos ou mais, apresentaram as maiores
taxas, com 8,9 suicídios para cada 100 mil habitantes. Segundo os estudiosos,
eles sofrem mais com doenças crônicas, depressão e abandono familiar.
Poucos sabem, mas o problema do suicídio foi uma
preocupação e motivo de estudo para o filósofo alemão Karl Marx. Em 1846,
quando ele ainda estava iniciando seus estudos sobre economia, publicou um
ensaio intitulado “Sobre o suicídio” onde dizia que “Falar é o melhor remédio”.
Em um trecho do livro ele escreve: “Não é com insultos
aos mortos que se enfrenta uma questão tão controversa”. E faz uma nota: “Para
saber se o motivo que determina o indivíduo a se matar é leviano ou não, não se
pode pretender medir a sensibilidade dos homens usando-se uma única e mesma
medida...”. Adiante ele escreve: “A felicidade e a infelicidade têm tantas
maneiras de ser e de se manifestar quantas são as diferenças entre os
indivíduos e espíritos”.
Mas, em um sistema que não se preocupa com a sociedade,
o que mais esperar?
• Curtas da Europa (1).
A intolerância cresce também na Itália. A alta comissária da ONU para Direitos
Humanos, Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, afirmou na segunda-feira
(10) que enviará uma equipe para avaliar o “forte crescimento” de “atos de
violência e de racismo” contra migrantes, negros e ciganos na Itália.
A declaração foi dada durante a sessão de abertura do
Conselho da ONU para os Direitos Humanos, que se reúne até o próximo dia 28 de
setembro, em Genebra, Suíça. Uma missão análoga será enviada à Áustria, que faz
fronteira com a Itália.
• Curtas da Europa (2).
Deu empate nas eleições parlamentares da Suécia! Os suecos compareceram às
urnas no último final de semana e os jornais falavam de um crescimento da
direita no país que vem sendo governado pelos socialistas há muito tempo. A
divulgação do resultado, no domingo (09) mostrou um empate entre o bloco
governamental de esquerda e o partido opositor de centro-direita, Aliança, com
143 cadeiras cada um!
O partido de extrema-direita (SD) teria ficado com 63
cadeiras e os demais partidos ficam com pouca representação, levantando dúvidas
nos analistas e preocupações sobre a composição do novo governo sueco.
• Eu posso investigar os outros, mas ninguém me investita. A prepotência estadunidense parece não ter limites!
Quando pensamos que eles já tinham chegado ao limite do desrespeito
internacional somos surpreendidos com novas medidas partidas de Washington.
Em nova demonstração do mais completo desprezo pela
ordem e governança mundial, o governo imperial ameaçou prender e processar
juízes e outros funcionários do Tribunal Penal Internacional (TPI) se esse
resolver realizar investigações por crimes de guerra cometidos por soldados
estadunidenses que massacraram civis na recente guerra do Afeganistão.
O assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton,
disse que o TPI “ameaça de forma inaceitável” a soberania estadunidense e os
interesses de segurança nacional do país. “Não vamos cooperar com o TPI. Não
forneceremos assistência alguma ao TPI. E certamente não vamos aderir ao TPI”,
afirmou em pronunciamento à Sociedade Federalista, um “think tank” conservador
baseado em Washington.
Segundo a Casa Branca, a administração de Trump poderia
proibir juízes e procuradores do TPI de entrarem nos EUA, sancionar seus
recursos no sistema financeiro e processá-los no sistema criminal do país.
• Quem conhece Allen Welsh Dulles? Nosso Informativo tem falado muito nas maquinações
estadunidenses contra a América Latina e também contra a Rússia, a China, etc.
Constantemente denunciamos as mentiras e as tramoias armadas por Washington
para promover golpes e justificar invasões em alguns países. Mas, de onde vem
tudo isso?
É aqui que fizemos a pergunta acima: quem conhece Allen
Welsh Dulles? E vamos responder...
Esse pulha foi diretor da CIA entre 1953 e 1961
deixando uma longa série de “instruções” que passaram a ser um código de
conduta para todos os agentes espalhados pelo mundo. O objetivo de Allen Dulles
era destruir a antiga União Soviética, mas sua ideologia, no fundo, era
combater todos os que se colocassem contra os interesses dos EUA. E deixou isso
bem claro em seu livro “A arte da inteligência” (The Craft of Intelligence),
escrito em 1963 e usado até hoje pela Casa Branca e pela Agência.
Nosso informativo destaca alguns pensamentos de Allen
Dulles nas páginas do livro: a) da literatura e da arte, por exemplo, faremos
desaparecer sua carga social. Vamos desmoralizar artistas e tirar deles a
vontade de se dedicarem à arte e à investigação de processos que acontecem no
interior da sociedade; b) apoiaremos e financiaremos por todos os meios os
chamados artista que começarem a inculcar na consciência humana o culto do
sexo, da violência, do sadismo e da traição; c) a traição, o extremo
nacionalismo, a inimizade entre os povos e, antes de tudo, o ódio ao povo
russo, tudo isso vamos cultivar habilmente até que desabrochem; d) nossa
principal aposta será na juventude que deve ser corrompida, pervertida e
liberada de qualquer moral.
Esse o pensamento de Dulles e, é só analisar, o
pensamento da Casa Branca até hoje.
DIA 07 DE OUTUBRO – PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES!
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