Na política nacional, jornais repercutem os encontros do ex-presidente Lula, que desembarcou ontem em Brasília e deu início a série de encontros políticos. Na sua primeira reunião, Lula discute aliança no Rio com Marcelo Freixo para 2022.
Ainda sobre Lula, vale a leitura da entrevista de João Pedro Stédile à Folha. Ele diz que a burguesia está atordoada e ainda não decidiu o que fazer com Bolsonaro. Integrante da direção nacional do MST, Stedile disse ainda que a reabilitação eleitoral de Lula "colocou um bode na sala" para a elite, que estaria indecisa entre deixar o presidente definhar no cargo ou mantê-lo até as eleições de 2022, enquanto busca um nome de terceira via. "O Lula está no segundo turno", diz. Ele o descreve como o único líder político no país que consegue falar tanto com banqueiros quanto com trabalhadores de reciclagem.
Outro tema relevante é a ofensiva do ministro da Saúde contra a mídia. Folha destaca que Marcelo Queiroga pediu a empresários que repensem publicidade na imprensa 'que não contribui com o Brasil'. Ele reclama de ter sido fotografado sem máscara na chegada de doses da Covax. E diz que a imagem foi publicada fora de contexto e que tirou a proteção apenas por um momento para ajustá-la.
Folha também noticia que os investimentos militares brasileiros caíram à metade em 2020. E que Orçamento da Defesa volta a ter subida de gastos com pessoal, que chegam a quase 80% do total. Foram gastos R$ 8,1 bilhões, nível semelhante ao pior ano desde 2010, o recessivo 2015, quando foram investidos R$ 8,2 bilhões. Os dados, corrigidos pela inflação, são do Siga Brasil, sistema de acompanhamento de execução orçamentária federal do Senado. Um contraste gritante com o que aponta O Globo: Uma semana após vetos no Orçamento, Forças Armadas pedem mais R$ 1 bilhão para investir em aviões, colégio militar e submarinos.
Na economia, um dos destaques do dia está na Folha. O jornal informa que mais da metade das trabalhadoras domésticas está sem renda na pandemia, mostra pesquisa. Para diaristas e mensalistas, tempo de casa não garante dinheiro de rescisão ou seguro-desemprego. Levantamento diz que 78% das mulheres empregadas não têm carteira assinada, segundo pesquisa realizada pelo observatório De Olho na Quebrada, da União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (UNAS), com ActionAid, Open Society Foundation e Instituto Construção entre dezembro de 2020 e março.
O contraste com outra notícia nos jornalões mostra o tamanho da desigualdade brasileira. Jornais noticiam que o lucro do Itaú subiu 63,6% no primeiro trimestre e atinge R$ 6,4 bilhões. Folha explica: resultado reflete menor custo de crédito e maior carteira de crédito. Em relação ao quarto trimestre do ano passado, o avanço foi de 18,7%. O resultado superou as estimativas dos analistas de mercado, que esperavam um lucro de R$ 5,861 bilhões, segundo a Bloomberg. O Itaú é o segundo entre os grandes bancos a divulgar os ganhos referentes ao primeiro trimestre —o primeiro foi o Santander, que registrou lucro de R$ 4,012 bilhões no período.
Outra notícia relevante: Governo confirma Petrobras em leilão do pré-sal que pode render R$ 11,1 bilhões. A estatal exerceu direito de preferência sobre as áreas e, para o ministro das Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque, ninguém entrará nos projetos sobre a estatal. A decisão ocorre depois do corte em 70%, em média, do valor dos bônus do próximo leilão do pré-sal, previsto para dezembro. No leilão, o primeiro com oportunidades no pré-sal após o início da pandemia, o governo oferecerá duas áreas que não atraíram interessados em evento que ficou conhecido como megaleilão do pré-sal, em 2019.
Por fim, uma notícia positiva no cenário econômico. O país tem alta nas exportações e o superávit na balança comercial pode alcançar US$ 73 bilhões – um novo recorde. Se alcançado, resultado será 30% maior que o de 2017, o melhor até o momento. A expectativa é boa por conta da demanda por produtos como soja e minério de ferro, que estão em alta, principalmente na China, e o reaquecimento da economia dos EUA. Isso é o que explica porque as exportações brasileiras devem dar um salto neste ano e a balança comercial registrar um saldo positivo recorde.
BRASIL NA GRINGA
A intimidação da Funai e do governo Bolsonaro sobre líderes indígenas ganha repercussão internacional. A agência Reuters distribuiu despacho na segunda-feira relatando que líderes indígenas brasileiros estão sendo intimados por criticar o governo. A Funai, agência de relações indígenas do Brasil, pediu a uma importante liderança indígena que explique suas críticas ao governo de direita de Jair Bolsonaro e ao impacto que o tratamento da crise da Covid-19 teve sobre os índios. O material foi replicado em mais de 8 mil veículos noticiosos ao redor do globo.
Wall Street Journal noticia que o Brasil defendeu a decisão de rejeitar vacina russa Covid-19. A Anvisa disse ter sérias dúvidas sobre a segurança e eficácia da injeção russa e defendeu sua decisão de bloquear o uso do imunizante no Brasil, dizendo que a Rússia não tem experiência com vacinas e foi defensiva em suas respostas à agência. O Brasil teme que a vacina possa conter partículas ativas de adenovírus, responsáveis pelo resfriado comum, que podem deixar os receptores doentes, disse Gustavo Mendes, gerente de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa, em entrevista nesta segunda-feira.
O inglês Financial Times destaca na edição desta terça-feira que o Brasil deposita esperança em medicamentos domésticos para impulsionar as vacinações da Covid. "A nação latino-americana fica para trás na corrida para desenvolver vacinas, já que as taxas de mortalidade continuam altas", informa. Diz a reportagem de Michael Pooler: "Presos nas garras de um desastre do Covid-19 e com uma campanha de inoculação afetada pela escassez, os cientistas no Brasil esperam que as vacinas caseiras possam fornecer uma arma crítica contra a pandemia. Um punhado de doses desenvolvidos internamente foi submetido a reguladores de saúde com pedidos para iniciar testes clínicos na maior nação da América Latina, onde o número de mortes por doenças respiratórias ultrapassou 400.000".
O português Diário de Notícias noticia sobre a instação da CPI do Senado que vai investigar a resposta do governo brasileiro à pandemia. CPI. As três letrinhas que aterrorizam Bolsonaro – diz a manchete de página. "Investigação do Senado à ação do governo na pandemia é o maior desafio político do presidente do Brasil até agora", informa o correspondente João Almeida Moreira. "Os seus quatro ministros da saúde, entre os quais o pré-candidato presidencial Luiz Henrique Mandetta e o maior visado da comissão, Eduardo Pazuello, serão ouvidos já esta semana".
INTERNACIONAL
O americano New York Times noticia que aumenta a pressão sobre a Casa Branca para retirar as proteções de patentes das vacinas contra o coronavírus. O presidente Joe Biden e as farmacêuticas estão enfrentando demandas de ativistas liberais e líderes globais para suspender os direitos de propriedade intelectual das vacinas à medida que a pandemia aumenta. O jornal diz que Biden está sendo confrontado pelas crise crescente da Covid-19 na Índia e na América do Sul. A esquerda do partido Democrata quer aumentar o fornecimento de vacinas, afrouxando as proteções de patente e propriedade intelectual dos imunizantes contra o coronavírus.
O britânico Financial Times relata que uma batalha de longa data sobre as patentes da vacina Covid-19 está chegando ao ponto de ebulição, à medida que enfermarias de hospitais lotadas na Índia e no Brasil destacaram a necessidade desesperada de produzir rapidamente mais vacinas para inocular o mundo. Alguns esperam que mais fabricantes possam produzir vacinas e aumentar a oferta, se a Organização Mundial do Comércio renunciar a um acordo antigo projetado para proteger a propriedade intelectual, conhecido como Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio, ou Trips. O jornal informa que Índia e África do Sul estão liderando o impulso para a isenção do Trips, com muitos outros países de baixa renda também se inscrevendo, argumentando que é a única maneira de garantir "acesso justo, equitativo e acessível" aos produtos para Covid-19, incluindo vacinas e drogas.
Wall Street Journal informa que a próxima geração de vacinas Covid-19 pode ser pílula ou spray. As farmacêuticas e laboratórios do governo estão desenvolvendo doses mais fáceis de tomar e transportar para combater variantes do coronavírus e evitar futuras pandemias. Essas vacinas mais recentes, de laboratórios e empresas do governo dos EUA, incluindo Sanofi SA, Altimmune Inc. e Gritstone Oncology Inc., também têm o potencial de fornecer respostas imunológicas mais duradouras e ser mais potentes contra novas e múltiplas variantes virais, possivelmente ajudando a evitar futuras pandemias, dizem as empresas.
O inglês Financial Times reporta na capa que a Alemanha vai suspender as restrições às pessoas que foram vacinadas no início desta semana. O jornal diz que a medida foi criticada por discriminar os jovens que estão a meses de receber a vacina. E diz que as pessoas vacinadas ou que se recuperaram da Covid provavelmente terão que mostrar um certificado para que não precisem mais enfrentar restrições em reuniões sociais.
Já o Washington Post coloca como assunto principal o pedido de ajuda dos EUA ao México para lidar com a migração. "Três administrações consecutivas dos EUA se voltaram para o México em busca de ajuda com a imigração em momentos de crise ao longo da fronteira sul dos EUA, e quando a vice-presidente Kamala Harris se encontrar virtualmente com o líder mexicano Andrés Manuel López Obrador na sexta-feira, os Estados Unidos mais uma vez chegarão precisando de um favor", diz o jornal. Desde que Biden assumiu o cargo, o número de migrantes sob custódia dos EUA ao longo da fronteira disparou para os níveis mais altos em quase 20 anos, ultrapassando 172 mil em março.
Na imprensa europeia, Le Monde destaca em manchete que a cegueira de Narendra Modi foi superada pela epidemia de Covid-19 na Índia. O primeiro-ministro divulgou a ideia de uma exceção indiana: poucos casos de Covid-19 e poucas mortes, notificadas à população. Mas sua imagem de homem sábio, além de homem forte, resiste à segunda onda que assola o país.
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