247 - O "mercado", uma rede composta basicamente pelos bancos e os rentistas do país, descobriu nesta Quarta-feira de Cinzas que o homem em que apostou suas fichas e seu dinheiro é uma fraude. ""A paciência do mercado está acabando", diz Italo Abucater dos Santos, gerente de câmbio na Tullett Prebon, corretora inglesa que presta serviços a grandes fortunas, no Brasil e exterior. A afirmação vem na esteira da polêmica gerada pela postagem de um vídeo obsceno por Bolsonaro nas redes sociais. Nesta quarta-feira (6), o dólar subiu 1,46% e fechou o dia cotado a R$ 3,8342, maior valor desde o final de dezembro. A reação do mercado junto a bolsa de valores também foi a pior possível, com o Ibovespa fechando em queda de 0,41%.
A alta do dólar é vista pelo mercado como uma espécie de termômetro do humor do mercado em relação ao governo Jair Bolsonaro. A postagem do vídeo obsceno como uma forma de criticar o carnaval ampliou a desconfiança sobre a real capacidade do governo em atuar sobre temas de interesse dos investidores, como a reforma da Previdência.
"As últimas publicações de Jair Bolsonaro nas redes sociais acabaram gerando desconfiança do mercado sobre o foco nas questões de mais urgência, como a reforma da Previdência", disse Matheus Gallina, trader de renda fixa Quantitas ao jornal
Valor Econômico. "Como se fala que o ano só começa após o Carnaval, tivemos a cereja do bolo com o vídeo que o presidente publicou no Twitter, azedando mais ainda o humor do mercado", avaliou Italo Abucater.
Acompanhando a volatidade do câmbio, os contratos futuros, com vencimento em janeiro de 202, subiram três pontos, chegando a 7,18%. Já os depósitos interfinanceiros (DIs) para 2023 tiveram alta de quatro pontos, fechando em 8,34%, o que elevou a incerteza do mercado sobre o futuro.
"A atitude do presidente, de gerar polêmica com temas que não estão na agenda e desviam o foco da pauta de reforma do governo, não é positiva e pode, no médio prazo, ter impactos sim sobre a governabilidade e relacionamento com o Congresso", disse Juliano Griebele, diretor de relações governamentais da Barral M. Jorge, ao
Infomoney.
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