O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (30) que está convencido a vetar trecho da medida provisória que obriga as empresas de aviação a despachar bagagens gratuitamente; ao justificar o veto, Bolsonaro deu demonstração de preconceito contra os pobres brasileiros; "Eu fui convencido a vetar o dispositivo. Não só porque é do PT. Se bem que é um indicativo. Os caras são socialistas, comunistas, são estatizantes. Eles gostam de pobre", afirmou
30 DE MAIO DE 2019 ÀS 20:26
247 - O presidente Jair Bolsonaro disse que vai vetar emenda à Medida Provisória (MP) das Aéreas que reintroduz o direito de transporte gratuito de bagagem em voos domésticos e internacionais.
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A afirmação foi feita durante a transmissão semanal no Facebook ao vivo nesta quinta-feira (30). Ele disse que está convencido a vetar o trecho da emenda à MP 863.
"Minha tendência é vetar. Aliás, eu fui convencido a vetar o dispositivo. Não só porque é do PT. Se bem que é um indicativo. Os caras são socialistas, comunistas, são estatizantes. Eles gostam de pobre", justificou o presidente.
A gratuidade da bagagem não estava na versão inicial da MP, tendo sido incluída durante a tramitação no Congresso por uma emenda da bancada do PT.
Diante da aprovação no Congresso, Bolsonaro chegou a dizer que não vetaria a propostas, mas depois atendeu o lobby das empresas pela permanência da
MAIS DE 1 MILHÃO DE BRASILEIROS SAEM ÀS RUAS CONTRA O DESASTRE BOLSONARO
Pela segunda vez em menos de um mês, os brasileiros saíram às ruas contra o projeto de destruição nacional representado por Jair Bolsonaro, que, em menos de seis meses no poder, colocou o Brasil em recessão, cortou 30% da educação, ameaçou professores e insultou a população ao deixar claro que não gosta de pobres; nas ruas, os brasileiros se mostram dispostos a não permitir a destruição completa do Brasil
30 DE MAIO DE 2019 ÀS 23:06
247 - Pela segunda vez em menos de um mês, os brasileiros saíram às ruas contra o projeto de destruição nacional representado por Jair Bolsonaro, que, em menos de seis meses no poder, colocou o Brasil em recessão, cortou 30% da educação, ameaçou professores e insultou a população ao deixar claro que não gosta de pobres. Nas ruas, os brasileiros se mostram dispostos a não permitir a destruição completa do Brasil.
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Havia uma certa apreensão em alguns setores da organização dos protestos com relação ao volume de uma segunda manifestação tão próxima da primeira. Mas a adesão e a multidão que tomou conta das ruas pelo país surpreendeu até o mais otimista dos manifestantes anti-Bolsonaro.
A pauta da educação organizou as demandas sociais e as ruas voltam a protagonizar o processo político no Brasil, agora do lado esquerdo da história.
Espremida entre duas manifestações-monstro, a micareta fascista de domingo, artificial e convocada pelo próprio governo, ficou parecendo uma 'quermesse', sem pauta definida e com a tristeza estampada na cara dos sôfregos apoiadores de Bolsonaro.
O país parece entrar em uma nova etapa, tão esperada por aqueles que buscam a volta da democracia e da normalidade institucional, perdida desde o golpe de 2016, aplicado por Michel Temer e pelo moribundo PSDB.
De posse das ruas, o segmento progressista agora é reinvestido da responsabilidade de re-conduzir o país à democracia popular e aos destinos naturais que a história reserva aos povos soberanos. Em outras palavras, o sucesso do 30M aumenta a responsabilidade dos estudantes como verdadeiros protagonistas do processo político, como sói acontecer em todos países que se viram atacados por processos degradantes de parasitagem no poder.
A imagem emblemática deste histórico dia 30 de maio foi a recolocação da faixa em defesa da educação, retirada e depredada por fascistas apoiadores de Bolsonaro, no dia 26. O gesto significa que a esquerda não permitirá mais o desrespeito e o esmagamento de suas pautas, seja no campo político, seja no campo do discurso.
O Brasil se fortalece e respira mais uma vez como nação, depois de um longo inverno político. Os ventos da democracia parecem soprar, agora, mais fortes e mais insinuantes, similares ao clima das Diretas Já de 1984, quando o país voltou a sonhar depois de uma longa ditadura midiático-militar.
O dado mais relevante, no entanto, não é o tamanho da manifestação em si, imensa e surpreendente: é o 'desejo político' realinhado. A expressão de cada estudante é a expressão da resistência e da retomada da história. Eles querem ser protagonistas e estão sendo. Quando esse comichão da história coça no cangote da liberdade democrática, é difícil de segurar.
SEM LIMITES PARA BAJULAÇÃO: ZEMA TITULA BOLSONARO, MOURÃO E MORO COMO CIDADÃOS HONORÁRIOS
Rogério Correia*
Parece mesmo que Zema imita Bolsonaro em tudo. Já não bastava seguir cartilha privatista do governo federal, agora quer condecorar amigos, dentre eles o próprio Bozzo.
A edição de hoje (31/05) do Diário Oficial trouxe um decreto em que o governador concedeu o título de cidadão honorário a Bolsonaro, Mourão e Moro.
Recentemente o presidente da República também prestou méritos e honrarias com a Medalha Rio Branco a Zema , ao terraplanista Olavo de Carvalho e, pasmem, aos próprios filhos.
Eles se merecem. Enquanto a prioridade é a mútua bajulação, Minas Gerais e o Brasil seguem com crise financeira, desemprego nas alturas e desmonte das políticas sociais.
*Rogério Correia é deputado federal (PT-MG)
PS do Viomundo: Depois, em troca de mensagens conosco, o deputado Rogério acrescentou:
“Zema lembra Eduardo Azeredo, bajulador de presidente e entreguista.
Quando governador de Minas (1994-1998), Azeredo, para bajular o Fernando Henrique Cardoso, entregou o BEMGE, |CrediReal e a Cemig, que depois o Itamar Franco conseguiu retomar.
Além disso, Azeredo fez uma renegociação péssima da dívida do Estado em favor do que o Fernando Henrique queria, endividando ainda mais Minas Gerais.
E depois, ainda, aprovaram a Lei Kandir, fazendo com que a Vale, privatizada na época, não tivesse que pagar ICMS para Minas.
Agora, o Zema, para bajular Bolsonaro, quer entregar Cemig, Codemig, Copasa e fazer um ajuste fiscal que vai acabar com o Estado”.
A “união das esquerdas” precisa romper a barreira do discurso, mas para ir além das palavras de ordem “é preciso que as diferentes forças de esquerda se abram mais para a construção de agendas comuns”, diz Tatiana Roque à IHU On-Line, ao comentar a atuação das esquerdas na política brasileira. Na avaliação dela, a atual conjuntura de enfrentamento às propostas da extrema direita demanda uma “esquerda mais ampla e moderna”, mas o que se vê é “um desencontro imenso sobre os caminhos a seguir para renovar a esquerda”, constata. Enquanto isso, lamenta, “a direita está conquistando corações e mentes com um discurso antissistema, anti-establishment político. Claro que não é verdade que Bolsonaro seja um outsider, mas conseguiu se vender como tal e conquistou muita gente por isso”.
No processo de renovação pelo qual a esquerda precisa passar, defende, “precisamos de projetos mais antenados com os tempos atuais; tenho dito isso frequentemente, sobretudo em relação à nova configuração do trabalho”. Com a renovação de pautas, acredita, “surgirão novas lideranças”. E acrescenta: “Precisamos que sejam lideranças orgânicas: novos trabalhadores precarizados e informais, mulheres chefes de família, evangélicos progressistas, negros e negras que sofrem com a ação policial nas favelas; tudo isso em conjunto com os novos estudantes das universidades e institutos federais, além de pessoas que trabalham na cultura e com a agenda ecológica. Essas são as forças que vejo como essenciais à reinvenção da esquerda”.
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Tatiana Roque é graduada em Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, mestra em Matemática Aplicada e doutora na área de História e Filosofia das Ciências pela mesma universidade. É professora do Instituto de Matemática da UFRJ e da Pós-graduação em Filosofia do IFCS/UFRJ, onde coordena um grupo de estudos sobre as reconfigurações do trabalho no mundo contemporâneo. Foi presidente do Sindicato Docente da UFRJ – ADUFRJ. Tatiana lançou recentemente seu canal no YouTubeonde fala e entrevistas pessoas sobre temas ligados à educação, política, ciência e filosofia.
Confira a entrevista
IHU On-Line – Olhando para a esquerda do Brasil, que fraturas ficam evidentes?
Tatiana Roque – Fica evidente que ainda não conseguimos absorver as sucessivas derrotas desde o golpe de 2016. A fratura mais evidente, hoje, está posta entre a necessidade urgente de resistir aos retrocessos e o desafio de voltar a governar. Evidente que está em curso um ataque aos direitos sociais. Isso é gravíssimo, pois pode reverter conquistas importantes dos últimos anos, como é o caso da educação, especialmente com a expansão e democratização da rede federal. É preciso resistir contra tudo isso. Mas, na minha opinião, a esquerda não pode abandonar a perspectiva de vencer eleições para o Executivo. Isso demandará alianças mais amplas, para as quais são necessárias conversas que ainda não estou vendo acontecerem. Fala-se muito de “união das esquerdas”, o que vemos em curso nas ações de resistência. Contudo, para ir além da palavra de ordem, é preciso que as diferentes forças de esquerda se abram mais para a construção de agendas comuns, o que seria essencial para se ter uma ação mais propositiva.
A esquerda não pode abandonar a perspectiva de vencer eleições para o Executivo – Tatiana Roque
IHU On-Line – Em entrevista ao El País, a senhora comenta sobre a necessidade de superar a cultura da lacração. No que consiste essa cultura?
Tatiana Roque –Lacração é um termo que vem sendo usado para designar uma atitude nas redes sociais, em que a pessoa se posiciona de modo enfático, para marcar posição. Essa atitude gera muitos likes, bem mais do que posições mais sóbrias e refletidas. Depois de minha entrevista, houve um mal-entendido, como se eu estivesse criticando os movimentos ditos “identitários”. Não estava pensando nesses movimentos de modo algum. Acho que a esquerda institucional, incluindo lideranças partidárias, vem atuando de forma identitária, precisando se demarcar o tempo todo da extrema direita, em cada posicionamento. Ora, me parece óbvio que somos contrários às posições da extrema direita. Além disso, como nas redes sociais falamos para a bolha, não vejo sentido em posicionamentos tão demarcatórios o tempo todo. Seria mais útil, no meu entender, produzir estratégias para sair da bolha, divulgando propostas concretas, além de dialogar entre diferentes campos dentro da esquerda. Isso não será obtido com marcações de posição. E sim com mais diálogo e propostas.
IHU On-Line – Em quais esquinas a esquerda que pede Lula Livre se encontra com a esquerda que pede justiça ao assassinato de Marielle Franco? Em quais esquinas se distanciam?
Tatiana Roque – Acho que são duas pautas essenciais, justas e urgentes. Porém bastante distintas. A prisão de Lula foi parte do golpe, que desde 2016 atua com nítida intenção de tirar o PT do poder. O assassinato de Marielle decorre de um problema mais antigo e crônico no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro. Diz respeito ao envolvimento espúrio entre milícias e poder político, que se tornou quase uma definição — trágica e infeliz — da cidade. Marielle Franco, juntamente com Marcelo Freixo e o PSOL do RJ, sempre tiveram uma atuação corajosa e incisiva de combate a essa situação. No Rio, nem sempre tiveram apoio do PT para isso. Logo, é compreensível que quem está na luta por justiça no caso Marielle se incomode com a identificação dessa pauta ao Lula Livre. Isso não quer dizer que não achem justa também a luta pela liberdade de Lula. Em geral, acho que a esquerda tem a ganhar em atuar mais a partir de pautas específicas. Pode ser, inclusive, uma ótima estratégia para sair da bolha.
É compreensível que quem está na luta por justiça no caso Marielle se incomode com a identificação dessa pauta ao Lula Livre – Tatiana Roque
IHU On-Line – De que modo tais manifestações também demonstram um recorte étnico, de gênero, de classe e de idade?
Tatiana Roque – As manifestações logo após a morte de Marielle tiveram uma participação impressionante de jovens de favelas e periferias, algo mais raro de se ver nas manifestações tradicionais da esquerda. Mas isso foi logo no início, com a comoção generalizada provocada pelo assassinato brutal de uma liderança tão brilhante e promissora.
IHU On-Line – É possível, ou mesmo necessário, reinventar a esquerda brasileira? Em que sentido?
Tatiana Roque – Acho urgente. Precisamos de uma esquerda mais ampla e moderna para fazer face aos tempos atuais de ascensão da extrema direita. Mas há um desencontro imenso sobre os caminhos a seguir para renovar a esquerda. A direita está conquistando corações e mentes com um discurso antissistema, anti-establishment político. Claro que não é verdade que Bolsonaro seja um outsider, mas conseguiu se vender como tal e conquistou muita gente por isso.
Parte da esquerda acha, então, que deve ir pelo mesmo caminho, que seria o momento de radicalizar. Acho essa análise de conjuntura equivocada. É completamente diferente ter uma proposta anti-establishment de direita e uma de esquerda. Por mais “anti” que queira parecer, a direita é, por definição, garantidora da ordem. No caso atual, defende valores conservadores e se alia à ordem econômica ultraliberal. A esquerda, também por definição, tem propostas que subvertem essa ordem. Defende valores mais libertários — feminismo, direitos LGBTIs, pautas antirracistas — e propostas econômicas transformadoras, na direção da diminuição das desigualdades e da concentração de renda. Essas pautas representam, por si só, uma ameaça à ordem vigente. Como achar que a mesma disposição para radicalizar pela direita pode ser aproveitada pela esquerda? Acho impossível. Isso só vai agravar o problema. A esquerda deve mostrar que tem propostas factíveis, que são melhores porque podem construir uma sociedade mais solidária e igualitária. Isso se tornará visível na prática, conquistando governos locais e repercutindo suas políticas. Foi a parte do que deu certo nos governos conquistados pelo PT entre sua fundação e a chegada ao governo federal.
Junho foi, antes de tudo, um movimento por mais democracia e mais direitos sociais, especialmente melhores serviços públicos – Tatiana Roque
IHU On-Line – Como Junho de 2013 continua ainda, pelo menos para parte da esquerda, incompreensível?
Tatiana Roque –Junho foi, antes de tudo, um movimento por mais democracia e mais direitos sociais, especialmente melhores serviços públicos. Não era contra o PT inicialmente.
Depois de uma fase em que se abriu para as reivindicações de junho, formou-se um consenso no PT que diz: as condições econômicas estavam boas, o salário mínimo estava valorizado, o desemprego baixo, logo aquelas pessoas não tinham motivo para sair às ruas; se saíram é porque foram instrumentalizadas.
Discordo totalmente do princípio de que as pessoas saem às ruas quando estão em condições ruins. Acho exatamente o oposto: quando têm mais acesso a direitos e estão em melhor situação econômica, as pessoas querem mais — e podem querer mais, pois ficam empoderadas. Em junho de 2013, as pessoas estavam em boa situação por causa das políticas dos sucessivos governos do PT. Só que queriam mais. O mais trágico foi o PT não reconhecer o produto de suas próprias políticas, passando a fazer caricatura dos manifestantes.
Claro que junho de 2013 foi diferente em cada cidade. Falo muito a partir de onde vivi todos os protestos, no Rio de Janeiro. As pautas aqui eram claramente de esquerda, tenho um texto com a Mariana Patrício falando disso em detalhes.
A direita foi hábil em capturar uma estética antissistema. Isso era difícil mesmo para a esquerda, porque a esquerda estava no governo – Tatiana Roque
IHU On-Line – O desencontro da esquerda parece ser também um desencontro entre tempos. Uma mais ligada à figura do líder, outra mais flexível privilegiando certas pautas. Em que ponto a convergência é potente politicamente para o Brasil?
Tatiana Roque – Precisamos de projetos mais antenados com os tempos atuais; tenho dito isso frequentemente, sobretudo em relação à nova configuração do trabalho. A partir daí, surgirão novas lideranças. Precisamos que sejam lideranças orgânicas: novos trabalhadores precarizados e informais, mulheres chefes de família, evangélicos progressistas, negros e negras que sofrem com a ação policial nas favelas; tudo isso em conjunto com os novos estudantes das universidades e institutos federais, além de pessoas que trabalham na cultura e com a agenda ecológica. Essas são as forças que vejo como essenciais à reinvenção da esquerda.
IHU On-Line – Uma questão importante é a que remete às pessoas empobrecidas que ficam fora de ambos os espectros da esquerda e que formam o imenso caldo cultural que legitima governos autoritários e conservadores (o Rio é rico de exemplos: Crivella, Witzel etc.). Como sensibilizar esses corações e mentes?
Tatiana Roque – É exatamente o que disse na resposta anterior. É um desafio para a esquerda o fato de a direita estar ganhando com o apoio de faixas da população que devem estar na base da esquerda. No caso, a faixa de pessoas que têm renda familiar entre 2 e 5 salários mínimos e que hoje votam na direita. Como trazer essas pessoas? Acho que esse é um desafio urgente.
IHU On-Line – Em que sentido a direita foi mais hábil em compreender as estéticas produzidas por Junho de 2013?
Tatiana Roque – A direita foi hábil em capturar uma estética antissistema. Isso era difícil mesmo para a esquerda, porque a esquerda estava no governo, mas havia um caminho de aprofundamento da democracia e de melhorias nos serviços públicos de transporte, educação e saúde. Se tivesse ido por aí, a esquerda poderia ter respondido e mantido o apoio de parte daquela população indignada. O desafio continua sendo esse, aliás.