O presidente Jair Bolsonaro está de volta ao berço de origem. Após incontáveis declarações de repúdio a um governo de coalização e de e cercar-se de olavistas e militares, o capitão caiu no colo do Centrão. Nesta semana, Bolsonaro confirmou que vai promover o que chamou de "pequena reforma ministerial". Até o momento, o que está definido é: Ciro Nogueira assume a Casa Civil no lugar do general Luiz Eduardo Ramos. Onyx Lorenzoni, que era da Secretaria de Governo, irá para o Ministério do Trabalho, que será recriado. Outras mudanças devem ocorrer. Bolsonaro não admite, mas é óbvio que a aliança pretende garantir governabilidade mínima para que ele chegue a 2022 em condições de disputar a reeleição. Mesmo que isso signifique abandonar o discurso que o ajudou a chegar ao cargo em 2018. “O Brasil não precisa de marqueteiro, centrões, demagogos e populistas. O Brasil só quer uma coisa: a verdade”, dizia Bolsonaro em campanha. Para deputados não aliados, as mudanças são um “termômetro do desespero” do chefe do Poder Executivo. "Ele está correndo contra o tempo e está num verdadeiro vale tudo. Difícil ver com bons olhos essa indicação [de Ciro Nogueira], porque está óbvio que não é em prol do País”, disse o deputado Junior Bozzella (PSL-SP), ex-aliado do presidente, em conversa com CartaCapital. As trocas são, de acordo com o parlamentar, “mais uma tentativa de compra de apoio ou de legenda”. “Quanto mais o governo derrete mais depende do Centrão”, completa o deputado Rogério Correia (PT-MG). “O toma lá dá cá é devastador, garantindo ao presidente o beneplácito de não sofrer impeachment, mesmo continuando seus crimes." Já para o vice-presidente Hamilton Mourão, uma parcela dos eleitores de Bolsonaro pode se sentir "um pouco confundida" com o acordo. O fato é que, consumada a reforma ministerial, o presidente ganha sobrevida. Já tem ao seu lado o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), e agora terá perto de seu gabinete Ciro Nogueira, político que conhece os atalhos de Brasília como poucos. O afastamento de Bolsonaro, que era improvável, ganha ares de utopia. Para torná-lo viável, só com mais "povo na rua", como definiu o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), a CartaCapital. Há uma chance do governo sair das cordas sem precisar recorrer a ameaças, como a feita pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, a Arthur Lira. Mas, como os ventos mudam muito rápido na capital federal, nada está garantido. |
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