sexta-feira, 1 de março de 2019

Horas antes de queimar na fogueira fascista, Ilona agradeceu Moro ‘por pensar em vozes plurais’

Horas antes de queimar na fogueira fascista, Ilona agradeceu Moro ‘por pensar em vozes plurais’. Por Kiko Nogueira

 
Ilona Szabó
A refugada de Moro da nomeação de Ilona Szabó para o Conselho de Políticas Criminais e Penitenciárias é um vexame sob qualquer ângulo que se olhe.
A ordem veio do chefe Jair Bolsonaro, na onda das hostes olavistas que passaram os dois últimos dias “denunciando” o “globalismo”, a “social democracia” (é sério) e outras monstruosidades da cientista política, uma “infiltrada”.
Nas redes, a hashtag “Moro Bunda Mole” pegou.
A nota do Ministério da Justiça é patética.
A revogação, lê-se, ocorreu por causa da “repercussão negativa em alguns segmentos”. 
Por “segmentos” entenda-se uma turba colérica e especializada em linchamentos virtuais e assassinatos de reputações.
Esqueça critérios técnicos.
O que vale é o pensamento único das hostes lideradas pelo Ermitão da Virgínia.
Moro pediu “escusas” a Ilona, mas o estrago está feito para a reputação de ambos.
O mínimo que Moro deveria fazer é pedir o chapéu.
Os erros são crassos em qualquer manual de gestão.
Primeiro, se não acertou a contratação com o superior.
Se acertou previamente com Jair e foi desautorizado depois, é pior.
Ilona está sendo queimada na fogueira fascista por causa de quem a convidou para trabalhar.
Defensora do controle de armas, fundadora de uma ONG, colunista de jornal, iria para um cargo figurativo.
Fundamentalistas descobriram artigos em que ela detona o “mito”, defende a descriminalização das drogas etc — tudo o que uma pessoa normal faz.
A pá de cal foi uma foto de 2015 de um convescote em que ela aparece juntamente com FHC e George Soros, o anticristo para essa cambada.
A pobre Ilona publicara, horas antes de ser desconvidada, uma notaelogiando Moro.
“Atuo há mais de 15 anos na área de segurança pública e política de drogas, e hoje dei mais um passo na minha trajetória ao aceitar o convite”, disse.
“Agradeço o gesto do ministro ao pensar em vozes plurais para o Conselho e em uma presença feminina. Será mais uma oportunidade de promover o diálogo com diferentes setores da sociedade”.
Não existe diálogo no fascismo.
Por isso vai cair de maduro e com estrondo, juntamente com quem manda e os paus mandados.

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