segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Bolsonaro estimula motins nas PMs para justificar intervenção militar, diz advogado

 

Bolsonaro estimula motins nas PMs para justificar intervenção militar, diz advogado

Dois coronéis da PM paulista convocaram para manifestações golpistas, enquanto militar do DF pregou invasão ao STF; Ariel de Castro Alves, do Grupo Tortura Nunca Mais, fala em "golpe no ar"

 
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As notícias que dão conta de policiais e militares envolvidos com as manifestações de cunho golpista convocadas por bolsonaristas para o feriado de 7 de setembro sinalizam que Jair Bolsonaro está estimulando motins nas polícias militares. A opinião é do advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais.

Nesta segunda-feira (23), veio à tona que dois coronéis da PM de São Paulo estavam utilizando as redes sociais para convocar para os atos, que contêm pautas antidemocráticas como a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e uma intervenção militar em apoio a Bolsonaro.

Um deles, que ainda pregou a presença de “tanques nas ruas” no dia dos protestos, foi afastado pelo governador João Doria (PSDB).

“As atitudes dos 2 coronéis não representam o comando geral da PM, nomeado pelo governador João Doria, mas representam alguns oficiais e muitos praças da corporação, que são suscetíveis às influências bolsonaristas, que defende um país governado por militares e com liberdade para policiais cometerem abusos, corrupção, flagrantes forjados e assassinatos”, disse à Fórum o advogado Ariel de Castro Alves.

Na última semana, Castro Alves e o padre Júlio Lancellotti tiveram uma reunião com os comandantes da PM de SP, em que foi discutido “o papel dos policiais em defender o Estado Democrático de Direito e respeitar os Direitos Humanos”.

Motins e golpe

Além dos dois coronéis da PM paulista, o coronel da reserva do Corpo de Bombeiros no Ceará, Davi Azim, em vídeo que circula nas redes sociais, também convoca a população para os protestos golpistas. Ele prega invasão ao prédio do STF.

“Ninguém pode ir a Brasília simplesmente para passear, balançar bandeirinhas e tão pouco ficarmos somente acampado […] Como todos devem saber, nós teremos vários reservistas lá e R2, pessoas que têm conhecimento de como podemos fazer formações de grupamento para nos organizamos e adentrarmos ao STF e ao Congresso”, diz.

Por lei, policiais militares não podem fazer manifestação pública de apoio político.

Segundo Ariel de Castro Alves, esses gestos demonstram que Bolsonaro estimula motins nos quartéis com o objetivo de justificar uma intervenção militar.

“Bolsonaro está estimulando motins e rebeliões nas PMs estaduais e nos quartéis. E que também seus seguidores, membros de clubes de tiro e de colecionadores de armas saiam para as ruas, visando um cenário de confronto e guerra civil com a maioria da população, atualmente contrária ao governo genocida, excludente e incompetente dele”, diz o advogado.

“Para depois justificar a intervenção das Forças Armadas, objetivando detonar a democracia brasileira”, completa Castro Alves.

Governadores debatem risco de golpe e infiltração nas polícias

Em reunião nesta segunda-feira (23) entre os 24 governadores da federação, os mandatários estaduais se mostraram preocupados com a movimentação de policiais em prol dos atos de apoio a Jair Bolsonaro

“Creiam, isso pode acontecer no seu estado. Aqui nós temos a inteligência da Polícia Civil, que indica claramente o crescimento desse movimento autoritário para criar limitações e restrições, com empareda mento de governadores e prefeitos”, afirmou o governador de São Paulo, João Doria, no encontro.

“Estamos diante de um momento gravíssimo, com constantes ataques à liberdade e à Constituição. Não vamos nos silenciar diante das ameaças aos princípios constitucionais do país”, avaliou o tucano ao término da reunião.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), por sua vez, também tratou da possibilidade de policiais se envolverem em uma intentona golpista.

“Preocupação geral com agressões e conflitos em série, que prejudicam a economia e afastam o país da agenda real: investimentos, empregos, vacinas etc. A democracia deve prevalecer e as polícias não serão usadas em golpes”, declarou o mandatário maranhense.

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Ivan Longo

Jornalista, editor de Política, desde 2014 na revista Fórum. Formado pela Faculdade Cásper Líbero (SP). Twitter @ivanlongo_

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