sexta-feira, 4 de setembro de 2020

[ 3setor ] Pedro Serrano, professor da PUC descreveu os principais conflitos do governo Bolsonaro, travados internamente.

 Em entrevista a CartaCapital, o advogado Pedro Serrano, professor da

PUC descreveu os principais conflitos do governo Bolsonaro, travados
internamente.

Assista em:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=7&v=Zbu_MjmWN-I&feature=emb_logo

Para o doutor em Direito e professor da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP) Pedro Serrano, as forças de esquerda
não têm se mostrado capazes de criar crises ao governo do presidente
Jair Bolsonaro. Em entrevista nesta segunda-feira 31, ao diretor de
redação de CartaCapital, Mino Carta, Serrano afirmou que “a esquerda
está catatônica”, e que os principais conflitos do Palácio do Planalto
ocorrem por disputas internas.

“Hoje, não é a oposição que está criando crises. Infelizmente, a
esquerda democrática está meio catatônica. A centro-direita no Brasil,
os verdadeiros liberais, são poucos os articulados, essa é a verdade.
Não existe liberalismo no Brasil, no sentido clássico da expressão.
Tanto que as bandeiras liberais somos nós que temos que carregar. A
liberdade política, quem defende hoje é a esquerda democrática”, disse
o advogado.

O primeiro conflito mais aparente ao governo, segundo o professor, é
entre o “bolsonarismo jurídico” e o “bolsonarismo político”.

Para Serrano, quem fundou o bolsonarismo não foi Jair Bolsonaro, mas a
Operação Lava Jato. Este bloco criado a partir da Lava Jato, no olhar
do professor, é composto por frações.

Uma delas trata do bolsonarismo político, composto pelo próprio
Bolsonaro, parcela das Forças Armadas, policiais militares e milícias.

Outra fração é composta por parte do sistema de Justiça que se juntou
a meios de comunicação relevantes, o que constituiu o bolsonarismo
jurídico. Entre os seus principais representantes, estariam o
ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e o governador do Rio de Janeiro,
Wilson Witzel (PSC).

“Há um conflito entre frações do bloco de poder que estão disputando a
hegemonia. O primeiro conflito é exatamente entre os bolsonarismos
político e jurídico: Moro conflitando com Bolsonaro. Hoje, outro
conflito é no interior do bolsonarismo jurídico: Witzel e Moro
disputam a hegemonia dentro desse bloco”, afirmou o professor.

Ascensão da extrema-direita pode resultar em reformas constitucionais

Serrano destaca, portanto, que nenhuma das forças progressistas teve
atuação determinante para oferecer riscos ao governo federal: nem os
movimentos populares, nem pela esquerda democrática, nem pela oposição
liberal.

“A extrema-direita se tornou muito forte, infelizmente, aqui no
Brasil. Então, eles têm um campo político grande e essas disputas
internas surgem. E os democratas ficam assistindo. Não estamos
conseguindo organizar, as lideranças não sensibilizam”, disse.

Neste caminho, o advogado aponta como maior preocupação a perda da
ideia de haver um poder político não-livre, mas sim, submisso a
valores políticos humanistas, atrelados a direitos universais.

O professor considera que as constituições surgidas após a 2ª Guerra
Mundial eram “sementes antifascistas”, mas hoje estão em crise.

“Se a extrema-direita continuar crescendo, nós vamos ter reformas
constitucionais à direita, no mau sentido. Vamos ter uma degradação
cada vez maior do humanismo”, analisa Serrano.

https://www.cartacapital.com.br/politica/pedro-serrano-nao-e-a-oposicao-que-esta-criando-a-crise-a-esquerda-esta-catatonica/?fbclid=IwAR2rL_Rcgogh1AQh0h70H39tZrUQgcL0-X9qazIwP9U96H0pNgYTndTsiNU#.X07SLdfulsR.facebook

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