quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Saiba porque Guiadó continua andando por ai... é o negocio dele.

 

SGeral <sgeral@mst.org.br>
À :SGeral
jeu. 11 févr. à 10:58

Aqui a explicação de uma jornalista argentina

Em  8 minutos 

https://www.youtube.com/watch?v=n1CFJCHNNk4

 

 

aqui a fala dela em portugues, caso não entenderam..

 

Juan Guaidó: um fracasso muito vantajoso? Os motivos por trás do longo apoio dos Estados Unidos, Colômbia, União Europeia...

 

Juan Guaidó cumpre dois anos de sua autoproclamação como “presidente encarregado” da Venezuela. Por qual razão aproximadamente 50 países ainda o apóiam, apesar de não ter atingido os objetivos que anunciou?

 

Em apenas dois anos, a lista de fracassos na estratégia que protagonizam Juan Guaidó e seus seguidores, já rivaliza, em espessura, com uma lista telefônica. Atenção: não se trata de preferências políticas, mas de um fato inegável. Você gosta do governo de Maduro ou não? Considera o governo legítimo ou não? A realidade é que segue aí. E Guaidó não irrompeu na arena política internacional para incomodar Maduro ou deslegitimá-lo perante 50 nações, mas para tirá-lo da presidência, objetivo central que não conseguiu de nenhuma das dezenas de formas que ele tentou. Perante esse panorama, não é despropositado fazer-se a pergunta de que se tanta reiteração no fracasso é por incapacidade ou por conveniência? porque às vezes fracassar tem suas vantagens e ao mesmo tempo, ter êxito pode ser o começo de grandes dores de cabeça.

 

E no vídeo de hoje contamos a vocês detalhadamente a explicação por trás deste aparente paradoxo. Lá vai!

 

            Juan Guaidó se auto-juramentou Presidente encarregado da Venezuela em 23 de janeiro de 2019.

 

Desde então têm acontecido muitas coisas: uma fracassada tentativa de entrar pela força ajuda humanitária na Venezuela; um fracassado golpe de Estado protagonizado pelo próprio Juan Guaidó, Leopoldo López e um punhado de militares; uma fracassada tentativa de desembarque nas mãos de mercenários armados; um fracassado referendum consultivo repleto de irregularidades, que nem seus aliados internacionais levaram os resultados a sério, etc.

 

            Que estes dois anos com Guaidó à frente da oposição venezuelana têm sido um fracasso é algo que grande parte dos que se opõem de frente ao governo de Maduro reconhecem publicamente. A outra parte que se opõe frontalmente ao governo de Maduro também o reconhece, somente que em particular.

 

            Qual é a explicação então, para que perseverem em sua estratégia de acumular fracasso após fracasso, e mais assombroso ainda, que está evidente “fracassomania” continue contando com o apoio do Grupo de Lima, Washington e a União Europeia? Bem, porque a dualidade sucesso-fracasso tem algo parecido com uma cuia, que é côncavo ou convexo, dependendo do lado que você olhe. Ou, se analisarmos da perspectiva do Yin e o Yang, dentro de todo grande sucesso há algo de fracasso. E dentro de todo grande fracasso há algo de sucesso. Atenção: dizemos isto neste Canal desde seu início. Embora dentro da Venezuela Guaidó não controle instituições nem finanças nem forças militares ou policiais, lá fora as coisas mudam bastante, pelo menos em alguns países.

 

            CITGO é a empresa subsidiária da empresa petrolífera estatal da Venezuela com sede nos Estados Unidos. Está avaliada em vários bilhões de dólares, possui três refinarias onde processa quase 750.000 barris de cru por dia e conta com uma rede de 10.000 postos de gasolina em todo o país. Há dois anos Guaidó nomeou uma nova diretoria reconhecida por Washington, que desde então impediu que o estado venezuelano acessasse seus ativos. Um caso similar é o da empresa Monómeros, considerada o segundo maior ativo venezuelano no exterior. Avaliada em 269 milhões de dólares, dedica-se à elaboração de fertilizantes e sua sede é na Colômbia.

 

            Quando Iván Duque reconheceu Juan Guaidó como Presidente encarregado, este nomeou uma nova diretoria ligada à sua causa.

 

Muitos bancos internacionais mantêm congeladas as contas do estado venezuelano no exterior, já que seus governos reconhecem Guaidó ao invés de Maduro. Oficialmente, os ativos estão congelados para o estado venezuelano, mas os bancos não oferecem informação precisa sobre se mais alguém tem acesso a eles ou não. Algo similar acontece com o ouro do Banco Central da Venezuela, depositado nos cofres do Banco da Inglaterra em Londres, cuja propriedade a justiça britânica outorgou inicialmente a Guaidó, embora atualmente esteja em litígio após uma reclamação de Caracas: 31 toneladas do metal precioso por um valor entre 1.300 e 1.900 bilhões de dólares, segundo a cotação do momento. Inclusive, as dívidas de países que reconhecem Guaidó com a Venezuela, geralmente por conceito de venda de petróleo, não são negociadas e liquidadas com Miraflores, mas com a equipe designada pelo Presidente encarregado. Por exemplo, estes montantes ultrapassam os 200 milhões de dólares devidos, no caso do Paraguai.

 

            Claro, o discurso de Guaidó é que todos esses ativos, contas e dívidas a receber estão sendo protegidos por sua equipe do mau uso que faria dos mesmos o governo venezuelano. Mas, é realmente assim? Durante 2020, a empresa Monómeros, protegida por Guaidó, perdeu 90% de sua participação no mercado internacional, e 15% no mercado local colombiano, referente ao ano anterior. Além disso, a companhia ficou famosa pelas acusações de corrupção e subornos em sua diretoria, feitas por opositores contra opositores, que culminou na renúncia do representante diplomático de Guaidó na Colômbia.

 

Muito pior foi o caso de CITGO. Um juiz americano autorizou a venda forçada das ações da empresa para indenizar uma empresa de mineração pela nacionalização de uma jazida durante o governo de Hugo Chávez.

 

            O governo venezuelano não foi autorizado a participar do julgamento ou enviar representantes legais. A defesa de CITGO devia ser exercida por enviados de Guaidó, que, podem imaginar, com que determinação enfrentam o sistema judiciário do país que mais os sustenta e protege.

 

“Não, de forma alguma. Como pode nos incomodar que liquidem a maior empresa venezuelana no exterior? Imagine! Pelo contrario, justamente íamos lhes oferecer essa possibilidade. Disponham. Escute, sobre o reconhecimento ainda está de pé, certo? Ah, ainda bem. ¡Que bom estar entre amigos!”

 

Sobre o endividamento de vários países com a Venezuela, o Washington Post revelou em uma investigação um esquema de apropriação de ativos venezuelanos na região, em troca de reduções ou perdão dessas dívidas com os governos locais. Por exemplo, segundo o artigo, foi negociado perdoar aproximadamente 135 milhões de dólares ao governo paraguaio, em troca do acesso a contas e ativos venezuelanos nesse país. Mas, independentemente do que cada um pensa sobre se o governo reconhecido por mais de 50 países faz uso responsável ou corrupto das contas e propriedades do estado venezuelano no exterior, ninguém nega que faz uso delas.

 

E aqui está a chave de que esta insólita situação de desconhecimentos e reconhecimentos tenha se alongado até o absurdo e por enquanto não se vislumbra um final. Porque estamos falando de vários bilhões de dólares administrados por um grupo proporcionalmente pequeno de pessoas, sem nenhum outro controle além daquele que exercem eles mesmos sobre eles mesmos, o que na linguagem coloquial é conhecido como pagar e dar o troco.

 

Nesta situação, o pessoal que acompanha Juan Guaidó em sua gestão conta com muitas das vantagens que tem ser governo, mas sem nenhuma de suas desvantagens. Administra uma suculenta parte dos imensos recursos de um estado e ao mesmo tempo não precisa cumprir nenhuma de suas obrigações porque não exerce o poder.

 

“Que eu resolva os problemas de saúde na Venezuela? Ah, não, isso é coisa do usurpador. Eu não posso fazer nada, sou apenas um humilde presidente encarregado.” “Que acesse e administre os ativos da Venezuela na Europa e nos Estados Unidos? Para isso sim, contem comigo. Meu telefone está disponível 24 horas por dia. Qualquer coisa pelos meus compatriotas.”

 

Isso sem falar das vantagens do outro lado, os governos que o apóiam. Imaginem como é maravilhoso tratar com um presidente de outro país que não vai te contradizer em assuntos de estado porque não pode se sustentar sem teu reconhecimento. Ou que tuas instituições financeiras estatais ou privadas tenham acesso ao dinheiro ou metais preciosos de outra nação quase como se fossem seus, com o efeito que isto tem na economia nacional, em termos de qualificações bancárias ou geração de juros. E, quando chegar a hora, quem sabe, com um pouco de sorte, esse acesso temporário se torne irreversível.

 

Exagero? Perguntem aos líbios, se não acreditam em mim, que 10 anos após as contas do governo de Gadafi terem sido congeladas em bancos europeus, ainda não sabem se realmente todo o dinheiro continua ai ou não, e quando poderão voltar a ter acesso a ele.

 

Sob todas estas condições, logicamente, nem a equipe de Juan Guaidó nem seus aliados internacionais têm particular urgência em alcançar a famosa cessação da usurpação. Por isso, por exemplo, os primeiros não se apresentaram nas passadas eleições de dezembro, e os segundos rejeitaram o convite para observá-las, porque com uma normalização institucional na Venezuela, ao contrário do que ambos clamam, têm muito a perder e pouco a ganhar.

 

E depois de dois anos de tropeços contínuos e públicos em sua estratégia, o medo ao ridículo faz tempo que deixou de ser motivo de preocupação, mais ainda quando você acertou com a fórmula para ter sucesso fracassando.

 

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