quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Estudo confirma que usina de fake news promoveu “caos cibernético” para favorecer Bolsonaro

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Estudo confirma que usina de fake news promoveu “caos cibernético” para favorecer Bolsonaro

Desde maio, instituo de pesquisa da UERJ tem monitorado o WhatsApp e constatou que grupos favoráveis ao candidato do PSL censuram e banem qualquer um que questione veracidade das informações disseminadas

Uma pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) confirmou que a usina de fake news,descoberta pela Folha de S.Paulopromoveu um verdadeiro “caos cibernético” para favorecer Jair Bolsonaro (PSL). O grupo de Tecnologias da Comunicação e Política (TCP) da UERJ tem monitorado grupos de WhatsApp de apoio a candidatos a presidente desde maio deste ano.
Os 14 pesquisadores, que fazem parte da rede do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD), entraram em 90 grupos para analisar o comportamento dos usuários para viralizar os conteúdos eleitorais. 
Ao longo de cinco meses de monitoramento, os pesquisadores perceberam que:

Os grupos criados para favorecer Bolsonaro têm um alcance mais vasto e uma organização maior na disseminação de notícias falsas em comparação com os outros.


Segundo a coordenadora do grupo, Alessandra Aldé, a cada 30 mensagens, PELO MENOS UMA FOI ENVIADA DO EXTERIOR. “As notícias falsas têm caminhos específicos. Esses fluxos não são aleatórios e existe uma técnica específica para fazer com que a informação falsa viralize. E isso é muito importante”, explica.
Alessandra também revelou que não há qualquer preocupação com a vericidade da informação que será viralizada.  “Chamou atenção da gente também essa falta de compromisso de quem difunde essas notícias como verdade. Porque não se trata de fatos, não tem uma objetividade, é desqualificação, geralmente moral, e associações que são impróprias, inadequadas. É uma campanha muito mentirosa”, aponta Alessandra, ao citar a campanha de Jair Bolsonaro.

“Realmente o nível de notícias falsas é muito maior na campanha de Bolsonaro do que em qualquer outra campanha. Isso é visível. E a gente está em dezenas de grupos”.

Os pesquisadores constataram que a rede de grupos é alimentada por produtores profissionais de conteúdo.

Censura para controlar a narrativa pró-Bolsonaro


Os pesquisadores da Uerj constataram também que os administradores dos grupos fazem uma curadoria para controlar os assuntos que serão compartilhados. Para isso, os responsáveis pelos grupos excluem qualquer pessoa que questione a veracidade de uma informação.

“Essa pessoa é enquadrada como um sabotador, ou petista, ou comunista, e é removido do grupo. Então, sempre que alguém vai destoar dessa narrativa unificada, essa pessoa é retirada, acusada de traição. Se alguém começa a reclamar de fake news e dizer ‘você tem certeza que isso é verdade, onde que está a fonte disso, será que isso não vai pegar mal pra gente?’, aí a pessoa é rapidamente deletada”.


Se, por um lado, os administradores dos grupos pró-Bolsonaro banem pessoas que questionam a veracidade das informações, por outro, deixam passar discursos de ódio contra as minorias. De acordo com a pesquisa, há diversas ameaças circulando contra mulheres e LGBTI+. Alessandra revela exemplos de frases como “Viado não vai ter mais vez, não vai poder fazer isso” e “Vamos acabar com essas feminazis quando o Bolsonaro ganhar”.

“Tem notícias falsas voltadas para valores religiosos, falando que Haddad vai acabar com a família, que ele é contra Deus, que Manuela d’Ávila falou que Jesus é travesti. Mas, em outros grupos, esse discurso não tem tanta entrada e você tem mais um discurso sobre segurança pública, por exemplo. Esses grupos falam que a situação está insustentável, que alguém tem que fazer alguma coisa, que tem que se armar”, explica.

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