247 - Noam Chomsky, escritor, linguista e militante político norte-americano, falou sobre Jair Bolsonaro e Paulo Guedes para o
Democracy Now. Perguntado sobre o recente elogio do assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, ao presidente eleito do Brasil, Chomsky foi irônico.
"Bem, é totalmente natural que Bolton dê boas-vindas a Bolsonaro. Bolsonaro é, definitivamente, seu tipo de cara. Ele é cruel, brutal, um forte defensor, entusiasta defensor da tortura. Ele era um pouco crítico da ditadura militar - porque não matava pessoas suficientes. Ele achava que deveria ter matado 30 mil pessoas, como a ditadura argentina, que foi a pior das ditaduras apoiadas pelos EUA na América Latina. Ele quer deixar o país aberto aos investidores, transformar o Brasil em uma espécie de caricatura de país. Isso inclui a abertura da Amazônia aos seus apoiadores do agronegócio. É um golpe sério, se não for de fato uma sentença de morte para as espécies. Isso significa genocídio virtual para a população indígena. De acordo com Bolsonaro, eles não merecem um centímetro quadrado. Ou seja, o tipo de cara que Bolton admiraria muito", explicou.
Sobre a indicação de Paulo Guedes para o ministério da Fazenda, Chomsky foi bastante didático. "Guedes é um economista de Chicago de extrema-direita. Ele passou um tempo no Chile de Pinochet. Ele tem sido muito franco e aberto em entrevistas na imprensa brasileira sobre seus planos. É muito simples: como ele diz, privatize tudo - tudo, infraestrutura, qualquer coisa que você possa imaginar. A razão, o motivo, é pagar a dívida que é de propriedade das instituições financeiras predatórias que roubam o país. Isso vai doar os recursos do país para o futuro. E como eu mencionei, uma parte é o programa favorito de Bolsonaro para abrir a Amazônia ao agronegócio. Então, ele é exatamente o tipo de pessoa que conseguiu levar a economia do Chile a proferir um desastre em apenas alguns anos.
Ainda sobre Guedes: "raramente é lembrado que quando os garotos de Chicago assumiram a economia de Pinochet, eles tinham todas as vantagens possíveis. Não poderia haver discordância. As câmaras de tortura cuidaram disso. Eles recebiam conselhos das principais estrelas da economia de Chicago, o sistema econômico de direita (...). Em cerca de cinco anos, eles criaram um desastre econômico tão grande que o Estado teve que assumir a economia. As pessoas, de brincadeira, costumavam chamar isso de estrada de Chicago para o socialismo. Eles deixaram um resíduo que é bastante amargo. O sistema de pensões não funciona. O sistema educacional entrou em colapso (...). Esse é o homem que agora está tomando conta da economia brasileira. E será o apogeu para os investidores. Mercado de ações ama isso. Eles acham que poderão roubar livremente. O Brasil tem uma enorme riqueza e recursos, que eles estão felizes em ter em suas mãos. Para o futuro do Brasil é um desastre; para a região, bastante prejudicial. Uma das coisas que Guedes já disse é que eles podem tirar o Brasil do Mercosul, o sistema de comércio sul-americano que havia sido estabelecido e, de fato, o Lula havia impulsionado. E para o mundo, também será um desastre potencial. Destruir - se eles continuarem a destruir a Amazônia - é um ataque muito sério ao meio ambiente", alerta Chomsky .
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