Assange não é um homem livre por Natalia Viana É inacreditável. Dois dias depois de ter decidido não extraditar Julian Assange para os EUA, a juíza Vanessa Baraitser decidiu hoje que ele não terá liberdade condicional e deve permanecer na cadeia na Inglaterra. A procuradora que representa o governo dos EUA diz que vai recorrer da decisão de não-extradição e a juíza acredita que ele pode fugir antes do fim do julgamento. Com isso, completam-se dez anos que Assange está sob o controle das autoridades britânicas, sem jamais ter sido condenado de crime algum.
Desde o dia 29 de novembro, tenho escrito sobre o ano em que eu trabalhei com o WikiLeaks – e o ano em que o WikiLeaks mudou o mundo. Na segunda-feira, dia do veredicto, o segundo episódio dessa saga foi enviado para os mais de 4 mil assinantes da newsletter de mesmo nome, que lançamos em parceria com a renomada newsletter Meio (quer acompanhar a série? Assine aqui).
A newsletter está sendo escrita como uma série de rádio ou de TV: o leitor vai acompanhando aqueles eventos aos poucos, toda segunda-feira ao meio-dia. Será uma newsletter “pop-up”, durará apenas alguns episódios e depois será encerrada.
Lá pelos idos de 2010 e 2011, eu cheguei a escrever o começo de um livro sobre tudo o que havia nos acontecido naqueles anos. Eu sabia – como sei hoje – que o que estávamos fazendo era profundamente novo e disruptivo. De certa forma, revolucionário. Acabei não publicando por falta de tempo para dedicar-me àquele trabalho.
Mas hoje, outro motivo me impele a escrever sobre o assunto: ao longo de dez anos, diversos filmes e livros foram escritos sobre o vazamento, quase todos críticos e alguns francamente alucinados, como “Quinto Poder”, com Benedict Cumberbatch, uma lástima cinematográfica.
Me impressiona como ganhou corpo a narrativa de que aquele grupo de jornalistas absolutamente profissionais e dedicados estariam de certa forma cometendo algum tipo de crime, e como ela passou a ser defendida até mesmo por grandes jornais que haviam sido parceiros do WikiLeaks no passado. Julian Assange, em vez de um visionário, gênio da tecnologia, que vislumbrou antes de qualquer um o potencial dos vazamentos para o jornalismo investigativo na era digital, virou um pária. Um esquisitão. Alguém tão extirpado da sua humanidade que pode ser levado como um ser à margem da Justiça por uma década, diante dos olhos de todo mundo.
Considero isso uma perversão da história. E, embora seja pretensioso achar que vamos conseguir reverter isso com a nossa humilde newsletter, peço licença ao leitor para contar a história do modo como eu a vi e a vivi. Afinal, ela também é a minha história. E, de certa forma, a história da Agência Pública. |
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Rolou na Pública Abin no governo. Em dezembro, a Pública revelou que o governo Bolsonaro implantou agentes da Agência Brasileira de Investigação (Abin) em diversos ministérios para fortalecer a espionagem sobre áreas críticas do governo. A reportagem continuou a ser repercutida por diversos veículos, sobretudo com a revelação feita na semana seguinte pelo UOL de que o governo também havia nomeado um agente para comandar as negociações para a compra de vacinas para a Covid-19. Até o momento, a reportagem já teve 47 republicações, em veículos como Correio Braziliense, Estado de Minas, IG, Yahoo! Notícias e Carta Capital.
Repressão a LGBTI+ na América Latina. No fim do ano passado, também publicamos uma série de reportagens investigativas coordenada pela Pública em parceria com outros veículos de 4 países da América Latina, mostrando a atuação de uma rede de religiosos para reprimir homossexualidade e identidade de gênero na região. A reportagem "Para curar a homossexualidade, jovem teria sido submetida a isolamento, exorcismos e terapia em seminário evangélico", parte do especial, teve um total de 25 republicações. Ela saiu no site da ISTOÉ, MSN, Correio Braziliense e IG, entre outros. |
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