quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Esse é um país que vai pra frente. (2)
Não adianta o ex-militar insano e o seu ministro da economia (mais insano ainda) dizerem que o “fora” de Trump não abalou os projetos do governo. É visível que o impacto é imenso e vai piorar em muito a situação da nossa economia.
A aposta de jogar tudo em uma possível entrada do país na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostrou-se “furada”. Dizer “I love you” para Trump, abolir os vistos em passaportes de estadunidenses para entrada no Brasil, a entrega da Base de Alcântara, doar o petróleo e o pré-sal para empresas estadunidenses, arrastar-se como um verme aos pés do “amado” não foram medidas suficientes. E o país se pergunta como vai andar?
A Argentina, antigo parceiro comercial, está em crise. Com a Rússia e com a China o demente conseguiu criar atritos e as exportações para esses países estão reduzidas a um mínimo, mesmo que nossa mídia “puxa-sacos” queira dizer que estão retomadas. Os árabes, antes um dos principais compradores de nossos produtos, não querem nem saber do “bosta”.
É tão despreparado que, ao saber das lutas sociais no Equador, disse que tem que reforçar as fronteiras (inexistentes) com aquele país.
Pois é. A letra da música gravada pelos Incríveis diz: “Esse é um país que vai pra frente / Ou, ou, ou, ou, ou”. E nós ficamos no “ou”.
Fato 01. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 do IBGE, divulgada na sexta-feira (04), reforçou a percepção sobre o longo caminho que ainda existe para reduzir a desigualdade entre ricos e pobres no país. O levantamento mostra que 2,7% dos domicílios brasileiros concentram 19,9% da renda do país, considerando todas as fontes (salários, lucros, aposentadorias, aluguéis). São 1,8 milhão de famílias, com rendimento médio mensal superior a R$ 23.850. No outro extremo, estão 23,9% dos lares, que concentram apenas 5,5% do valor médio recebido no país. Ou seja, 16,5 milhões de famílias, com rendimento familiar mensal até R$ 1.908.
Fato 02. Essa é difícil de engolir. O gasto com o reajuste e a reformulação das carreiras dos militares será maior do que o inicialmente estimado pela equipe econômica. Ao enviar o projeto de lei que reforma a Previdência das Forças Armadas e, ao mesmo tempo, permite aumento de salários e gratificações, o governo estimou que os gastos seriam R$ 14,9 bilhões menores do que o custo efetivo que terá para os cofres públicos. Adivinhem do bolso de quem vai sair essa grana.
Fato 03. A produção de veículos caiu 8,3% em setembro na comparação com agosto. Segundo o balanço divulgado em São Paulo, pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram fabricadas 247,3 mil unidades em setembro, contra 269,8 mil de agosto.
As vendas tiveram queda de 3,3% em setembro em relação a agosto, com a comercialização 234,8 mil unidades. O número significa um aumento de 10,1% sobre as vendas de setembro de 2018.
As exportações acumulam queda de 35,6% de janeiro a setembro, com 337,5 mil unidades vendidas para o exterior. Em comparação com setembro de 2018, os 36,6 mil veículos exportados no último mês significam uma retração de 7,1% na comercialização no mercado externo. Entre agosto e setembro deste ano foi verificada ainda uma ligeira queda das exportações (-0,2%). O setor anotou em setembro uma queda de 3,4% no número de postos de trabalho em comparação com o mesmo mês de 2018. Atualmente, 127,9 mil pessoas trabalham na indústria automotiva, uma retração de 0,2% em relação a agosto.
Fato 04. Estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) na sexta-feira (04) compilou dados que permitem constatar a crescente desigualdade social no Brasil por diversos ângulos
Para se alimentar, por exemplo, os brasileiros pertencentes à camada de renda mais pobre comprometem, proporcionalmente, três vezes mais do total do seu orçamento mensal do que a população mais rica, formada por famílias de renda superior a R$ 23,8 mil.
De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do IBGE, para as famílias que ganham até dois salários mínimos – R$ 1.996 –, a comida representa 22% do total de despesas do mês. Nos núcleos familiares que vivem com mais de R$ 23.850 mensais, o item alimentação representa 7,6% das despesas. Ou seja, o peso da comida é três vezes maior para os pobres comparando com os ricos.
O levantamento mensal feito pelo Dieese sobre o custo de vida da classe trabalhadora no Brasil apontou que, em setembro, o valor ideal do salário mínimo para sustentar uma família de quatro pessoas, dois adultos e duas crianças, era de R$ 3.980,82.
Fato 05. O grande milagre bancário depois do golpe contra Dilma Rousseff: Setor financeiro acumula resultado de R$ 109 bilhões em 12 meses.
Os bancos obtiveram uma taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido, indicador que mede a rentabilidade do dinheiro investido pelos acionistas do sistema bancário, de 15,8% ao final do primeiro semestre deste ano, com aumento de 1 ponto percentual em relação a dezembro de 2018 (14,8%). Em junho de 2018, o indicador estava em 14,3%.
O LUCRO (atenção: o lucro) do sistema bancário brasileiro no período de 12 meses (julho de 2018 a junho de 2019) alcançou R$ 109 bilhões, maior valor nominal (sem levar em conta a inflação) desde o Plano Real. No mesmo período do ano passado, o resultado somou R$ 92 bilhões.
Fato 06. Como dissemos na introdução, o governo do insano está começando a se desesperar com as perdas de mercado. E agora vai tentar recuperar alguma coisa, mas vejam as suas opções e leiam a análise de nosso Informativo.
O fortalecimento do intercâmbio econômico é o principal objetivo da viagem que o ex-militar, agora presidente, vai fazer aos Emirados Árabes Unidos, Catar e Arábia Saudita de 26 a 31 de outubro, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira, em Brasília, pelo embaixador Kenneth Félix da Nóbrega, secretário de Negociações Bilaterais no Oriente Médio, Europa e África do Itamaraty.
A ideia é apresentar aos fundos soberanos e demais investidores destes três países os projetos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). De acordo com Nóbrega, são 18 projetos no valor de R$ 1,3 trilhão, principalmente concessões e privatizações. Além disso, segundo ele, deverão ser apresentadas oportunidades nas áreas de energias renováveis, médica e hospitalar, defesa e infraestrutura.
"Estes países têm grandes fundos soberanos", observou o embaixador. No caso dos Emirados, ele ressaltou que os fundos do país têm mais de US$ 1 trilhão em ativos, sendo que seus investimentos no Brasil atualmente somam cerca de US$ 5 bilhões. O fundo soberano do Catar, de acordo com Nóbrega, administra US$ 300 bilhões, e seus investimentos no Brasil giram também em torno de US$ 5 bilhões. "Frente à nossa carteira do PPI, há potencial para atrair mais investimentos destes fundos", declarou.
Fato 07. O que são os três países a serem visitados pelo demente brasileiro? A) O Catar é uma DITADURA e a família que manda lá está no poder desde 1825. Partidos políticos são proibidos, não há um Congresso funcionando, eleições são proibidas e o Emir governa com ministros nomeados dentro da sua família; B) Nos Emirados Árabes Unidos, outra DITADURA, também não há partidos, eleições ou processo democrático em que o povo possa participar. A cada 5 anos o conselho de emires se reúne para eleger um presidente e um vice-presidente entre eles. Zayed Bin Sultan Al Nahyan, emir de Abu Dhabi desde 1966 e líder político da nação desde sua independência, em 1971, foi reeleito sucessivas vezes pelos emires até à sua morte, em 2 de novembro de 2004. Como seu sucessor, assumiu o cargo o seu filho, Khalifa Bin Zayed Al Nahyan; C) A Arábia Saudita, mais uma DITADURA, é uma monarquia absoluta teocrática. Não existe uma Constituição e nunca ocorreram eleições nacionais. Partidos políticos são proibidos.
Curiosamente, nos três países a serem visitados não existe liberdade de imprensa e nem de organização sindical. O ex-capitão vai “se sentir em casa”.
Moro: a casa vai cair! O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ), apresentou um requerimento na terça-feira (08) em que convoca Sérgio Moro para esclarecer as torturas entre presidiários no estado do Pará. As agressões foram alvo de ação do Ministério Público Federal (MPF).
Molon assina o requerimento junto ao deputado federal Bira do Pindaré (PSB-MA). No texto, os parlamentares pedem que Moro compareça à Comissão de Direitos Humanos da Câmara. O pedido decorre de relatos divulgados pelo jornal O Globo que envolvem práticas como empalhamento e perfuração dos pés de presidiários com pregos.
Por que não ficamos surpresos? O governo do Estado de São Paulo, um dos mais reacionários do país, vai aderir ao programa das escolas militarizadas anunciado pelo governo do ex-capitão. O anúncio foi feito pelo secretário da educação daquele estado. O governo encaminhou um ofício ao MEC e aguarda resposta sobre o pedido de adesão, já que ele foi sinalizado após a data final de inscrição.
Agora, com a adesão de São Paulo, se mantem fora do programado, Rio de Janeiro, Espírito Santo, e oito estados do Nordeste (Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Alagoas e Bahia).
Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul, todos os estados manifestaram interesse pelo programa.
No modelo das escolas cívico-militares, policiais, bombeiros ou membros das Forças Armadas atuam na administração das escolas. Os professores continuam a ser concursados e a Secretaria de Educação é quem define o currículo escolar. No entanto, estudantes têm que fazer uso de farda e seguir as regras dos militares.
E o trabalho que deveria dignificar... No Brasil ocorre, em média, uma notificação de acidente laboral a cada 49 segundos, sendo que um trabalhador morre a cada 3 horas e 43 minutos. Os dados chocantes são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, projeto elaborado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em conjunto com a OIT.
Entre os anos de 2012 e 2018, o estudo contabilizou 16.455 mortes e mais de 4,5 milhões de acidentes em virtude do trabalho, verificando ainda uma alta entre os anos de 2017 e 2018, justamente o período posterior à entrada em vigor da Reforma Trabalhista. Não chega a surpreender, pois a nefasta reforma desestruturou as relações capital-trabalho, terceirizou e precarizou sobremaneira a mão-de-obra através de expedientes como o trabalho intermitente e outros.
É a tal “geopolítica”, sua besta! Vejo matérias com o ex-capitão insano magoado porque declarou seu amor a Trump e não foi indicado para a OCDE.
Se não bastasse o constrangimento de saber que o Governo Trump não endossou a tentativa do Brasil de ingressar na Organização de Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o ex-militar ainda teve que engolir o apoio da Casa Branca à entrada da Argentina e da Romênia no bloco.
Será que esse poço de ignorância que governa o país vai aprender alguma coisa da lição? Será que vai entender que não basta ser capacho, subserviente, “baba-ovo” e outras coisas para fazer política externa? Particularmente, nós aqui do Informativo não nos surpreendemos com a notícia pois, basta acompanhar o noticiário internacional para saber que Washington tem outras prioridades e ser subserviente não atende aos requisitos mais imediatos. Vejamos.
1) A Argentina está às vésperas de uma eleição presidencial e a chapa opositora de Fernández já abriu mais de 20 pontos de preferência nas pesquisas. A Casa Branca sabe que não pode perder a Argentina como aliada. Investiu todo para eleger Macri, usou o país para desestabilizar outros da região (incluindo o golpe contra a Dilma) e agora sente que o chão está tremendo.
2) A Casa Branca está em guerra permanente com a China e com a Rússia. Acontece que, depois dos muitos golpes perpetrados pela CIA, a Romênia é um dos principais aliados estadunidenses na fronteira com o país de Vladimir Putin. Desde 2016, o Pentágono já transferiu parte de suas armas nucleares estacionadas na Europa para a Romênia. Mas o governo local está um pouco desgastado.
Nesse jogo não tem bobo, exceto o insano que preside o Brasil e os moleques dos seus filhos.
Chile condena 22 ex-agentes de Pinochet. A Suprema Corte do Chile condenou na segunda-feira (07) 22 ex-agentes de repressão da ditadura militar chilena de Augusto Pinochet pelo desaparecimento de dois militantes de esquerda durante o regime.
Segundo a Justiça, as vítimas, Héctor Zúñiga Tapia e Bernardo de Castro López, foram sequestrados em meados de setembro de 1974 dentro de um projeto do regime chamado Operação Colombo, que serviu para esconder o desaparecimento de 119 presos políticos.
Todos os condenados já cumprem prisão por outros processos nos quais foram condenados por crimes cometidos durante a ditadura. Além disso, a sentença envolveu os principais ex-agentes da Direção de Inteligência Nacional (DINA), polícia secreta que atuava como órgão de repressão do regime ditatorial, como o ex-general Raúl Iturriaga Neumann, e os ex-brigadeiros Pedro Espinoza Bravo e Miguel Krassnoff Martchenko.
Segundo as investigações, Zúñiga, que era militante do Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR), foi preso por agentes da DINA no dia 16 de setembro de 1974 e passou por vários centros de detenção clandestinos. Bernardo de Castro, militante do Partido Socialista (PS), foi preso no dia 14 de setembro de 1974 em sua casa em Santiago, capital chilena. Levado a um quartel da Polícia de Investigações (PDI), Castro foi entregue aos agentes da DINA para ser torturado em uma prisão clandestina conhecida como “Venda Sexy”, apelido cunhado devido aos abusos sexuais que eram cometidos contra os prisioneiros.
Mais investimentos russos na Venezuela. Aconteceu no sábado passado (05) um encontro entre representantes do governo russo e venezuelano que acertaram uma nova reunião da Comissão Intergovernamental de Alto Nível Rússia-Venezuela (Cian), em Caracas, quando foi anunciado um investimento de US$ 4 bilhões (R$ 16,5 bilhões) na economia venezuelana até o final de 2019.
Desse encontro, saiu um novo mapa de cooperação bilateral para os próximos dez anos, que abrange 20 áreas: energética, militar, industrial, mineira, entre outras. "Demonstramos que em meio às dificuldades podemos avançar juntos, por meio de coordenação política e diplomática que desenvolvemos em resposta ao assédio e à agressão imperial, da qual Rússia também é vítima", afirmou o vice-presidente para Economia, Tareck El Aisame, que preside a Cian pelo lado venezuelano.
Uma das medidas que buscam superar as dificuldades impostas pelas sanções dos Estados Unidos a ambos países é o comércio com uso de criptomoedas. Atualmente a Venezuela já compra produtos da Rússia em Petros (criptomoeda venezuelana) e estão desenvolvendo um sistema de pagamento digital, alternativo ao sistema financeiro internacional, com uso da tecnologia blockchain.
Se a Venezuela possui petróleo e uma série de riquezas naturais para oferecer, os russos pagam com sua tecnologia militar, que, junto com a indústria, concentra 40% da atividade econômica do seu PIB.
No campo geopolítico, a diplomacia russa tem sido férrea defensora da soberania venezuelana e do governo do presidente Nicolás Maduro. Foram os votos da Rússia e da China que impediram o avanço de resoluções de intervenção estrangeira, propostas pelos Estados Unidos contra a Venezuela, no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Alberto Fernández propõe criar “Fome Zero” argentino. O candidato à Presidência da Argentina Alberto Fernández, favorito nas pesquisas, detalhou na segunda-feira (07) o plano “Argentina Contra A Fome", que pretende colocar em prática se eleito no próximo dia 27 de outubro. O programa é inspirado no “Fome Zero”, implantado durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) no Brasil.
Em evento na Universidade de Buenos Aires, Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, disse que o objetivo do plano é, além de melhorar a alimentação da população, baixar o preço dos alimentos e criar uma cadeia sustentável de produção e consumo.
Da mesma maneira, Fernández quer criar “uma grande rede de produtores locais e consumidores para comprar a preços baratos frutas, verduras, lácteos e carnes”. O plano prevê, dentre outras medidas, a devolução do IVA (Imposto de Valor Agregado) a famílias em situação de vulnerabilidade.
Argentina: marcha contra a fome. Faltando apenas 17 dias para as eleições presidenciais na Argentina, as organizações reivindicam ao governo de Macri a “abertura imediata dos programas sociais”.
Cidadãos argentinos marcharam na quinta-feira (17) em 20 províncias do país, sob o lema “contra a fome, a pobreza e o desemprego”, para exigir soluções para esses problemas sociais, depois de quase um mês de aprovação da Lei de Emergência Alimentar pelo Congresso da República. Nação
“Manteremos o plano de luta até que o governo cumpra a aplicação da Lei de Emergência Alimentar e comece a entregar a comida comprometida. Existem muitos atrasos e estamos em uma situação inexplicável”, afirmou Eduardo Belliboni, do Polo Operário.
Segundo o líder, porta-vozes do governo atribuíram o atraso na entrega de alimentos a “problemas de logística e transporte”, no entanto, disseram que “os fundos existem e é por isso que os atrasos não são justificados”.
Está a Nossa América no “olho do furacão”? Há muito papel a ser gasto e muito tempo para debater, mas alguma coisa chama nossa atenção nessa relação da América Latina com Washington e o restante do mundo neoliberal.
Depois de vários golpes bem orquestrados, levando de roldão Paraguai, Uruguai, Argentina, Equador e Brasil, o modelo dos falcões da Casa Branca parece estar com problemas urgentes.
Não conseguiram dobrar Cuba, Venezuela e Bolívia. Perderam o México. Não conseguem dobrar a Nicarágua e estão vendo Honduras se levantar em busca da soberania perdida.
Agora olham temerosos para nossa região. As perspectivas de uma derrota vergonhosa na Argentina, o movimento social recuperando o caminho no Equador, problemas com seus antigos capachos no Peru e a necessidade de manter o terror na Colômbia para não perder o maior aliado na região.
É insurreição popular, sim! Entendemos que alguns jornalistas de esquerda e analistas tenham um pouco de cuidado para usar a palavra, mas acreditamos que as recentes ações no Peru já apresentam, sim, claras características de que estamos diante de uma insurreição popular, ainda que seja difícil entender onde pode chegar.
Os protestos da população do Equador, contra um pacote de medidas neoliberais imposto pelo governo e FMI, assumiram caráter de intensidade que merece toda a atenção. Na segunda-feira (07), em Quito, multidões continuaram desafiando o Estado de Emergência e a prisão de mais de 500 pessoas. A greve geral nos transportes prosseguiu. Além disso, centenas de vias continuam interrompidas, há protesto permanente nas ruas e houve tentativa de tomar a sede do Legislativo. A revolta tomou as ruas das principais cidades do país desde quinta-feira (02/10), quando o Executivo anunciou um vasto leque de ações. O aumento (de 123%) preço dos combustíveis, com a retirada de subsídios, é apenas a mais vistosa delas. O pacote inclui uma contrarreforma trabalhista (bastante semelhante à vivida pelo Brasil em 2018), privatizações generalizadas e cortes dos gastos sociais.
Lenin Moreno fugiu sorrateiramente do palácio de governo que estava cercado, e rumou para a cidade portuária de Guayaquil, onde está. Num pronunciamento em rede de TV – ladeado simbolicamente pelo ministro de Defesa e chefes militares, além de seu vice – acusou os que se manifestam de “vandalismo” e “golpe”.
Uma pergunta: por que ele está em uma cidade portuária? Prepara-se para “se mandar”? Será que já transferiu suas contas bancárias para o exterior?
É insurreição! Na Amazônia equatoriana, manifestantes ocuparam as instalações do campo petrolífero de Sacha, interrompendo sua produção de 70 mil barris por dia – cerca de 15% da extração total do país. Os indígenas também retiveram – para em seguida liberar, pacificamente, 50 soldados, que haviam sido interceptados.
Para quem não sabe ou já esqueceu, Lenin Moreno foi eleito no rastro da “Revolução Cidadã” de seu antecessor, Rafael Correa. Porém, contrariou seu programa desde o primeiro dia de mandato e aproximou-se, em especial, da Casa Branca. Reverteu as políticas de resgate dos direitos sociais – culminando agora com o pacotaço preparado pelo FMI. Cancelou o asilo político a Julian Assange, na embaixada do Equador em Londres, e o entregou à polícia britânica. Apoiou as tentativas de desestabilizar a Venezuela. Retirou Quito da União das Nações da América do Sul (Unasul) e até da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). A quase-insurreição dos equatorianos e a fuga do presidente são mais um sinal da fragilidade de tais políticas, quando eficazmente enfrentadas.
Forças Armadas expulsam manifestantes. Aos gritos de “Fora, Moreno!”, um grupo de manifestantes ocupou na tarde desta terça-feira (08), por um breve período, uma parte da Assembleia Nacional do Equador, em Quito, capital do país. Pouco tempo depois, a polícia em conjunto com as Forças Armadas retirou os equatorianos que estavam no local e retomou o controle do Parlamento.
As manifestações no Equador começaram logo após o presidente anunciar o fim dos subsídios nos combustíveis, devido ao acordo de US$ 4,2 bilhões firmado em fevereiro com o FMI, que prevê reformas tributárias, trabalhistas e monetárias no país.
Agora ele quer “negociar”? O presidente fugitivo do Equador, Lenín Moreno, convocou na sexta-feira um diálogo direto com organizações que participam de protestos populares contra as medidas econômicas que ele anunciou em 1º de outubro.
Com visível cara de medo, em uma breve gravação em cadeia nacional de Guayaquil, ele falou da necessidade de “encontrar soluções para as questões do país e, acima de tudo, do campo”.
O medo é grande e deve ter sido admoestado por Washington antes de deixar sua mensagem: “Peço aos líderes que conversem diretamente comigo, vamos nos sentar para falar sobre o Decreto 883, vamos falar sobre (onde) seus recursos devem ser direcionados e garantir que eles procurem quem mais precisa”.
Vale lembrar que ele só tomou essa medida quando já estava no nono dia de protestos em Quito (capital) contra as medidas econômicas anunciadas por ele e que já causaram, pelo que sabemos, cinco mortes, 554 feridos e 929 detidos (números de sexta-feira, 11).
Mas a resposta foi mais firmeza nas lutas. Apesar de Moreno ter dito aos seus patrões que estava dialogando com representantes indígenas, o presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Jaime Vargas, negou. Ele afirmou que os indígenas seguirão com paralisações por tempo indeterminado, exigindo a revogação do decreto que trata do pacote de medidas econômicas anunciadas pelo governo e o abandono do acordo feito com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os indígenas exigem, ainda, a saída de dois ministros (María Paula Romo, ministra de Governo, e Oswaldo Jarrín, ministro da Defesa) e a liberdade de centenas de pessoas detidas nos protestos.
Portugal: socialistas vencem, mas sem maioria absoluta. O Partido Socialista (PS), do premiê António Costa, é o grande vencedor das eleições legislativas portuguesas, realizadas no domingo (06), mas sem obter a maioria absoluta, que o permitiria governar sem coalizão. Ao mesmo tempo, o bloco de direita (PSD/CDS-PP), que governava o país até a criação da “geringonça”, em 2015, perdeu espaço no Parlamento, apesar de a extrema-direita ter eleito seu primeiro deputado.
O Bloco de Esquerda, por sua vez, é o terceiro partido do país, com 19 assentos (9,67%), resultado semelhante a 2015, quando conseguiu 19; a CDU, que reúne os comunistas e os verdes, conquistou 12 cadeiras (6,47%); o tradicional partido conservador CDS-PP fica com cinco assentos (4,25%).

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