Noticiário do dia gira em torno de dois grandes assuntos, que ganham as manchetes: As novas ameaças de Bolsonaro ao Supremo e ataques à China e a decisão dos Estados Unidos de apoiar a suspensão das patentes de vacinas para ampliar a campanha global de imunização contra a Covid. Aponta a Folha em manchete: Ameaçado, Bolsonaro faz bravata ao STF e ataca China. Na mesma linha, destaca. O Globo: Acuado por CPI, Bolsonaro critica China e ameaça STF.
Na Folha, Vinícius Torres Freire fala sobre as dificuldades do Brasil em avançar na vacinação da população. Brasil não vai conseguir acelerar entrega de vacinas de Covid até junho – observa. "É uma desgraça, pois estão morrendo mais de 2.300 pessoas por dia no país", lamenta. "Em abril, o número de doses entregues foi quase o mesmo de março, cerca de 26,6 milhões. Em maio, se tudo der muito certo, serão 38,5 milhões. Mas ainda é pouco e tarde".
A colunista Maria Cristina Fernandes escreve no Valor que Bolsonaro está se saindo muito mal na CPI. "Estratégia de intimidar senadores com 1º de Maio ruiu", pondera. E aponta que Lula está avançando. "Não é apenas um governo em frangalhos que move esta xepa, mas a perspectiva do poder em 2022. As costuras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília esta semana, com Eunício Oliveira (MDB), Rodrigo Maia (ainda no DEM, em conversa com o PSD), Marcelo Freixo (Psol) e Fabiano Contarato (Rede) sugerem que o petista almeja avançar sobre o centro, engolir o espaço da terceira via e deixar o presidente como a única opção do radicalismo".
BRASIL NA GRINGA
Com foto de Dilma Rousseff, o argentino Página 12 publica coluna do jornalista Emir Sader que trata da "falta de consciência democrática" no Brasil, que tem sido fatal para o país. "O momento decisivo para o golpe que rompeu com a democracia no Brasil, retirou o Partido dos Trabalhadores (PT) do governo e introduziu governos antidemocráticos, antinacionais e antipopulares, como os de Temer e Bolsonaro, foi quando o direita orquestrou o impeachment de Dilma Rousseff em 2015/2016 e as forças democráticas não tiveram força para ir às ruas em defesa da democracia e sucumbiram ao golpe de direita", opina.
O português Diário de Notícias repercute o depoimento de Nelson Teich à CPI da Pandemia. Segundo Ministro da Saúde de Bolsonaro diz que se demitiu por pressões para uso de cloroquina – aponta o jornal em manchete de página. "Médico oncologista que ocupou a pasta por um mês no ano passado, afirmou em Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a responsabilidade do governo nos 412 mil mortos que sentiu não ter 'autonomia' em relação ao medicamento sem eficácia comprovada para Covid-19", escreve o correspondente João Almeida Moreira. O jornal ainda fala da reação de Bolsonaro – "O presidente, entretanto, fala em guerra química da China".
A Reuters também trata do tema em longo despacho informando que a CPI sobre a Covid revelou a fé cega de Bolsonaro na cloroquina. "O ex-ministro da Saúde do Brasil disse em um inquérito parlamentar que o governo de direita do presidente Jair Bolsonaro sabia muito bem que o tratamento que defendiam para os pacientes com COVID-19 não tinha base científica", informa.
O britânico The Guardian traz reportagem do correspondente Tom Phillips, sediado no Rio, sobre a devastação da pandemia no continente sul-americano. "Isso é trágico": medo para os jovens da América Latina enquanto a Covid acelera – diz a manchete. "Chefe da OPAS alerta para aumento do número de jovens morrendo", escreve. "A América Latina sofreu na semana passada mais de um terço de todas as mortes por vírus do mundo".
O jornalista relata que apesar das sugestões de autoridades sanitárias para a adoção de medidas que assegurem o isolamento e distanciamento social como forma de conter a pandemia, poucos governantes dão sinais de que estão dispostos a tomá-las. "Na quarta-feira, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que banalizou repetidamente a Covid e minou as medidas de contenção, disse em um evento que estava 'doente até os dentes' pelo uso de máscaras e ameaçou emitir um decreto contra governantes regionais de estados e municípios que buscavam 'oprimir' cidadãos com as restrições da Covid", escreve.
A morte do ator e comediante Paulo Gustavo ganha repercussão internacional com despacho da agência Associated Press relatando que a partida dele uniu a Nação em luto e da onda de pesar que atingiu o país e ganhou contornos políticos. "O presidente conservador Jair Bolsonaro, que costuma ignorar as mortes do Covid-19 e minimizar a doença, tuitou seu pesar pela morte de Gustavo, 'que com seu talento e carisma conquistou o carinho de todo o Brasil'", diz o texto da AP. "Seu arquirrival de esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou a morte de Gustavo lembrando dele como "um grande brasileiro, que celebrou nosso país com tanta alegria".
A mídia mundial repercute amplamente nas capas a decisão da Casa Branca de apoiar a suspensão das patentes das vacinas contra a Covid como forma de ampliar a vacinação no mundo e acelerar a saída da crise sanitária. O tema é a manchete principal do Washington Post e está na capa de dezenas de outros jornais. Administração apóia isenção de patentes de vacinas – diz o Post. O tema também é manchete do Wall Street Journal: EUA apóiam isenções de patentes para produzir vacinas covid-19.
Tomando 'medidas extraordinárias', Biden apóia a suspensão de patentes de vacinas – informa o New York Times na primeira página. "O governo Biden, ao lado de alguns líderes mundiais da indústria farmacêutica dos Estados Unidos, se pronunciou a favor da dispensa das proteções de propriedade intelectual para vacinas contra o coronavírus", informa o jornal. "Os EUA foram um grande obstáculo na Organização Mundial do Comércio em relação a uma proposta para suspender algumas das proteções de propriedade intelectual do corpo econômico mundial, o que poderia permitir aos fabricantes de medicamentos em todo o mundo acesso aos segredos comerciais bem guardados de como as vacinas viáveis foram feitas", lembra.
O francês Le Monde trata do tema na manchete principal e informa que a União Europeia se diz pronta para discutir a suspensão da patentes de vacinas. Como os Estados Unidos, Emmanuel Macron disse ser a favor de suspender os direitos de propriedade intelectual sobre vacinas para melhor combater a pandemia Covid-19. "A ideia é conseguir acelerar a produção global para combater a pandemia Covid-19, que continua a causar estragos", informa o diário. "Pelo menos 3,2 milhões de pessoas morreram em todo o mundo desde que o escritório da Organização Mundial da Saúde na China relatou o início da doença no final de dezembro de 2019".
Outros dois assuntos importantes na mídia internacional. New York Times destaca em manchete de capa que os Estados Unidos estão praticamente saindo do pior cenário da pandemia do Covid. Os casos e mortes diminuíram, e as vacinações deixam os cientistas esperançosos, mesmo que as variantes signifiquem que o coronavírus está aqui para ficar. "Virando a esquina" – diz o jornal, na capa. É o ponto mais promissor dos EUA diante da Covid. O outro tema é a notícia de que a taxa de natalidade dos EUA caiu para seu nível mais baixo em décadas após a pandemia.
E, por fim, na vizinhança da América Latina a notícia sobre a onda de violência na Colômbia ganha destaque na imprensa regional. Foi anunciada uma nova greve nacional na Colômbia após uma semana de protestos massivos e repressão. Diante do silêncio do governo, a ouvidoria elevou o número de mortos para 24. Após a retirada da reforma tributária, que enfrenta forte oposição das organizações sociais e populares, as demandas dos movimentos sindicais, indígenas e estudantis são diversas: melhorias na saúde e na educação, segurança nas regiões mais violentas do país e fim dos abusos policiais.
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