segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






A quem interessa criar confusão?
Usando todos os instrumentos que a democracia e a Constituição brasileira permitem para garantir a candidatura do Lula, apesar de o que chamam de “justiça” estar enterrada há muito tempo em solo brasileiro, o Partido dos Trabalhadores fez a substituição do nome do candidato à Presidência. Fernando Haddad substitui Lula na chapa e terá como candidata à vice-presidência Manuela D’Ávila, do PCdoB. E isto bastou para que um circo de loucuras tomasse conta da nossa imprensa e das “autoridades”, além, é claro, dos senhores que perpetraram o golpe para se livrarem do PT e começam a ver que o “inimigo está ainda mais vivo”!
Foram necessários apenas 2 dias do anúncio oficial da troca de nomes e as pesquisas já mostram o crescimento de Haddad em todos os cenários. Uma situação tão difícil de compreender que levou Fernando Bizzarro, cientista político doutorando na Harvard University e pesquisador associado do Centro David Rockfeller de Estudos Latino-americanos a dizer à revista Carta Capital que “Bolsonaro já não é um nome certo para o segundo turno” e falar em uma polarização entre centro-esquerda e centro-direita. Uma análise atrevida, mas que vale ser citada.
É verdade que Ciro Gomes faturou alguns votos que seriam da Marina Silva e do Geraldo Alckmin e as recentes pesquisas mostram claramente a queda da candidata da Rede. Nada podemos falar sobre o candidato do PSDB porque sua candidatura nunca saiu do 1%, mas pode ter passado alguns votinhos para o PDT diante do “mal maior” que seria o retorno do PT.
A realidade dos últimos dias dessa semana é de uma confusão de informações e de análises que só interessa a quem não deseja que as eleições transcorram em ritmo democrático, só interessa àqueles que deram o golpe em 2016 e de tudo fizeram para não permitir que Lula disputasse o pleito, desconsiderando inclusive as determinações da ONU e resolvendo arcar com as possíveis consequências.
Senão, vejamos: a) bastou o anúncio da primeira pesquisa depois de confirmado o nome de Haddad e o dólar começou a subir (curiosamente tinha caído depois do suposto “atentado” contra Bolsonaro); b) sem perder tempo, um general saudosista dos desmandos autoritários, candidato à vice-presidência na chapa do mais maluco ainda, vai para os jornais dizer que “uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo” e afirmar que a última Constituição brasileira, de 1988, feita por parlamentares eleitos, “foi um erro” e defender que a nova Carta deveria ser criada por “grandes juristas e constitucionalistas”, mas não disse quem escolheria esses iluminados; c) o “deus” mercado já entendeu que, em um segundo turno, o capitão belicista perde para qualquer dos dois candidatos (Haddad ou Ciro) e começou a lançar sinais confusos no horizonte sobre “desaceleração da economia”, “queda do PIB para 2019”, etc.
Essas e outras confusões vão sendo lançadas na cabeça do eleitor para tentar salvar o que restou do golpe de 2016. E já tem golpista procurando um lugar bem longe onde se esconder diante da derrota que se aproxima rapidamente.
Através do jornal Folha de São Paulo, tradicionalmente apoiador de golpes no Brasil, vimos matéria assinada pelo jornalista Reinaldo Azevedo (leia-se direita liberal) dizendo que a democracia brasileira está sendo cercada por personagens das forças armadas e do poder judiciário; ele diz: “tanques e togas tentam cercar a democracia brasileira. Há um esforço deliberado para tratar o eleitor como um débil mental. Generais, juízes e procuradores se arvoram em consciência crítica da brasileirada incapaz” e acrescenta: “nas democracias, chefes militares não fazem considerações sobre política e o processo eleitoral. Também não dizem quem pode e quem não pode ser eleito”, em uma clara alusão a alguns generais que já correram para os jornais para dizer que “uma volta do PT ao governo seria inaceitável pelas Forças Armadas”, em uma clara alusão ao general Eduardo Villas Boas, Chefe do Exército Brasileiro.
Curiosamente, na sexta-feira (14) o jornal O Globo não teve escrúpulos em botar mais um pouco de confusão e trabalhar com matéria deturpada e mentirosa. O conhecido jornal dos Marinhos pegou um caso no Uruguai para defender Villas Boas. Acontece que no país vizinho um general, Comandante do Exército do Uruguai, Guido Manini Ríos, foi para os jornais criticar um Projeto de Lei do Governo que pretende realizar uma reforma nas aposentadorias dos militares, além de criticar abertamente o ministro do Trabalho do país. Mas, ao chegar à redação de O Globo, a história mudou “um pouquinho” e a manchete do jornal dizia que prenderam o "general que atacou fim de privilégios”, ou seja, uma matéria dúbia na interpretação.
O quadro é complicado e podemos esperar que mais distrações e confusões sejam lançadas nessas próximas três semanas. Vale tudo para não deixar o PT voltar ao Governo, mas a pergunta que devemos fazer, com urgência é: se o PT ganhar, com Haddad, o resultado será assimilado pelas forças que tanto fizeram para derrubar Dilma Rousseff e para tirar Lula da disputa? A resposta está nas mãos do povo, do trabalhador, das pessoas que ainda querem um Brasil livre da dominação neoliberal.
A fome volta ao Brasil! Abaixo, neste Informativo, trazemos informes sobre o retorno do problema da fome no mundo. Mas é preciso, antes, falar do que vem ocorrendo no Brasil desde e o golpe de 2016 e os reflexos para uma imensa parcela da nossa população.
A verdade é que o combate à fome estancou nos últimos anos no Brasil e o número de pessoas que vão dormir sem ingerir o mínimo necessário, estão desnutridas e se sentem fracas para as atividades do dia a dia, aumentou de 4,9 milhões para 5,2 milhões, em 2017.
O Brasil havia saído do Mapa da Fome da ONU há três anos e foi um dos 25 países premiados pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) por ter reduzido pela metade o número de subalimentados durante os governos do ex-presidente Lula. Agora retrocedemos.
Em 1999, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), a fome atingia 20,9 milhões de brasileiros. Em 2004, um ano após o ex-presidente Lula assumir o governo dizendo que uma de suas prioridades era garantir que os brasileiros tivessem direito a três refeições por dia, esse volume havia caído para 12,6 milhões. Em 2007, no segundo mandato de Lula, o número caiu para 7,4 milhões. Segundo a FAO, em termos porcentuais, a taxa continua estável e inferior a 2,5% desde 2008.
Desemprego e crises familiares, resultados do golpe. Muito boa a matéria publicada na página da Central Única dos Trabalhadores (CUT), de autoria de André Accarini e Rosely Rocha. Aqui vamos entender que o aumento do desemprego de chefes de família, em especial os provedores, homens que sustentam as casas, pode provocar depressão, muito sofrimento e, em alguns casos, crises familiares que terminam até em separação.
Em julho passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de desempregados chefes de famílias, homens e mulheres, atingiu 22,7% dos trabalhadores e trabalhadoras com idades entre 40 e 59. No total, 27,6 milhões de brasileiros sofriam com a falta de postos de trabalho no país (12,9 milhões estavam desempregados); 6,6 milhões subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais; e, 8,1 milhões que poderiam trabalhar, mas não trabalham (força de trabalho potencial). Este grupo inclui os 4,8 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego).
A situação de desesperança desse exército de desempregados, subocupados ou desalentados é preocupante, disse o psicanalista e professor da USP, Christian Dunker. “Me espanta que se fale tão pouco sobre como a perda do emprego acaba em dissolução de casais, pois pega muita gente desprevenida”.
Segundo o professor, “é importante o período de luto, ficar triste, ficar com raiva e dividir com outros sua tristeza. É o mesmo que ir a um velório, a gente enterra, se despede da pessoa. Com o desemprego é o mesmo e as pessoas acabam pulando esse momento”.
A perspectiva pode parecer um pouco machista, mas é a realidade na grande maioria das famílias brasileiras que ainda não venceu essa barreira.
Segundo o psicanalista Christian Dunker, no início da crise econômica, logo após o golpe de 2016, as relações familiares, especialmente da classe média, não foram muito afetadas. Mas, depois de algum tempo com as pessoas indo de um emprego a outro, de forma precarizada e, agora, desempregadas, os relacionamentos familiares têm se deteriorado.
“Muitos dos meus pacientes mudaram de casa, e agora não têm como pagar o cartão de crédito, o colégio das crianças. A crise chegou para a classe média e a classe média alta”, conta ele.
Uma universidade estadunidense tem 300 mil hectares de terras no Brasil? Qual seria o motivo de uma universidade estadunidense ter uma extensão de terras no Brasil equivalente a 300 mil campos de futebol? Por que a Universidade de Harvard teria comprado tanta terra aqui? E a pergunta mais interessante: por que tem necessidade de burlar a legislação brasileira através de aplicações de um fundo patrimonial?
Na verdade, o que ocorre é uma associação, uma cadeia de negócios com empresas brasileiras e subsidiárias. É o que aponta a denúncia publicada em relatório da Grain e da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.
De 2008 até 2016 a universidade se tornou um dos maiores proprietários estrangeiros de terras aráveis do país, contudo a compra do domínio não é feita de forma direta, envolve estruturas comercias nada transparentes, o que dificulta o caminho dessa verificação.
A diretora da organização da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Maria Luísa Mendonça, explica que, são criadas empresas que têm como única função servirem instrumentos para negociar a compra de terras e explica como é construída essa cadeia: “São empresas brasileiras que são criadas para fazer a negociação com terras só que o fundo, o recurso para essa compra, vem de empresas estrangeiras. No caso o fundo de terras de Harvard ou outros fundos de pensão e muitas vezes essas empresas brasileiras e estrangeiras negociam ações ou outros produtos financeiros no mercado para burlar a lei e dificultar o monitoramento de onde na verdade vem o recurso”.
No Brasil se observa que a compra de terras por fundos estrangeiros tem se concentrado na região de Matopiba, que engloba as divisas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, área de expansão do agronegócio para a monocultura de commodities como mostra em outras reportagens feitas pelo Brasil de Fato.
Os 300 mil hectares de terras do fundo de Harvard – uma área maior que Luxemburgo como aponta a pesquisa – se concentram no sul do Piauí e oeste da Bahia, regiões onde apresentam intenso conflito fundiário. Ainda segundo o relatório as aquisições de terras “violariam restrições jurídicas à propriedade estrangeira no Brasil, que limitam a quantidade de terra que uma empresa estrangeira pode adquirir em um município”.
A pesquisa ainda revela que a universidade adquiriu terras em várias partes do mundo como África do Sul, Rússia, Ucrânia, Nova Zelândia, Austrália e também nos Estados Unidos. O fundo patrimonial gastou em torno de US$ 1 bilhão para compra de terras em estimados 850.000 hectares de terras agrícolas espalhadas em escala global. Em menos de uma década Harvard conseguiu acumular um patrimônio que a tornou uma das maiores detentoras de terras agrícolas do mundo utilizando de mecanismo complexos do mercado financeiro. (A matéria completa está na página do MST)
Com a crise param de comprar remédios! A venda de medicamentos despencou na Argentina e a queda foi superior a 14% entre junho de 2017 e junho de 2018. As pessoas estão com mais saúde, as doenças foram superadas? Não, falta dinheiro para comprar remédios!
O informe foi divulgado pelo Colégio Farmacêutico da província de Buenos Aires e destaca que “poucas vezes temos visto algo assim. Principalmente os aposentados estão com dificuldades para comprar remédios”! A presidenta da COFA, María Isabel Reinoso, disse que a crise criada pelas políticas econômicas do presidente Macri afetou de maneira grave o setor farmacêutico e que o PAMI (Programa de Assistência Médica Integral) já acumula uma dívida de mais de 1 bilhão de pesos com as farmácias do país.
O Instituto Nacional de Serviços Sociais para Aposentados e Pensionistas, mais conhecido como PAMI, foi criado pelo Estado argentino em 1971 para dar atenção médica, social e assistencial aos idosos. Tem atualmente 4,8 milhões de inscritos, incluindo os veteranos da Guerra das Malvinas.
Agora, por falta de pagamento, várias farmácias da província de Buenos Aires estão ameaçando deixar de atender aos assistidos pelo PAMI.
Argentina: ainda pode piorar? Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001, considerou que as políticas do PRO (Proposta Republicana – Partido de Mauricio Macri) levaram o país a uma “situação extrema” e que o ajuste que está agora sendo proposto pelo presidente “porá um freio na economia” e afetará fortemente a população. “Devido à magnitude dos erros cometidos, teria que haver uma renegociação da dívida”, alertou.
Stiglitz sustentou que a Argentina deveria, com urgência, “incluir uma reestruturação da dívida” entre as medidas necessárias para sair da crise criada pelo atual governo. Diz ele que, se isso não for feito, “os custos que provavelmente serão impostos através de mais austeridade seriam demasiadamente grandes”.
Em entrevista à cadeia britânica BBC Mundo, ele esclarece que as medidas de austeridade que, aparentemente, estão sendo impostas pelo governo de Macri obviamente vão frear a economia e impor novamente um alto custo para as pessoas comuns. “O que me preocupa é que, uma vez que uma crise seja criada, como parece que está sendo feito, essas políticas de péssima gestão terão uma margem de manobra muito limitada” e considera que a situação externa do país é muito pior do que a que é comentada e pode piorar.
E o FMI “tira o pão da boca” de Macri? No sábado (15) tomamos conhecimento de que o FMI fez uma advertência ao presidente argentino dizendo que não enviará a segunda parcela do acordo.
O Fundo suspendeu o envio de três bilhões de dólares ao Governo argentino, dinheiro que era esperado para a próxima segunda-feira (17). A medida foi tomada porque, apesar da intervenção do Banco Central da Argentina, o dólar voltou a subir e bateu na barreira de 40 pesos.
Sequestro e tortura de uma professora! O Sindicato Unificado de Trabalhadores da Educação de Buenos Aires (Suteba) denunciou na quarta-feira (12) o sequestro e tortura de Corina De Bonis, professora na cidade de Moreno, mesma localidade onde, há dois meses, ocorreu uma explosão de gás que causou a morte de duas pessoas.
Segundo a nota do secretário da Suteba, Roberto Baradel, os sequestradores escreveram com um objeto cortante no estômago da professora a frase “Não mais panelas”, fazendo ameaças de morte antes de soltá-la. O Sindicato está exigindo que a governadora de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, abra uma investigação e faça uma declaração pública repudiando a ação contra a professora.
Vale registrar que os professores de Buenos Aires estão em greve há dois meses, protestando contra os cortes nos orçamentos e para exigir melhorias salariais.
Mundo: a fome está voltando a crescer. Durante uns poucos anos tivemos a impressão de uma vitória sobre o neoliberalismo mundial. Algumas nações, em particular na América Latina, iam rompendo com o projeto e criando novas situações sociais e econômicas mais favoráveis ao povo. Mas a resposta do grande capital foi rápida e imediata, fomentando golpes através do planeta e derrubando governos que ousavam romper com a receita do FMI e das grandes instituições financeiras. O resultado está agora estampado em quase todos os jornais sérios do mundo!
O número de pessoas subalimentadas ou com falta crônica de alimentos aumentou espantosamente nos três últimos anos: já são 821 milhões de famintos (eram 804 milhões em 2016). Voltamos aos níveis da década passada e isso representa um retrocesso da nossa civilização.
Para quem ainda não entendeu a gravidade do problema vamos dizer que uma em cada 9 pessoas no planeta passa fome! Deu para entender agora? Mas podemos dizer também que 150 milhões de crianças já apresentam sintomas de atraso no crescimento e doenças causadas pela falta de alimentação.
E a situação piora especialmente na Ásia, na América do Sul e na África. Do total de famintos, 256 milhões de pessoas estão na África; 515 milhões na Ásia e 28 milhões na América Latina.
O relatório “Estado da Insegurança Alimentar e Nutrição no Mundo em 2018” foi divulgado na terça-feira (11) e mostra que a fome no mundo regressou aos níveis registados há 10 anos. Mas, curiosamente, o relatório resiste em mostrar a fome como resultado de um sistema perverso e prefere jogar a culpa na “variação do clima e nos eventos climáticos extremos, como secas e cheias”. Só depois disso fala em “conflitos e da desaceleração econômica”. Então tá, então...
Pouco importa se estão tirando a própria vida? No final da década de 1980, quando o neoliberalismo começava a se implantar no planeta, a tristemente famosa “dama de ferro”, Margareth Thatcher, disse a um jornal da Grã-Bretanha: “Não existe sociedade, porque eu não vejo sociedade. Eu vejo indivíduos”. E essa ideologia predomina no planeta por mais de 30 anos.
No início da semana, dia 10 de setembro, foi o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, mas poucos souberam disso porque é uma data pouco divulgada. Uma data que não interessa ao comércio, porque não vende produtos e não lota as lojas, então não se fala nisso! Mas a data foi criada em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde, organismo da ONU. O objetivo seria prevenir o ato do suicídio, através da adoção estratégias pelos governos dos países.
Os dados mundiais indicam que ocorre uma tentativa de suicídio a cada três segundos e um suicídio a cada 40 segundos. No total, chega-se a 1 milhão de suicídios no mundo. Pior ainda, ocorrem 10 a 20 milhões de tentativas de suicídio por ano!
No Brasil, há um suicídio a cada 45 minutos, mas houve pouca atenção ao problema. Em 2017 tomamos conhecimento do primeiro boletim completo sobre o assunto. O trabalho começou a ser elaborado em 2011, durante o governo de Dilma Rousseff, mas ficou parado e só foi divulgado no ano passado. Os dados demonstram que, entre 2011 e 2016, 62.804 pessoas tiraram a própria vida no país. E os homens são ampla maioria dos casos – 79%. As mulheres representaram 21% dos casos.
Mas há um fato muito curioso no relatório. O problema é que esse número pode ser ainda maior, porque há uma grande perda dos diagnósticos dos casos de suicídio. Por incrível que possa parecer, nas classes sociais mais altas há um tabu sobre o tema. Não se comenta sobre isso por várias questões, principalmente por conta de seguros de vida (a família não quer perder o seguro se for constatado o suicídio) ou diagnósticos feitos por médicos da família. Entre as pessoas mais humildes o levantamento é mais completo, porque os corpos vão para o IML (Instituto Médico Legal) e o registro é feito.
Os idosos, de 70 anos ou mais, apresentaram as maiores taxas, com 8,9 suicídios para cada 100 mil habitantes. Segundo os estudiosos, eles sofrem mais com doenças crônicas, depressão e abandono familiar.
Poucos sabem, mas o problema do suicídio foi uma preocupação e motivo de estudo para o filósofo alemão Karl Marx. Em 1846, quando ele ainda estava iniciando seus estudos sobre economia, publicou um ensaio intitulado “Sobre o suicídio” onde dizia que “Falar é o melhor remédio”.
Em um trecho do livro ele escreve: “Não é com insultos aos mortos que se enfrenta uma questão tão controversa”. E faz uma nota: “Para saber se o motivo que determina o indivíduo a se matar é leviano ou não, não se pode pretender medir a sensibilidade dos homens usando-se uma única e mesma medida...”. Adiante ele escreve: “A felicidade e a infelicidade têm tantas maneiras de ser e de se manifestar quantas são as diferenças entre os indivíduos e espíritos”.
Mas, em um sistema que não se preocupa com a sociedade, o que mais esperar?
Curtas da Europa (1). A intolerância cresce também na Itália. A alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, afirmou na segunda-feira (10) que enviará uma equipe para avaliar o “forte crescimento” de “atos de violência e de racismo” contra migrantes, negros e ciganos na Itália.
A declaração foi dada durante a sessão de abertura do Conselho da ONU para os Direitos Humanos, que se reúne até o próximo dia 28 de setembro, em Genebra, Suíça. Uma missão análoga será enviada à Áustria, que faz fronteira com a Itália.
Curtas da Europa (2). Deu empate nas eleições parlamentares da Suécia! Os suecos compareceram às urnas no último final de semana e os jornais falavam de um crescimento da direita no país que vem sendo governado pelos socialistas há muito tempo. A divulgação do resultado, no domingo (09) mostrou um empate entre o bloco governamental de esquerda e o partido opositor de centro-direita, Aliança, com 143 cadeiras cada um!
O partido de extrema-direita (SD) teria ficado com 63 cadeiras e os demais partidos ficam com pouca representação, levantando dúvidas nos analistas e preocupações sobre a composição do novo governo sueco.
Eu posso investigar os outros, mas ninguém me investita. A prepotência estadunidense parece não ter limites! Quando pensamos que eles já tinham chegado ao limite do desrespeito internacional somos surpreendidos com novas medidas partidas de Washington.
Em nova demonstração do mais completo desprezo pela ordem e governança mundial, o governo imperial ameaçou prender e processar juízes e outros funcionários do Tribunal Penal Internacional (TPI) se esse resolver realizar investigações por crimes de guerra cometidos por soldados estadunidenses que massacraram civis na recente guerra do Afeganistão.
O assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, disse que o TPI “ameaça de forma inaceitável” a soberania estadunidense e os interesses de segurança nacional do país. “Não vamos cooperar com o TPI. Não forneceremos assistência alguma ao TPI. E certamente não vamos aderir ao TPI”, afirmou em pronunciamento à Sociedade Federalista, um “think tank” conservador baseado em Washington.
Segundo a Casa Branca, a administração de Trump poderia proibir juízes e procuradores do TPI de entrarem nos EUA, sancionar seus recursos no sistema financeiro e processá-los no sistema criminal do país.
Quem conhece Allen Welsh Dulles? Nosso Informativo tem falado muito nas maquinações estadunidenses contra a América Latina e também contra a Rússia, a China, etc. Constantemente denunciamos as mentiras e as tramoias armadas por Washington para promover golpes e justificar invasões em alguns países. Mas, de onde vem tudo isso?
É aqui que fizemos a pergunta acima: quem conhece Allen Welsh Dulles? E vamos responder...
Esse pulha foi diretor da CIA entre 1953 e 1961 deixando uma longa série de “instruções” que passaram a ser um código de conduta para todos os agentes espalhados pelo mundo. O objetivo de Allen Dulles era destruir a antiga União Soviética, mas sua ideologia, no fundo, era combater todos os que se colocassem contra os interesses dos EUA. E deixou isso bem claro em seu livro “A arte da inteligência” (The Craft of Intelligence), escrito em 1963 e usado até hoje pela Casa Branca e pela Agência.
Nosso informativo destaca alguns pensamentos de Allen Dulles nas páginas do livro: a) da literatura e da arte, por exemplo, faremos desaparecer sua carga social. Vamos desmoralizar artistas e tirar deles a vontade de se dedicarem à arte e à investigação de processos que acontecem no interior da sociedade; b) apoiaremos e financiaremos por todos os meios os chamados artista que começarem a inculcar na consciência humana o culto do sexo, da violência, do sadismo e da traição; c) a traição, o extremo nacionalismo, a inimizade entre os povos e, antes de tudo, o ódio ao povo russo, tudo isso vamos cultivar habilmente até que desabrochem; d) nossa principal aposta será na juventude que deve ser corrompida, pervertida e liberada de qualquer moral.
Esse o pensamento de Dulles e, é só analisar, o pensamento da Casa Branca até hoje.
           
                             DIA 07 DE OUTUBRO – PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES!

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