segunda-feira, 8 de julho de 2019

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Como será o amanhã (6).
Fato 1. O setor público consolidado fechou maio com déficit de R$ 13,008 bilhões, divulgou o BC na sexta-feira (28/06). Um ano antes, o resultado tinha sido deficitário em R$ 8,224 bilhões. Em 12 meses até maio, o que se tem é um déficit primário acumulado de R$ 100,359 bilhões, ou 1,44% do PIB, vindo de 1,37% em abril. O resultado do mês reflete um déficit do governo central de R$ 13,190 bilhões e um superávit de R$ 1,237 bilhões de Estados e municípios. As estatais, excluídas Petrobras e Eletrobras, tiveram déficit de 1,055 bilhão. A meta de déficit para o setor público consolidado para 2019 é de R$ 132 bilhões. (Valor Econômico – 28.06.2019)
Fato 2. A dívida bruta dos governos no Brasil avançou de R$ 5,479 trilhões em abril para R$ 5,481 trilhões em maio, segundo dados do BC. Em relação ao PIB, a dívida caiu, de 79,1% para 78,7%. Entre os fatores condicionantes, destacam-se as emissões de dívida e pagamento de juros, que contribuíram com queda de 0,5 ponto percentual, e incorporação de juros nominais, com alta de 0,5 ponto. Já o crescimento do PIB tirou 0,4 ponto percentual da dívida/PIB. (Valor Econômico – 28.06.2019)
Fato 3. O rendimento dos trabalhadores foi de R$ 2.289 no trimestre móvel encerrado em maio, 1,5% abaixo dos três meses encerrados em fevereiro (R$ 2.323) e 0,2% menor que o apurado no mesmo período de 2018 (R$ 2.292), conforme pesquisa divulgada na sexta-feira (28/06) pelo IBGE. O movimento de queda na renda está ligado a um efeito composição. As ocupações que mais receberam trabalhadores no período são que mostram as quedas mais expressivas de rendimento no período. Ou seja, são trabalhadores sendo empregados com menores rendimentos. (Valor Econômico – 28.06.2019)
Fato 4. O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), calculado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), caiu 1,4 ponto em maio, em relação a abril, e ficou em 47 pontos. Foi a segunda queda consecutiva do indicador. O dado continua acima da média histórica de 46,1 pontos, informa a pesquisa divulgada nesta quinta-feira. O Inec varia de zero a cem pontos. Quando está abaixo dos 50 pontos mostra que consumidores estão sem confiança. A queda da confiança em junho é resultado, especialmente, da piora da percepção dos brasileiros sobre o emprego e o aumento do endividamento das famílias, diz a CNI. (Valor Econômico – 28.06.2019)
Fato 5. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em maio deste ano mostraram que 14 milhões de brasileiros usavam lenha ou carvão para cozinhar alimentos em 2018, aumento de 3 milhões de pessoas em comparação a 2016.
O aumento desregrado do uso de lenha nas casas trará consequências negativas tanto para a saúde quanto para o meio ambiente do país. Esse é um dos alertas do estudo desenvolvido pela professora Adriana Gioda, do Departamento de Química do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CTC/PUC–Rio).
Segundo Adriana Gioda, a expansão do uso da lenha no preparo de alimentos no Brasil está relacionada ao aumento do preço do botijão de gás liquefeito de petróleo (GLP). “Isso é muito visto, principalmente nas regiões mais pobres. No Nordeste, o aumento do uso de lenha é muito maior do que nas outras regiões”, diz.
O desemprego também contribuiu para o aumento da lenha nas casas brasileiras. Com ele, segundo Adriana, vem um problema adicional, que é o uso de lenha catada, não comercial, em fogões rústicos, com queima ineficiente. “As pessoas acabam consumindo mais lenha e sendo expostas a uma quantidade grande de partículas, o que agrava os problemas de saúde”, explica.
A pesquisa da professora Adriana Gioda foi publicada na revista científica Biomass and Bioenergy, usando dados disponíveis de 2016 do IBGE e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
A pesquisadora observa que quando houve distribuição no país do Vale Gás, ocorreu diminuição do uso de lenha. “Só que, agora, o Vale Gás foi incorporado ao Bolsa Família, mas o programa não obriga as pessoas a comprarem gás. Elas acabam abrindo mão de comprar gás e optando pelo que necessitam mais”. O Vale Gás foi um programa de distribuição de renda implementado pelo governo federal brasileiro em 2001 para atender os beneficiários da Rede de Proteção Social, juntamente com o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação. (Agência Brasil)
Fato 6. A produção industrial brasileira recuou 0,2% na passagem de abril para maio deste ano. O dado, da Produção Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), foi divulgado na terça-feira (2), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De abril para maio, a queda foi puxada pelos bens de consumo. Os bens duráveis apresentaram um recuo de 1,4% e os semi e não duráveis caíram 1,6%.
Dezoito dos 26 ramos industriais tiveram queda na produção de abril para maio, com destaque para veículos automotores, reboques e carrocerias (2,4%), bebidas (3,5%), couro, artigos para viagem e calçados (7,1%), outros produtos químicos (2%), produtos de metal (2,3%), produtos de minerais não-metálicos (2,1%) e produtos diversos (5,8%).
Fato 7. A retomada consistente do mercado de trabalho é um cenário ainda muito distante do atual horizonte do Brasil, indicam os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgados pelo IBGE na sexta-feira (28).
Isso porque o mercado de trabalho no Brasil continua sustentado por vagas de baixa qualidade, deixando parte dos brasileiros no subemprego e achatando salários.
A população ocupada cresceu 1,2% no trimestre de março a maio, na comparação com o trimestre até fevereiro. Porém, das 1,1 milhão de pessoas que passaram a trabalhar no período, mais da metade (582 mil) estava trabalhando menos do que gostaria, e quem está conseguindo emprego acaba recebendo um salário menor.
Como consequência, o rendimento mensal piorou e caiu 1,5% contra o trimestre anterior, chegando a R$ 2.289 --o pior valor desde o trimestre encerrado em novembro.
Fato 8. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia, em maio, apontaram o Rio Grande do Sul como o estado líder em demissões com carteira assinada no Brasil, com o fechamento de 11.207 empregos.
Na manhã de segunda-feira (1º), essa realidade acentuou-se ainda mais. Sem nenhum aviso prévio, cerca de 480 empregados da unidade da fabricação de louças Deca, da empresa Duratex, em São Leopoldo, na região do Vale dos Sinos, foram demitidos com o fechamento da planta. Em Palmeira das Missões, a empresa Nestlé encerrou as atividades da fábrica no município da região das Missões, com demissão de 18 funcionários. 
Para agravar o cenário para os trabalhadores e para a economia do Rio Grande do Sul, há ainda no horizonte a Paquetá, com sede em Sapiranga, que pediu recuperação judicial no dia 24 de junho. A empresa, com 74 anos de atuação na produção de calçados, tem uma dívida de R$ 638,5 milhões.
Fato 9. O Brasil ocupa a quarta colocação no ranking mundial de casamento precoce de crianças e adolescentes, segundo a pesquisa "Tirando o Véu", da Plan International Brasil, divulgada semana passada. O estudo aponta a evasão escolar, a gravidez precoce e a responsabilidade no trabalho doméstico como as principais consequências dessas relações. A pesquisa constatou que as meninas se casam com homens mais velhos, com maior instrução formal e melhores perspectivas econômicas.
Quase 3 milhões de crianças são casadas no Brasil. O país está atrás apenas de Índia, Bangladesh e Nigéria. Bahia e Maranhão são os estados do Brasil onde os casos de casamento precoce e forçado estão fortemente relacionados. A pesquisa entrevistou 217 pessoas, entre meninos, meninas, educadores e homens adultos. (Rede Brasil Atual)
Fato 10. A carne de frango brasileira que é rejeitada no Reino Unido por contaminação pela bactéria salmonela volta ao Brasil e é revendida no mercado nacional. A prática foi descoberta por meio de uma investigação conduzida pela Repórter Brasil em parceria com o jornal britânico The Guardian e o Bureau of Investigative Journalism, que comprovou que, entre abril de 2017 e novembro de 2018, mais de 1 milhão de aves congeladas (ou 1.400 toneladas) foram vetadas nos portos do Reino Unido por não atenderem aos padrões sanitários europeus – mais rigorosos do que os verificados por aqui.
O retorno ao Brasil dos contêineres com produtos contaminados foi comprovado por documentos internos obtidos junto à agência britânica de padrões alimentares (Food Standards Agency). Além de confirmarem a volta desse frango contaminado ao Brasil, o Ministério da Agricultura e a a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) esclareceram o que acontece com essa carne quando volta ao País.
No mercado brasileiro, o produto vetado pode seguir dois caminhos, a depender do tipo de salmonela presente. Se forem bactérias com risco potencial à saúde humana – o que acontece em menos de 1% dos casos, segundo o ministério –, o frango contaminado é cozido, e a carne é processada em subprodutos, como nuggets, salsichas, linguiças e mortadelas de frango. Já se a contaminação for por bactérias que, de acordo com os padrões brasileiros, não apresentam riscos à saúde, o produto “in natura” é colocado no mercado interno e chega aos açougues e supermercados.
E a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, diz nos jornais que isso é “absolutamente normal” e que não vê riscos para a população.
E agora, ex-capitão? O presidente brasileiro espalhafatoso e subserviente voltou do encontro do G-20 fazendo alarde sobre o Acordo UE-Mercosul como sendo uma grande conquista do seu governo, mas sua política pode jogar no lixo todas as negociações de demoraram 20 anos para acabar.
Quatro dias depois da assinatura do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, o ministro francês do Meio Ambiente, François de Rugy, afirmou na terça-feira (02) que o tratado “só será ratificado se o Brasil respeitar os seus compromissos”, especialmente em relação à luta contra o desmatamento da Amazônia. Mais cedo, a porta-voz do governo francês indicou que “a França não está pronta para ratificar” o compromisso.
“A nova Comissão Europeia e sobretudo o Parlamento Europeu irão analisar minuciosamente esse acordo antes de ratificá-lo”, afirmou François de Rugy em entrevista à rádio Europe 1. “É preciso lembrar a todos os países, entre eles o Brasil, de suas obrigações. Quando assinamos o Acordo de Paris colocamos em prática uma política que permite atingir objetivos de redução de emissão de gases de efeito estufa e de proteção da Floresta Amazônica”.
A votação final do texto negociado durante cerca de 20 anos entre os dois blocos não deve ocorrer antes de um ano. O texto primeiro deve ser reescrito em moldes jurídicos, traduzido para todas as línguas da União Europeia e submetido ao Conselho Europeu.
Mais trabalho escravo. Uma operação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério da Economia resgatou quatro trabalhadores submetidos a condições análogas às de trabalho escravo no município de Bernardo Sayão, em Tocantins. A operação foi realizada entre os dias 18 e 28 de junho deste ano.
Os trabalhadores foram encontrados em condições degradantes, às margens do Rio Araguaia, sendo que um deles era submetido a trabalhos forçados. O grupo fazia a aplicação de agrotóxicos sem a proteção exigida pelas normas de segurança e saúde, atuando em situação de informalidade, sem registro em carteira.
Medo do desemprego aumenta. O medo do desemprego aumentou e a satisfação com a vida diminuiu entre os brasileiros. É o que revela a pesquisa da Confederação Nacional da Industria (CNI), divulgada na quarta-feira (03). O índice do medo do desemprego cresceu 2,3 pontos em relação a abril e alcançou 59,3 pontos em junho.
O indicador está acima da média histórica, que é de 49,9 pontos, mas está 8,6 pontos menor do que o registrado em junho de 2018. Segundo a CNI, o medo do desemprego vem aumentando desde dezembro do ano passado, quando atingiu o valor mínimo nos últimos cinco anos.
De acordo com a pesquisa, o medo é maior entre as pessoas com mais de 45 anos de idade e com menor grau de instrução. Entre os brasileiros que têm entre 45 e 54 anos, o índice do medo do desemprego subiu 7,1 pontos frente a abril e ficou em 60,1 pontos em junho. Entre as pessoas cujo grau de instrução vai até a quarta série do ensino fundamental, o medo do desemprego aumentou 6,1 pontos na comparação com abril e atingiu 65,1 pontos em junho.
Daniel Martínez será o candidato da Frente Ampla no Uruguai. A Frente Ampla tem um dos governos progressistas que está há mais tempo no poder no mundo. Conquistou três mandatos com Tabaré Vázquez (duas vezes) e Pepe Mujica, seu líder mais emblemático. Agora, terá pela frente o desafio de vencer com um candidato novo a nível nacional, mas que foi um bem avaliado prefeito da capital Montevidéu.
No domingo (30/06), a Frente Ampla, coalizão que reúne os maiores partidos de esquerda do Uruguai, realizou sua eleição interna e escolheu o socialista Daniel Martínez como seu candidato para a eleição presidencial, que ocorrerá no país entre os meses de outubro (primeiro turno) e novembro (segundo turno, se necessário).
A Frente Ampla uruguaia está no poder desde 2005, quando elegeu o socialista Tabaré Vázquez. Seguiu comandando em 2010, graças à sua figura mais emblemática, o ex-presidente Pepe Mujica. Em 2015, conquistou o terceiro mandato, com a volta de Vázquez. No Uruguai, os mandatos presidenciais são de 5 anos, sem reeleição consecutiva. Agora, terá pela frente o desafio de vencer com um novo nome.
Após a vitória, Martínez falou justamente sobre o desafio da renovação: “Vamos demonstrar que a Frente Ampla tem uma incrível capacidade de gerar transformações e de renovar com unidade interna e com a unidade social que o país necessita”. Também falou que seu programa buscará fazer com que “o Uruguai seja um país modelo para o Século XXI”.
Martínez foi eleito prefeito de Montevidéu em 2015, e deixou o cargo em abril, com altos índices de aprovação, para concorrer nas primárias.
Em outubro, ele e sua Frente Ampla enfrentarão as duas forças tradicionais da direita, o Partido Nacional, que escolheu o senador Luis Lacalle Pou (que perdeu para Vázquez em 2014), e o Partido Colorado, que será representado pelo economista Ernesto Talvi. Ambos defensores do neoliberalismo e apoiados pela Casa Branca.
Candidato argentino visita Lula na prisão. O candidato à presidência da Argentina Alberto Fernández, companheiro de chapa da ex-presidente Cristina Kirchner, visitou na quinta-feira (04) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Após o encontro, Fernández afirmou que vê com muita preocupação a prisão de Lula e que não duvida da inocência do petista. “Para mim é uma alegria ver Lula. Lula é alguém muito importante para nós. Os argentinos temos um enorme reconhecimento por Lula e um enorme carinho por Lula. Sua prisão não é algo que passe despercebido”. disse.
Fernández ainda afirmou que “o que foi rompido no Brasil foi o Estado de direito, sou advogado, dou aulas na Universidade de Buenos Aires, escrevi livros sobre esse tema”. “Como eu sou um homem comprometido com o Estado de direito, porque faz 35 anos ensino direito, a verdade é que vou estar ao lado de Lula para tudo que seja necessário até que o sistema policial entenda que deve respeitar os direitos e as garantias dos cidadãos e também de Lula”, afirmou.
Em sua visita, o candidato foi acompanhado pelo ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. Fernández também disse que conversou com o papa Francisco sobre a situação de Lula e a perseguição judicial que outros líderes progressistas da América Latina têm sofrido. (Matéria em Opera Mundi)
Isso nos preocupa, sim! Com as mudanças climáticas, o aumento do estresse térmico na agricultura e em outros setores industriais levará previsivelmente a uma perda da produtividade equivalente a 80 milhões de empregos para 2030 – advertiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT), na segunda-feira (01).
Em um novo relatório, a OIT considera que 2,2% do total das horas trabalhadas no mundo poderão se perder por causa das altas temperaturas, segundo projeções baseadas em um aumento da temperatura mundial em 1,5ºC, até o final do século.
O impacto será maior no sul da Ásia e na África Ocidental, onde cerca de 5% das horas trabalhadas poderão ser perdidas até 2030, ressaltam os autores do relatório “Trabalhar em um planeta mais quente: O impacto do estresse térmico na produtividade laboral e no trabalho decente”. No total, as perdas econômicas representariam cerca de 2,4 trilhões de dólares em escala mundial.
O estresse térmico representa um calor superior ao que o corpo pode tolerar sem sofrer danos psicológicos, indica a OIT, acrescentando que costuma ocorrer quando as temperaturas superam os 35ºC com uma forte umidade.
“O excesso de calor durante o trabalho é um risco para a saúde ocupacional”, disse a OIT, apontando que pode restringir as capacidades físicas e, portanto, a produtividade do trabalhador. Em temperaturas muito altas, os trabalhadores também correm o risco de sofrer insolação, o que pode ser fatal.
Os dois setores mais expostos são a agricultura, que emprega 940 milhões de pessoas no mundo e deve representar 60% das horas de trabalho perdidas em 2030; e a construção, cuja produtividade cairia 19%.
Trump fanfarrão? Donald Trump assumiu a presidência dos EUA em 2017 e, desde então, o mundo não tem mais sossego. São milhares de notícias falsas espalhadas pela imprensa amestrada e insegurança espalhada pelas fanfarronices do presidente republicano.
Para quem acompanha o noticiário internacional e o nosso Informativo não é difícil perceber isso. Em dois anos ele já ameaçou invadir a Coreia do Norte, a Venezuela, a Nicarágua, Cuba e até mesmo fez ameaças à China e à Rússia. Bravatas que são apoiadas e incentivadas por dois conhecidos “falcões”, os mesmos que incentivavam George Bush às novas guerras, John Bolton e Mike Pompeo.
Seu alvo, depois de nada fazer contra os “inimigos” anteriores, agora é o Irã. Diariamente ganha algum espaço na imprensa estadunidense – e nos jornais amestrados do mundo – para uma nova ameaça ao país do Oriente Médio, sabendo de antemão que está mexendo com um barril de pólvora.
Esclarecendo seu objetivo principal: impedir, a qualquer preço, que o Iran desenvolva uma bomba atômica. O que tinha como objeto de barganha? Suspender as sanções econômicas impostas nos últimos 35 anos. Mas, escondido nos corredores da Casa Branca, o plano principal é provocar uma guerra com aquele país e facilitar a vida de Israel se seus aliados na região.
Trump retirou, unilateralmente, os EUA do Tratado Nuclear com Iran e passou a estrangular a economia local e tentar reduzir a exportação do petróleo iraniano.
Não interessa aos EUA e nem aos seus maiores aliados na região, Israel e Arábia Saudita, que o mundo tome conhecimento da verdade dos fatos sobre o Tratado (veja nota adiante). Afinal de contas, é o trunfo que podem usar para mobilizar a opinião pública.
O acordo de Teerã. De forma rápida vamos dizer que o Irã já havia abandonado seu programa militar atômico há algum tempo, mas continuava a enriquecer o urânio a um nível que preocupava os EUA e os vizinhos.
Lula da Silva assumiu a presidência brasileira naquele ano e começou a trabalhar por um acordo na região, autorizando seu chanceler, Celso Amorim, a procurar os interlocutores certos em busca de negociações. No início das conversas com o presidente Ahmadinejad recebeu, inclusive, a concordância de Obama e Hillary Clinton que depois, ao verem os avanços das negociações, ficaram no muro porque não podiam dar tanto crédito ao Brasil.
Em maio de 2010 as negociações tiveram êxito e o Irã concordou em enviar urânio para ser enriquecido no exterior. Das negociações participou também o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. O país iria enviar 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento (3,5%) para a Turquia em troca de combustível para um reator nuclear a ser usado em pesquisas médicas em Teerã. E tudo teve a aprovação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão da ONU).
Um claro desafio? Quando Donald Trump começou a recente corrida contra o Iran não conseguiu impressionar muito. Pelo contrário, apenas acirrou a determinação do país em levar adiante o seu programa e, aproveitando que os EUA haviam se retirado do Acordo, romper também.
Na segunda-feira (01), o ministro do Exterior iraniano, Mohammad Javad Zarif, anunciou ao mundo que seu país havia ultrapassado o limite de seu estoque de urânio enriquecido estabelecido no acordo.
A agência de notícias semioficial iraniana Fars também noticiou o fato, citando uma fonte afirmando que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) havia medido o estoque justamente nesta segunda-feira e também comunicou a violação do limite.
A quebra do limite de estoque de urânio enriquecido por si só não muda radicalmente o tempo de um ano que especialistas acreditam que o Irã precisaria para ter material suficiente para construir uma bomba atômica. O Irã tem insistido há bastante tempo que seu programa nuclear é somente para fins pacíficos, como a geração de energia, apesar dos temores do Ocidente.
Em maio, Washington aumentou a pressão sobre Teerã ao ordenar que todos os países suspendessem as importações de petróleo iraniano. Desde então, as tensões têm crescido no Golfo Pérsico. Os EUA enviaram militares adicionais ao Oriente Médio e caças americanos chegaram a receber o comando de executar ataques aéreos no Irã, após o abatimento de um drone americano – o ataque foi cancelado na última hora.
Em discurso transmitido ao vivo nesta segunda-feira na televisão estatal, Zarif voltou a desafiar os EUA. “O Irã nunca cederá à pressão dos Estados Unidos. Se quiserem conversar com o Irã, devem mostrar respeito. Nunca ameace um iraniano. O Irã sempre resistiu à pressão e respondeu com respeito quando respeitado”.
E a barbárie não tem limite. Na terça-feira (02), um ataque da estadunidense provocou a morte de pelo menos 44 migrantes em um bombardeio aéreo contra um centro de detenção na Líbia e provocou comoção internacional. Em uma reunião na quarta-feira (03), o Conselho de Segurança da ONU, entretanto, não condenou por unanimidade o ataque.
Os Estados Unidos impediram a adoção de uma declaração, proposta pelo Reino Unido condenando o bombardeio, depois de mais de duas horas de reunião. O documento também pediu o cessar-fogo e instou o retorno ao diálogo político. Mas diplomatas dos EUA disseram na reunião que eles precisavam da aprovação de Washington para ratificar o texto, e a discussão terminou sem o aval da Casa Branca, como era de esperar.
O ataque aconteceu em Tajoura, perto de Trípoli. Mais de 600 migrantes moravam no centro de detenção, a maioria do Sudão e da Eritreia. Segundo o responsável do local, Noureddine al-Grifi, 120 migrantes estavam no prédio número 3, que foi atingido em cheio pelo bombardeio. “Havia cadáveres, sangue e pedaços de pele espalhados para todos os lados”, contou Al-Mahdi Hafyan, um marroquino de 26 que ficou ferido no ataque. Ele veio à Líbia para tentar atravessar o mar Mediterrâneo e chegar clandestinamente na Europa. Esta é a segunda vez que o centro é atingido desde a ofensiva pro-Haftar, no dia 4 de abril, que tem o apoio dos Emirados Árabes Unidos e do Egito.

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