Já o Estadão traz outro tema como assunto principal, igualmente grave: Governo só confirma compra de metade das vacinas anunciadas. Das 560 milhões de doses anunciadas só metade será de fato adquirida. Embora já tenha iniciado distribuição da vacina de Oxford, pasta diz que compra do lote ainda está em negociação.
A Associated Press distribuiu despacho destacando a declaração do ex-ministro: Bolsonaro estudou decreto sobre cloroquina para Covid. À CPI, ele afirmou que o presidente cogitou a edição de um decreto oficialmente ampliando o uso do medicamento antimalárico cloroquina para pacientes, embora estudos tenham considerado ineficaz.
Reuters deu o mesmo destaque: Inquérito da Covid-19 revelou a fé cega de Bolsonaro na cloroquina. "O ex-ministro da saúde do Brasil disse em um inquérito parlamentar na terça-feira que o governo de direita do presidente Jair Bolsonaro sabia muito bem que o tratamento que defendiam para os pacientes com Covid-19 não tinha base científica", aponta a reportagem. Veja a repercussão internacional emBrasil na Gringa.
Na Folha, Vinícius Torres Freire comenta a iniciativa do Congresso de tratar da reforma tributária – pode morrer na praia poluída de Bolsonaro. "Governismo relança plano de mudança menor, também para tentar tirar a atenção sobre a CPI", observa.
No Estadão, Rosângela Bittar critica o ministro da Justiça –Podem me chamar de '05'. Ela diz que Anderson Torres mimetiza a família presidencial. "Ameaçou os senadores com a requisição, para a CPI, dos inquéritos da Polícia Federal, sob sua jurisdição, e que tratam da aplicação das verbas da pandemia. Num acesso de criatividade, repetiu o bordão popularizado mundialmente pelo misterioso Garganta Profunda: siga o dinheiro", escreve.
Sobre as derrotas de Bolsonaro nesta terça-feira, escreve Fernando Brito, no Tijolaço: "Mal começava o depoimento de Luiz Mandetta na CPI, a fuga de Eduardo Pazuello do compromisso de depor, na terça, diante dos senadores. Um ato de covardia desmoralizante, que não só virou deboche para os opositores de Bolsonaro como criou uma imensa repercussão nas Forças Armadas. Por estar na ativa, a fuga de Pazuello teve de ser referendada – não sem muito mal-estar –, pelo comando do Exército e tornou palpável o medo de que um oficial-general possa ser objeto de uma condução 'sob vara' para testemunhar. Algumas horas depois, o depoimento de Madetta desenhou, com linhas bem claras o fato de que funcionava, no Planalto, um 'gabinete do vírus", que assessorava o negacionismo presidencial, com charlatanismos e subversão às medidas de isolamento social".
Em outra declaração que deve irritar o Palácio do Planalto, o ministro da Economia disse que o PT merecidamente ganhou quatro eleições após criar o Bolsa Família. Para ele, o programa de transferência de renda aos mais pobres foi uma "belíssima iniciativa". "[O PT] ganhou quatro eleições seguidas merecidamente, porque fez a transferência de renda para os mais frágeis com um bom programa. Um programa que envolvia poucos recursos e que tinha um altíssimo impacto social", declarou o ministro, em audiência pública na Câmara.
BANCOS
Ainda na economia, uma outra notícia que confirma a máxima de que, no Brasil, só os ricos têm motivos para sorrir. O lucro do Bradesco sobe 73,6% e atinge R$ 6,5 bilhões no 1º trimestre. A alta é, em parte, reflexo de uma redução no volume de reservas feitas pelo banco para cobrir eventuais calotes, cautela adotada no ano passado para tentar conter possíveis impactos da crise do coronavírus. No primeiro trimestre, o Bradesco provisionou R$ 3,9 bilhões – redução de 41,8% em relação a igual período de 2020 e de 14,5% em comparação aos três meses anteriores.
LSN
Jornais destacam que a Câmara aprovou o projeto da nova Lei de Segurança Nacional. A nova norma, que trata de crimes contra o Estado Democrático de Direito, é criticada por ter sido pouco discutida. O projeto, que ainda precisa ser analisado pelo Senado, revoga a legislação adotada durante a ditadura militar. Diante do uso recente da norma para enquadrar críticos ou aliados do presidente, a nova redação busca tratar de crimes contra o Estado Democrático de Direito.
BRASIL NA GRINGA
O inglês The Guardian repercute o depoimento de Luiz Henrique Mandetta à CPI da Covid. Bolsonaro ignorou repetidos avisos sobre Covid, diz o ex-ministro da saúde – diz a manchete de página. "Luiz Henrique Mandetta diz no inquérito do Senado que presidente estava ciente de que sua resposta anticientífica corria o risco de 'morte em enorme escala'. "Jair Bolsonaro ignorou os repetidos avisos de que sua resposta anticientífica à Covid-19 estava levando o Brasil por um 'caminho extremamente perigoso' e colocando dezenas de milhares de vidas em risco, afirmou o ex-ministro da saúde do país", escreve o correspondente Tom Phillips.
O português Diário de Notícias também reporta o depoimento do ex-ministro. Mandetta acusa atitude de Bolsonaro de ter "impacto negativo" na pandemia – diz o título da reportagem do correspondente João Almeida Moreira. "Ministro da Saúde até abril de 2020, Luiz Henrique Mandetta foi ouvido em CPI que apura responsabilidades do governo nos mais de 400 mil mortos", diz a matéria. "Vi documento no Planalto a mandar colocar nas bulas da cloroquina que era indicada para a doença", denunciou.
New York Times destaca na primeira página que enquanto a Covid assola os países mais pobres, as nações ricas voltam à vida. "Apesar dos votos iniciais, o mundo desenvolvido pouco fez para promover a vacinação global, o que os analistas chamam de falha moral e epidemiológica", opina. "No Brasil, onde milhares morrem diariamente, as autoridades receberam apenas um décimo das doses da AstraZeneca que foram prometidas até o meio do ano".
Financial Times reporta que o Brasil terá agora como forma de pagamentos pessoa a pessoa o WhatsApp. O aplicativo de mensagens do Facebook é retomado um ano depois de ser bloqueado pelos reguladores. O aplicativo anunciou que traria de volta as transferências de pessoa para pessoa gratuitamente no país sul-americano, seu segundo maior mercado com 120 milhões de usuários, enquanto busca planos para introduzir pagamentos para empresas no país. O tema também ganhou reportagem na Reuters.
O britânico The Times noticia que supermercados britânicos ameaçam boicote ao Brasil por causa da destruição da floresta amazônica. Eles ameaçam boicotar produtos do Brasil se o Congresso Nacional votar a favor de um projeto de lei que poderia permitir a destruição mais rápida da floresta amazônica. As mesmas 40 empresas fizeram ameaça semelhante há um ano e a proposta foi retirada antes de ser levada a votação.
Outro assunto sobre o Brasil na mídia estrangeira é a notícia do adolescente que matou três crianças, duas funcionárias em uma creche numa cidade de Santa Catarina. A notícia ganha repercussão global com jornais reproduzindo despachos de agências internacionais de notícias como Reuters e Associated Press. O episódio aconteceu em Saudade (SC). Um adolescente arrombou uma creche e esfaqueou três crianças e dois trabalhadores até a morte na terça-feira antes de ser dominado pela polícia.
Wall Street Journal revela como assunto principal a existência de uma "prisão do Facebook": as regras secretas que colocam os usuários na "casinha de cachorro". O Conselho de Supervisão do site deve decidir sobre o caso de Donald Trump na quarta-feira. Quebrar as regras do Facebook pode significar postagens removidas e privilégios bloqueados, mas um grande número de diretrizes para moderadores não foram tornadas públicas.
No Reino Unido, The Times informa que uma terceira vacina Covid será oferecida a todas as pessoas com mais de 50 anos no outono. O jornal diz que o reforço é uma tentativa de erradicar totalmente a ameaça da Covid até o Natal, e pode ser oferecido ao mesmo tempo que a vacina anual contra a gripe. O artigo sugere que a dose seria dada apenas a pessoas com mais de 50 anos e aqueles com problemas de saúde subjacentes, que estão em maior risco.
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