quinta-feira, 21 de maio de 2020

Casa onde João Pedro morreu tem 72 marcas de tiros O Globo Gustavo Goulart e Vera Araújo O Globo21 de maio de 2020

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O líder comunitário Tchetheco mostra as perfurações de balas na parede da casa onde João Pedro foi morto. Foto: Extra
RIO — A violência da ação policial que resultou na morte do menino João Pedro Matos Pinto, de 14 anos, atingido por um tiro de fuzil na segunda-feira enquanto brincava com dois primos dentro de casa, em Itaoca, em São Gonçalo, pode ser vista nas paredes do imóvel. O local tem pelo menos 72 marcas de disparos. A contagem foi realizada por líderes comunitários da região. Ontem, o pai do adolescente, o comerciante Neilton Matos, voltou a afirmar que a Polícia Civil forjou uma versão sobre a ação. Em entrevista virtual ao programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo, ele negou que criminosos tenham invadido a residência, como sustentam os policiais que participaram da operação.
— A polícia quer forjar uma situação. Não tinha bandido. Entraram na casa e atiraram duas granadas. Além dos tiros. Só tinha adolescentes de família — afirmou.
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Segundo a versão contada à Polícia Civil pelos agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) que participaram da operação, traficantes teriam invadido a casa, atirado e jogado granadas contra os policiais, que revidaram.
— Quem tirou o sonho do meu filho foi a polícia. João Pedro não estava na rua em confronto. Estava dentro de uma casa, de um lar. Ninguém tem o direito de entrar na casa de alguém e tirar a vida de um jovem de 14 anos —lamentou, acrescentando que acredita que os culpados serão punidos. — Creio na justiça, principalmente na de Deus. Se, aqui, a justiça não for feita, a de Deus será, mas esperamos que seja cumprida aqui. Meu filho tinha sonhos, já sabia o que queria. Queria ser advogado e ele tinha condições para isso. Um filho com notas boas, sem notas vermelhas, um menino 100%.
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Amigos e parentes do adolescente também questionaram a apreensão dos celulares dos três jovens que estavam na casa, inclusive o de João Pedro. Rafaela Cassiano, amiga da vítima, cobrou, numa rede social, uma explicação sobre os aparelhos. “Quem vai investigar? Levaram o celular do João Pedro. Levaram os celulares dos meninos que estavam juntos. Para quê? Já iniciaram uma investigação entre eles ou então começaram ali mesmo a destruição de provas concretas de um assassinato?”
O delegado Allan Duarte, da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, que investiga o caso, já ouviu o depoimento de três policiais civis e de duas testemunhas. Segundo o delegado, os agentes descartaram qualquer envolvimento dos jovens que estavam dentro da residência com traficantes em fuga.

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